sábado, 31 de outubro de 2015


 


As Escolas filosóficas (XII)

Não podemos esquecer igualmente, nesta sintética enumeração das origens da Maçonaria, as grandes escolas filosóficas da antiguidade: a vedantina, na Índia, a pitagórica, a platônica e a eclética ou alexandrina no Ocidente, as quais, indistintamente, tiveram sua origem e inspiração nos Mistérios.

Da primeira, diremos simplesmente que seu propósito foi a interpretação dos livros sagrados dos Vedas (Vedanta significa etimologicamente fim dos Vedas), antigas escrituras brahmânicas inspiradas, obras dos Rishis, “videntes” ou “profetas” com propósito claramente esotérico, como é demonstrado por sua característica primitivamente adavaita (“antidualista” ou unitária), com o reconhecimento de um único Princípio ou Realidade, operante nas infinitas manifestações da Divindade, consideradas estas como diferentes aspectos desta Realidade Única.

A escola estabelecida por Pitágoras, como comunidade filosófica educativa, em Crotona, na Itália meridional (chamada então Magna Grécia), tem uma íntima relação com nossa instituição. Os discípulos eram inicialmente submetidos a um longo período de noviciado que pode comparar-se ao nosso grau de Aprendiz, onde eram admitidos como ouvintes, observando um silêncio absoluto, e outras práticas de purificação que os preparavam para o estado sucessivo de iluminação, no qual permitia-se que falassem, tendo uma evidente analogia como grau de Companheiro, enquanto o estado de perfeição relaciona-se evidentemente como nosso grau de Mestre.

A escola de Pitágoras teve uma decidida influência, também nos séculos posteriores, e muitos movimentos e instituições sociais foram inspirados pelos ensinamentos do Mestre, que não nos deixou nada como obra direta sua, já que considerava seus ensinamentos como vida e preferia, como ele mesmo o dizia, gravá-las (outro termo caracteristicamente maçônico) na mente e na vida de seus discípulos, do que confiá-las como letra morta ao papel.

Em relação a Pitágoras cabe recordar aqui um curioso e antigo documento maçônico, no qual atribui-se ao Filósofo por excelência (foi quem primitivamente usou este termo, distinguindo-se como amigo da sabedoria dos sufis ou sufistas, que ostentavam, com orgulho inversamente proporcional ao mérito real, o título de sábios) o mérito de ter transportado as tradições maçônicas orientais ao mundo ocidental greco-romano.

Desta escola platônica e de sua conexão com os ensinamentos maçônicos, é suficiente que recordemos a inscrição que existia no átrio da Academia (palavra que significa etimologicamente “oriente”), onde eram celebradas as reuniões: “Ninguém deve aqui entrar se não conhecer a Geometria”; alusão evidente à natureza matemática dos Primeiros Princípios, assim como ao simbolismo geométrico ou construtor que nos revela a íntima natureza do Universo e do homem, bem como, de sua evolução.

A filiação destas escolas aos Mistérios é evidente pelo fato de que Platão, como Pitágoras e todos os grandes filósofos daqueles tempos, foram iniciados nos Mistérios do Egito e da Grécia (ou em ambos), e todos deles nos falam com grande respeito, ainda que sempre superficialmente, por ser então toda violação do segredo castigada pelas leis civis até com a própria morte.

Da escola eclética ou neoplatônica de Alexandria, no Egito, podemos estabelecer a dupla característica de sua origem e de sua finalidade, uma vez que nasceu da convergência de diferentes escolas e tradições filosóficas, iniciáticas e religiosas, como síntese e conciliação destas, do ponto de vista interior no qual se revela e torna patente sua fundamental unidade.
Esta tentativa de unificação de escolas e tradições diferentes, por meio da compreensão da Unidade da Doutrina que nelas se encerra, foi renovada uns séculos depois por Ammonio Saccas, constituindo ainda um privilégio constante e universal característico dos verdadeiros iniciados em todos os tempos.
 

 

sexta-feira, 30 de outubro de 2015


Aprendizes do Bem
 

Os grandes orientadores da Humanidade não mediram a própria grandeza senão pela capacidade de regressar aos círculos da ignorância para exemplificarem o amor e a sabedoria, a renúncia e o perdão aos semelhantes.

 

É por esse motivo que necessitamos temperar todo impulso de elevação com o sal do entendimento, evitando a precipitação nos despenhadeiros do egoísmo e da vaidade fatais.

 

– Recordemos o Divino Mestre Jesus e não desdenhemos a honra de servir, não de acordo com os nossos caprichos pessoais, porém de conformidade com os seus desígnios e suas leis. Campos imensuráveis de trabalho aguardam-nos a cooperação fraterna e a semeadura do bem produzirá nossa felicidade sem fim!...

 
Quem busca uma Oficina especializada em abençoar, não pode hospedar idéias de ódio ou maldição.

– Reconheço que o pedreiro do bem, onde se encontre, é sempre um semeador de luz.

– “Regozijai-vos sempre.” I Paulo 5:16 - Tessalonicenses
 

Albano Metelo
Cantiga da Esperança
Alma querida,
Por mais que o mundo te atormente
A fé simples e boa,
Por mais te lance gelo na alma crente,
Na sombra que atraiçoa,
Alma sincera,
Escuta!...
Sofre, tolera, aprende, aperfeiçoa,
Porque de esfera a esfera,
Ninguém consegue a palma da vitória,
Sem apoio na luta.

Espera, que a esperança é a luz do mundo –
Oculta maravilha –
Que, em toda a parte, se revela e brilha
Para a glória do amor.
A noite espera o dia, a flor o fruto,
O espinho a rosa, o mármore o buril,
O próprio solo bruto
Espera o lavrador
Armado de atenção, arado e zelo...

O verme espera o sol para aquecê-lo.

A fonte amiga que se desentranha
Do coração de pedra da montanha,
Enquanto serve, passa e se incorpora
Aos encargos do rio que a devora,
E espera descansar,
Quando chegue escondida
A paz da grande vida
Que há no seio do mar.

Seja o que for
Que venhas a sofrer,
Abraça o lema regenerador
Do perdão por dever.

Leva pacientemente o fardo que te leva,
Entre o rugir do vento e o praguejar da treva...
Abençoa em caminho
Os açoites da angustias em torvo redemoinho;
Onde não passas, coração
E segue sem parar,
Amando, restaurando, redimindo...

Edificando, em suma,
Não te revoltes contra coisa alguma!...

Ao vir a tarde mansa,
Na doce quietação crepuscular,
Quando a graça do corpo tomba e finda,
Verás como foi alta, nobre e linda
A ventura de esperar.

E, enquanto a noite avança
Para dar-te as visões de uma alvorada nova,
Nas asas da esperança,
Bendirás a amargura, a dor e a prova,
Agradecendo a Terra a bênção de entendê-las.
Subiras, subiras
Para o ninho da luz nas estâncias da paz,
Que te aguarda, tecido em radiações de estrelas!...

Então, compreenderás
Que, além do mais Além –
No Coração da Altura –
Deus trabalha, Deus sonha, Deus procura,
Deus espera também!...
Maria Dolores
Do livro: Antologia da Espiritualidade, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015


Para que servem templos e os rituais?

Para que servem templos e os rituais? Na “caminhada espiritual” usamos discutir mais do que realizar. Noutras palavras – preferimos as formas e os atos ao sentido ético, às grandes […]

Para que servem templos e os rituais?

Na “caminhada espiritual” usamos discutir mais do que realizar. Noutras palavras – preferimos as formas e os atos ao sentido ético, às grandes concepções da vida moral. É próprio das pessoas que ainda não vislumbraram as luzes proporcionadas pelo pensamento lógico e pelo conhecimento científico substituir com palavras e procedimentos mágicos as virtudes que dificilmente poderiam integrar às suas vidas.
 
Na visão de D.Huisman e A.Vergez “a noção psicológica de personalidade e a noção metafísica e moral de pessoa não são equivalentes”. Daí os paradoxos interpostos em nosso caminho, especialmente quando tentamos analisar a “caminhada espiritual”. É muito difícil explicarmos o que deve ser a partir daquilo que é. Os autores acima citados preferiram descrever a experiência moral, tal como é vivida pela consciência em sua originalidade irredutível, a fundamentá-la.
 
Não obstante, no campo das emoções, dos desejos e da formação do caráter e da personalidade, os rituais permaneceram cristalizados no tempo. Perderam, nos dias atuais, sua essência, valor e sentido transpessoal (ou “quarta força” na psicologia de Abraham Maslow).
 
Os rituais e os templos, contudo, ainda guardam heranças e tradições que merecem ser reencontradas e reinterpretadas à luz das necessidades do homem moderno. Se isso não acontecer, nenhuma cerimônia, nenhuma liturgia, catedral, edifício ou obra arquitetônica terão o poder de apontarem para a transformação interior das pessoas. Nem ao menos lhes proporcionarão felicidade ou consolo.
 
O reencontro desses conteúdos ritualísticos – formas, palavras e gestos que antigamente constituíam “o Sagrado” – não implica numa revisão dos textos, mas numa perspectiva nova; nem a reinterpretação implica em modificações visando adaptar a liturgia às novas situações que vivenciamos. Mas precisamos, sim – com urgência – acionar uma nova leitura, mais iluminada, daquilo que vimos praticando às cegas nos últimos cento e vinte anos!
 
Uma catedral magnífica, projetada segundo os mais justos e perfeitos cânones arquitetônicos é inútil (do ponto de vista espiritualista) durante a visita de um bando de turistas exclusivamente interessados em fotografar as colunas e vitrais seculares. A adoração das formas e das medidas serve apenas para ilustrar a inteligência, mas não transforma o homem para melhor. Um assassino cruel pode ser um bom arquiteto…
 
Um ritual, por mais bem elaborado e executado, permanece vazio e estéril se os gestos e palavras escapam à compreensão daqueles que o praticam.
 
Imaginemos uma liturgia proferida e articulada segundo a ortoepia da Idade Média e levada a efeito hoje na Catedral de Chartres – as preces e invocações recitadas integralmente em língua latina (imaginemos que não conheçamos essa língua); o texto, os sinais, símbolos e palavras nos passassem desapercebidos…
 
Que valor moral, ético ou espiritual levaríamos conosco para casa após esse culto? Que elementos de transformação interior, além do deleite estético da arquitetura e da música sacra? Apenas resquícios frágeis e quebradiços de uma adoração cega, da veneração pelo maravilhoso. Simples reverência e preito diante do desconhecido.
 
O formalismo reveste-se dos mais primitivos anseios humanos. Nesse início de século as imperfeições humanas vieram com mais realce à tona por causa do violento contraste entre o formalismo e a magnitude da geometria dos templos.
 
Vemos ressuscitar o açoite medieval daqueles que sondam os equívocos alheios expondo-os impiedosamente em público. Na falta daquela nova leitura mais iluminada a que me referi, semeiam-se novas dúvidas e novos medos.
 
Em face do crescente materialismo, nasce um conformismo covarde. As práticas, prédicas e discursos – nesses casos – não fazem mais do que proporcionar à eloquência de uns poucos o gozo pessoal de expor um panorama que constitui antes mau do que bom exemplo.
 
Na “caminhada espiritual” topamos com três tipos diferentes de pessoas, em número e papel que desempenham.
 
Há os professores, os discípulos e os indiferentes a esse tipo de “caminhada”. Os que ensinam e interpretam parecem ter acesso direto ao escrínio secreto dos Mistérios. Parece que Deus só fala com eles…
 
Os que ouvem e tentam aprender contentam-se com as migalhas que caem da mesa farta dos líderes e profetas; e ainda pagam por essa mercadoria.
 
Os indiferentes (céticos) acham tudo isso muito cômico e empreendem outros esforços mediante a lei-do-menor-esforço.
 
A princípio, não nos cabe julgar as intenções e a sinceridade de uma tese e sua exposição sincera quando submetida ao debate e ao contraditório.
 
O que a tese (ou ensinamento) tiverem de bom – utilidade prática – devemos de aproveitar. Os aspectos negativos – oriundos de pretensos programas de ensino: desabafo de egos feridos, retaliação injusta contra movimentos concorrentes – dizem respeito ao propositor da tese em questão. São questões de consciência.
 
Todavia, ao humilde shela (discípulo) não se podem endereçar – nos dias de hoje, repito – apenas o rigor da vergastada, da humilhação e do silêncio compulsório.
 
O pensamento do discípulo é, antes de tudo, LIVRE.
 
O aprendiz é, antes de mais nada, um homem livre. 
 
É válido e imprescindível que ele avalie a sinceridade do que ouve, partindo do exemplo de vida que dá o pregador. É muito difícil alguém demonstrar o que não deve ser a partir daquilo que não é.
 
O conselho vem de outras épocas, não estou inventando nada – está no Evangelho escrito por Mateus: “Pelos seus frutos os conhecereis, colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
 
Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.” A árvore ociosa tentará converter o objeto de sua opinião em oráculo que lhe satisfaça as aspirações do menor esforço: se vaidosa, transformará o mais sublime dos temas em galeria de exibição do personalismo inferior; se insensata, invocará toda uma cultura à aprovação dos desvarios a que se entrega.
 
Numa palavra: um instrutor (o “instituteur”, em francês) torna-se mestre quando é capaz de praticar as regras que oferece aos alunos. O que pensariam esses alunos daquele catedrático de cálculo estrutural cujas edificações desabassem todas? Não é possível crer e descrer ao mesmo tempo.
 
Nem é aconselhável permanecermos como bois diante de castelos, pois há flagrante oposição entre a busca do conhecimento e os exclusivos interesses do estômago; igual oposição existe entre o caminho do homem livre – que pensa por si mesmo – e a estrada que estabelece apenas a dominação ou a distribuição dos lugares no poder – como na Revolução Francesa: havia aplausos no instante das vantagens, e fuga espavorida no instante do sacrifício e morte na guilhotina.
 
AS ORDENS INICIÁTICAS TRADICIONAIS: Ao sermos iniciados numa Ordem tradicional, não foi nosso objetivo substituirmos os dogmas tradicionais da fé por outros dogmas. Qual a vantagem em destituir da cátedra um “Magister Dixit” e substituí-lo pelo “Mestre Disse”? – trocar 6 por meia-dúzia?
 
Devemos estar conscientes, desde a opção que fizemos, que aqueles que abusam de autoridade utilizam-se da palavra para movimentos de ruína e aniquilamento do pensamento livre.
 
O efeito deletério de tais movimentos perturbadores articulam-se ainda contra os próprios autores que acabam colhendo amargos frutos da infeliz atividade a que dão impulso.
 
O sinal mais característico desse tipo de imperfeição é o interesse pessoal. Disse o antigo Mestre de Lyon: “Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem.
 
Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas. Às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto.”
 
A QUEM serve esse homem? A QUE serve?
 
“Quando estão presentes as obras do interesse pessoal, suspeitemos da impostura, por mais pretensiosas que sejam suas reivindicações; por mais plausíveis que sejam seus ensinamentos.
 
Elas apenas servem às inimizades, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas a respeito das quais vos preveni…” disse Saulo de Tarso aos Gálatas.
 
José Maurício Guimarães
 
Fonte: blog.msmacom.com.br

terça-feira, 27 de outubro de 2015

  
painel_apNeste trabalho sobre o Painel de Aprendiz, apresentaremos inicialmente o seu conceito simbólico e relacionaremos todos os elementos que nele estão desenhados. Então iremos comparar o desenho do Templo e as suas 2 Colunas, acrescidas das Romãs, Lírios, e Correntes, ao Templo Maçónico e ao Templo de Salomão. Por fim, apresentaremos breves informações sobre cada um dos símbolos ali representados.
Por Painel entendemos o Quadro que a Loja apresenta por ocasião da abertura dos trabalhos, existindo um por cada grau da denominada Maçonaria Azul: o da Loja de Aprendiz, da Loja de Companheiro, e da Loja Mestre. Nos graus filosóficos normalmente não se usa a denominação Painel, mas sim, Emblema ou Escudo.

No Painel estão desenhados todos os símbolos maçónicos, necessários ao desenvolvimento dos trabalhos do respectivo grau. A sua colocação na Loja indica que continua viva toda a simbologia que orienta os trabalhos; indica também que nenhum trabalho seja iniciado sem que antes tenha havido um planeamento das atividades. Por outro lado, todos os participantes, ao entrarem no Templo e ao olharem para o Painel, estarão cientes do grau em que os trabalhos estão a ser realizados.
No inicio, os símbolos hoje representados no Painel eram desenhados com giz, no chão, de tal forma que pudessem ser apagados no final dos trabalhos. Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados sobre panos ou tapetes. Foi o maçom John Harris, quem desenhou os Painéis em 1820 e que, salvo pequenas modificações, se encontram em uso até hoje.

Todo o templo, incluindo o soalho, as paredes e o teto, é contemplado no Painel, sendo composto por:
  • Duas Colunas sobre as quais estão plantadas Romãs;
  • A Porta do Templo, antecedida por três degraus;
  • O Delta Luminoso, em cima da porta;
  • O Pavimento Mosaico, representado pela Orla Dentada que circunda o quadro; os Painéis antigos apresentavam, entre a porta e os degraus, um quadro mosaico em perspectiva representando o Pavimento Mosaico.
  • 3 Janelas fechadas com malha de arame;
  • Uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica;
  • Uma corda que emoldura o quadro, representando a corda de 81 nós;
  • O Sol e a Lua.
Os instrumentos de trabalho dos pedreiros também estão representados:
  • O Esquadro e o Compasso;
  • O Prumo e o Nível;
  • O Malho e o Cinzel;
  • A Prancha de Traçar.

O TEMPLO DE SALOMÃO

O Templo de Salomão foi construído com pedra, madeira de cedro e ouro. A pedra representando a estabilidade; a madeira a vitalidade, e o ouro a espiritualidade. Na Maçonaria, a Loja surge no Templo. O vocábulo sugere local de habitação e seria onde os operários da construção descansavam e debatiam seus problemas sociais e espirituais. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o Templo que cada um de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons. o Templo de Salomão, símbolo de alcance magnífico. Como simples confirmação disto, sabemos que o Templo foi edificado com pedras lapidadas na pedreira, pois assim, durante a construção da Casa de Deus, não seriam ouvidos nem o som do martelo nem de qualquer outro instrumento de ferro. Ora, assim é o Templo do Aprendiz, onde a pedra bruta será lapidada sem o barulho do martelo, somente no silêncio dos estudos e das meditações.

AS DUAS COLUNAS (1º Livro dos Reis, Cap.VII - Bíblia)

Para a construção do Templo, o Rei Salomão trouxe de Tiro, um artesão de nome Hiran Abif, israelita por parte de pai e nephtali, por parte de mãe. Foi esse homem quem executou todos os ornamentos do Templo de Salomão, incluindo as 2 colunas construídas em bronze, que simbolicamente representavam as 2 colunas de homens que Moisés dirigiu quando da fuga dos Hebreus do Egito.
No alto das duas colunas, Hiram colocou um capitel fundido em forma de lírio. Ao redor deste, uma rede trançada de palmas em bronze, que envolviam os lírios. Desta rede, pendiam em 2 fileiras, 200 romãs. À coluna da direita foi dado o nome de Jachin (Yakin) e à da esquerda, Booz. Atribui-se à coluna Jachin a cor vermelha - ativo, Sol ; e à coluna Booz a cor branca ou preta - passivo, Lua. O Vermelho simboliza a inteligência, a força e a glória; o Branco simboliza a beleza, a sabedoria e a vitória.
Há quem suponha que as colunas se destinariam à guarda dos instrumentos e ferramentas dos operários, e que junto a elas estaria o local onde os operários recebiam os seus salários. Nestas colunas, estariam guardadas ainda as espécies e o ouro com que os operários seriam pagos. No entanto, pelo tamanho das colunas fornecido pela Bíblia, seria impossível, em tão pequeno espaço, caberem todas as ferramentas e instrumentos, além do ouro e espécies. Essa suposição não é sequer suportada pela Bíblia, que em nenhum momento cita as colunas como local possuidor de portas ou armários.
Na tradução latina dos nomes, Yakin significa "Ele firmará" e Booz , "nele está a força" , ou seja "Ele firmará a força"; ou ainda, "nele está a força que firmará", como quem quer dizer que Nele, em Deus, está a força necessária à estabilidade, ao sucesso. Assim sendo, as 2 colunas simbolizam a presença do Senhor no Templo.
 
Fonte: Loja Maçônica Mestre Afonso Domingues

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

CARTA DO SENADOR PÚBLIO LENTULUS AO IMPERADOR TIBÉRIO CÉZAR, DESCREVENDO AS CARACTERÍSTICAS MORAIS E FÍSICAS DE JESUS.

"Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes.
Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis.
A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.

Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém, se a majestade tua, ó Cézar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.
De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim,
porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.
Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade; eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles eu o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.
Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo... Públio Lentulus, presidente da Judéia Lindizione setima, luna seconda.”
(Este documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao imperador Tibério César, em Roma, ao tempo de Jesus.)

sábado, 24 de outubro de 2015


Madeiros Secos


"Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco?" - Jesus. (LUCAS, 23.31.)


Jesus é a videira eterna, cheia de seiva divina, espalhando ramos fartos, perfumes consoladores e frutos substanciosos entre os homens, e o mundo não lhe ofereceu senão a cruz da flagelação e da morte infamante.


Desde milênios remotos é o Salvador, o puro por excelência.

Que não devemos esperar, por nossa vez, criaturas endividadas que somos, representando galhos ainda secos na árvore da vida?

Em cada experiência, necessitamos de processos novos no serviço de reparação e corrigenda.

Somos madeiros sem vida própria, que as paixões humanas inutilizaram, em sua fúria destruidora. 

Os homens do campo metem a vara punitiva nos pessegueiros, quando suas frondes raquíticas não produzem.

O efeito é benéfico e compensador. 

O martírio do Cristo ultrapassou os limites de nossa imaginação. Como tronco sublime da vida, sofreu por desejar transmitir-nos sua seiva fecundante.


Como lenhos ressequidos, ao calor do mal, sofremos por necessidade, em favor de nós mesmos.


O mundo organizou a tragédia da cruz para o Mestre, por espírito de maldade e ingratidão; nas nós outros, se temos cruzes na senda redentora, não é porque Deus seja rigoroso na execução de suas leis, mas por ser Amoroso Pai de nossas almas, cheio de sabedoria e compaixão nos processos educativos.

Emmanuel

Do livro: Caminho, Verdade e Vida, Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015


A MAÇONARIA E SEUS PRINCÍPIOS

Os ensinamentos maçônicos orientam seus membros a se dedicar à felicidade de seus semelhantes, não só porque a razão e a moral lhes impõem tal obrigação, mas também porque esse sentimento de solidariedade os faz irmãos, com base nos seguintes princípios:

I - A Maçonaria proclama a existência de um Princípio Criador, ao qual, em respeito a todas as religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo;

II - A Maçonaria não impõe limites à investigação da verdade e, para garantir essa liberdade, exige de todos a maior tolerância;

III - A Maçonaria é acessível a homens de todas as nacionalidades, raças, classes sociais e crenças, quer religiosas ou políticas, excetuando as que privem o homem da liberdade de consciência, da manifestação do pensamento, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana e exijam submissão incondicional;

IV - A Maçonaria, além de combater a ignorância em todas as suas modalidades, constitui-se numa escola, impondo-se o seguinte programa: obedecer às leis democráticas do País, viver segundo os ditames da honra, praticar justiça; amar ao próximo e trabalhar pelo progresso do homem;
V - A Maçonaria proíbe em seus Templos toda discussão sobre matéria partidária, política ou religiosa, recebe os homens qualquer que sejam as suas opiniões políticas ou religiosas, humildes, embora, mas livres e de bons costumes.

Trabalhamos pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, pelo fiel cumprimento do dever e a constante busca da verdade, cultivando entre todos o conhecimento de que cada um é filho do Deus Criador e que as limitações geográficas devem servir apenas para facilitar a busca da felicidade pela correta aplicação da justiça. Nossos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Que bom seria que todos os homens íntegros tivessem a oportunidade de, no ambiente propício de uma Loja Maçônica pudessem contribuir com seus esforços em prol da construção de um mundo melhor.

Na Loja almejamos criar um mundo que seja próspero, onde reconhecemos uns aos outros como divinos e iguais; onde cooperamos e compartilhamos momentos de mágoa, pesar, aflição, mas também os de glória, de ações extraordinárias, de grandes serviços prestados à humanidade.

Os maçons não são homens excepcionais. São homens comuns em um mundo em movimento. Homens com aspirações, como quaisquer outros que se realizam através da compreensão, da tolerância, da prática das virtudes; homens que chegaram à conclusão de que a FRATERNIDADE ENTRE OS HOMENS começa com o HOMEM NA FRATERNIDADE.
 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

J’ACUSE !!! - Eu acuso:
 
                                   J’ACUSE !!!
                          (Eu acuso !)
                                   (Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)
 
« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola)
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...) (Émile Zola)
 
Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de  convivência supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e  do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os  “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
 
Artigo de - Igor Pantuzza Wildmann  - Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Deus e o Homem

Todos os homens são iguais por natureza, feitos do mesmo barro, pelo mesmo Criador; embora nos iludamos, tanto é estimado por Deus o camponês pobre quanto o príncipe poderoso
(Platão)
Deus – Ser infinito, perfeito, criador de tudo e de todos. Para o Maçom, Deus é o Grande Arquiteto do Universo. - Homem – o ser humano com sua dualidade de corpo e de espírito.
god_creates_manO medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimonias e cultos – muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o ajudam a compreender o significado último de sua própria natureza. O ser humano é uma criatura instintivamente religiosa. Deus é o nosso mais forte arquétipo.
Deus é amor. Não podemos ver o amor, nem ter uma compreensão do que seja o amor, a não ser quando ele toma um corpo. Todo o amor que existe no universo é Deus. O amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, é uma parcela ínfima de Deus manifestado através de forma visível. O amor de mãe, tão infinitamente terno, tão abnegado, é o mesmo amor, apenas manifestado em maior dosagem pela mãe.
O Homem – Deus, em seus desígnios, faz o homem nascer num meio onde pode desenvolver sua inteligência e quer que dela use para o bem de todos; porque é uma missão que lhe dá, colocando em suas mãos o instrumento com a ajuda do qual o homem pode desenvolver, a seu turno, as inteligências retardatárias e as conduzir a Deus. A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada; se todos os homens dotados, se servissem dela segundo os propósitos de Deus, a tarefa seria fácil para fazer a Humanidade avançar; infelizmente, muitos fazem dela um instrumento de orgulho e de perdição para si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as outras faculdades e, entretanto, não lhe faltam lições para adverti-lo de que uma poderosa mão pode lhe retirar aquilo que ela mesma lhe deu.
Perguntaram ao Dalai Lama o que mais o surpreende na humanidade – Ele respondeu:
Porque perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido!
Religiões – O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levou o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimonias e cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo – que o ajuda a compreender o significado último de sua própria natureza.
Denominam-se religiões as filosofias – há milhares delas – que conduzem o ser humano às Igrejas, movidas pelo temor de um castigo divino ou pela esperança de um prémio após a morte. Todo acto capaz de unir Deus à criatura pode se considerar religião, independente da nomenclatura.
A primeira missão das religiões é provar que existe Deus que nos criou e que, se o nosso corpo físico é perecível, a nossa alma é eterna. Provar também que Deus, pela sua imensidade, está em tudo que existe. E sobre o respeito que devemos ter por Deus e a reverência que a Ele devemos consagrar.
As religiões monoteístas professam a crença num Deus único, transcendente – distinto e superior ao universo – e pessoal. Um dos grandes problemas do monoteísmo é a explicação da existência do mal no mundo, o que levou diversas religiões a adoptarem um sistema dualista, o maniqueísmo, fundado nos princípios (opostos) supremos do bem e do mal.
As grandes religiões monoteístas são o judaísmo, o cristianismo – que professa a existência de um só Deus, apesar de reconhecer, como mistério, três pessoas divinas – e o islamismo. A religião visa ao retorno a Deus daquele que o “abandonou”, em um regresso aos preceitos contidos no Livro Sagrado de sua Fé.
Deve-se distinguir religião de seita, doutrina ou qualquer princípio similar. A Maçonaria pode ser uma religião no sentido estrito do vocábulo, isto é, na harmonização da criatura com o Criador. É a religião Maior e Universal; o contacto com a Parte Divina; é a comunhão com o Grande Arquitecto do Universo, é o culto diante do Altar dentro de uma Loja ou no Templo Interior de cada maçon. O maçon deve ser religioso nas suas atitudes, pois não é criatura de viver isolado e só.
Maçonaria e Igreja não se confundem, se completam. A Igreja é de cunho divino, santo, que vem do alto; Maçonaria é de cunho humano, terreno, que foi a melhor maneira de expressar os ensinamentos do alto. Maçonaria é religião, pois liga os homens entre si e com o Grande Arquitecto do Universo. Maçonaria não é religião quanto aos seus actos exteriores, dogmas de fé, pois ela nunca pretendeu sobrepor a fé de nenhum de seus membros, nem lhes impõe nenhuma crença, excepto o amor fraternal e a existência do Ser Infinito. Na Maçonaria ninguém luta por supremacia, pois todos são iguais, ninguém impõe suas ideias, pois são respeitados todos os ideais, cada qual adorando a Deus de acordo com os ditames de sua própria consciência.,
Resumindo, o maçon será religioso quando praticar o bem e considerar o próximo como irmão, seja qual for a sua condição social, não seja visto como superior ou inferior, mas, antes de qualquer discriminação, seja reconhecido como igual ou semelhante.
Deus e Homem – Para os cristãos, Jesus é Deus feito carne, a personificação da verdade, a revelação e o cumprimento das promessas de Deus. Mas Jesus era também homem, e por isso seus ensinamentos eram dotados de uma profunda preocupação com a realidade temporal da humanidade. Assim, Jesus venerou como divina a lei contida no Antigo Testamento, mas ensinou aos discípulos que se concentrassem nos dois preceitos fundamentais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Seu nascimento, morte e ressurreição significam o início do reino de Deus, que deveria ser acima de todo esforço humano, um desígnio divino. Assim, os ensinamentos de Jesus podem ser resumidos em dois pontos fundamentais: a exortação a uma vida justa e piedosa e a exaltação da omnipotência divina como instância superior aos actos humanos.
A fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, implica a aceitação do mistério de sua dupla natureza, divina e humana, que não se confundem, mas estão indissoluvelmente unidas.
– Em Teologia, a Fé é a expressão da crença como acto lógico e fundamental da razão humana. É a primeira das virtudes teológicas, aquela pela qual cremos em todas as verdades que Deus revelou que a Igreja propôs à crença, e que são contidas na Escritura Sagrada ou ensinadas pela Tradição. É absolutamente necessário ter fé para ser salvo; esta fé deve ser explicita para os adultos, ao menos para as principais verdades. O cristão é, por outra, obrigado a confessar a sua fé publicamente, mesmo com perigo de vida, se o quiserem constranger pela força a renegá-la.
De uma maneira geral, pode-se definir a fé como uma convicção fundada não sobre a evidê0ncia ou sobre o raciocínio, mas sobre o testemunho. Assim entendida, a fé é, mesmo na ordem natural, a fonte do maior número dos nossos conhecimentos.
Para Luis Umbert Santos (Cartilha del Francmasón), a fé religiosa transfere os fenómenos do mundo natural ao sobrenatural, sendo portanto a principal oponente do racionalismo. E Ragon diz que, segundo os teólogos: “... a fé seria a virtude de crer firmemente em coisas que nem sempre estão de acordo com a Natureza nem com a razão. Pelo visto ignoravam que crer é o oposto de saber. A incredulidade de São Tomé é a metáfora com que se nos quer advertir que a fé não deve ser cega, sendo mister que a verdadeira fé, isto é, aquela que salva e conduz à verdade, seja iluminada pela sã razão e se apoie na convicção da consciência.
Diremos que a Fé de um homem pertence-lhe tanto quanto a sua Razão. Precisamos de uma fé, mas de uma fé robusta.
Fé em Deus – Exige-se aos candidatos à iniciação maçónica a declaração de sua fé em Deus. Aquele que negar a existência em Deus, diz Mackey, é negado o privilégio da iniciação, sendo o ateísmo uma desqualificação para a Maçonaria. “Este piedoso princípio, diz ele, distinguiu a Fraternidade desde o período mais primitivo, sendo uma feliz coincidência que a Companhia dos Maçons Operativos instituída em 1477, tivesse adoptado como sua divisa, o verdadeiro sentimento maçónico: “O Senhor é toda a nossa Fé”.
 
Valdemar Sansão – M:. M:.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mensagem a Pietro Ubaldi

O Calvário do Mestre não se constituía tão somente de secura e aspereza...

 Do monte pedregoso e triste jorravam fontes de água viva que dessedentaram a alma dos séculos.

 E as flores que desabrochavam no entendimento do ladrão e na angústia das mulheres de Jerusalém atravessaram o tempo, transformando-se em frutos abençoados de alegria no celeiro das nações.

 Colhe as rosas do caminho no espinheiro dos testemunhos...
Entesoura as moedas invisíveis do amor no templo do coração...
Retempera o ânimo varonil, em contato com o rocio divino da gratidão e da bondade!...
Entretanto, não te detenhas. Caminha!....

 É necessário ascender.

 Indispensável o roteiro da elevação, com o sacrifício pessoal por norma de todos os instantes.

 Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu. Mas erguido, em plena solidão, no madeiro doloroso por devotamento à humanidade, converteu-se em Eterna Ressurreição.

 Não temos outra diretriz senão a de sempre:

 Descer auxiliando para subir com a exaltação do Senhor.
Dar tudo para receber com abundância.

 Nada pedir para nosso Eu exclusivista, a fim de que possamos encontrar o glorioso NÓS da vida imortal.

 Ser a concórdia para a separação.

 Ser luz para as sombras, fraternidade para a destruição, ternura para o ódio, humildade para o orgulho, bênção para a maldição..

 Ama sempre.

 É pela graça do amor que o Mestre persiste conosco, os mendigos dos milênios derramando a claridade sublime do perdão celeste onde criamos o inferno do mal e do sofrimento.

 Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta.

 A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.

 O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e segurança.

 Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do céu para a defesa do aprisco?

 É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados.

 A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abismo.

 O cérebro sublimado não encontra socorro no coração embrutecido.

 A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegada à aflição ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos.

 Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humanidade, e o vento frio da desilusão soprará, de rijo, sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.

 É imprescindível a ascensão.

 A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior ainda mesmo coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram. Refaz as energias exauridas e volta ao lar de nossa comunhão e de nossos pensamentos.

 O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim.

 O farol no oceano irado é sempre uma estrela em solidão. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou.

 Avança.... Avancemos...

 Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor é o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.

 Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.

 Não exijamos esclarecimentos.

 Procuremos servir.

 Cabe-nos apenas obedecer até que a glória Dele se entronize para sempre na alma flagelada do mundo.
Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.

 O Evangelho é o nosso Código Eterno.

 Jesus é o nosso Mestre Imperecível.

 Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras, amedrontando, vergastando, torturando, destruindo...

 Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar.

Francisco de Assis