quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Discurso pronunciado no célebre Concílio de 1870 pelo Bispo Strossmayer.


A Infalibilidade do Papa!

(Discurso do Bispo Strossmayer No Concílio de 1870)



Discurso pronunciado no célebre Concílio de 1870 pelo Bispo Strossmayer.


Veneráveis padres e irmãos:

Não sem temor, porém com uma consciência livre e tranqüila, ante Deus que nos julga, tomo a palavra nesta augusta assembléia.

Prestei toda a minha atenção aos discursos que se pronunciaram nesta sala, e anseio por um raio de luz que, descendo de cima, ilumine a minha inteligência e me permita votar os cânones deste Concílio Ecumênico com perfeito conhecimento de causa.

Compenetrado da minha responsabilidade, pela qual Deus me pedirá contas, estudei com mais escrupulosa atenção os escritos do Antigo e do Novo Testamento, e interroguei esses veneráveis monumentos da Verdade: se o pontífice que preside aqui é verdadeiramente o sucessor de São Pedro, vigário de Cristo e infalível doutor da Igreja.
Transportei-me aos tempos em que ainda não existiam o ultramontanismo e o galicanismo, em que a Igreja tinha por doutores: São Paulo, São Pedro, São Tiago e São João, aos quais não se pode negar a autoridade divina, sem pôr em dúvida o que a santa Bíblia nos ensina, santa Bíblia que o Concílio de Trento proclamou como a Regra da Fé e da Moral. Abri essas sagradas páginas e sou obrigado a dizer-vos: nada encontrei que sancione, próxima ou remotamente, a opinião dos ultramontanos! E maior é a minha surpresa quando, naqueles tempos apostólicos, nada há que fale de - papa sucessor de S. Pedro e vigário de Jesus Cristo!

Vós, Monsenhor Manning, direis que blasfemo; vós, Monsenhor Pio, direis que estou demente! Não, Monsenhores; não blasfemo, nem perdi o juízo! Tendo lido todo o Novo Testamento, declaro, ante Deus e com a mão sobre o crucifixo, que nenhum vestígio encontrei do papado.

Não me recuseis a vossa atenção, meus veneráveis irmãos! Com os vossos murmúrios e interrupções justificais os que dizem como o padre Jacinto, que este concílio não é livre; se assim for, tende em vista que esta augusta assembléia, que prende a atenção de todo o mundo, cairá no mais terrível descrédito.

Agradeço a S. Ex., o Monsenhor Dupanloup, o sinal de aprovação que me faz com a cabeça; isso me alenta e anima prosseguir.

Lendo, pois, os santos livros, não encontrei neles um só capítulo, um só versículo que dê a S. Pedro a chefia sobre os Apóstolos.
Não só o Cristo nada disse sobre esse ponto, como ao contrário,
prometeu tronos a todos os Apóstolos ( Mateus, cap. XIX, v.28), sem dizer que o de Pedro seria mais elevado que os dos outros!
Que diremos do seu silêncio?

A lógica nos ensina a concluir que o Cristo nunca pensou em elevar
Pedro à chefia do Colégio Apostólico.

Quando o Cristo enviou os seus discípulos a conquistar o mundo, a
todos - igualmente - deu o poder de ligar e desligar, a todos -
igualmente - fez a promessa do Espírito Santo.

Dizem as Santas Escrituras que até proibiu a Pedro e a seus colegas de reinarem ou exercerem senhorio (Lucas XXII, 25 a 26).
Se Pedro fosse eleito papa, Jesus não diria isso, porque, segundo a
nossa tradição, o papado tem uma espada em cada mão, simbolizando os poderes espiritual e temporal.

Ainda mais se Pedro fosse papa ou chefe dos Apóstolos, permitiria que esses seus subordinados o enviassem, com João, à Samaria, para anunciar o Evangelho do Filho de Deus? (Atos, cap. VIII, v. 14).
Que direis vós, veneráveis irmãos, se nos permitíssemos, agora mesmo, mandar sua Santidade Pio IX, que aqui preside, e sua Eminência, Monsenhor Plantier, ao Patriarca de Constantinopla, para convencê-lo de que deve acabar com o cisma do Oriente?

O símile é perfeito, haveis de concordar.

Mas temos coisa ainda melhor:

Reuniu-se em Jerusalém um concílio ecumênico para decidir questões que dividiam os fiéis.

Quem devia convocá-lo? Sem dúvida Pedro, se fosse papa. Quem devia presidí-lo? Por certo que Pedro. Quem devia formular e promulgar os cânones? Ainda Pedro, não é verdade? Pois bem: nada disso sucedeu!
Pedro assistiu ao concílio com os demais Apóstolos sob a direção de São Tiago! (Atos, cap. IV)

Assim, parece-me que o filho de Jonas não era o primeiro como sustentais.
Encarado agora por outro lado, temos: enquanto ensinamos que a Igreja está edificada sobre Pedro, S. Paulo (cuja autoridade devemos todos acatar) dize-nos que ela está edificada sobre o fundamento de fé dos Apóstolos e Profetas, sendo a principal pedra do ângulo, Jesus Cristo. (Epistola aos Efesos, cap. II, v. 20).

Esse mesmo Paulo, ao enumerar os ofícios da Igreja, menciona
apóstolos, profetas, evangelistas e pastores; e será crível que o
grande Apóstolo dos gentios se esquecesse do papado, se o papado
existisse? Esse olvido me parece tão impossível como o de um
historiador deste concílio que não fizesse menção de Sua Santidade Pio IX.

(Apartes: Silêncio, herege! Silêncio!)

Acalmai-vos, veneráveis irmãos, porque ainda não conclui. Impedindo-me de prosseguir, provareis ao mundo que sabeis ser injustos, tapando a boca do mais pequeno membro desta assembléia. Continuarei:
O Apóstolo Paulo não faz menção, em nenhuma das suas Epístolas às diferentes igrejas, da primazia de Pedro; se essa existisse e se ele
fosse infalível como quereis, poderia Paulo deixar de mencioná-la em longa Epístola sobre tão importante ponto?

Concordai comigo: A Igreja nunca foi mais bela, mais pura e mais santa que naqueles tempos em que não tinha papa. ( Apartes: Não é exato; não é exato!).

Porque negais, Monsenhor de Laval? Se algum de vós outros, meus
veneráveis irmãos, se atreve a pensar que a Igreja, que hoje tem um
papa (que vai ficar infalível), é mais firme na fé e mais pura na
moralidade que a Igreja Apostólica, diga-o abertamente ante o
Universo, visto como este recinto é um centro do qual as nossas
palavras voam de polo a polo!

- Calai-vos? Então continuarei:

Também nos escritos de S. Paulo, de São João, ou de S. Tiago, não
descubro traço algum do poder papal! S. Lucas, o historiador dos
trabalhos missionários dos Apóstolos, guarda silêncio sobre tal
assunto!
Isso deve preocupar-vos muito.

Não me julgueis um cismático!

Entrei pela mesma porta que vós outros; o meu título de bispo deu-me direito a comparecer aqui, e a minha consciência, inspirada no
verdadeiro Cristianismo, me obriga a dizer-vos o que julga ser
verdade.
Pensei, que, se Pedro fosse vigário de Jesus Cristo, ele não o sabia,
pois que nunca procedeu como papa: nem no dia de Pentecostes, quando pregou o seu primeiro sermão, nem no Concílio de Jerusalém, presidido por S. Tiago, nem na Antióquia e, nas Epístolas que dirigiu às Igrejas. Será possível que ele fosse papa sem o saber?

Parece-me escutar de todos os lados: Pois S. Pedro não esteve em Roma?
Não foi crucificado de cabeça para baixo? Não existem os lugares onde ensinou e os altares onde disse missa nessa cidade?

E eu responderei: Só a tradição, veneráveis irmãos, é que nos diz ter S. Pedro estado em Roma; e como a tradição é tão somente a tradição da sua estada em Roma, é com ela que me provareis o seu episcopado e a sua supremacia?

Scaligero, um dos mais eruditos historiadores, não vacila em dizer que o episcopado de S. Pedro e a sua residência em Roma se devem
classificar no número das lendas mais ridículas! (Repetidos gritos e
apartes: Tapai-lhe a boca, fazei-o descer dessa cadeira!).
Meus veneráveis irmãos, não faço questão de calar-me, como quereis, mas não será melhor provar todas as coisas como manda o Apóstolo, e crer só no que for bom? Lembrai-vos que temos um ditador ante o qual todos nós, mesmo Sua Santidade Pio IX, devemos curvar a cabeça; esse ditador, vós bem o sabeis, é a História!

Permiti que repita: Folheando os sagrados escritos não encontrei o
mais leve vestígio do papado nos tempos apostólicos.

E, percorrendo os anais da Igreja, nos quatro primeiros séculos, o
mesmo sucedem!

Confessar-vos-ei que o que encontrei foi o seguinte:

Que o grande Santo Agostinho, bispo de Hiponia, honra e glória do
Cristianismo e secretário no Concílio de Melive, nega a supremacia ao bispo de Roma.

Que os bispos da África, no sexto Concílio de Cartago, sob a
presidência de Aurélio, bispo dessa cidade, admoestavam a Celestino, bispo de Roma, por supôr-se superior aos demais bispos, enviando-lhes comissionados e introduzindo o orgulho na Igreja.

Que, portanto, o papado não é instituição divina.

Deveis saber, meus veneráveis irmãos, que os padres do Concílio de Calcedonia colocaram os bispos da antiga e nova Roma na mesma categoria dos demais bispos.

Que aquele sexto Concílio de Cartago proibiu o título de "Príncipe dos Bispos", por não haver soberania entre eles.

E que S. Gregório I escreveu estas palavras, que muito aproveitam à tese - Quando um patriarca se intitula "Bispo Universal", o título de patriarca sofre incontestavelmente descrédito. Quantas desgraças não devemos nós esperar, se entre os sacerdotes se suscitarem tais
ambições?
Esse "bispo" será o rei dos orgulhosos! - Pelágio II, Cett, 13.
Com tais autoridades e muitas outras que poderia citar-vos, julgo ter provado que os primeiros bispos de Roma não foram reconhecidos como bispos universais ou papas, nos primeiros séculos do Cristianismo.
E, para mais reforçar os meus argumentos, lembrarei aos meus
veneráveis irmãos que foi Osio, bispo de Cordova, quem presidiu o
primeiro Concílio de Nicéia, redigindo os seus cânones; e que foi
ainda esse bispo que, presidindo o Concílio de Sardiaca, excluiu o
enviado de Júlio, bispo de Roma!

Mas, da direita me citam estas palavras do Cristo - Tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.

Sois, portanto, chamados para este terreno.

Julgais, veneráveis irmãos, que a rocha ou pedra sobre que a Santa
Igreja está edificada, é Pedro; mas permiti que eu discorde desse
vosso modo de pensar.

Diz S. Cirilo, no seu quarto livro sobre a Trindade: "A rocha ou pedra de que nos fala Mateus, é a fé imutável dos Apóstolos".
S. Olegário, bispo de Poitiers, em seu segundo livro sobre a Trindade, repete: Que aquela pedra é a rocha da fé confessada pela boca de São Pedro. E no seu sexto livro, mais luz nos fornece, dizendo: É sobre esta rocha da confissão da fé que a Igreja está edificada.
S. Jerônimo, no sexto livro sobre S. Mateus, é de opinião que Deus
fundou a sua Igreja sobre a rocha ou pedra que deu o seu nome a Pedro.
Nas mesmas águas navega S. Crisóstomo quando, em sua homilia 56 a respeito de Mateus, escreve:

- Sobre esta rocha edificarei a minha Igreja: e esta rocha é a
confissão de Pedro.

E eu vos perguntarei, veneráveis irmãos, qual foi a confissão de Pedro?

Já que não me respondem, eu vô-la darei: "Tu és o Cristo, o filho de Deus".
Ambrosio, o santo Arcebispo de Milão, S. Basílio de Salência e os
padres do Concílio de Calecedonia ensinam precisamente a mesma coisa.
Entre os doutores da antigüidade cristã, Santo Agostinho ocupa um dos primeiros lugares, pela sua sabedoria e pela sua santidade. Escutai como ele se expressa sobre a primeira epístola de S. João: Edificarei a minha Igreja sobre esta rocha, significa claramente que é sobre a fé de Pedro.

- No seu tratado 124, sobre o mesmo S. João, encontra-se esta
significativa frase: Sobre esta rocha, que acabais de confessar,
edificarei a minha Igreja; e a rocha era o próprio Cristo, filho de
Deus.
Tanto esse grande e santo bispo não acreditava que a Igreja fosse
edificada sobre Pedro, que disse em seu sermão nº 13: - Tu és Pedro, e sobre essa rocha ou pedra que me confessaste, que reconheceste, dizendo: Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo, edificarei a minha Igreja, sobre mim mesmo; pois sou o filho de Deus vivo. Edificarei sobre mim mesmo, e não sobre ti.

Haverá coisa mais clara e positiva?

Deveis saber que essa compreensão de Santo Agostinho, sobre tão
importante ponto do Evangelho, era a opinião corrente do mundo cristão naqueles tempos. Estou certo que não me contestareis.
Assim é que, resumindo vos direi:

1º Que Jesus deus aos outros apóstolos o mesmo poder que deu a Pedro.
2º Que os apóstolos nunca reconheceram em S. Pedro a qualidade de vigário do Cristo e infalível doutor da Igreja.

3º Que o mesmo Pedro nunca pensou ser papa, nem fez coisa alguma como papa.
4º Que os Santos Padres na famosa passagem: - Tu és Pedro, e sobre essa pedra (a confissão de Pedro) edificarei a minha Igreja, - nunca entenderam que a Igreja estava edificada sobre Pedro (super petrum), e sim sobre a rocha (super petram), isto é: sobre a confissão da fé do Apóstolo!
Concluo, pois, com a história, a razão, a lógica, o bom senso e a
consciência do verdadeiro cristão, que Jesus não deu supremacia alguma a Pedro, e que os bispos de Roma só se constituíram soberanos da Igreja confiscando, um por um, todos os direitos de episcopado! (Vozes de todos os lado: Silêncio, insolente, silêncio! silêncio!).
Não sou insolente! Não, mil vezes não!

Contestai a história, se ousais fazê-lo, mas ficai certos de que não a
destruireis!
Se avancei alguma inverdade, ensinai-me isso com a história, à qual vos prometo fazer a mais honrosa apologia. Mas compreendei que não disse ainda tudo quanto quero e posso dizer. Ainda que a fogueira me aguardasse lá fora, eu não me calaria!

Sede pacientes, como manda Jesus. Não junteis a cólera ao orgulho que vos domina!

Disse Monsenhor Dupanloup, nas suas célebres - Observações - sobre este Concílio do Vaticano, e com razão, que, se declaramos infalível a Pio IX, necessariamente precisamos sustentar que infalíveis, também eram todos os seus antecessores. Porém, veneráveis irmãos, com a história na mão, vos provarei que alguns papas faliram.
Passo a provar-vos, meus veneráveis irmãos, com os próprios livros
existentes na biblioteca deste Vaticano, como é que faliram alguns dos papas que nos tem governados:

O papa Marcelino entrou no templo de Vesta e ofereceu incenso à deusa do Paganismo.

Foi, portanto, idolatra; ou, pior ainda: foi apóstata!

Libório, consentiu na condenação de Atamazio; depois passou-se para o Arianismo.
Honório aderiu ao Monoteísmo.

Gregório I chamava-se Anti-Cristo ao que se impunha como - Bispo Universal - e, entretanto, Bonifácio III conseguiu do parricida imperador Focas, obter este título em 607.

Paschoal II e Eugênio III autorizavam os duelos, condenados pelo
Cristo; enquanto que Júlio II e Pio IV os proibiram. Adriano II, em
872, declarou válido o casamento civil; entretanto, Pio VII, em 1823, condenou-o.
Xisto V publicou uma edição da Bíblia e, com uma bula, recomendou a sua leitura; e aquele Pio VII excomungou a edição.

Clemente XIV aboliu a Companhia de Jesus, permitida por Paulo III; e o mesmo Pio VII a restabeleceu.

Porém, para que mais provas? Pois o nosso Santo Padre Pio IX não acaba de fazer a mesma coisa quando, na sua bula para os trabalhos deste Concílio, dá como revogado tudo quanto se tenha feito em contrário ao que aqui for determinado, ainda mesmo tratando-se de decisões dos seus antecessores?
- Até isso negareis?

Nunca eu acabaria, meus veneráveis irmãos, se me propusesse a
apresentar-vos todas as contradições dos papas, em seus ensinamentos.
Como então se poderá dar-lhes a infalibilidade? Não sabeis que,
fazendo infalível Sua Santidade, que presente se acha e me ouve,
tereis que negar a sua falibilidade e a dos seus antecessores?
E vos atrevereis a sustentar que o Espírito Santo vos revelou que a
infalibilidade dos papas data apenas deste ano de 1870?
Não vos enganeis a vós mesmos: Se decretais o dogma da infalibilidade papal, vereis os protestantes, nossos rancorosos adversários, penetrarem por larga brecha com a bravura que lhes dá a História.
E que tereis vós a opor-lhes? O silêncio, se não quiserdes
desmoralizar-vos. ( Gritos: É de mais: basta! basta!).
Não griteis, Monsenhores! Temer a história, é confessár-vos
derrotados! Ainda que pudésseis fazer correr toda a água do Tibre
sobre ela, não apagareis nem uma só das suas páginas! Deixai-me falar e serei breve.

Virgílio comprou o papado a Belisário, tenente do imperador
Justiniano. Por isso, foi condenado no segundo Concílio de Calcedonia, que estabeleceu este cânone: - O bispo que se eleve por dinheiro será degradado.
Sempre respeito aquele cânone, Eugênio III, seis séculos depois, fez o mesmo que Virgílio, e foi repreendido por S. Bernardo, que era a estrela brilhante do seu tempo.

Deveis conhecer a história do papa Formoso: Estevão XI fez exumar o seu corpo, com as vestes pontificiais; mandou corta-lhe os dedos e o arrojou no Tibre. Estevão foi envenenado; e tanto Romano como João, seus sucessores, reabilitaram a memória de Formoso.

Lêde Plotino, lêde Baronio, Baronio, o Cardeal! É dele que me sirvo.
Baronio chega a dizer que as poderosas cortesãs vendiam, trocavam e até se apoderavam dos bispados; e, horrível é dizê-lo, faziam papas aos seus amantes!

Genebrado sustenta que, durante 150 anos, os papas, em vez de
apóstolos, foram apóstatas.

Deveis saber que o papa João XII foi eleito com a idade de dezoito
anos tão somente; e que o seu antecessor era filho do Papa Sérgio com Marozzia.
Que Alexandre VI era.... nem me atrevo a dizer o que ele era de
Lucrécia; e que João XXII negou a imortalidade da alma, sendo deposto pelo Concílio de Constança.

Já nem falo dos cismas que tanto tem desonrado a Igreja. Volto, porém, a dizer-vos que, se decretais também a de todos os seus antecessores; mas, vos atrevereis a tanto? Sereis capazes de igualar a Deus todos os incestuosos, ávaros, homicidas e simoníacos bispos de Roma?
(Gritos: Descei da cadeira, descei já! Tapemos a boca desse herege!).

Não griteis, meus veneráveis irmãos. Com gritos nunca me convencereis.
A História protestará eternamente sobre o monstruoso dogma da
infalibilidade papal; e, quando mesmo todos vós o aproveis, faltará um voto, e esse voto é o meu!

Mas, voltemos à doutrina dos Apóstolos;
Fora dela só há erros, trevas e falsas tradições. Tomemos a eles e aos Profetas pelos nossos únicos mestres, sob a chefia de Jesus.
Firmes e imóveis como a rocha, constantes e incorruptíveis nas
inspiradas Escrituras, digamos ao mundo: Assim como os sábios da
Grécia foram vencidos por Paulo, assim a Igreja Romana será também vencida pelo seu 98! (Gritos clamorosos: Abaixo o Protestante! Abaixo
o calvinista! Abaixo o calvinista! Abaixo o traidor da Igreja!).
Os vossos gritos, Monsenhores, não me atemorizam, e só vos
comprometem. As minhas palavras tem calor, mas a minha cabeça está serena. Não sou de Lutero, nem de Calvino, nem de Paulo, e sim, e tão somente de Cristo. (Novos gritos: Anátema! Anátema! vos lançamos!).
Anátema! Anátema! para os que contrariam a doutrina de Jesus! Ficai certos de que os Apóstolos se aqui comparecessem, vos diriam a mesma coisa que acabo de declarar-vos.

Que lhe diríeis vós, se eles que predicaram e confirmaram com o seu sangue, lembrando-vos o que escreveram, vos mostrassem o quanto tendes deturpado o Evangelho do amado Filho de Deus? Acaso lhes diríeis:
Preferimos a doutrina dos Loyolas à do Divino Mestre?

Não, mil vezes não! A não ser que tenhais tapado os ouvidos, fechado os olhos e embotado a vossa inteligência, o que não creio.

Oh! Se Deus quer castigar-nos, fazendo cair pesadamente a sua mão sobre nós, como fez ao Faraó, não precisa permitir que os soldados de Garibaldi nos expulsem daqui; basta deixar que façais de Pio IX um Deus, como já fizeste uma deusa da Virgem Maria!

Evitai, sim, evitai, meus veneráveis irmãos, o terrível precipício a
cuja borda estais colocados. Salvai a Igreja do naufrágio, que a
ameaça, e busquemos todos, nas Sagradas Escrituras, a regra da fé que devemos crer e professar. Digne-se Deus assistir-me. Tenho concluído!

* * *

Todos os padres se levantaram, muitos saíram da sala; porém alguns prelados italianos, americanos, alemães, franceses e ingleses rodearam o inspirado orador e, com fraternais apertos de mão, demonstraram concordar com o seu modo de pensar.

Coisa singular: desde a tal infalibilidade dos papas, vê-se a Igreja
como que atirar-se em um despenhadeiro, de cabeça para baixo!
Que inspirado estava esse bispo Strossmayer!...





Fonte: Internet


Texto enviado pelo Irmão Devaldo de Souza

sábado, 23 de fevereiro de 2013

DESAFIO DA VIOLÊNCIA

 


DESAFIO DA VIOLÊNCIA

Acredito que ações interligadas, onde múltiplos setores da experiencia social possam contribuir, podem proporcionar avanços para a pacificação das cidades. Os meios de comunicação noticiam, todos os dias, a violência urbana que trucida vidas e macera a existencia no cotidiano. Hoje, por exemplo, leio que a agressão à sociedade chegou, virulenta, em Rondônia. Ônibus queimados e ataque ao quadro policial. Os que combatem a lei atacam os seus defensores. Não há receio. Estão seguros de que não sofrerão derrotas.

São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Ceará, Pernambuco, enfim, onde chegamos os jornais destas cidades informam o drama da população refém do problema. á uma complexidade na questão., não só de natureza social e política como tambem espiritual. É um conjunto de fatores. A presença das drogas é elemento fundamental da problemática. Ela dilacera famílias, destrói vidas. Nossas fronteiras não funcionam bem. Não há ação harmoniosa, conjunta dentro do contexto amplo para se superar a dificuldade. Será um trabalho hercúleo vencer a violência e a drogadição. Mas, venceremos.Todos os elementos sociais agindo objetivando a dignidade do ser humano, favorecendo-se, ainda, os fatores espirituais da criatura, alcançaremos a vitória sobre o monstro. É preciso determinação. Idealizar e concretizar.
 
Texto de autoria do maçom Frederico Menezes.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Essência...


 
A ESSÊNCIA...





Hercule Spoladore (*)




O maçom tem que caminhar uma longa trajetória, para
se considerar e ser na realidade um verdadeiro Iniciado.



Ele, para entrar na Ordem passará por duas portas. Uma, a
porta física do Templo onde o espera um estranho e intrigante ritual,
mas ao mesmo tempo belo, um verdadeiro teatro simbólico e sublimado.

É o dia do seu recebimento formal na Ordem, que quando bem
desempenhado pelos Iniciadores[1], a cerimônia o marcará, de forma
indelével na mente.



A segunda porta é simbólica. Do ponto de vista mental, é
um acesso através de uma pequena fresta, isto é, uma pequena abertura
que está fechada pelo Subconsciente.



Uma vez a venda cobrindo a visão, isto fará com que o Iniciando
desperte e aguce os outros órgãos dos sentidos, e ele então enxergará
com os olhos da mente e se colocará especialmente numa situação de
pura introspecção que nada mais é que uma verdadeira jornada interior
e que para a grande maioria dos Iniciandos é o reencontro, ou mesmo o
primeiro encontro súbito, inesperado e surpreendente com o seu duplo
Eu, há muito tempo adormecido, talvez nunca procurado, ou quem sabe
ele nem soubesse da existência de um duplo estado de sua consciência.
O profano terá que, justamente auxiliado por uma técnica iniciática
perfeita e bem desempenhada, usando-se uma ritualística bastante
eficiente fluente e fácil, franquear esta barreira, e passar por ela,
mas para isso ele terá que se sentir humilde, pequeno, diminuto,
ínfimo. A Iniciação neste primeiro dia de contato com a Maçonaria se
consubstancia neste detalhe. Será apenas a conscientização de que
existe este outro estado do Ser, um outro estado da mente.



É necessário frisar que não haverá com esta
conscientização a descoberta instantânea de todo o conhecimento
humano, ou maçônico, dos mistérios ou segredos, mas tão somente a auto
revelação de sua consciência dupla, tomando-se conhecimento que existe
em cada um de nós um outro EU.



Este aspecto é apenas o começo. Esta revelação não é tudo.
A verdadeira Iniciação se processará durante toda a vida através do
estudo, da pesquisa, da meditação, da dedução, do conhecimento
adquirido corretamente, e do auto aperfeiçoamento. Ela será
praticamente inatingível em sua totalidade, porque o Homem jamais
atingirá a perfeição. Ele tenderá a chegar perto, e quanto mais perto
chegar, mais poderá ser considerado um Iniciado.



Já na própria Antigüidade o conceito de Iniciação foi se
atualizando e se transformando numa forma de conhecimento gradativo
pelo qual o Iniciando receberá inicialmente instruções através de
mensagens dogmáticas, ainda que hipotéticas, ele a partir delas,
desenvolverá, por seus próprios meios, a sua iluminação interior, das
quais apenas ele só possui a semente ou germe.



Se considerarmos que o maçom tem duas entradas, para ele permanecer na Ordem ele terá didaticamente duas saídas para escolher qual a delas
ela adotará.



Ele escolherá aquela do seu aprimoramento pessoal, ou então escolherá
aquela que identifica apenas a sua passagem física pela Maçonaria.

Ele terá que escolher a opção correta e isso será tão somente uma decisão sua.

O grande mérito seu, de sua mente, será pessoal,
intransferível, ninguém conseguirá lhe ensinar, ele aprenderá sozinho
por qual das duas saídas ele optará.



Grande parte dos maçons não percebe ou não querem perceber
que estão tendo a grande opção enquanto estão passando pelos graus
simbólicos, aliás, graus estes que constituem a verdadeira Maçonaria.
Infelizmente, estes maçons constituem a grande maioria, e embevecidos
acham que a Ordem é festa, banquetes, auxilio mútuo, graus, política
de lojas, fachada para outras atividades, belos aventais, distintivos
na lapela, e outras tantas dicotomias,



Que são na verdade, verdadeiros subprodutos ou complementos que a
Ordem coloca a disposição de todos. Alguns até acabam descobrindo
através dos anos, que tudo isso não está coerente, não está certo. Mas
acham que é tarde demais para mudar. Não têm coragem. Continuarão
inertes e coniventes, pois já estão um tanto quanto idosos, e esperam
que os maçons mais jovens mudem tal situação. Puro engano. Um
verdadeiro maçom jamais poderá se considerar idoso, mas sim experiente
humilde e sábio, e ele terá a obrigação de ter a ousadia e firmeza de
mudar o que pode e deve ser mudado. Esta é em síntese, a primeira
saída que normalmente a maioria dos maçons escolhem ou preferem.

Mas existem aqueles que descobrem durante a sua vivência
maçônica que há algo mais profundo, mais abrangente por trás das
mensagens dos rituais, ou das migalhas maçônicas que as Lojas oferecem
em matéria de ensinamentos, que toda aquela ganância em torno do poder
maçônico[2], da bulimia maçônica também conhecida por fome exagerada
de graus, sem conhecer a fundo o grau em que se está colado; da
filantropia amadora e ingênua mal feita, da fraternidade hipócrita que
alguns são hábeis em aplicá-la enganando outros inocentes e bons
Irmãos, da falta de instruções, alem de outras inúmeras razões, enfim,
decidem mudar, porque descobriram a ESSÊNCIA da natureza da Entidade para qual foram chamados a integrá-la e ao entenderem a sua
profundidade, mudam completamente seu comportamento mental.

Passam a entendê-la como uma Escola de Vida, descobrem que sua
principal função é político-social, e que eles serão consequentemente
os construtores da futura sociedade mundial, que terão que amadurecer
como cidadãos, que terão que ser embriões catalisadores dos movimentos
de vanguarda, atuando como aglutinadores de idéias, de sonhos que se
tornarão realidades, não responsabilizando nem Lojas e nem Irmãos com
relação a este compromisso que será só deles, pois eles serão o
fermento que provocará os fenômenos sociais e que, tão somente a
instrospecção, a meditação, a análise exata, o raciocínio transparente
e o estudo eficiente e correto da Filosofia, da História, do
Simbolismo do Ritualismo e das coisas pertinentes à Ordem lhes darão o
poder do conhecimento, o qual poderá ser repassado ou dividido com os
demais adeptos, mas ninguém lhes tirará esta riqueza intelectual e
consequentemente neste caminho deslumbrarão toda a espiritualidade que
este estado mental encerra.



Descobriram simplesmente a ESSÊNCIA porque acabaram de despertar para um mundo novo...



Quando chegarem nesta fase mental, o autoconhecimento e a
espiritualidade adquiridos farão com que estes Irmãos mesmo que não se
apercebam, e se perceberem não deixarão que os outros notem, já
estarão alguns passos à frente deles.



Considera-se que eles avançando em seus progressos penetrarão nas
profundezas do Subconsciente ou Inconsicente, alcançarão a Consciência
Cósmica e, indo alem, chegarão á Superconsciência que é nada mais que
o próprio GADU mais justo, bom, racional e espiritual de um livre
pensador.

Uma verdadeira transformação ocorrerá na mente quando se perceberá uma sensação que não é de insatisfação com esta humanidade imperfeita, ela é muito mais um sentimento de calma, que mais parecerá uma percepção de humildade de bondade e compreensão, que será mais uma entrega de si mesmo, a uma força maior que, embora desconhecida objetivamente, sentem-na presente. E assim conhecerão a expansão do campo da consciência, e verão que as coisas se tornam mais belas, a vida tem mais sentido, quase não ficam aborrecidos ou irritados, porque este
estado especial, desviará sua agressividade instintiva para algo mais
construtivo. Este autoconhecimento é considerado como uma verdadeira
catarse, limpeza ou purificação da mente, porque ele mostra,
estabelece e orienta a força capaz de criar, reprogramar e incentivar
a condução da própria vida. Neste momento o maçom estará preparado
para ser um verdadeiro líder e também estará no caminho seguro em
direção à sua verdadeira Iniciação Real.



Para se chegar a este estado mental, percorrer-se-á um
caminho tortuoso, difícil, gratificante, mas totalmente individual,
pois somente o adepto sem auxilio de quem quer que seja, o alcançará.
Este é o autêntico segredo maçônico. Os sinais, palavras toques
rituais e etc., não são em realidade os verdadeiros segredos. O Irmão
que chegar a esta situação mental não terá condições, nem que queira
de transmiti-la, descreve-la ou conceitua-la. Não conseguirá. Será
impossível. É inexprimível. É um estado da alma que não estará ao
alcance de ninguém, a não ser tão somente de sua psique. Será só seu.
É o mesmo mecanismo que se observa nas transformações mentais dos
gurús, dos santos, dos chamãs, dos jejuadores, de alguns paranormais e
dos Grandes Iniciados.



Estará em estado de expansão da mente, em ondas cerebrais “alpha” ou
“theta”. Acresça-se que não é só a Maçonaria que realiza Iniciações.
As grandes escolas iniciáticas da Antigüidade, das quais somos
herdeiros, e mesmo outras entidades iniciáticas do presente,
basicamente sempre utilizaram técnicas muito semelhantes.



Temos que ressaltar que nosso Inconsciente sempre busca
satisfazer nossos desejos instintivos, mas eles são bloqueados por
outra parte da mente chamada de Superego segundo Freud. Nossa
civilização incide neste fato, onde os conflitos deste bloqueio geram
a infelicidade do homem. O Iniciado deverá romper esta barreira. É uma
bela e fantástica aventura, esta ruptura. Este é o ideal superior que
ele se proporá a realizar. A sua mente deverá se abrir. Eis a sua
tarefa. A trajetória percorrida para se chegar a este ideal superior é
muito linda e rica em sabedoria, por causa das observações, incidentes
de percurso e das experiências vividas para se chegar lá. Quantas
lindas verdades ocultas serão descobertas a caminho. O percurso será
tão importante quanto o ideal a ser atingido. É uma linda e longa
viagem para dentro de SI MESMO.





(*) Hercule Spoladore



Obreiro da Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil






________________________________

[1] Bom desempenho significa, que o Venerável, e todos os Irmãos que
forem ler algum trecho do Ritual, o façam com clareza, com boa dicção,
palavras bem pronunciadas, para que todos ouçam, sem tartamudear
(gaguejar) e que os procedimentos tenham sido devidamente muito bem
treinados. Não se devem dar trotes nos candidatos, aliás, costume
grosseiro, medieval, desumano que ainda persiste, e que bloqueará
ainda mais a mente do neófito.





[2] O poder verdadeiro e respeitado dos dirigentes advém tão somente
do carisma, bondade, sabedoria, polidez, educação já que nenhum maçom
é obrigado a obedecer a dirigentes déspotas, e impositivos que não
conheçam os princípios básicos da democracia e que o “poder” lhes
tenha “subido à cabeça”. Um Grão-Mestre ou um Venerável não governarão
seu povo por decretos, leis, por imposição, a grito ou através de
tramas e perseguições, só governarão pela bondade de seu coração...

Artigo enviado por Devaldo de Souza






domingo, 17 de fevereiro de 2013

A Constituição de Anderson

A Constituição de Anderson
A Constituição de Anderson é considerada como o "farol" que guia toda a actividade da Maçonaria regular. Pese embora ter sido escrita há quase 300 anos, a sua influência mantém-se.
anderson

Constituição de Anderson

I - Respeitando a Deus e à Religião

Um Pedreiro é obrigado, pela sua condição, a obedecer à lei moral. E, se compreende correctamente a Arte, nunca será um ateu estúpido nem um libertino irreligioso. Mas, embora, nos tempos antigos, os pedreiros fossem obrigados, em cada país, a ser da religião desse país ou nação, qualquer que ela fosse, julga-se agora mais adequado obrigá-los apenas àquela religião na qual todos os homens concordam, deixando a cada um as suas convicções próprias: isto é, a serem homens bons e leais ou homens honrados e honestos, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que os possam distinguir. Por consequência, a Maçonaria converte-se no Centro de União e no meio de conciliar uma amizade verdadeira entre pessoas que poderiam permanecer sempre distanciadas.

II - Do Magistrado Civil supremo e subordinado

Um Pedreiro é um súbdito tranquilo do poder civil, onde quer que resida ou trabalhe e nunca deve imiscuir-se em planos e conspirações contra a paz e o bem-estar da nação, nem comportar-se indevidamente para com os magistrados inferiores. Porque, como a Maçonaria tem sido sempre prejudicada pela guerra, a efusão de sangue e a desordem, assim os antigos reis e príncipes dispuseram-se a encorajar os artífices por causa da sua tranquilidade e lealdade, por meio das quais respondiam, na prática, às cavilações dos adversários e concorriam para a honra da Fraternidade, sempre florescente em tempo de paz. Eis porque, se um irmão for rebelde para com o Estado, não deve ser apoiado na sua rebelião conquanto possa ser lamentado como um infeliz; e, se não for culpado de nenhum outro crime, embora a Fraternidade leal deva e tenha de rejeitar a sua rebelião e não dar sombra ou base de desconfiança política ao governo existente, não pode expulsá-lo da loja e a sua relação para com ela permanece indefectível.

III - Das Lojas

Uma Loja é o local onde se reúnem e trabalham pedreiros. Portanto, toda a assembleia ou sociedade de pedreiros, devidamente organizada, é chamada loja, devendo todo o irmão pertencer a uma e estar sujeito ao seu regulamento e aos regulamentos gerais. Uma loja é particular ou geral e será melhor entendida pela sua frequência e pelos regulamentos da loja geral ou Grande Loja, adiante apensos. Nos tempos antigos, nenhum mestre nem companheiro se podia ausentar dela, especialmente quando avisado para comparecer, sem incorrer em severa censura, a menos que parecesse ao mestre e aos vigilantes que a pura necessidade o impedira.
As pessoas admitidas como membros de uma loja devem ser homens bons e leais, nascidos livres e de idade madura e discreta, nem escravos, nem mulheres, nem homens imorais ou escandalosos, mas de boa reputação.

IV - Dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes

Toda a promoção entre pedreiros é baseada apenas no valor real e no mérito pessoal, a fim de que os senhores possam ser bem servidos, os irmãos não expostos à vergonha e a arte real não seja desprezada. Portanto, nenhum mestre nem vigilante é escolhido por antiguidade, mas pelo seu mérito. Torna-se impossível descrever estas coisas por escrito, e cada irmão deve ocupar o seu lugar e aprendê-las na maneira própria desta Fraternidade. Fiquem apenas sabendo os candidatos que nenhum mestre deve tomar aprendiz a menos que tenha ocupação bastante para ele e a menos que se trate de um jovem perfeito, sem mutilação nem defeito no corpo que o torne incapaz de aprender a arte, de servir o senhor do seu mestre, e de ser feito irmão e depois companheiro em tempo devido, mesmo após ter servido o número de anos consoante requeira o costume do país; e que ele provenha de pais honestos; de maneira que, quando qualificado para tal, possa ter a honra de ser vigilante, depois mestre da loja, grande vigilante e, por fim, grão-mestre de todas as lojas, conforme ao seu mérito.
Nenhum irmão pode ser vigilante sem ter passado pelo grau de companheiro; nem mestre sem ter actuado como vigilante; nem grande-vigilante sem ter sido mestre de loja; nem grão-mestre a menos que tenha sido companheiro antes da eleição, e que seja de nascimento nobre ou gentleman da melhor classe ou intelectual eminente ou arquitecto competente ou outro artista saído de pais honestos e de grande mérito singular na opinião das lojas. E para melhor, mais fácil e mais honroso desempenho do cargo, o grão-mestre tem o poder de escolher o seu próprio grão-mestre substituto, que deve ser ou deve ter sido mestre de uma loja particular e que tem o privilégio de fazer tudo aquilo que o grão-mestre, seu principal, pode fazer, a menos que o dito principal esteja presente ou interponha a sua autoridade por carta.
Estes dirigentes e governadores, supremos e subordinados, da antiga loja, devem ser obedecidos nos seus postos respectivos por todos os irmãos, de acordo com os velhos preceitos e regulamentos, com toda a humildade, reverência, amor e diligência.

V - Da Gestão do Ofício no Trabalho

Todos os pedreiros trabalharão honestamente nos dias úteis para que possam viver honradamente nos dias santos; e observar-se-á o tempo prescrito pela lei da terra ou confirmado pelo costume.
O mais apto dos companheiros será escolhido ou nomeado mestre ou inspector do trabalho do Senhor; e será chamado mestre por aqueles que trabalham sob ele. Os obreiros devem evitar toda a linguagem grosseira e não se tratar por nomes descorteses, mas sim por irmão ou companheiro; e devem comportar-se com urbanidade dentro e fora da loja.
O mestre, conhecendo-se a si mesmo capaz de destreza, empreenderá o trabalho do Senhor tão razoavelmente quanto possível e utilizará fielmente os materiais como se seus fossem; nã dará a irmão ou aprendiz maiores salários dos que ele, realmente, possa merecer.
Tanto o mestre como os pedreiros, recebendo os seus salários com exactidão, serão fiéis ao Senhor e terminarão o trabalho honestamente, quer ele seja à tarefa quer ao dia; não converterão em tarefa o trabalho que costume ser ao dia.
Ninguém terá inveja da prosperidade de um irmão, nem o suplantará, nem o porá fora do trabalho se ele for capaz de o terminar; porque nenhum homem pode terminar o trabalho de um outro com o mesmo proveito para o Senhor a menos que esteja completamente familiarizado com os desenhos e planos daquele que o começou.
Quando um companheiro for escolhido como vigilante do trabalho sob o mestre, será leal tanto para com o mestre como para com os companheiros, vigiando zelosamente o trabalho na ausência do mestre, para proveito do Senhor; e os seus irmãos obedecer-lhe-ão.
Todos os pedreiros empregados receberão o salário em sossego, sem murmurar nem se amotinar, e nã abandonarão o mestre até o trabalho estar concluído.
Cada irmão mais jovem será instruído no trabalho, para se evitar que estrague os materiais por falta de conhecimento e para aumentar e continuar o amor fraternal.
Todas as ferramentas usadas no trabalho serão aprovadas pela Grande Loja.
Nenhum outro trabalhador será empregado no trabalho próprio da Maçonaria; nem os pedreiros-livres trabalharão com aqueles que não forem livres, salvo necessidade urgente; nem ensinarão trabalhadores e pedreiros não aceites como ensinariam um irmão ou um companheiro.

VI - Da Conduta

1. Na Loja, enquanto constituída

Não organizareis comissões privadas nem conversações separadas sem permissão do mestre, nem falareis de coisas impertinentes nem indecorosas, nem interrompereis o mestre nem os vigilantes nem qualquer irmão que fale com o mestre; nem vos comportarei jocosamente nem apalhaçadamente enquanto a loja estiver ocupada com assuntos sérios e solenes; nem usareis de linguagem indecente sob qualquer pretexto que seja; mas antes manifestareis o respeito devido aos vossos mestre, vigilantes e companheiros e venerá-los-eis.
Se surgir alguma queixa, o irmão reconhecido culpado ficará sujeito ao juízo e à decisão da loja, a qual constitui o juiz próprio e competente para todas as controvérsias desse tipo (salvo se seguir apelo para a Grande Loja) e à qual elas devem ser referidas, a menos que o trabalho do Senhor seja no entretanto prejudicado, motivo pelo qual poderá usar-se de processo particular; mas nunca deveis recorrer à lei naquilo que respeite à Maçonaria sem absoluta necessidade, reconhecida pela loja.

2. Conduta depois de a Loja ter encerrado e antes dos irmãos terem partido

Podeis divertir-vos com alegria inocente, convivendo uns com os outros segundo as vossas possibilidades. Evitai porém todos os excessos, sem forçar um irmão a comer ou a beber para além dos seus desejos, sem o impedir de partir quando o chamarem os seus assuntos e sem dizer ou fazer qualquer coisa ofensiva ou que possa tolher uma conversação afável e livre. Porque isso destruiria a nossa harmonia e anularia os nossos louváveis propósitos. Portanto, não se tragam para dentro da porta da loja rancores nem questões e, menos ainda, disputas sobre religião, nações ou política do Estado. Somos apenas pedreiros, da religião universal atrás mencionada. Somos também de todas as nações, línguas, raças e estilos e somos resolutamente contra toda a política, como algo que até hoje e de hoje em diante jamais conduziu ao bem-estar da loja. Esta obrigação sempre tem sido prescrita e observada e, mais especialmente, desde a Reforma na Grã-Bretanha, ou a dissensão e secessão destas nações da comunhão de Roma.

3. Conduta quando irmãos se encontram sem estranhos mas não em loja formada.

Deveis cumprimentar-vos uns aos outros de maneira cortês, como vos ensinarão, chamando-vos uns aos outros irmãos, dando-vos livremente instrução mútua quando tal parecer conveniente, sem serdes vistos nem ouvidos e sem vos ofenderdes uns aos outros nem vos afastardes do respeito que é devido a qualquer irmão, mesmo que não fosse pedreiro. Porque embora todos os pedreiros sejam como irmãos, ao mesmo nível, a Maçonaria não retira ao homem a honra que ele antes tinha; pelo contrário, acrescenta-lhe honra, principalmente se ele bem mereceu da Fraternidade, a qual deve conceder honra a quem for devida e evitar as más maneiras.

4. Conduta na presença de estranhos não pedreiros.

Sereis prudentes nas vossas palavras e atitudes, a fim de que o mais penetrante dos estranhos não seja capaz de descobrir ou achar o que não convém sugerir; por vezes desviareis a conversa e conduzi-la-eis com prudência, para honra da augusta Fraternidade.

5. Conduta em casa e para com os vizinhos.

Deveis proceder como convém a um homem moral e avisado; em especial, não deixeis família, amigos e vizinhos conhecer o que respeita à loja, etc. mas consultai prudentemente a vossa própria honra e a da antiga Fraternidade por razões que não têm aqui de ser mencionadas. Deveis também ter em conta a vossa saúde, não vos conservando fora de casa, depois de terem passado as horas de loja; evitai os excessos de comida e de bebida, para que as vossas famílias não sejam negligenciadas nem prejudicadas e vós próprios incapazes de trabalhar.

6. conduta para com um irmão estranho.

Deveis examiná-lo com cuidado, da maneira que a prudência vos dirigir de forma que não vos deixeis enganar por um ignorante e falso pretendente, a quem rejeitarei com desprezo e escárnio, evitando dar-lhe quaisquer sinais de reconhecimento.
Contudo, se descobrirdes nele um irmão verdadeiro e genuíno, então deveis respeitá-lo; e, se ele tiver qualquer necessidade, deveis ajudá-lo se puderdes ou então dirigi-lo para quem o possa ajudar. Deveis empregá-lo durante alguns dias, ou recomendá-lo para que seja empregado. Mas não sois obrigado a ir além das vossas possibilidades, somente a preferir um irmã pobre, que seja homem bom e sincero, a quaisquer outros pobres em idênticas circunstâncias.
Finalmente, todas estas obrigações são para observardes, e assim também as que vos serão comunicadas por outra via; cultivando o amor fraternal, fundamento e remate, cimento e glória desta antiga Fraternidade, evitando toda a disputa e querela, toda a calúnia e maledicência, não permitindo a outros caluniar um irmão honesto, mas defendendo o seu carácter e prestando-lhe todos os bons ofícios compatíveis com a vossa honra e segurança e não mais. E se algum deles vos fizer mal, dirigi-vos à vossa própria loja ou à dele; e daí, podeis apelar para a Grande Loja, aquando da Comunicação Trimestral, e daí para a Grande Loja anual, como tem sido a antiga e louvável conduta dos nossos antepassados em todas as nações; nunca recorrendo à justiça a não ser quando o caso não se possa decidir de outra maneira, e escutando pacientemente o conselho honesto e amigo de mestre e companheiros quando vos queiram impedir de recorrerdes à justiça com estranhos ou vos incitar a pordes rapidamente termo a todo o processo, a fim de que vos possais ocupar dos assuntos da Maçonaria com mais alacridade e sucesso; mas com respeito aos irmãos ou companheiros em juízo, o mestre e os irmãos devem com caridade oferecer a sua mediação, a qual deve ser aceite com agradecimento pelos irmãos contendores; e se essa submissão for impraticável, devem então continuar o seu processo ou pleito sem ira nem rancor (não na maneira usual), nada dizendo ou fazendo que possa prejudicar o amor fraternal, e renovando e continuando os bons ofícios; para que todos possam ver a influência benigna da Maçonaria e como todos os verdadeiros pedreiros têm feito desde os começos do mundo e assim farão até ao final dos tempos.
Amen, assim seja.
Fonte: Anderson's Constitutions, Constitutions d'Anderson 1723, texte anglais de l'édition de 1723, introduction, traduction et notes par Daniel Ligou, Paris, Lauzeray International, 1978.

O irmão James Anderson

James Anderson, habitualmente denominado de "pai da Maçonaria Especulativa", nasceu na cidade de Aberdeen, (Escócia), por volta do ano de 1680. Estudou teologia na sua cidade natal, no "Marischal College", onde recebeu o seu título de "Doutor em Teologia", naturalmente presbiteriano, religião então predominante na Escócia.
Ainda antes de 1710, Anderson fixou residência em Londres, onde mais tarde, comprou os direitos de vicariato de uma Capela Presbiteriana, situada em "Swallow Street" (Rua das Andorinhas), onde em 1735 ainda se encontrava fazendo as suas pregações.
Na qualidade de vigário presbiteriano tornou-se muito conhecido do povo londrino, face às suas inúmeras pregações, muitas das quais chegou a publicar em folhetos avulsos. As que mais admiração causaram foram as cinco seguintes:
  1. "Nós esperamos a paz, que não veio; Dia da Saúde" (Jeremias 8-15), pronunciada em 16.01.1712 na Igreja de Swallow Street.
  2. A pregação de 30.01.1714, que teve como título: "Assassinos de Rei, não". Trata-se de uma pregação a favor do Rei George I, recentemente coroado, contra as falcatruas e confabulações do partido católico do pretendente Jacobus III.
  3. "Crença nos Santos", pronunciada em 01.08.1720 que teve intenções de carácter puramente religiosos, e representava a interpretação que os presbiterianos davam a este tema.
  4. Uma pregação fúnebre no dia do 1º aniversário do falecimento do padre William Lorinzer, um ministro presbiteriano que tinha feito a sagração de Anderson.
  5. A pregação de 03.07.1737, pronunciada sobre o tema "A Prisão dos Devedores", onde analisou a legislação relativa à "insolvência financeira". Não há duvidas que Anderson, ao abordar este assunto, falava por experiência própria, pois consta que por volta de 1720 tinha perdido todo o seu património, e a sua situação financeira estava tão precária, que os seus credores o lançaram na "torre dos devedores", de onde o tiraram os seus Irmãos Maçons, depois de terem pago as suas dívidas.
Exemplares destas cinco pregações existem ainda hoje na biblioteca dos advogados, de Edinburgo.
No ano de 1732, Anderson traduziu para o inglês as "Tabuas Genealógicas" do historiador e geógrafo alemão "Hans Hubner", que chegou a reeditar em 1736 de forma ampliada.
Logo no ano seguinte, de 1733, publicou o livro: "A Unidade na Trindade, e a Trindade na Unidade". Em 1739 editou o livro "Notícias de Elysium" e "Conversas com os Mortos" e, finalmente, em 1742, ainda surgiu, em edição póstuma a "História genealógica da Casa Nobre de Ivery" uma antiga estirpe irlandesa, cujo membro vivo na ocasião era o Conde de Egmont.
Incontestavelmente, a obra mais importante de Anderson foi a conhecida "Constituição Maçônica, de Anderson", que publicou às suas expensas no ano de 1723, época em que era Venerável da Loja nº 17.
Nunca se soube em que Loja Anderson fora iniciado, mas é provável que ainda tenha sido na Escócia, de modo que já era Maçom feito a filiar-se a uma Loja em Londres.
Na reunião da Grande Loja de 29.09.1721, onde 16 Lojas estiveram representadas, o Irmão James Anderson A. M. (Magister Artium) foi encarregado de estudar as cópias das antigas constituições góticas, consideradas confusas e fundi-las numa Carta Magna mais concisa e clara.
Deve ter trabalhado com incrível rapidez, a não ser que já tivesse feito os estudos preliminares, pois em 21.12.1721, apresentou o Manuscrito Projeto, que foi entregue a 14 Irmãos competentes, e esta mesma comissão depois de feitas as resolvidas emendas consideradas necessárias, aprovou a nova Constituição em 25.03.1722.
Em 17.01.1723 a Grande Loja aprovou a Constituição já impressa, e nomeou Anderson para seu Grande Vigilante. Em 1723 o nome Anderson também consta dos registros da Loja: "Horne Tavern", de Westiminster e em 1725 no da "Lodge of Salomon's Temple" de Hemmings Row.
A autorização da impressão da Constituição e sua venda criou grande celeuma, e por isto, o Irmão Anderson parece ter ficado afastado dos trabalhos durante quase 10 anos das Lojas. Em 24.02.1735 Anderson apresentou-se novamente à Grande Loja, pedindo licença para imprimir uma Edição da Constituição aumentada, cujo novo texto foi finalmente aprovado em sessão de 25.01.1738, pelos representantes das 56 Lojas presentes, sendo impressa logo em seguinda.
Em 01.06.1739, Anderson passou para o Oriente Eterno, tendo sido enterrado com Honras Maçónicas no Cemitério de Bunhills Fields. Desapareceu assim o Maçom quem mais serviços prestou à Ordem, que em vida nunca mereceu o menor apoio, prestígio e agradecimento, e que pelo contrário foi atrozmente combatido, mas que acabou sendo o único, cujo nome nunca foi e nem será esquecido.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

É a Paz

Paz



 

É a Paz

Se perdoas, após sofrer o mal, 
Se tens o amor como claro fanal,
Se serves desejando servir mais,
É a paz... 

Se consegues sofrer tuas aflições
Sem afligir os outros corações,
E se usas fraternidade eficaz,
É a paz... 

Se vibras com a felicidade alheia,

E se a inveja
não te enreda em sua teia,
Se levas alegrias
aonde vais,
É a paz... 

Quando, na dor
, te mostras resignado,
Se na alma
tens o bem agasalhado,
Elevando teu
s valores morais,
É a paz... 

Se aprendeste a servir sem exigência,
Se abres o coração frente à carência,
E olhando à frente vês quem vem atrás,
É a paz... 

Se ao cooperar em prol do mundo novo,
Consegues atuar educando o povo
,
Salvando-o da ignorância
voraz,
É a paz... 

Se estudas e meditas sobre a vida,
E se a reconheces árdua e florida
Senda que te recebe e alteia mais,
É a paz... 

Para desfazer a sombra que obstrui,
O tempo de agora pede respeito
E espera que no bem
achemos jeito
De aproveitar do Céu o amor
que flui. 

Espalha a paz em todas as estradas,
Fala da paz em cada movimento
Da tua vida, na ação, no pensamento
,
Mesmo entre as alma
s mais desencontradas.

Busca em Jesus a tua libertação.
Ama, trabalha e serve em teu
roteiro,
Para acender o facho verdade
iro
Que te encherá de luz o coração. 

Sê da paz operoso lidador

Que nunca desanima, estrada afora,
Que no mundo sorri, sofrendo embora,
Junto ao Divino Pacificador
.

Canta a paz em quaisquer caminhos teu
s.
E ajustando-te às fontes da alegria

Sejas, de fato
, agente da harmonia
,
Que no mundo trescala
o amor de Deus.


José Grosso

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O espelho segundo GANDHI

Mahatma Gandhi
 
O espelho segundo GANDHI
A vida é um espelho

Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem o ser humano.
Ele respondeu assim:

A Política sem princípios.
O Prazer sem compromisso.
A Riqueza sem trabalho.
A Sabedoria sem caráter.
Os Negócios sem moral.
A Ciência sem humanidade.
E a Oração sem caridade.

A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso.
A atitude que tomo frente à vida, é a mesma que a vida tomará diante de mím.
"Quem quer ser amado, que ame".
Gandhi
Índia
1869-1948


 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Pioneiro

JacquesDeMolay
 
O Pioneiro



Algum dia, em algum lugar, alguém realizou uma atividade cujos benefícios você hoje desfruta.


Há um passado que promoveu o presente, e, nele alguma vida se esforçou, criando as oportunidades que hoje você defronta.

 
Viva, de tal forma, que sua existência promova outras, contribuindo para a felicidade delas.

 
Você abre as clareiras na floresta, e, como pioneiro do Bem, sofre as condições hostis onde trabalha.


Alguém virá depois e defrontará facilidades.


Mas, no futuro, você volverá encontrar excelentes recursos para concluir a obra.


Não se enfade, porque não lhe reconhecem o mérito, e outros desfrutem do seu trabalho.

 
Você também frui as benesses de outras semeaduras, feitas pelos que o anteciparam.


Marco Prisco


domingo, 10 de fevereiro de 2013

O perfil e o segredo de um Venerável justo e perfeito


 
Valdemar Sansão

O perfil e o segredo de um Venerável justo e perfeito

Matéria desenvolvida pelo Ir.
Valdemar Sansão



Anualmente é eleito pelos seus pares um novo Venerável Mestre que, entusiasmado pelo cargo, com as mãos cheias de enorme responsabilidade, faz a programação, nem sempre cumprida com o êxito desejado.



Isso se justifica pela falta de responsabilidade, de coragem, pelo desânimo, negligência, indiferença ou ausências às Sessões; pela inadimplência, ou seja, descumprimento de compromissos com a Tesouraria, pela falta de apoio, comprometimento, incompreensão e negação da devida atenção de alguns Irmãos.


Formalmente falando, buscamos para V.'.M.'. um homem sensato, de conduta ilibada, com as qualificações para ensinar e aprender a se desencumbir muito bem de sua função. É preciso iniciar a jornada pela base, pelo estudo, de modo a não nos faltar a paz, o equilíbrio e a tolerância para discernir quem será o melhor Candidato.


Alguém pode ser brilhante orador, professor, empresário, médico, juiz ou advogado, mas nem sempre pode ser qualificado para "guia dos Irmãos” de uma Loja Maçônica. Ter nome famoso, riqueza e posição social, dispor de força ou autoridade, não são qualificações para tal fim.

Devemos ter certeza que ele possui conhecimentos maçônicos, compreensão e prática da fé raciocinada que deverá nos transmitir para facilitar a jornada evolutiva de todo o quadro de obreiros da Loja.

A vaidade pode conduzir um homem a considerar-se poderoso e infalível, porém, os mais avisados sabem que na Maçonaria não existem "poderosos e infalíveis" e, sendo uma fraternidade, não há outra Instituição onde melhor se aplique o lema: “liberdade, igualdade, fraternidade”.


Um dos problemas internos das Lojas é que muitos Irmãos mais presunçosos e despreparados, depois de serem exaltados, deixam de estudar, achando que atingiram a “Plenitude Maçônica”.



Esses são os primeiros a cabalar com o objetivo de serem indicados candidatos ao cargo de V.'.M.'., tendo sucesso em Lojas que, sem critérios ou cuidados, promovem sua eleição, propiciando o desrespeito às tradições da Ordem por pura omissão, conivência ou até covardia.


Outras vezes Irmãos, por melindres, intrigas, ou apenas pela facilidade de magoar-se; pela satisfação de vaidades pessoais ou birra, trazem candidatos para o "trono de Salomão", tão somente voltados para seus relacionamentos. Pior ainda é que, eleitos e empossados, eles banalizam a ritualística, acham que mudar e inventar futilidades (abobrinhas) é sinônimo de modernização e inovação.



A Maçonaria, principalmente a anglo-saxônica, mostra-se completamente avessa, a esse e a tantos outros desvios de conduta e de proceder antimaçônico. Ameaçam, rugem, mais felizmente não mordem. Mesmo assim, depois vem o lamento pela má escolha, mas deles também é a responsabilidade da colheita daquilo que plantaram.



O que devemos fazer para ajudar a impedir o sucesso desses insensatos que faltam à fé jurada? É necessário que meditem sobre disciplina que envolve o estudo, a reflexão em torno dos princípios maçônicos, e o empenho responsável de renovação do verdadeiro maçom.


Ouvindo “o programa administrativo ou de trabalho” (plataforma dos candidatos); vendo o modo como se comportaram nos cargos exercidos nos últimos anos; se aprenderam a melhor lidar com o diferente, considerando acima de tudo seu carisma, ou seja, suas qualidades especiais de liderança, derivadas de individualidade excepcional, somando o conjunto dessas e outras qualidades, podem avaliar e melhor determinar se o candidato está apto para assumir esse desafio.


É imprescindível considerar entre seus procedimentos, o conhecimento doutrinário; se chefia sua família de maneira ajustada; se sua condição financeira é digna, estável, etc. Quanto mais claramente conseguirmos ver as qualidades do candidato, mais valioso ele se torna para nós.



Uma escolha apressada de alguém desqualificado poderá trazer resultados muitas vezes desastrosos. Não bastam anos de frequência às reuniões ou a leitura de alguns livros maçônicos, para dominar-se o conhecimento exigido.

Para pleitear o honroso cargo, é preciso estudar – única forma de alcançar o aprendizado - porque aprender é, evidentemente, um ato de humildade. Mas para adquirir sabedoria, é preciso observar. Só assim conseguiremos, ao invés de colocar o homem no centro de tudo, descobrir o tudo que está no centro do homem.


O candidato quando bem selecionado, pode desempenhar essa missão gloriosa, conduzindo-a com mãos suficientemente fortes para afagar e aplaudir; sabedoria para ensinar e modéstia para aprender, e por este conhecimento, fazer-se paciente, puro, pacífico e justo; adquirindo a aptdão de reconhecer o seu limitado poder e abundantes erros; sua capacidade e suas falhas; seus direitos e deveres; dispor de força para, ciente de tudo isso, se livrar das paixões humanas e assim adquirir a antevisão e o equilíbrio necessários para se desencumbir muito bem dos obstáculos em seu Veneralato, levando Paz, Amor Fraternal e Progresso à sua Loja.


O V.'. M.'. escolhido tem que ser um lider agregador que entusiasma seus Irmãos pelo devotamento e abnegação à Maçonaria. Os grandes Mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita benevolência. Trata os Ilr.'. da forma como deseja ser tratado e ajuda-os a se tornarem o que são capazes de ser: filhos amados do Criador do Universo, portanto IRMÃOS.


Agradece os Ilr.'. pela oportunidade de evoluir junto a todos; procura respostas dentro de si mesmo; refaz suas crenças, redime equívocos e culpas; regenera erros e falhas, distribui perdão; espalha as sementes da harmonia, da concórdia e da felicidade que contaminam a Loja, que é a soma de valores do conjunto dos Irmãos do quadro, o sinal que marca a direção do aperfeiçoamento; valoriza tudo de bom e o melhor que existe em cada Obreiro. Ama todos os sonhos que calam os corações de Irmãos constrangidos, humildes, que sentem e não falam.


Na sua função, todas as realizações, todos os sucessos ou insucessos serão frutos da sementeira já plantada ou das circunstâncias forjadas por seu próprio comportamento.


Mas seria cômodo transferir tudo que o desagradou à ação de ex-Veneráveis e fugir de responsabilidades, quase sempre justificando seus erros com erros dos outro? Não, isso não seria conduta de um Maçom e muito menos do Venerável justo e perfeito.


Todo V.'. M.'.deseja o crescimento, o melhoramento, o progresso de sua Loja. Para tanto precisa ter projetos (planejamento, metas e meios), não só quanto à formação de sua administração (onde o que um não faz, o outro faz. Assim cada um tem seu papel útil a desempenhar); à previsão do trabalho e envolvimento de todos na ação filantrópica; a reunião dos mais íntimos com ele afinados, e que juntos possam formar um quadro coeso, de Irmãos compreensivos e amorosos que o ajudem a superar o peso das decisões que caiam sobre seus ombros. A eles poderá pedir conselhos, orientação e apoio, que, certamente, jamais lhes serão recusados.


Não deve se considerar com poderes absolutos e independentes, nem esquecer que seus poderes são claramente especificados e delimitados pelo Estatuto da Obediência e aos usos e costumes da Ordem. Ele não só está obrigado a se pautar por essas obrigações estatutárias, mas tem de respeitá-Ias, devido à sua condição especial de Venerável Mestre da Loja.


Precisa compreender que ao outro assiste o direito de ter opinião contrária à sua. Deve procurar criar uma empatia com o crítico, ver o assunto do ponto de vista dele, manifestando entender o seu sentimento. Sendo todos iguais, ninguém é mais forte ou mais fraco e deixa que perceba isso.

Assim ele compreenderá que o seu direito de opinar está sendo respeitado.


Quando um Irmão necessita falar ouve-o; quando acha que vai cair, ampara-o; quando pensa em desistir, estimula-o.


A bondade e a confiança de seus pares que o elevaram a essa posição de destaque, exige ser usada com sabedoria, aplicando-a no comprometimento da justiça, nunca na causa da opressão.

Administrará sua Loja com afeição, cortesia, boa vontade e amizade, nunca impondo o poder pelo argumento da força.


No desempenho de sua função terá sempre à vista que ninguém vence sozinho, mas jamais permanecerá na ofuscação das influências dos que o apoiaram ou se deixará dominar por qualquer tentativa de predominância.

Ele como V.’.M.’. é responsável por tudo o que acontecer de certo ou de errado em sua Loja. Por mais que se queixe da “herança perversa recebida” de seu antecessor; de Iniciações de candidatos mal selecionados, fardos que agora estão sobre sua carga; de Irmãos que faltam ao sigilo, à disciplina; da desorganização da Secretaria e da Tesouraria da Loja, que motivam contrariedades, causam prejuízos de ordem moral e monetária de difícil reajustamento. Deve verificar antes o que ele tem feito para modificar, agilizar e melhorar esse quadro.


A condução de uma Loja dá trabalho, requer paciência, é como se fossemos tecer uma colcha de retalhos, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. Deve ser feita com destreza, dedicação, vontade e habilidade.


Forçado é perceber que possuímos em nossos Irmãos os reflexos de nós mesmos. Cabe-nos, por isso mesmo tentar compreendê-los, pela própria consciência, para poder extirpar espinhos, separar as coisas daninhas, ruins, que surgem entre as boas que semeamos no solo bendito do tempo e da vida que se não forem bem cuidadas serão corrompidas.


A todos fala, mas poucos o ouvem. A todos ensina, mas poucos o compreendem. A todos chama, esperando que alguém o ajude, mas poucos o atendem. Contudo sabe que não está só, que há muitos Irmãos (a maioria) compartilhando seu amor para acontecer a Fraternidade Universal.


Quando o V.'. M.'. lança a semente da união, chame-o fraternidade.


Quando nos convida a analisar nossos feitos para reconhecer erros cometidos, chame-o consciência.


Quando aos defeitos alheios pede paciência, chame-o indulgência.


Quando floresce um sentimento puro de amizade aos olhos de todos, chame-o amor.


Quando aos nossos erros, incompreensões, medos, desânimos, perdoa de boa vontade, chame-o bondade.


Quando a cada um deixa que receba segundo os seus atos, chame-os justiça.


Quando nos lábios de um Irmão aparecer um sorriso, e mais outro, sorri junto, mesmo de coisas pequenas para provar ao mundo que quer oferecer o melhor, chame-o felicidade.


Quando valoriza a ritualística, o simbolismo, utilizando as Sessões Ordinárias como uma forma objetiva de instruir o Irmão, incentivando o estudo e a discussão de tudo que seja relevante para a Ordem em particular e para a sociedade em geral, chame-o instrutor.


Quando estimula os Irmãos a apresentarem trabalhos de conteúdo, elaborados por eles, e reprova simplesmente cópias retiradas de livros, revistas ou Internet, e o que é ainda mais inconveniente, insensato e desastroso, o recurso do plágio, ou seja, a cópia ou imitação do trabalho alheio, sem menção do legitimo autor, aí sim, pode chamá-lo Mestre.



Mestre sim, porque, sempre independente, nunca perde a alegria, nunca se acomoda e, como fiel condutor que representa o grupo, que ocupa a primeira posição de comando, isto é, comanda (manda com) seus liderados em qualquer linha de idéia, chame-o lider.



Quando ao sair das reuniões cada um de nós se sinta fortalecido na prática da Arte Real, do bem e do amor ao próximo, pode chamar o local de Loja Maçônica Regular, Justa e Perfeita.


Acabando a tristeza e a preocupação, surge então a força, a esperança, a alegria, a confiança, a coragem, o equilíbrio, a responsabilidade, a tolerância, o bom humor, de modo que a veemência e a determinação se tornam contagiantes, mas não esquecendo o perigo que representa a falta do entusiasmo que também contagia.



E, finalmente, ao se aproximar o término de seu Veneralato, faz uma reflexão sobre quais foram as atitudes reais de benemerência que vem tomando? (aqui nos referimos a auxílio financeiro a alguma Instituição filantrópica), falamos principalmente do "ombro amigo" na hora necessária, ou o empréstimo de seu ouvido para que as queixas fossem depositadas?


Esta não é a enumeração de todas as qualidades que distinguem o Venerável Mestre ideal, mas todo aquele que se esforce em possuí-las, está no caminho que conduz a todas as outras.


Agradeça caríssimo Irmão, toda a coragem nos momentos de tensão, o socorro da luz nos momentos de desânimo que sempre pode contar com verdadeiros Irmãos em seu Veneralato.


Nunca deixe de agradecer por ter sido a ferramenta, o instrumento de trabalho criado por Deus, usado como símbolo da moralidade, para trazer luz, calor, paz, sabedoria, beleza para muitos corações e amor sem medida no caminho de tantos Irmãos como sem medida foi por eles amado.


Encerrando o seu mandato, que consiga afirmar a todos os obreiros de sua Loja: "não sinto que caminhei só. Obrigado por estarem comigo. Obrigado por me demonstrarem quanto bem me querem. Eu também os quero bem.

Gostaria de continuar, mas é tempo de "passar o malhete" e dizer: MISSÃO CUMPRIDA!"


Em nossas reflexões, que o amor desperte em nossos corações e juntos, com os olhos voltados para frente, consigamos tenacidade para construir o presente e audácia para arquitetar o futuro, por isso, NUNCA DEIXAREMOS NOSSO VENERÁVEL LUTAR E CAMINHAR SÓ!


Se todos nós desejamos ser felizes, devemos ter sempre em mente o provérbio, que diz: "Ao se dividir o amor, multiplica-se a felicidade”.


A fim de vermos no Venerável Mestre de nossa Loja e em cada criatura, um Irmão a quem devemos dar as mãos para a renovação da confiança no Grande Arquiteto do Universo.


Agora você entende o perfil e o segredo de um Venerável justo e perfeito?