terça-feira, 31 de maio de 2011

O Segredo Maçônico


Rui Bandeira


O Segredo Maçônico

Escrito por Rui Bandeira

À:. G:. D:. G:. A:. D:. U:.

A Maçonaria é uma instituição ancestral e que preza a Tradição. Mas, como todas as instituições ancestrais bem sucedidas, sabe preservar a Tradição, adaptando os seus usos e costumes ao evoluir dos tempos e das sociedades. Só assim evita ser anacrônica e mantém interesse e importância e valor, ao longo da passagem dos anos, décadas e séculos.

O século XXI lançou-nos a todos na voragem da Sociedade da Informação. As chamadas Novas Tecnologias permitem aceder a mananciais de informação que ainda há poucas décadas - há poucos anos... - eram impensáveis. A Maçonaria não pode, não deve, obviamente, ser indiferente às conseqüências desta evolução. Não deixou de fazer sentido a subsistência do segredo maçônico. Mas a mitificação do mesmo, essa sim, não me parece que seja vantajosa, nem para os maçons, nem para os profanos.

A Maçonaria prossegue objetivos honrosos e louváveis. É freqüentemente denegrida por quem, sendo-lhe hostil, a acusa de prosseguir propósitos menos recomendáveis e, sistematicamente, esgrime com o segredo maçônico como alegada prova dos tenebrosos propósitos da Maçonaria. Em época de acelerada circulação da informação, não basta à Maçonaria seguir o seu caminho, não ligando aos cães que ladram à passagem da caravana. Porque tanto ladrido de tanta canzoada acaba por impressionar quem o ouve. A Maçonaria deve continuar a prosseguir o seu caminho, apesar dos rafeiros e seus latidos. Mas, para bem de si própria e elucidação de todos, nestes tempos de abertura de informação, deve mostrar e informar para onde vai, porque vai e como vai. Assim todos verão qual o caminho e não se impressionarão com a barulheira dos canídeos, que todos poderão ver ser vã e sem motivo que a sustente.

O segredo maçônico é um dos objetos dos latidos. Pois bem, é tempo de mostrar, a quem estiver de boa fé, que esse vozear não tem razão de ser. Não abandonando o segredo maçônico ou traindo os compromissos assumidos. Mas explicando os limites, a natureza e as razões do dito segredo. Quem estiver de boa fé perceberá. Os outros... continuarão a ladrar, mas já impressionarão menos...

Na minha opinião, não há um segredo maçônico. Há dois. Um exotérico e outro esotérico. Quero com estes adjetivos significar duas diferentes realidades. No meu entendimento, o segredo maçônico exotérico é aquele que é constituído por matéria ou conhecimento que é suscetível de fácil apropriação por qualquer pessoa, que sem dificuldade de maior pode ser transmitido por quem o sabe a quem não o sabia. Inversamente, o segredo maçônico esotérico não comunga dessa facilidade de apreensão e de transmissão. O segredo maçônico exotérico só existe enquanto e na medida em que for preservado por todos aqueles que o detêm, os maçons, nos seus respectivos graus e qualidades. O segredo maçônico esotérico existe independentemente de qualquer esforço de preservação, porque o seu teor não é suscetível de ser adequada e completamente transmitido por quem atinge o seu conhecimento (apenas alguns, maçons ou não). Tem de ser descoberto, num esforço individual, mediante um percurso de autopreparação para o atingir e reconhecer, em que cada patamar atingido é condição necessária para poder conseguir-se chegar ao seguinte. Este segredo existe independentemente de qualquer propósito de preservação por quem o detém. Direi mesmo que existe apesar dos esforços e das tentativas de partilha por quem o descortinou.

Dito de outro modo: o segredo maçónico é composto por uma parte que não é sequer particularmente importante (o segredo exotérico) e subsiste graças e na medida dos cuidados dos maçons na sua subsistência; e existe também uma outra componente (o segredo esotérico) que existe independentemente da vontade dos seus detentores, por impossibilidade de sua adequada e completa transmissão, seja por via oral, seja por escrito. O acesso a este implica vivência, experiência, vontade, esforço. Não basta ouvir ou ler. Portanto, o segredo que se guarda não é especialmente importante e o que importa não se consegue transmitir...

O segredo maçônico exotérico é constituído por quatro aspetos:

Reserva da identidade dos maçons que não se hajam assumido publicamente como tal;
Reserva de divulgação das formas de reconhecimento entre os maçons;
Reserva de divulgação de rituais e de cerimônias;
Reserva de divulgação do teor concreto e específico dos trabalhos de qualquer reunião de Loja ritualmente realizada.

Talvez com exceção da última faceta, o segredo maçônico exotérico é um verdadeiro segredo de Polichinelo: só não o conhece quem não quiser. Basta um pouco de esforço e trabalho para apurar o seu conteúdo. Então com as possibilidades atualmente disponíveis com as Novas Tecnologias de Informação e os potentes motores de busca universalmente disponíveis, aceder a esse conhecimento é uma pura questão de perseverança, trabalho e alguma habilidade. Ao contrário do que vulgarmente se pensa, está tudo publicado. Só é preciso descobrir onde... E - esta será porventura a maior dificuldade - destrinçar entre o que verdadeiramente é e o que é falso ou imitado ou errada ou desajustada ou intempestivamente utilizado.

O objetivo primacial do segredo maçônico exotérico é permitir aos maçons saber, de uma forma exclusivamente a si acessível, quem é e quem não é maçom - e também que grau detém quem é maçon. Nos tempos de antanho, foi essencial. Hoje, nem por isso. Outras formas de saber, rápida e eficazmente, quem é e quem não é maçom existem. Hoje, a facilidade e rapidez das comunicações, particularmente das telecomunicações e da comunicação eletrônica, permitem, em caso de necessidade, fácil e rapidamente verificar junto de uma Grande Loja ou de uma Loja se fulano é seu membro. Antigamente, era diferente. Daí que a importância do conhecimento da forma de obter essa informação, e a sua preservação, fosse nuclear. As realidades da vida, da evolução e do desenvolvimento em muito erodiram a necessidade e importância do segredo.

Sendo assim, porque continuam os maçons a preservar esse já não tão importante segredo? Por duas razões, uma acessória, outra essencial. A acessória é que, embora a necessidade de preservação das reservas de informação tenha diminuído, seja menos importante, não cessou completa e universalmente, não perdeu TODA a importância (ainda há locais onde é perigoso ser maçom). A essencial é que os maçons preservam o segredo maçônico PORQUE SE COMPROMETERAM, POR SUA HONRA, A FAZÊ-LO.

Sendo assim, porque se continua a exigir aos maçons esses compromissos de honra? Não já pela necessidade de antanho. Ou não já essencialmente. Nem também por um cego tributo à Tradição, o continuar a fazer agora assim porque dantes assim se fazia. Antes como um exercício permanente do que é na essência inerente à condição de maçom. Um maçom é um homem livre, apenas escravo da sua palavra; sério, sempre preservando a sua honra; cumpridor dos seus compromissos, apenas porque se obrigou a eles. A palavra de um maçom vale tanto ou mais do que um contrato escrito, é mais duradoura do que se tivesse sido gravada em pedra. Independentemente da importância do assunto. Um homem só é honrado e de confiança se o for nas pequenas como nas grandes coisas. A verdadeira palavra sagrada de um maçom é a sua palavra de honra.

É, portanto em execução desse princípio inderrogável de que o maçom cumpre sempre a sua palavra, seja-lhe ou não conveniente, seja o assunto importante ou sem destaque particular, que este preserva o segredo maçônico. Porque se comprometeu a fazê-lo. Independentemente de ser ou não ser já importante fazê-lo. Mesmo que, por esse mundo fora, esse segredo, total ou parcialmente, tenha sido centenas ou milhares de vezes exposto. Se o não fizesse, sabia-se merecedor do opróbrio e desprezo unânimes dos maçons. E um maçom só o é na medida em que seja reconhecido como tal pelos seus pares...

O maçom preserva o segredo maçônico porque se comprometeu a fazê-lo e esse compromisso continua a ser exigido aos maçons como forma de exercício diário, constante, permanente, dos deveres inerentes a um homem honrado, livre e de bons costumes. Outros existem que, diz-se para aí, pontuam a sua pertença à organização em que buscam a excelência através do cilício, da mortificação do corpo. Os maçons buscam a excelência do caráter, do espírito, e, portanto exercitam continuamente o caráter e o espírito. Uma das formas de o fazerem é honrando escrupulosamente os seus compromissos. Independentemente de serem importantes. Sem questionar a eficácia ou o interesse desse cumprimento. Sendo-lhes indiferente que outros, mais fracos ou imerecedores, porventura tenham falhado esse cumprimento.

RESERVA DA IDENTIDADE DOS MAÇONS QUE NÃO SE HAJAM ASSUMIDO PUBLICAMENTE COMO TAL

Mesmo nas sociedades mais abertas e com maior inserção social da Maçonaria, mesmo no Brasil, nos Estados Unidos ou em Inglaterra, existem preconceituosos contra a Maçonaria que, se tiverem o poder e a posição para tal, podem subrepticiamente prejudicar um maçom apenas por o ser - embora porventura ocultando o seu preconceito e usando uma qualquer outra desculpa ou justificação... Também nas sociedades mais abertas e com maior inserção social da Maçonaria se continua a justificar uma atitude prudente em relação aos preconceituosos e, portanto, o cumprimento do princípio de não revelar que alguém é maçom, se esse maçom não assumiu publicamente essa condição,.

Uma outra razão justifica ainda o cumprimento deste princípio. A Fraternidade implica o reconhecimento da dignidade do outro em todas as circunstâncias. Implica o respeito pelo outro, pela sua inteligência, pelas suas escolhas. Se um maçom divulgasse que outrem tem essa qualidade, sem que o visado tivesse previamente assumido a mesma publicamente, estaria, sobretudo a desrespeitá-lo, a desrespeitar essa sua escolha. Se o visado não se tinha assumido publicamente como maçom, isso resultava de uma análise do mesmo, de uma escolha sua. Análise e escolha que era seu direito fazer e que só a ele competia fazer. Divulgar que esse que se não assumiu como maçom é maçom corresponde a substituir, a desvalorizar, a desconsiderar, o juízo por ele feito, em favor do juízo (ou da falta de juízo...) do próprio.

A decisão de cada um se assumir publicamente como maçom a cada um pertence. Não pode, não deve, ser apropriada por nenhum outro maçom. E não o é. Em nome do respeito pelo outro, pela sua inteligência, pela sua capacidade de análise, pelas suas escolhas, que é inerente ao elo que une todos os maçons: o elo da Fraternidade. Trair esse elo, mais do que trair o outro seria traição ao próprio e a todos.

RESERVA DE DIVULGAÇÃO DAS FORMAS DE RECONHECIMENTO ENTRE OS MAÇONS

Antigamente era, em muitos locais, perigoso ser maçom. Ainda hoje o é, em várias partes do globo. Os maçons tinham necessidade de se conseguirem reconhecer uns aos outros, sem necessidade de perguntar. Com efeito, se um maçom perguntasse a outrem se também era maçom e esse outrem não só não o fosse como denunciasse quem o inquirira, estava o caldo entornado... Havia, pois, que arranjar maneira de um maçom se poder assegurar que outro homem também tinha essa qualidade, de forma que, se assim fosse, o interrogado soubesse que tal interrogação lhe estava a ser feita e soubesse responder da mesma forma, mas que, se o interrogado não fosse maçom, não se apercebesse sequer da interrogação. Havia que criar uma forma de um maçom se dar a conhecer como tal, de maneira que só os maçons se apercebessem disso e só eles reconhecessem essa forma. Havia que poder testar se alguém que se arrogava de ser maçom efetivamente o era. E, sobretudo, havia que tudo isto fazer de forma discreta, apenas perceptível por quem devesse perceber. E havia, obviamente que guardar segredo dessas formas de reconhecimento.

Antigamente, não havia as facilidades e rapidez de comunicações e de deslocação que há hoje. Os agregados populacionais eram fechados, muito mais isolados do que agora e, sobretudo, mais distantes, em termos de tempos de viagem. Ir de Lisboa ao Porto demorava dias. Ir de Lisboa a Londres demorava semanas. Ir da Europa à Ásia, a África ou à América demorava meses. Um viajante que chegava a qualquer local era um desconhecido e desconhecia todas ou quase todas as pessoas desse local. Se se arrogava qualquer título ou condição, não havia meios de comunicação rápidos que permitissem verificar, em terras distantes, se o afirmado era verdade.

Viajar era demorado e perigoso. Os maçons em viagem podiam beneficiar do auxílio de seus Irmãos. Muitas vezes sendo - viajante e residente - desconhecidos um dos outro. Não bastava ao viajante dizer que era maçom. Tinha de comprovar essa qualidade.

Antigamente era, pois, essencial que existissem formas de reconhecimento discretas, eficazes e de conhecimento restrito aos maçons. Que deviam ser e eram avaramente guardadas em segredo.

Essas formas de reconhecimento eram e são constituídas por determinados sinais, por certas palavras, por específicos toques. Os sinais permitiam que os maçons se reconhecessem como tal no meio de uma multidão, se preciso fosse, sem que mais ninguém se apercebesse. As palavras permitiam confirmar esse reconhecimento, constituindo uma segunda forma de verificação, que confirmaria a identificação ou permitiria desmascarar impostor que, por conhecimento ou sorte, tivesse efetuado corretamente um sinal de identificação. Os toques, discretos, permitiam, além de uma fácil identificação mútua absolutamente discreta e insuscetível de ser detectada por estranhos, também desmascarar impostores, pois não bastava, nem basta, usar um certo toque: é preciso saber quando o usar, para quê e que deve suceder em seguida...

Sempre os sinais de reconhecimento foram objeto de curiosidade profana. Por quem perseguia a Maçonaria e os maçons, por razões evidentes. Por quem, não sendo maçom, gostaria de se infiltrar entre os maçons ou, viajando, beneficiar da ajuda que os maçons residentes davam aos maçons viajantes. Ou, simplesmente, por quem era curioso...

Milhares e milhares de maçons conhecem os sinais de reconhecimento. Ao longo do tempo, milhões de maçons acederam a esse conhecimento, nas quatro partidas do Mundo. Houve zangas. Houve dissensões. Houve abandonos. Houve traições. Houve inconfidências. Um segredo só é verdadeiramente secreto se for conhecido apenas por um - e, mesmo assim, se este não falar a dormir... Era inevitável que as formas de reconhecimento dos maçons fossem expostas. Existem livros. Existem filmes. Existem vídeos. Existem panfletos. Existem, hoje em dia, inúmeros suportes em que estão expostas aos profanos as formas de reconhecimento dos maçons. Mas também existem publicados nos mesmos suportes formas de reconhecimento falsas ou inventadas ou simplesmente ultrapassadas... Quem está de fora tem o magno problema de descobrir o que é verdadeiro e o que é falso, de distinguir o certo do inventado, de descortinar o que se mantém vigente e o que foi ultrapassado...

Por isso, ainda hoje, as formas de reconhecimento vigentes, apesar de conhecidas por milhões, apesar de repetidamente expostas, continuam a ser úteis e eficazes.

Mas, mesmo que algum profano consiga conhecer os sinais, palavras e toques certos e consiga descobrir quando os utilizar e como o fazer corretamente, ainda assim só logrará, quando muito, enganar alguns maçons durante algum tempo e acabará - porventura mais cedo do que mais tarde - por ser desmascarado como impostor. Porque não basta executar o sinal certo na hora precisa, pela forma correta, nem dizer a palavra adequada, pela forma prescrita, a quem deve ouvi-la, nem dar o toque acertado, no momento asado e sabendo o que se deve passar a seguir. Tudo isso já é suficientemente complicado - mas não basta! Tudo isso, ainda que porventura executado de forma atinada, constitui ainda uma determinada informação: que quem o fez tem um determinado nível de conhecimentos, uma certa postura e compostura, um exigível comportamento, um específico nível de desenvolvimento pessoal, social e espiritual. Ser maçom e ser reconhecido como maçom não é só conhecer e saber executar sinais, palavras e toques. Isso é o que menos importa. É, sobretudo, saber fazer um percurso, utilizar um método, avançar num caminho.

As formas de reconhecimento são apenas sinais exteriores básicos e nem sequer particularmente importantes. Isso também, mas, sobretudo muito mais, é que faz com que um maçom seja reconhecido como tal pelos seus Irmãos.

Reservo o segredo dos sinais, palavras e toques que constituem as formas de reconhecimento dos maçons, porque a isso me comprometi. Mas digo e afirmo: podíamos divulgar, publicar, mostrar, explicar, exemplificar, ensinar, filmar e exibir o filme, executar todos os sinais, palavras e toques de reconhecimento; podíamos ensinar a toda a gente como e quando e por que forma utilizar cada um deles. Ainda assim, pouco tempo e apenas um razoável cuidado bastariam para reconhecer quem efetivamente é maçom e quem, ainda que perfeitamente executasse todos os sinais, palavras e toques, não o é!

Porque ser maçom é muito mais do que saber sinais, palavras e toques. Ser reconhecido como tal implica muito mais do que essas minudências, pois não basta saber sinais, palavras e toques para ser reconhecido maçom. É preciso efetivamente sê-lo e vivê-lo e praticá-lo.

Que nunca ninguém se esqueça disto. Seja profano ou tenha sido iniciado. Especialmente estes!

RESERVA DE DIVULGAÇÃO DE RITUAIS E DE CERIMÓNIAS

Os maçons estruturam o seu trabalho em Loja mediante rituais. A abertura e o encerramento dos trabalhos são sempre executados da mesma forma, a maneira como, durante os trabalhos, cada um fala ou se movimenta em Loja está tipificada, etc.. Os maçons assinalam também diversas situações, individuais ou coletivas, consideradas significativas com Cerimônias meticulosa e ritualmente executadas. Assim sucede com a Iniciação, a Passagem, a Elevação, a Instalação, a Consagração de Loja, etc..

A preservação do segredo sobre os rituais e cerimônias é uma das obrigações dos maçons. Quanto aos rituais, porque são parte integrante da identidade da instituição, que só fazem sentido no âmbito da mesma. A pior coisa que se pode fazer a um conceito, uma informação, uma declaração, é descontextualizá-la. A descontextualização atraiçoa o espírito, o propósito, o aspeto, do conceito, da informação, da declaração. Torna-o, ou pode torná-lo, inentendível. Desvaloriza-o. Quiçá, submete-o a ridículo. No entanto, no seu devido contexto, os rituais maçônicos, não só são entendíveis, como são fonte de estudo e iluminação. Não só têm valor, como são fonte de união. Não só são seriamente tomados e executados, como é fonte de fortalecimento do espírito de grupo e da fraternidade entre os maçons.

Os rituais só fazem plenamente sentido se e quando executados no local e pela forma próprios, por e perante quem está apto a compreendê-los. Expô-los aos olhares profanos seria permitir que juízos turvados pela ignorância, obnubilados pelo preconceito, prejudicados pela distância, extraíssem conclusões erradas, perfunctórias, vãs.

Quanto às cerimônias, acresce ainda um outro motivo para o seu teor e o seu desenrolar ser reservado não apenas aos maçons, mas aos maçons do grau em que são executadas, ou superior. É que é importante preservar o fator surpresa, em relação àquele ou àqueles em benefício de quem cada cerimônia é executada. A Maçonaria destina-se a propiciar um terreno apto para o aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros. Colocam ensinamentos, princípios, máximas, à disposição destes. Faseadamente. Um pouco de cada vez, para que os ensinamentos, os princípios, possam ser detectados, descobertos e interiorizados pelos interessados. A Maçonaria nada ensina. Apenas possibilita que se aprenda. Mas essa aprendizagem não é efetuada apenas com o recurso à memória e ao elemento racional. Essa aprendizagem, essa melhoria, esse avanço, resulta também da marca deixada em cada um, através da respectiva inteligência emocional e seu desenvolvimento. Daí que as noções obtidas não sejam apenas adquiridas, mas realmente entranhadas. Daí que se dê valor ao tempo, ferramenta indispensável à construção da melhoria de cada um. Todo este processo se desencadeia através da disponibilidade de apreensão de algo que se desconhece. Daí a importância do fator surpresa. Muitas vezes o que se transmite não é novo. Já foram centenas de vezes lidas, milhares de vezes vistos. Mas nunca foi visto ASSIM, nunca foi contextualizado DESTA forma, nunca tinha sido introduzido COMO tal.

O maçom a quem uma cerimônia é dedicada é sempre o centro da mesma. Para que a viva e não apenas a ela assista. O objetivo é VIVER a cerimônia. Não revivê-la. Por isso a deve desconhecer antes de dela beneficiar. Por isso devem as cerimônias maçônicas permanecer secretas, de conhecimento reservado a quem o deve ter - e só a esses.

Mas há dezenas de versões de rituais publicados. Através dos quais se podem ler o texto de diversas cerimônias. Qual então o interesse de continuar a preservar o sigilo sobre rituais e cerimônias? Duas razões avanço: em primeiro lugar, muito do que está publicado não é já atual. Pode ter semelhanças com o que atualmente se pratica, mas também têm diferenças, algumas significativas. Em segundo lugar, um ritual, uma cerimônia, não é - longe disso! - apenas um texto que se lê ou recita. É muito mais que isso. É movimento, é entoação, é gesto, é interpretação. Muito do que ritualmente é executado não está escrito. É aprendido pela observação, aperfeiçoado com o auxílio dos que antes aprenderam a executar. Por isso é importante o trabalho de aperfeiçoamento ritual de uma Loja. Como um meio. Nunca um fim em si mesmo.

Preservar o segredo quanto a rituais e cerimônias é preservar a essencialidade da cultura maçônica, da sua diferença em relação ao mundo profano. É preservar o método de transmissão e apreensão de conhecimentos. É, enfim, proteger o cerne da Maçonaria.

RESERVA DE DIVULGAÇÃO DO TEOR CONCRETO E ESPECÍFICO DOS TRABALHOS DE QUALQUER REUNIÃO DE LOJA RITUALMENTE REALIZADA

Os maçons comprometem-se finalmente a não divulgar o teor concreto dos trabalhos de uma reunião de Loja, ritualmente realizada. À primeira vista, isto parece excessivo. Sobretudo, se tivermos em conta que, de cada reunião, é elaborada uma ata que, depois de aprovada, é conservada na documentação e no arquivo da Loja. Por essa ata se alcança que assuntos foram tratados na reunião, que deliberações foram tomadas. E uma ata existe para ser consultada - senão, para quê fazê-la? Independentemente da delicadeza dos assuntos tratados, a ata é elaborada e preservada. Eu publiquei no blogue A Partir Pedra um documento histórico, uma ata que registrou os trabalhos da sessão de 18 de setembro de 1835 da Loja brasileira Filantropia e Liberdade. Essa ata registrou nada mais, nada menos, do que a preparação e planificação de um movimento revolucionário, a Revolução Farroupilha!

Por que então guardar sigilo sobre os sucessos de uma reunião, ao mesmo tempo em que se registra, e se guarda escrupulosamente esse registro, o que se passou, elaborando-se uma ata formal? Se é certo que o acervo documental constituído pelas atas das reuniões das Lojas maçônicas pode constituir - e constitui! - precioso material de investigação histórica, nem sequer é esse o principal objetivo do registro em ata. Como referi, uma ata serve para ser consultada. Cem anos depois ou dois dias depois...

Esta aparente incongruência esclarece-se se tivermos a noção de que uma Loja maçônica é uma organização - que deve registrar os seus eventos e deliberações mediante atas, até em obediência às leis civis e em cumprimento dos bons costumes sociais -, mas uma organização com uma característica bem distintiva: é uma fraternidade. Enquanto fraternidade, cultiva e desenvolve especialmente as relações de confiança mútua entre os seus elementos, em estrito espírito de igualdade, sem prejuízo dos graus e qualidades de cada um e dos particulares deveres e meios que cada grau ou qualidade confira a quem os detém.

Enquanto organização, uma Loja maçônica cumpre as regras civis e, portanto registra quem esteve em cada reunião, o que se tratou nela, o que ficou decidido. E guarda e preserva esse registro, que, a qualquer momento, pode ser necessário nos mesmos termos em que qualquer ata de qualquer reunião de qualquer associação ou sociedade pode ser necessária.

Enquanto grupo fraternal, procura-se que cada elemento se sinta, no interior do grupo, completa e absolutamente livre de expressar as suas idéias, opiniões, projetos, preocupações, sem constrangimentos de qualquer espécie. O espaço de uma Loja em reunião ritual é um espaço em que todos e cada um podem baixar completamente as suas defesas e guardas, em que não necessitam de manter a sua "máscara social", em que todos e cada um podem ser e comportar-se e aparecer como realmente todos e cada um são, com suas forças e fraquezas, virtudes e defeitos. Porque, neste espaço, todos e cada um sabem que devem aos demais a mesma tolerância que dos demais recebem. Porque todos e cada um sabem que todas as opiniões, idéias, contribuições, são analisadas e consideradas pelo seu valor intrínseco, sem argumentos ad hominem, sem acrescentar ou retirar valia à opinião expressa em função de quem a expressa.

Enquanto grupo fraternal, cultiva-se a absoluta confiança mútua, a cooperação, o auxílio a todos na medida das possibilidades de cada um. Procura-se criar um laço forte e duradouro entre todos. Que por isso se consideram Irmãos. Ao criar-se um laço desta natureza, está-se a criar um espaço onde a crítica é aceite, porque a aceitação existe ainda que haja lugar a crítica. Preserva-se um espaço de cumplicidade imensa, em que cada um está à vontade junto dos demais, porque confia nos demais como nele mesmo.

Num espaço assim, de Fraternidade, pode desabrochar sem peias a Liberdade. A Liberdade de opinar, de arriscar testar uma idéia, sem medo de que ela seja apoucada por disparatada. Se o for, assim será considerada. Mas isso não diminui quem a teve. Porque se sabe que ela só foi expressa porque se estava à vontade e porque é em espaços assim que livremente se pode testar a real valia de idéias, opiniões, propósitos. E aperfeiçoar. E limar arestas. E - quantas vezes! - transformar uma balbuciante e hesitante idéia num projeto sólido e com mérito, através do contributo de todos. Um espaço assim é potencialmente um espaço de criatividade e cooperação sem paralelo - porque ninguém teme o juízo, ou a troça, ou o apoucamento, dos demais. Porque todos sabem que ninguém tem só excelentes idéias, que só expondo todas - as péssimas, as sofríveis, as regulares, as boazinhas, enfim, todas - é possível peneirar delas as que têm efetiva valia. Porque todos sabem que um bom projeto só raramente é produto do valor de apenas um qualquer iluminado, antes resulta da concatenação de idéias, que se acumulam e organizam e dão forma, muitas vezes diferente no final do que fora o lampejo inicial.

Num espaço assim não se tem medo de ser ridicularizado, apoucado, magoado. Mesmo que se use o direito ao disparate. Num espaço assim, sabe-se que o juízo sobre o valor de cada um não depende de uma excelente ou uma péssima idéia, antes resulta do Todo que cada um é e que os demais vão conhecendo, cuja evolução vão constatando.

Um espaço assim é um espaço de intimidade intelectual sem paralelo. E só subsiste porque blindado numa confiança mútua absoluta. O que se diz ali, fica ali. Seja a idéia do século, seja o mais profundo disparate. Quer uma, quer outro, são ali vistos na correta perspectiva, de procura de contribuição para a melhor decisão do grupo, de experimentação, de sugestão, sem reservas, sem cuidados, sem temores de ridículo ou de crítica.

Um espaço assim propicia a mais livre da Livre Expressão do Pensamento. Porque livre da necessidade da pior das censuras, a autocensura. Um espaço assim, baseado na confiança, na Fraternidade, só pode subsistir se todos e cada um souberem que o à vontade em que se expressam não é traído por juízos exteriores feitos por quem, descontextualizando o paradigma em que as idéias são expostas, possa vir a apoucar a idéia, o pensamento, a opinião.

É para preservar esse espaço intimista de Liberdade que se preserva o que de concreto se passa numa reunião maçônica. Porque fora julga-se segundo os critérios de fora, não se atendendo às condições que se criam para que todas as contribuições sejam bem-vindas. É preciso garantir que todos e cada um possam, no decorrer de uma reunião ritual de Loja, expressar sem quaisquer constrangimentos, de qualquer natureza, as suas idéias e convicções e opiniões. Para que essa Liberdade absoluta exista, mister é que todos e cada um saibam que o que se passa em Loja fica em Loja. E, portanto, cada um guarda cuidadosamente para si o que em Loja se passou. Quem quiser saber e tenha o direito, a saber... consulte a ata!

O SEGREDO MAÇÓNICO ESOTÉRICO: O VERDADEIRO SEGREDO MAÇÓNICO

Em minha opinião, já hoje aqui o disse, o verdadeiro segredo maçônico vai muito além da discrição sobre identidades, modos de reconhecimento, rituais, cerimônias e trabalhos efetuados. Na minha opinião, o verdadeiro segredo maçônico, o que importa, o que releva, existe, não porque os maçons o queiram preservar, mas porque não o conseguem revelar. Porque é insuscetível de plena transmissão.

O verdadeiro segredo maçônico, aquilo a que muitos chamam de Palavra Sagrada ou, muito simplesmente, de Luz, é aquilo que o maçom aprende através do contacto com seus Irmãos, do convívio e busca de entendimento dos elementos simbólicos que a maçonaria profusamente coloca à disposição dos seus elementos, do método de análise, de trabalho, de esforço, de meditação, de extenuada conquista, passo a passo, degrau a degrau, patamar a patamar, sobre si próprio, a pulso desbastando suas imperfeições, despojando-se do interesse sobre toda a ganga material que obnubila os nossos espíritos, indo-se cada vez mais longe em épica viagem, com começo e fim no fundo de si mesmo e aí descobrindo a resposta que procura.

Esta busca, esta viagem, esta procura, tem um começo e um fim, mas nem um nem outro serão porventura os esperados. O começo será sempre depois do meio dia, à hora a que os maçons iniciam os seus trabalhos, quando cada um está efetivamente apto a começar a trilhar o caminho sem marcos, bordas ou fronteiras, que conduzirá não sabe onde. O fim, esse, tem hora marcada, aquela em que os maçons pousam as suas ferramentas, a meia noite. Como em muito do que tem valor, tão importante é o resultado como o trabalho para obtê-lo, tão atraente é o destino, como o caminho que a ele conduz. E muito raramente o caminho mais curto entre o ponto de partida e o de chegada será uma reta...

Em bom rigor, duvido mesmo que haja apenas um verdadeiro segredo maçônico, um único segredo esotérico. Nesta altura do meu entendimento, propendo a considerar que cada maçom atinge a sua própria Luz - a deste com mais brilho, a daquele mais baça, a daquele outro, qual bruxuleante chama de longínqua vela, mal se vendo -, cada maçom encontra e resgata a sua própria e individual Palavra Perdida - a de um bela e cristalina, a de outro sonora e estentória, a de um terceiro suave e quase inaudível murmúrio.

Cada um encontra o que procura e o que trabalha e se esforça por encontrar. Cada um encontra Segredos, Luzes, Palavras, diferentes ao longo da sua busca. Porque esta nunca termina. Cada resposta encontrada dá origem a novas perguntas, nascidas de mais lúcida compreensão, em perpétua evolução e aprofundamento de compreensão. É por isso que tenho para mim que eu não posso, não consigo, não sei, partilhar a minha Palavra, com mais ninguém, nem sequer com o meu mais chegado Irmão. Não só porque não consigo descrevê-la em toda a sua extensão e complexidade, como porque o mero enunciar do ponto do caminho em que me encontro me abre novos horizontes de busca, para lá dos quais nem sequer sei se não terei de pôr em causa e de reformular tudo ou parte do que me levou a percorrer esse preciso caminho, quer ainda porque cada viagem, mesmo a do meu mais mais chegado Irmão, seguiu rumos diversos dos meus, levando a linguagens distintas, a conceitos diferentes, a complexas variantes.

Cada um, em cada momento, encontra diferente Palavra, vê diversa Luz, preserva variado Segredo, porque cada um viaja para destinos diferentes: cada um viaja até ao fundo de si mesmo e cada um é todo um Universo diferente do parceiro do lado.

Nessa viagem, nesse trabalho, nessa busca, cada um procura coisa diversa. Eu só posso definir o que neste momento busco. Já me reconciliei - há muito! - com a finitude da vida neste plano de existência, já abandonei, por estulta e estéril, a busca do imenso porquê, a mim nunca me interessou particularmente interrogar-me sobre o cósmico como. Por agora, desde há muito e não sei até quando, concentro-me na busca do sentido da Vida e da Criação. Tenho uma idéia rude e imprecisa desse sentido. Busco o melhor ângulo para obter mais Luz. Espero que consiga obter o Brilho suficiente para, através do sentido da Criação, entrever o Criador... E tudo isto eu - neste momento - busco, em fantástica viagem, sem outro veículo que não eu próprio, não consumindo outro combustível senão tudo aquilo de que me interiormente despojo, sem outro destino e caminho senão o fundo de mim mesmo. Porque é o conhecimento de mim mesmo, em todas as complexas vertentes que condicionam o meu Eu, que me habilitará a conhecer o Outro, o Mundo e quem o criou e porquê e para quê e como. Eu sou a pergunta, a pergunta sem resposta, a pergunta buscando a resposta e, simultaneamente, a resposta contida na própria pergunta, que me levará a nova pergunta, que gerará nova resposta, em contínuo alargar de horizontes, que espero me permita entrever o que está para além do horizonte e contém todos os horizontes...

Confuso, não é? Pois é! Eu bem avisei que o segredo maçônico esotérico é aquele que existe porque não se consegue transmitir...

Rui Bandeira - Mestre Maçom

Lido em sessão no grau de Aprendiz da R:. L:. Mestre Affonso Domingues, n.º 5, em 13 de abril de 6011, E:. M:..






segunda-feira, 30 de maio de 2011

TRAÇOS DE AMAR


TRAÇOS DE AMAR



Quantas vezes tracei o seu nome,


Na alva areia das praias do mar


E as águas talvez por ciúme


Vêm apressadas e o seu nome apagar.



Escrevi em um tronco frondoso


De uma velha mangueira encopada


E talvez por acaso eu voltando


Encontrei lá no chão derrubada.



Por fim compreendi, mas fiquei a cismar


Seriam as vagas afoitas batendo forte nas praias


Ou as ondas amargas lavando beijos na areia


Onde se desmancham ao sopro do mar.



Como as brancas dunas se deslocam ao vento,


Lento fica das gaivotas o sonoro canto


A beijar o doce encanto da Natureza


Onde ficou do pobre ser lindos traços de amar.



NELSON CARNEIRO


[in Devaneio, pág. 48 ]


São José do Rio Preto, SP

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como entrar na Maçonaria?



Como entrar na Maçonaria?

Escrito por José Ruah

É a minha convicção, baseada em tudo o que li, que não existe um método absoluto, nem existe uma fórmula certa e outra errada, para se entrar na Maçonaria.

Existem tradições, usos e costumes, mais ou menos locais, mais ou menos universais, mais ou menos usados, mais ou menos torneados.

Usando o que as Obediências dizem, e um pouco do que penso vou tentar deixar ao leitor informação que lhe permita tirar as respectivas conclusões, porque na Maçonaria uma das coisas que se aprende é a que cada um deve saber tirar conclusões.

Assim passo a citar, qualificando-as com critério meu, as informações que se obtêm nos sites das obediências e nas respectivas línguas:


Os Opostos:

"TO BE ONE YOU MUST ASK ONE!

In order to become a member of the Grand Lodge of Virginia you must have two Master Masons vouch for your character and recommend you into our Craft. You also have to be a man, 18 years old or older, of good character, and believe in a God that promotes peace, love, and harmony towards all mankind. These are some of the basic requirements for membership into our Fraternity. "

Grand Lodge of Virginia - USA


"COMO SE FAZ PARA SER MAÇOM?

É preciso que o candidato seja indicado por um Mestre Maçom e tenha a sua iniciação aprovada pela Loja. Ninguém se inscreve para ser maçom. Por suas qualidades, ele é notado por um maçom que o indica para a sua Loja."

Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro


OS OMISSOS

"Typiquement quelqu'un devient Franc-maçon parce qu'il éprouve le besoin d'évoluer dans un esprit d'ouverture et qu'il a rencontré cet esprit d'ouverture auprès de personnes qui se sont fait connaître comme Francs-maçons."

Grande Loje Suisse Alpina


OS UNIVERSAIS

"J'aimerais devenir Franc-Maçon. Que dois-je faire?

L'entrée en Franc-Maçonnerie procède selon deux voies très différentes.

Le plus souvent, le processus fonctionne de proche en proche : un ami, un voisin, un collègue vous demande un jour un entretien entre quatre yeux, il se dévoile et vous explique qu'il aurait grand bonheur à partager avec vous sa démarche. Alors commence un dialogue qui va construire une relation entre vous deux, bientôt partagée avec ses autres Frères en Franc-Maçonnerie.

Plus rarement, mais régulièrement, cette rencontre est attendue par l'impétrant, mais ne se matérialise pas. Dans ce cas, rien de plus simple : il suffit d'envoyer à l'attention du secrétariat de la Grande Loge Régulière de Belgique une lettre de candidature reprenant les éléments suivants :

votre curriculum vitae vos motivations personnelles profondes à vouloir être reçu en Franc-Maçonnerie "

Grande Loje Reguliere de Belgique

OS TRADICIONAIS

"Suggested Steps After reading the various booklets on this site, see 'All About Masonry' in the menu bar, and if you are still interested in becoming a Freemason, we advise that you first talk to a family member, friend or colleague whom you already know to be a member. They will be able to explain to you what they can about the fraternity and help you find a suitable Lodge. If you don't know anyone at all who is a member, then get in touch with a Masonic Office in your area. Write to that office, telling them a little bit about yourself and your reasons for wishing to join."

United Grand Lodge of England

OS TORNEADOS

"We would welcome your involvement - but we won't be pushy"

Grande Loja do Sul da Austrália e Territórios do Norte

Temos aqui exemplos dos Estados Unidos, Brasil, Europa, Austrália e muitos mais podem ser encontrados, que nos demonstram inequivocamente que não há um padrão comum.

Comecemos pelo sistema Americano.

A premissa não se convida espera-se que o candidato apareça de livre e espontânea vontade não é também universal, em minha opinião, a todas as Grandes Lojas Americanas.

Algumas, embora dizendo que o candidato deve subscrever a petição de livre e espontânea vontade, juntam que tem também que ser apadrinhado por 2 Mestres Maçons que o avalizem, e logo o conheçam. Indicam também que será útil abordar algum Maçom que se conheça e perguntar-lhe como é que se faz, o que é a Maçonaria, etc.

O exemplo que ilustra esta situação é o seguinte:

"Qualifications for Membership

Application for membership is open to men who:

Have been an Ohio resident for at least one year

Are at least 19 years old

Have a belief in a Supreme Being

Live a good moral and social life

Do not advocate the overthrow of the government

Can read and write English

Are recommended by two members of the Lodge they wish to join. (If you do not know two members of a Lodge, the secretary of the Lodge to which you are applying can arrange a meeting with two members of the Lodge for you.) "

Grand Lodge of Ohio - USA

Como se pode ver é necessária a recomendação de 2 Mestres da Loja onde se pretende entrar. E se não conhecer ninguém então a Loja organiza um encontro para conhecer o candidato.

O que se pode depreender daqui é que embora formalmente se mantenha o tradicional "2b1ask1" na verdade o sistema de apadrinhamento funciona.

Aliás, em minha opinião, as Obediências Americanas abandonaram há muito o conceito de não convidar, ao substitui-lo por agressiva presença na Internet e nos "média". Desta maneira conseguem com que muita gente venha bater à porta, e isto é de tal maneira verdade que em muitas lojas a idade média dos membros tem vindo a baixar substancialmente pois os novos maçons vindos da Internet são pessoas mais jovens.



In Blog "A Partir Pedra" - Texto de José Ruah (23.06.08)


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quinta-feira, 26 de maio de 2011

O KARMA E A CALMA




O KARMA E A CALMA

José Maurício Guimarães

Por definição, ELEIÇÃO é aquele procedimento pelo qual um grupo de pessoas escolhe um de seus membros para TRABALHAR num determinado cargo. Portanto, a pessoa eleita torna-se compromissada com os ideais daqueles que lhe concederam o cargo, assim como obrigada a governar para o bem de todos, partidários e adversários. Isso é chamado democracia representativa. Se o candidato eleito, ao receber o cargo, cuida apenas de seus compadres (companheiros), ele é um ditadorzinho como qualquer outro. Governar para uns poucos, para a própria família ou para os militantes de um partido é traição ao voto e à consciência coletiva. As ditaduras, o populismo cínico e o despotismo devem ser repudiados e, de modo pacífico, apeados do trono. Assim nos ensinaram filósofos de todas as épocas; assim nos ensina a Maçonaria.

Mas, quando o candidato eleito coloca o interesse da coletividade acima das personalidades, ele é um líder, um estadista. Exercer o poder soberano é assumir, na íntegra, o papel de representante legítimo da nação, dos estados, dos municípios, das empresas e instituições, não apenas do partido ou dos “cabos” eleitorais interessados em favores.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Aprendemos dos portugueses que, mal pisavam a nova terra, logo realizavam votações para eleger os que iriam governar as vilas e cidades que fundavam e gozar largamente das regalias do cargo. Os bandeirantes, quando chegavam ao local em que deveriam se estabelecer, seu primeiro ato era realizar a eleição do guarda-mor regente.

Em 1821, foram realizadas eleições gerais para escolher os deputados que iriam representar o Brasil nas cortes de Lisboa.

O poder da Igreja Católica, até fins do Império, era tão avassalador que algumas eleições foram realizadas dentro das igrejas, com velas, incenso e "laudamus te". E, imaginem! uma das condição para ser eleito deputado era a profissão da fé católica. Hoje é diferente. No entanto, muita gente, para ser eleita, tem que ser “isso ou aquilo”, “curvar-se diante desses ou daqueles”. Por isso vemos tantas pessoas com dor “nas colunas”.

FATOS INTERESSANTES

Houve época em que os votos eram depositados com esferas de cera ou de madeira numa sacola; brancas ou pretas conforme o partido. Dependendo do resultado, as coisas podiam ficar pretas. Mais tarde, vieram as esferas de ferro e as de lona (informação histórica fornecida pelo Tribunal Superior Eleitoral em seus estudos: tse.gov.br). Fico pensando se essas esferas de lona beneficiavam apenas os políticos que “estavam na lona” ou se as outras resultavam em “ferro” para quem perdesse o pleito ou votasse errado. Tudo é possível.

Dizem que o voto sempre foi livre. “Todos” votavam, desde que tivessem alma (*), poder aquisitivo, mais de 25 anos, não fossem escravos, nem mulheres, nem índios, nem assalariados (fonte tse.gov.br). Noutras palavras: só votavam os preguiçosos, os exploradores e desocupados; só eram eleitos os  madraços, os biltres e os pelintras.

(*)Não se espantem! Aristóteles (383-322 a.C.), dizia esse absurdo: "a mulher é um homem incompleto." O douto Saulo de Tarso (São Paulo) na Epístola aos Efésios recomendava às mulheres: "serem submissas aos maridos em tudo como a Igreja é submissa a Cristo." Na Epístola a Timóteo o santo esbravejava: "Não permito à mulher ensinar nem dominar o homem, mas que esteja silenciosa." E Martinho Lutero (1483-1546) sentenciou: "Quem há por aí, homem ou Deus, capaz de sustentar que a mulher pertence ao gênero humano?" (Fonte: Viviana Isabel Vladimirsky, Advogada Pós-Graduada em Direito de Família, Editora Magister). Acho que Aristóteles, Saulo de Tarso e Lutero foram muito mal sucedidos com as mulheres que escolheram por companheiras.

ELEIÇÕES DIRETAS

“Em 1881, a Lei Saraiva estabeleceu, pela primeira vez, eleições diretas”. Ruy Barbosa, aquele maçom que de tanto ver triunfar as nulidades chegou “a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”, redigiu o projeto dessa lei. Mas, ainda predominava a ação dos velhos coronéis, que controlavam o eleitorado regional, fiscalizavam o voto e a apuração sob os olhos atentos dos “cabos eleitorais”.

ELEIÇÕES PRÁ VALER

A Independência do Brasil obrigou o país a buscar o aperfeiçoamento da legislação eleitoral. As normas para as eleições foram copiadas do modelo francês. Bom começo. O Príncipe Regente assinou a primeira lei eleitoral em 3 de janeiro de 1822. Convocou eleições para a Assembléia Geral Constituinte e Legislativa.

Quando se deseja mudar alguma coisa, nada melhor que uma Assembléia Geral Constituinte (minha opinião pessoal).

Informam-nos os estudos do Tribunal Superior Eleitoral que em 25 de março de 1824, o maçom D. Pedro I “outorgou a primeira Constituição brasileira, que estabeleceu que o Poder Legislativo seria exercido pela Assembléia Geral, formada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, determinou eleições indiretas e em dois graus e estabeleceu o voto censitário e a verificação dos poderes”.

UM PULO ATRAVÉS DOS TEMPOS

O ano era 1932. Na cidade de Mossoró, uma indígena do tronco linguístico tupi, Celina Guimarães Vianna, foi a primeira mulher a depositar o voto nas urnas do Brasil. Aristóteles, Saulo de Tarso e Lutero devem ter se revirado em seus túmulos! Vejam como nosso país é lento: estendeu a cidadania eleitoral às mulheres há 77 anos atrás. Millicent Fawcett (1847-1929), educadora britânica, contradisse São Paulo fundando, em 1897, a União Nacional pelo Sufrágio Feminino. O primeiro país a contrariar Aristóteles e garantir o voto feminino foi a Nova Zelândia em 1893. Em 1911, Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a votar em Portugal, demonstrando que a mulher pertence ao gênero humano, ao contrário do que pensava Lutero.

Mais tarde a Emenda Constitucional nº 25/85 deu aos analfabetos o direito de votar. O direito de o analfabeto ser votado parece ter existido sempre.

“KARMA” ELEITORAL

Eleitores se decepcionam com os candidatos nos quais votaram, da mesma forma que os eleitos se decepcionam com seus eleitores.

Faz parte da História e do karma; “cada povo tem o governo que merece” e o tirano de hoje, foi carregado ontem nos ombros.

Cada governante tem o povo que merece, pode até desprezar a opinião pública que lhe conseguiu o emprego.

Fonte: e-mail do autor Ir.: José Maurício Guimarães



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ética e Política Sob a Ótica da Maçonaria

Waldemar Zveiter









Ética e Política Sob a Ótica da Maçonaria
Waldemar Zveiter

Senhor Presidente, autoridades, permita-me saudá-los e a todos nas pessoas dos Sereníssimos Grãos-Mestres das 26 Grandes Lojas Maçônicas dos Estados de nosso País e do Distrito Federal aqui presentes.

Permitam-me, também, Senhores, por primeiro, enumerar, ainda que em apertada síntese, os princípios pelos quais se rege a Maçonaria: A iniciação Maçônica tem por objetivo tornar o homem em um novo ser, apto a integrar-se na filosofia do humanismo capacitando-o à compreensão da universalidade, da cor e da fé religiosa, levando-o ao entendimento de que pertence a uma mesma e única humanidade.

De todos os deveres iniciáticos do maçom avulta aquele de buscar eficiência para espargir os ensinamentos Maçônicos entre os que os desconhecem, visando trabalho objetivo pelo bem estar e o progresso da humanidade, passam a compreender, finalmente, que se não podem obter a resposta sobre sua origem, e o destino de seu porvir, sabem para que e porque vieram.

Sabem os Maçons que vieram e vivem, sem descurar de seu próprio aperfeiçoamento, enfrentando os embates que a luta pela vida apresenta, para propagar pelo exemplo e pela palavra os princípios da Maçonaria, que dentre outros em síntese proclama:

- que um povo só é escravo quando desconhece a própria força e por lhe faltar a coragem de libertar-se;

- que os homens são capazes, por sua vontade, de submeter suas paixões e para alcançarem a vitória haverão antes de saber resistir;

- que Deus não é feito a imagem do homem nem possui suas fraquezas e suas paixões, por isso que a maçonaria não o define como, também, não define os princípios da imortalidade da alma, deixando à cada um a liberdade de o fazer, esclarecendo-se e guiando-se por sua própria consciência;

- que não há limite algum à indagação da verdade e, para garantir a amplitude dessa liberdade, exige de todos a tolerância exortando, àqueles para os quais a religião se constitui consolo, a cultivá-Ia com liberdade;

- que a doutrina maçônica se contém inteira na asseveração do amor ao próximo, sedimentada sua moral na prática da solidariedade e da caridade à todos os seres humanos;

- que o Maçom cultiva a simpatia e a compaixão por todos os homens, mesmo por aqueles ainda escravos de concepções imperfeitas, desenvolvendo esforço para abolir os preconceitos e os erros;

- que o Maçom honra a sua Pátria dispondo-se a entregar sua vida pela preservação de sua integridade e de seu povo, jamais se constrangendo de propagar as verdades maçônicas, sem qualquer temor e aonde quer que sejam úteis.

Explicitados tais princípios, pode-se afirmar, também, sinteticamente, a compreensão sob a ótica Maçônica, do que sejam a Ética e a Política.

Existe hoje no Brasil, em alguns segmentos da sociedade, um perigoso distanciamento entre ética e política . Há uma percepção difusa de que as duas não se complementam, constituindo-se universos distintos. A ética, assim, isoladamente, não teria espaço no mundo político.

Contudo a ética é uma instância que , tática e estrategicamente, deve se subsumir na política.

Se em algum momento, eventualmente um partido político pretendesse ser detentor do monopólio da ética isso seria impossível. A circunstancia de “politização da ética ” teria vida fugas e em curto período, porem os fatos provariam ser impossível existir grupos que pudessem titular-se como detentores absolutos dos valores éticos.

A ética está alicerçada em princípios . A assertiva que, os fins justificam os meios jamais poderia ser invocada na política. Se abandonasse os princípios básicos , a política perderia a sustentação dos seus atos . Nesse sentido , a ética deve embasar toda e qualquer ação política . Trata-se, enfim, de uma questão de princípios .

Quando, eventualmente, os fins pudessem ser alcançados por meios espúrios, a sociedade passaria a correr perigo .

Consoante a doutrina da Maçonaria o pensamento ético deve forjar o sistema de valores que fundamenta uma sociedade justa .

A política assim deverá ser aplicada eticamente à sociedade e, por isso que nem a ética nem a política podem ser monopólio de grupos ou instituições .

Sabe-se que o planeta esta ameaçado pelo desequilíbrio das ações humanas sobre o meio ambiente . Durante séculos , essas ações se desenvolveram como se todos os recursos fossem inesgotáveis e, neste decisivo século XXI, a sociedade esta diante de desafios que em nenhuma época anterior enfrentou: a degradação acelerada do planeta, a ameaça crescente ao processo civilizatório e o fim da humanidade como a conhecemos.

Exige-se, hoje , de cada nação e de cada ser humano , uma mudança de paradigma . Ou se muda de rumo agora ou se legará às gerações futuras um mundo à beira do abismo .

Para reverter esse quadro , precisa-se de uma nova política ambiental e, acima de tudo , de uma bioética , uma ética da vida . Só a atividade ético-política pode lutar, mundialmente, pela sobrevivência do planeta.

No campo político , todos sabem que a democracia renova-se juntamente com a renovação da sociedade. Um rápido olhar sobre a história do país revela que a democracia pode ser suprimida pelas circunstâncias do momento , utilizada por grupos de poder que confundem o público e o privado , manipulada por interesses que atropelam a ética por objetivos subalternos .

De acordo com eminentes teóricos , a democracia é antes de tudo o regime político que permite aos atores sociais formarem-se agindo livremente.

São os seus princípios constitutivos que comandam a existência dos próprios atores sociais.

Por isso que três princípios básicos devem reger o projeto democrático : o reconhecimento dos direitos fundamentais , que o poder deve respeitar ; a representatividade social dos dirigentes e da sua política ; e a consciência de cidadania, extraída do fato de pertencer a uma coletividade fundada sobre o direito .

Quanto aos direitos fundamentais , quando não são vividos como direitos nem como fundamentais , instaura-se a corrosão das Instituições que alicerçam o Estado Democrático de Direito , pondo em risco a própria governabilidade.

Registre-se que , por conta desse estado de coisas , podem faltar recursos para a educação , saúde e segurança pública , recuperação e construção de estradas , proteção do meio ambiente e dos recursos naturais , e tantos outros bens que a Nação reclama e almeja.

Portanto a eventual falta de ética e moralidade no trato da coisa pública propiciaria clima de desesperança e descrédito que anunciaria desastres iminentes . As duas últimas tragédias aéreas afiguram-se bastantes representativas do estado de espírito que tomaria conta da nação se não se retomasse, de imediato, como feito, o eixo de equilíbrio entre as Estruturas da República , para restabelecer o bem-estar do povo. Essa retomada se da por uma representatividade real , necessariamente fundada na Ética.

Hoje, neste exato momento , milhões de pessoas não saberiam dizer o nome do vereador ou o número do deputado federal em que votaram nas últimas eleições . E, caso dissessem o nome ou o número , dificilmente poderiam explicitar de forma clara a plataforma do candidato . Caso fosse lembrado o nome e explicitada a plataforma , não saberiam dizer o que o eleito teria feito ou faria com o mandato que lhe fosse democraticamente outorgado nas urnas . Existiria assim , por parte dos eleitores , uma falta de comprometimento com o seu próprio gesto , um gesto ao mesmo tempo individual e coletivo , fundamental e democrático, no exercício da cidadania participativa.

Por outro lado , os eleitos, quando exercitassem, livremente, o mandato, sem cobranças e sem acompanhamento, poderiam, eventualmente, se entregar a uma representação teatral , que transformaria instituições veneráveis em palco, para os holofotes da mídia , verberando palavras vazias à ouvidos desatentos .

Assim quando a representação não cumprisse seus objetivos básicos , o teatro e a política nada teriam a ganhar e os representados teriam tudo a perder.

Dessa forma, a representação social se tornaria uma farsa e o ato democrático cairia no vazio. Como em tal situação raramente existiria motivos para aplausos , as vaias que ressoariam no teatro, nos aeroportos ou nos estádios repercutiriam, uniformemente, sobre os próprios atores sociais; os eleitos e os eleitores. Tudo ficaria em suspenso até a próxima convocação das urnas, o que, por argumento poderia resultar em “mais do mesmo”, fato que reiteraria o círculo vicioso de esperanças que se perderiam e das promessas que jamais se cumpririam.

Para escapar desse circulo vicioso, seria urgente que as eleições se constituíssem no momento propício para que se realizasse expressiva modificação no quadro político, quando necessário, com o respeito à coisa pública , através do voto que se depositaria em nomes capazes de ouvir e atender o clamor público , tudo sem exclusão das medidas administrativas e judiciais que visassem exemplar punição, daqueles que, eventualmente, corrompessem sua representatividade quando eleitos.

Respeitados e cultivados os direitos fundamentais , valorizada a representatividade, há de cuidar-se da cidadania. Sob a ótica Maçônica nesse sentido pode-se afirmar que canta-se o Hino Nacional com orgulho , e patriotismo e, induvidosamente, ama-se o país.

Porém, sabe-se que milhões jamais leram a Constituição Federal , milhões desconhecem a Lei e só entram em contato com ela através do policial da esquina , momento em que têm a oportunidade de clamar que a lei é injusta , brutal ou corrupta . Milhões são inocentes antes de ultrapassar o sinal fechado, e, por desatenção ou simples desconhecimento da Lei , ninguém é culpado, todos se pressupõem inocentes até prova em contrário, diante dos seus próprios atos .

Todavia, para a Maçonaria, há de educar-se a população insistindo para que compreendam a responsabilidade de cada um diante de si mesmo e dos outros , diante da Lei , da justiça , do direito de ir e vir , da busca da felicidade, conscientizando-a de que o paternalismo e o clientelismo se constitui ameaça à cidadania . É preciso esclarecer, pela educação, ao povo que fugir ao compromisso com a própria cidadania é mais que uma fuga : é ajudar a alimentar a corrupção dos valores necessários para a construção de uma sociedade mais justa , mais equilibrada e mais harmoniosa .

Os Maçons pregam que se há de colher no plano coletivo o que se planta no plano individual. Que para se denunciar o “sistema” há de se ter consciência de que como seu integrante deve-se proporcionar os meios para sua melhoria. É preciso, como eleitores saber cobrar dos políticos o cumprimento do programa com o qual foram eleitos pelo voto do povo. Ao se delegar poderes, há de se manter o vínculo com esse poder, porque todos são atores principais do espetáculo, por isso que para se aplaudir ou vaiar não se o pode fazer como simples espectador, mas como co-participe das ações, impondo-se encontrar meios para que não existam as vaias, às quais haverá de se sobrepor os aplausos.

É preciso que no mundo os fins sejam alcançados em estrita obediência aos princípios, sem os quais não haverá espaço para o processo construtor. Por isso , mais do que nunca , é preciso vincular política e ética , ação social e participação. Só assim será possível escapar do círculo vicioso dos eventuais atos inconseqüentes e descompromissados para o círculo virtuoso dos atos comprometidos e conscientes . Só assim será possível o saneamento da vida pública, quando necessário, com a retomada do verdadeiro sentido de cidadania , com absoluto respeito à coisa pública , às leis , e aos mais altos interesses do Brasil, como determina a Constituição Federal .

Os atos livres e soberanos dos homens e mulheres é que são a fonte dos valores , e o maior de todos os valores é o ser humano integralmente realizado. Essa é, acima de tudo , uma questão ética . E a ética deve ser um imperativo da política e da própria vida em sociedade.

E para chegar a essa conclusão não é necessário buscar inspiração nas altas e rarefeitas esperas do pensamento humano. Basta caminhar entre o povo para colher idêntica lição de sabedoria. Essa reflexão encontra uma perfeita tradução na experiência dos simples mortais a dizer: “a voz do povo é a voz de Deus”. Por isso é preciso ouvi-la como a mesma atenção dedicada aos grandes pensadores.

*Sereníssimo Grão-Mestre , Ministro Waldemar Zveiter