domingo, 30 de novembro de 2014


Alma das Almas

Há uma radiosa e eterna alma divina,
Que se irradia sobre a imensidade,
Alma da luz puríssima que invade
A cósmica amplidão que se ilumina.

Alma cheia de terna claridade,
Que alegrias dulcíssimas propina,
Espírito do bem que aclara e ensina
O caminho da vida e da verdade.

Alma das almas, cujo pensamento
É a vibração do eterno movimento
Sem princípio e sem dia derradeiro...

Deus! – alma do amor que a tudo abraça,
Que é ciência, harmonia, aroma e graça,
Alma das almas do universo inteiro.

Cruz e Souza

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014



 
 

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O PAPEL DO MESTRE DE CERIMÔNIAS
 
 
 
            Nascido em tempos remotos, a figura do Mestre de Cerimônias se confunde com a história do cerimonial.
 
            Rituais, cerimônias faziam parte da rotina do homem primitivo.  Temor ao desconhecido, necessidade de acreditar em algo, solidão, disputa pelo poder, tudo se transformava em cerimônias de adoração, de oferta. Nobres à frente, súditos atrás, assessores ao lado, o anunciador dessas solenidades estava sempre em destaque. Era o início da figura do Mestre de Cerimônias.   Encontramos sua presença entre os gregos, três mil anos a.C., anunciando as fases das reuniões que aconteciam nos anfiteatros.
 
            Mil anos a.C., a China e o Japão utilizavam o Mestre de Cerimônias, para a narração dos torneios de arco e flecha. Já nessa época, ele utilizava a força e ritmo da voz para destacar as equipes mais importantes, calcado num conceito de poder e nobreza.
 
            Na Roma antiga, ele surge na figura do chefe dos trombeteiros que, sobre seu cavalo, após o toque das trombetas, anunciava a passagem do Imperador ou as medidas reais como aumento de taxas, maior submissão, proibições e sanções.
 
            Em nossa era, ele aparece na figura do arauto. vestido de acordo com os costumes da época, anunciava a entrada dos convidados em festas da nobreza batendo três vezes um bastão sobre um batente, produzindo um som alto e seco.
            Assim, foi se firmando a figura do Mestre de Cerimônias. Sempre em posição de destaque, iniciando e conduzindo as fases de uma solenidade, hoje diríamos que é uma das pessoas mais importantes para a implantação de um evento, pois a partir de sua presença "as coisas começam a acontecer".
 
            Em hipótese nenhuma estamos desprezando os outros integrantes da organização de um evento - o coordenador do cerimonial, as recepcionistas, os operadores de  equipamentos específicos, tradutores, manobristas, pessoal de serviços gerais. Cada um tem sua função específica na organização do evento.
 
            Por isso, o Mestre de Cerimônias não deve ser confundido com o Chefe do Cerimonial.  E isso é o que vemos  sempre,  resultando  num acúmulo de funções  para  este   último e comprometendo o sucesso do empreendimento.
 
            O Chefe do Cerimonial ou Coordenador de Eventos é responsável pelo planejamento, coordenação e organização do evento, em todas as suas fases, além do protocolo de implantação com as precedências e tratamentos de acordo com a legislação específica, planejando o roteiro da solenidade.
            Neste momento, entra o Mestre de Cerimônias que, a partir desse roteiro, produzirá o script final, anunciando as fases do evento.
 
            É impossível para o Chefe do Cerimonial ser o Mestre de Cerimônias, pois o primeiro tem tantos detalhes para verificar que necessitaria, volta e meia, sair da tribuna para resolver os percalços que acontecem durante um evento. Esse corre-corre  resultaria em uma ansiedade natural, comprometendo a fase mais bela do evento: a sua implantação.
 
            Quem deve ser o Mestre de Cerimônias?  Quais características precisa ter?.    Precisa de conhecimento, treinamento e aperfeiçoamento de sua função; necessita saber o que faz, como sair de imprevistos, como se dirigir e conquistar a platéia, sem aparecer. Sim, sem aparecer, porque mesmo conduzindo o acontecimento, existem os anfitriões, os convidados especiais, os conferencistas e a platéia. São esses os donos do evento.
 
            Vaidade, prepotência e arrogância não fazem parte da função do Mestre de Cerimônias. Também humildade excessiva, timidez,  medo  do público e pânico não combinam com ele.
 
            Diz o estudo da oratória que para o bom orador "não adianta apenas falar com elegância, é preciso persuadir e convencer".    E conta ainda que, "a diferença entre os dois maiores oradores que o mundo conheceu, Demóstenes e Cícero (Roma, ano 106 a.C.); quando Cícero discursava o povo exclamava: 'Que maravilha', e quando Demóstenes falava, o povo seguia em marcha. É isso que o bom Mestre de Cerimônias precisa ter: determinação e entusiasmo, que convençam a plateia que está apresentando aquilo que corresponde às suas expectativas, complementados por clareza e objetividade, utilizando acima de tudo, aquilo que temos de mais forte: o dom da palavra.
 
Publicado no Jornal Do Aprendiz,   edição de novembro / 2014

sábado, 22 de novembro de 2014


Sossega

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
 

 Fernando Pessoa

quinta-feira, 20 de novembro de 2014


   

A Ordem do Templo

Author: Loja Lux Et Veritas 
Corriam os anos de 1.100 e toda a Europa se unia pela primeira vez por uma causa comum: a conquista dos lugares santos.
Naquela época o conde Hugo de Champagne havia ido à Terra Santa lutar na primeira cruzada, mas voltou de repente ao território francês, dirigindo-se com urgência ao mosteiro de Clervaux, da Ordem de Cister fundada por São Bernardo de Clervaux. De seu encontro pessoal com o abade , São Bernardo, nada se sabe, porém o mesmo determinou que o mosteiro todo se empenhasse em estudar os antigos textos em hebraico, até com a ajuda de rabinos que mandou que fossem trazidos da alta Borgonha, apesar da intolerância religiosa
Naquela época.
São Bernardo comunicou imediatamente o que havia descoberto, ao conde de Champagne, que tomado por grande misticismo, renunciou à toda sua riqueza, muito superior ao que o rei de França possuía, a favor da ordem de Cister, e interna a esposa em um convento.
Retorna à Terra Santa com nove cavaleiros, munido de um documento endereçado ao procurador da Ordem de Cister, em Jerusalém, aparentando ter como missão proteger os peregrinos que se dirigiam aos Santos lugares.
Dirigem-se do porto de São João de Acre até a reconquistada Jerusalém, indo ao encontro do procurador da Ordem Balduino II de Poitiers, que residia no local onde antes tinha sido o templo de Salomão, que ao ler o documento que lhe fora enviado por São Bernardo se mostrou grandemente surpreso e excitado.

Como medidas imediatas colocou sua residência à disposição do conde de Champagne e seus nove cavaleiros, transferindo sua residência para a Torre de Davi, que se comunicava por subterrâneo com o Templo de Salomão.
Com o pretexto de organizarem melhor as suas instalações, fazem pesquisas os cavaleiros por todo o Templo de Salomão, após isto feito, retornam a Europa conduzindo uma misteriosa caixa de ferro, e tal era a sua importância que São Bernardo de Clervaux presidiu uma reunião com o Rei de França e um legado Papal e estes cavaleiros.
A reunião culminou com a criação da Ordem do Templo sendo seu primeiro Grão Mestre o sobrinho do conde de Champagne, Hugo de Payns; os componentes desta nova ordem faziam votos de pobreza e castidade, como se fossem frades e vestiam um hábito de guerreiro coberto por um manto branco ornado no peito com uma cruz vermelha com oito beatitudes, que se chamaria a cruz dos Templários.
Como prova de sua pobreza pessoal (não da Ordem), é o carimbo ou lacre onde se vê dois cavaleiros montados num só cavalo.
Contudo a Ordem dos Templários ganhou força e riqueza passando a exercer além das funções de proteção aos peregrinos que iam aos lugares santos, também de banqueiros, administradores de bens e construtores de catedrais, não sabendo ninguém como haviam de repente conseguido tanto conhecimento e poder financeiro.
A resposta deve estar na Catedral de Chartres, que registra em uma de suas portas uma escultura que diz “Aqui está depositada a Arca”, encimando esta escultura há outra onde se vê a Arca sendo transportada por uma carroça.
Será que os Templários encontraram no Templo de Salomão a Arca da Aliança, com todos os seus poderes?, teriam conseguido se apoderar de seus segredos?

O seguiu a sua marcha.......
Ao fim de 1296 o Rei de França, de nome Felipe IV, que auto se denominava Felipe o Belo, desbaratava as finanças de seu reino e para regularizar esta situação, após desvalorizar a moeda francesa, como tentativa de regularizar sua péssima administração, lançou-se a outras medidas, confiscando os bens dos judeus e não permitindo que a igreja católica remetesse para o Papa o que recolhia de óbolos. Os
Judeus eram despojados de seus bens e posteriormente queimados numa ilha do rio Sena, situada na frente do palácio real e o Papa Bonifácio VII arrancado do seu trono no palácio papal em Anagni, arrastado pelas barbas por um sicário de Felipe o Belo, de nome Nogaret, não resistindo aos maus tratos vem a morrer aos 86 anos de idade, porém sem antes excomungar o rei de França.
O rei de França para poder dar continuidade à suas ambições, nomeia o Bispo de Bordéus como Papa, sob o nome de Clemente V, que transfere o papado para a cidade de Avinhão. A partir destas medidas o rei Felipe passou a reunir-se na chamada Assembléia das Três Ordens, onde a nobreza, o clero e a burguesia se reuniam com o rei, para ratificar suas decisões.
As medidas tomadas tomadas pelo rei não regularizaram a crise financeira da França, que forçou o povo de Paris a sublevar-se, tendo
O rei se refugiado em igreja que pertencia à Ordem dos Templários.
Paralelamente à crise financeira, a França sofria uma crise política com a Inglaterra que havia desembarcado tropas na França e ameaçava apoderar-se de todo o reino. Para evitar que isto acontecesse dá em casamento sua filha Isabel ao futuro rei da Inglaterra, Eduardo II, que era avesso ao convívio do sexo feminino, preferindo a companhia dos homens.

A inflação descontrolada, e não tendo mais bens a saquear, aproveitou-se do Papa Clemente IV ser submisso à sua vontade e decreta em 13 de agosto de 1307 (numa sexta feira) o confisco dos bens dos Templários e suas detenções, este projeto de autoria e execução do esbirro do rei, Nogaret, o mesmo que arrastar o Papa Bonifácio pela Barba.
Em março de 1314 Jaques de Molay, após sucessivas torturas confessa, o que os cardeais queriam: que a Ordem do Templo praticava heresia, o sacrilégio e a degradação moral. Com esta confissão o tribunal dos cardeais e arcebispos estava disposto a poupar-lhe a vida, porém Molay irrompe aos gritos: “sou inocente, minha confissão foi-me arrancada sob tortura!”
Jaques é cremado na Ilha dos Judeus, assistido do palácio pelo rei e por seu esbirro Nogaret e membros palacianos, e seus gritos chegavam ao palácio, levados pelo vento: “o castigo virá do céu, dentro de um ano todos vós, rei Felipe, Nogaret, Clemente IV, todos vós tereis o castigo de Deus! Malditos sede vós e treze gerações de vosso sangue!”
Paralelamente ao infortúnio dos Templários, ocorria um episódio, que serve para que meditemos junto com os fatos acima relatados.
A princesa Isabel havia sido prometida desde os cinco anos de idade ao futuro rei da Inglaterra Eduardo II, em tratado que detivera as tropas da Inglaterra que haviam desembarcado na França e preparavam-se para domina-la.
Logo nos primeiros tempos de seu casamento a princesa Isabel constatou que o rei Eduardo era homossexual, não cumprindo com seus deveres de esposo, procurando sempre a companhia de amigos
Do mesmo sexo.

Enquanto se desenrolava perseguição que seu pai, o rei Felipe o Belo, aplicava aos Templários, Isabel recebe a visita do Cavaleiro Robert D’Artois, sobrinho da mãe de suas cunhadas Branca e Joana; revela que tem tenebroso segredo a lhes relatar: elas traiam seus esposos em orgias na torre de Nesle, situada do outro lado do rio Sena, bem em frente ao palácio real, tendo entre a torre e o palácio a ilha dos judeus, onde Felipe o Belo martirizava os judeus, dos quais se apossara dos bens.
A princesa Isabel ferveu de ódio, pois, enquanto ela não conhecia os prazeres do amor, face seu esposo ser homossexual, as mulheres de seus irmãos, que eram homens bonitos e viris, se entregavam à luxuria.
Combina-se uma armadilha: mandar presentes às cunhadas, que tanto servissem para o sexo masculino, quanto para o feminino, de modo que as cunhadas, no curso de suas bacanais se vissem tentadas a agraciar os amantes, com os mesmos.
Na sexta feira 13 de agosto, dia do martírio de Molay, as princesas se encontraram com seus amantes na torre de Nesle e apreciam da janela da torre o martírio de Molay, inteiramente nuas.
Após assistir o martírio de Molay, o rei se retira para o castelo de Pontoise e ali aguarda a chegada da sua filha que vem da Inglaterra, visitá-lo como rainha, além de ser princesa da França. Indignada observa que os escudeiros de irmãos portam os presentes que havia dado às suas cunhadas.
Imediatamente faz a denúncia ao seu pai que chama as noras e pede-lhes que mostrem os presentes que Isabel lhes dera, o que não o fazem. O rei manda chamar os escudeiros que ostentam na cintura os presentes. O rei ordena a prisão dos mesmos e noras.


O esbirro Nogaret é encarregado de aplicar a ira do rei: as princesas são encarceradas em convento, condenadas à prisão perpétua e os amantes esfolados vivos e castrados e depois decapitados, suplícios assistidos pelas amantes.
Terão estes fatos sido uma extensão das maldições de Jaques de Molay?, seria mesmo o braço da justiça Divina que tudo desencadeou?, pois, no mesmo ano de 1314 morreram o Papa Clemente IV e o rei Felipe o Belo, porém o esbirro Nogaret apareceu morto de maneira misteriosa na manhã seguinte, 14 de agosto. Durante os próximos 13 anos os descendentes de Felipe II e seus três filhos governam e morrem sucessivamente, também de maneira misteriosa.
Escrito pelo Ir.'. Luciano Fernandes - Loja Lux Et Veritas

domingo, 16 de novembro de 2014


TOLERÂNCIA
 
Desejo ainda que você seja tolerante;
não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente,
e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.
 
Vitor Hugo

 


“Na fonte, há lama; a rosa tem espinho;
O sol na eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o verme faz seu ninho;
Erram todos, eu mesmo errei já tanto",

William Shakespeare – Soneto 35.

terça-feira, 11 de novembro de 2014


Agradeço,  Senhor!

 

Agradeço Senhor,
Quando me dizes “não”
Às súplicas indébitas que faço,
Através da oração.

 


Muitas daquelas dádivas que peço,
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso, talvez fossem espinhos,
Na senda que me deste a percorrer.


De outras vezes, imploro favores,
Entre lamentação, choro, barulho,
Mero capricho, simples algazarra,
Que me escapam do orgulho...

 


Existem privilégios que desejo,
Reclamando-te o “sim”,
Que, se me florescessem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.

 


Em muitas circunstâncias rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte.

Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.

 


Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
 E que desfruto, agora o melhor tempo
 De melhorar-me em tudo que preciso.

 


Não me escutes as exigências loucas,
Faz-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir meu dever.

 


Agradeço meu Deus,
Quando me dizes “não” com teu amor,
E sempre que te rogue o que não deva.
Não me atendas, Senhor!...

 

Maria Dolores

quinta-feira, 6 de novembro de 2014


ENTRE COLUNAS

“Entre Colunas” - Aquele que estiver “entre colunas” está ocupando um ponto da linha de equilíbrio perfeito e deve ser consciente disso. Ali deve sentir que não é lícito pender para lado nenhum dos extremos dos que formam as colunas laterais. Aprende-se nessas duas colunas a tornar-se consciencioso e firme tanto nas ideias respeitáveis como nas ações dignas. O Irmão que esteja participando de uma reunião maçônica pode solicitar ao Venerável Mestre o direito de ocupar a posição “entre colunas” e esse direito sob nenhum pretexto lhe pode ser negado, desde que haja razões válidas para tal fim. O falar “entre colunas” é erroneamente interpretado como um poder de fazer o que se deseja. Na realidade, ao fazer essa escolha, o Ir,', assume a responsabilidade pelos seus atos e pelas consequências.

Responsabilidade - Nenhum ponto é tão importante quanto aquele, pois retrata não apenas um ponto, mas uma coluna inteira, o local mais divino depois do altar. Ainda que o Irmão ache certo e seguro, reveja e observe com muita atenção todo o procedimento. Não será demasiado checar todos os passos que precisarão ser dados; este é um momento em que a ingenuidade não deve participar. O momento requer sabedoria para não banalizar uma ferramenta de tão importante utilização e ver seu usuário ser reduzido a categoria de bufão, o bobo de sua própria corte. Há pessoas que costumam se queixar com tanta facilidade que se torna difícil discernir os verdadeiros pedidos de ajuda daqueles que são só lamúrias pelo que foi incapaz de produzir por si mesmas. Estando “entre colunas” é lícito ao Ir.'. falar aquilo que bem queira e entenda. Pode acusar, defender a si e a outrem, pedir e julgar; assim como comunicar algo que necessite de sigilo absoluto. Porém, deve ser direto e franco, sem deixar qualquer margem de dúvida e estar cônscio daquela condição em que está revestido e consequentemente da grande responsabilidade por tudo aquilo que disser ou fizer no que possa comprometer sua credibilidade. Comete crime ante as Leis maçônicas se faltar com o decoro e a justiça, a verdade, a moral. Deve falar a verdade, ser justo em todos os sentidos e equilibrado nas suas emoções, não podendo sob nenhum pretexto ser interrompido nem submetido a qualquer limitação de tempo de permanência, ou condições outras ditadas por qualquer dignidade, nem mesmo pela própria Loja. Mas algo que venha a dizer ou fizer sem que haja alguma razão licita e necessária, naquela condição deve ser rigorosamente pesado e medido. Uma simples inverdade, sem grandes consequências, pode nada significar para um Irmão, porém, por menor que ela seja, por menos significativa, se for dita “entre colunas” constitui falta da mais alta relevância, pelo que será julgado. Direitos e Obrigações - Se é direito usar aquela posição sem qualquer interferência da parte de alguma autoridade da Loja, de igual modo a nenhum Obreiro, é facultado recusar-se ir “entre colunas” quando para isto for legalmente solicitado. Lá ele não poderá se negar responder qualquer pergunta, por mais íntima que a considere e não poderá responder com uma inverdade. Não importando as razões ou motivos que o levaram a tal atitude. Por motivos pessoais, sem que haja alguma razão lícita e necessária; por perseguição ou com finalidade de ofender, desafiar, agravar, humilhar. Normalmente um Maçom pode se negar a responder aquilo que não lhe convier, mas se a indagação for formulada “entre colunas”, nenhuma razão justificará qualquer resposta infiel. Transparência - Nenhuma razão justificará que seja mantido silêncio por aquele que tenha algo a responder. Qualquer Maçom presente que tiver conhecimento de algo está obrigado a declarar. A luta por liderança leva a decisões nem sempre sensatas e coerentes com a realidade. É patético verificar que um Irmão que só olha para o próprio umbigo tem a “coragem” de, publicamente, demonstrar sua ignorância e seu egoísmo ao criticar medidas apoiadas pela grande maioria. As possibilidades de uso do “entre colunas” são muitas e amplas. É uma fonte de direito, liberdade e garantia, desde que sejam obedecidas as normas que regem aquele direito. Contudo, o recorrente deve instruir-se nos princípios e práticas maçônicas, pois não há como esconder que se não optar por razões justas e direitos legítimos, ao sair de “entre colunas”, se sentirá menor, menos igual, menos importante, menos convincente e mais desgastado do que antes de pronunciar seu discurso ensaiado.


Para garantir direitos, extinguir dúvidas, solicitar e receber satisfação de atos passíveis de esclarecimentos entre os membros da Loja, não precisa se apoiar no recurso do “entre colunas”. Tem uma série de estratégias e possibilidades disponíveis. Existem recursos para isso mais eficazes: O XIII Landmark – O direito de recurso de cada maçom das decisões de seus Irmãos, em Loja, para a Grande Loja ou Assembleia Geral dos Irmãos, é um Landmark essencial para a preservação da Justiça e para prevenir a opressão; também Cap. VI - CONSELHO DE FAMÍLIA do Regulamento Geral (GLESP) e outros. Orgulho - É preciso ter amor-próprio e orgulho, mas em demasia deprava o espírito e corrompem o coração. Se não estivesse tão ressentido, tão cego, tão obstinado, tão orgulhoso, não se atreveria a guiar quem também é ignorante das coisas maçônicas. O orgulho e a humildade são os dois polos do coração humano: um atrai todo o bem; o outro, todo o mal; um tem calma, o outro, tempestade; e a consciência é a bússola que indica a rota conducente a cada um deles: a Fé e a Razão. Compreensão - Muitas e muitas vezes julgamos erroneamente o proceder de um Irmão por não termos percebido quais foram as suas intenções. O bom senso e a compreensão tem o condão de alimentar a nossa percepção.

Existem boas intenções e más intenções. Aquele que ingressa em nossa Ordem com segundas intenções, dificilmente deixa de se transformar em ponto de discórdia. O certo é que a compreensão nos levará a aceitar nosso Irmão com suas qualidades e com seus defeitos.

Sabemos que o desbaste da “pedra bruta” durará enquanto vivo formos, uma vez que, sendo finitos, somos imperfeitos e, em sendo imperfeitos, por mais qualidades positivas que tenhamos, estaremos sempre carregados de defeitos. O difícil é enxergarmos nossos próprios defeitos, enquanto que enxergamos as imperfeições dos outros com uma facilidade incrível. A compreensão entre os maçons está na dependência direta de que cada maçom consiga compreender a si próprio. Relacionamento - Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto, às vezes ganhamos e em outras perdemos. Se sofrermos com determinada perda, isso estará, apenas, aborrecendo e nada mais. Ocorre que para chegarmos a compreender a nós mesmos, precisamos penetrar em nosso interior, vasculhá-lo minuciosamente, buscando retirar dele tudo aquilo que deva ser extirpado. Por aí se vê que não é fácil a busca de um aperfeiçoamento que nos proporcione os meios para que possamos viver em perfeita e constante fraternidade. Uma coisa muito relevante quando se está falando de relacionamento, é se colocar no lugar do outro, para entender sua posição, e aí tomar a melhor decisão consensual com ele. Assim não se precipitar nas decisões, antes escutar o outro. O consenso não é fácil, mas é possível chegar a uma melhor posição para poder tomar a decisão precisa no caminho para a Paz e eliminação de conflitos. O maçom tem que saber que possui virtudes e defeitos, daí porque deve ser humilde e procurar por todos os meios ao seu alcance, perdoar os defeitos dos outros. Que os IIr.'. instrutores incentivem os Neófitos a lerem e meditarem sobre seus direitos e deveres. Finalizando – Ser Maçom não é ser melhor nem pior do que ninguém. É desempenhar num conflito ações apaziguadoras. É ter palavras simples para dizer a verdade. É não ter espírito de hostilidade e vingança, é não ser leviano e prepotente. É saber conciliar e perdoar, é oferecer sua mão amiga e tolerante. É ser como o bambu que vergastado pelos vendavais, serenada que seja a borrasca, volta sempre à sua posição primitiva, aprumada e firme no mesmo lugar em que em que se enraizou. E que fácil seria, caríssimos Irmãos, alcançar um mundo melhor em que todos os homens pudessem viver como Irmãos e apenas regendo nossas vidas pelas sublimes palavras, ditas há dois mil anos, por aquele humilde carpinteiro da Galileia, simples, descalço, sem revestimentos ou condecorações: “Amai-vos uns aos outros”!  Mas infelizmente entendemos mal, confundimos os termos, e o que fazemos?

“Armamo-nos uns contra os outros”. O Maçom não deve deixar de dizer a verdade e nem deve deixar de ouvi-las. Nós Maçons devemos ser reconhecidos por muito nos amarmos. Afinal, a resposta “MM.'.II.'.C.'.T.'.M.'.RR..'.” define nossas atitudes se somos ou não maçons!

Ir.·. Valdemar Sansão

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Meu Deus! Não me deixe acusar os meus Irmãos, apodando-os de traidores, porque não partilham o meu critério. Ensina-me a amar os outros como a mim mesmo e a julgar-me como faço com os outros. Se causar dano a alguém, dá-me a força da desculpa, e se alguém me causa dano, dá-me a força do perdão e da clemência. Meu Deus... se me esquecer de Ti; Tu não te esqueças de mim! (Mahatma Gandhi)

Fonte: Jornal do Aprendiz

EDIÇÃO DE 2014 NOVEMBRO ANO VI Nº 65: PRODUZIDO PELA ARLS AMPARO DA VIRTUDE, 0276