quinta-feira, 23 de maio de 2019

MINUTO MAÇÔNICO

ENIGMA 

1º - Questão proposta em termos obscuros, ambíguos, para ser interpretada ou adivinhada por alguém. 

2º - Passam-se os séculos e ninguém define sobre aquela gigantesca estátua (monumento) que tem corpo de leão e a cabeça de mulher. 

3º - Na maçonaria inúmeros enigmas de difícil interpretação, muitos dos quais exigem uma grande dose de fé do maçom, dado a dificuldade de encontrar um adequado esclarecimento. 

4º - Os maçons têm enigmas que passam despercebidos por muitos: a vidência, o toque, aperto de mão, as marchas, palavras, etc... é necessária muita meditação e estudo para desvendá-los. 

5º - Todavia resta o mais importante de todos! O maior de todos os enigmas: o próprio homem, que apesar de todas as buscas continua como uma grande incógnita.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

quarta-feira, 22 de maio de 2019

A MARCHA DO APRENDIZ

A MARCHA DO APRENDIZ
Ir∴ Moisés de Jesus Almeida Rocha
São Paulo, 12 de Abril de 2002.

Técnica Maçônica adotada nos três graus simbólicos para o candidato à perfeição avançar do Ocidente para o Oriente, isto é, das trevas para a luz, do mundo objetivo dos sentidos para o mundo subjetivo do espírito.

Em cada passo e cada grau se opera um avanço maior do que o precedente, e sempre se inicia a marcha com o pé esquerdo, o mais próximo do coração como a indicar que toda atividade e progresso do Maçom devem inspirar-se e basear-se na Lei do Amor, a mais poderosa força do Universo.

Marcha do Aprendiz – Compreende três passos de longitude desigual, e cada passo juntando os pés em ângulo reto. Simbolizam as três qualidades morais que têm de caracterizar a conduta do Aprendiz: Retidão, Decisão e Discernimento e cujo desenvolvimento lhe aumenta gradativamente as capacidades.

A Marcha simboliza a vida em suas três etapas: infância, juventude e velhice.

Também tem o significado da ferramenta essencial do Maçom: a régua, e por isso é feita em linha reta e com seu próprio significado.

A Marcha, no Grau de Aprendiz, efetua-se em três passos iguais, e retilíneos, ficando os pés em Esquadro, figurando a Jóia do 2º V∴, isto é o Prumo ou a Perpendicular.

No Rito Escocês Antigo e Aceito, a Marcha começa com o pé esquerdo e no Rito Moderno com o pé direito.

O Esquadro formado com os pés simboliza a retidão da conduta, sobre o caminho retilíneo que segue todo Maçom.

A Marcha do Aprendiz é indecisa, executando-se passo a passo, significando que a progressão em direção a Luz só é obtida após esforços e prudentemente ampliados.

Pelo fato de sua ignorância nativa, o primeiro passo é um ensaio.

Pela imperfeição da linguagem, o segundo passo do Aprendiz assinalará a prudência.

Finalmente o terceiro passo é realizado com toda a atenção, pois neste momento, o Aprendiz encontra-se em situação de ver a Luz, segundo as suas faculdades.

As opiniões simbolistas sobre a Marcha do Aprendiz são muito variadas, contradizendo-se até.

Para uns, os três passos da Marcha com os pés em Esquadro simbolizam a Primavera do ano, a qual corresponde a infância do Neófito.

Para outros simbolizam os dotes que devem distinguí-lo: Sabedoria, Força e Beleza, sendo o emblema das três grandes fases da sua iniciação: Nascimento, Vida e Morte...

Há várias maneiras de se fazer a Marcha do Aprendiz:

1. O Aprendiz parte com o pé esquerdo com o qual ao juntar-lhe o pé direito, forma o Esquadro, numa marcha natural entrecortada. É a mais comum.

2. O Aprendiz faz os mesmos passos, porém arrasta o pé direito até encostá-lo ao pé esquerdo para formar o Esquadro.

3. O primeiro passo é pequeno, o segundo passo um pouco maior, e o terceiro maior ainda. É usado em certas Obediências francesas e simboliza o progresso que o Aprendiz consegue ao avançar para o Oriente.

Pesquisa – Comentários ao Ritual de Aprendiz - Nicola Aslan - Editora Maçônica – “A Trolha”

Dicionário da Maçonaria. Seus Mistérios, Seus Ritos, Sua Filosofia, Sua História - Joaquim Gervásio de Figueiredo

terça-feira, 21 de maio de 2019

VAIDADE

VAIDADE
(Desconheço o autor)

Meus irmãos, o que estamos fazendo dentro e fora dos nossos Templos? “Estamos levantando Templos às virtudes ou cavando masmorras aos nossos vícios e imperfeições?” 

Eu tenho plena convicção de que não, o que vejo são irmãos imperfeitos frequentando nossos Templos com soberba e vaidade, vejo irmãos de Altos Graus se comportando como se fossem o GADU ou PADU (pequenos arquitetos do universo), pois na realidade são mesmo bem pequenos, pensam e agem como se soubessem tudo, mas infelizmente esqueceram o mais básico dos ensinamentos, somos todos eternos aprendizes, ao Mestre cabe o silencio do saber e não a eloqüência de se mostrar dono da verdade e dos ensinamentos.

Vejam, há pouco participei de uma iniciação, tudo correu muito tranqüilo até a hora que foi dada a palavra ao Soberano. G.`. C.`., esse cidadão que tem a nomenclatura pomposa e nada humilde, resolveu repassar TODA a cerimônia de iniciação, novamente,  por pura vaidade, só vaidade. Bastava fazer um comentário sobre o fato para tentar levar o iniciado a pesquisar sobre o que se passou com ele, não tem que repetir, tem que ser a última palavra, a palavra do S. G. C.. 

Eu vejo que essas pessoas só têm uma idéia do que seja humildade ou a palavra Vaidade. Tentarei explicar, está no Aurélio: Desejo imoderado de chamar atenção, ou de receber elogios: gasta bilhões por mera vaidade. / Idéia exageradamente positiva que alguém faz de si próprio; presunção, fatuidade, gabo: não teria a vaidade de intitular-se sábio. / Coisa vã, fútil; futilidade. / Alarde, ostentação, vanglória.” e o sinônimo é orgulho, ostentação, soberbia, ufania e vanglória

Está ai a definição, não é possível que continuemos repetindo e repetindo sempre as mesmas coisas e continuarmos fazendo errado, o grande Benjamin Franklin disse “O orgulho que se alimenta da vaidade termina em desprezo” ou vice versa. 

Na realidade se continuarmos a massagear continuamente essas pessoas, continuaremos a alimentar um erro, temos que ter hierarquia, concordo, temos que respeitar a liberdade do irmão, condição esta sine qua non do bom maçom, mais temos que nos tratar como iguais também, somos iguais sendo diferentes, quando galgamos Graus, nada mais é do que o reconhecimento de nossa própria sabedoria não é? 

Então porque esse excesso de firulas e de orgulho e de referencias superlativas etc. Será que não basta ser Grão Mestre ou Venerável, temos que ser Venerabilíssimo, Sereníssimo ou Soberano para podermos ser mais Maçom que os outros? Não, respondo, não, definitivamente não. Salomão, ele mesmo, nossa fonte eterna de inspiração diz “desgraça está a um passo do orgulho: logo depois da vaidade vem a queda”. O livro da Lei traz em média 58 versículos aonde encontramos referencias sobre a palavra Vaidade, a saber: II Reis (1); Salmos (8); Provérbios (1); Eclesiastes (26); Isaias (3); Jeremias (6); Ezequiel (4); Oséias (2); Zacarias (1); Romanos (1); II Pedro (1). Outros autores nossos como Nicola Aslan, Cammino e o próprio Castellani de quem eu nem gosto muito, são fartos em definir e tentar explicar a Vaidade dentro da Maçonaria. Resumidamente define a Vaidade como a “qualidade” do caráter do que é vazio de valor, sem consistência ou fundamento. Caráter do vaidoso que apregoa um valor que não tem ou acoberta um real interesse, que estima excessivamente um valor pessoal, com desejo oculto de atrair a admiração dos outros. Nicola Aslan, em seu “Dicionário de maçonaria e simbologia cita que “O Vaidoso considera-se superior a todos, em relação a seus dotes reais ou imaginários, e sente-se ofendido ou amesquinhado quando posto em confronto desfavorável com outros indivíduos. Chama-se isso vaidade ferida, que é muitas vezes, causa de comportamentos anti-sociais. O individuo, em seus julgamentos, tem consciência clara de seus dotes reais, não como motivo de orgulho, mas de responsabilidade em utilizá-los para fins morais mais elevados, e tem igualmente consciência de suas limitações, sem, todavia deixar-se abater por esse motivo”. Infelizmente nossa amada Ordem favorece a esse tipo de comportamento. É comum vermos irmãos com posturas que, examinados a luz de uma visão mais apurada, demonstram apenas Vaidade. Nossa ordem é a melhor escola humanista que eu conheço e disso ninguém pode duvidar, ela expõe aos seus adeptos a capacidade de modificação no comportamento e na visão geral da sociedade, principalmente na moral e na ética. Bem diante deste pequeno texto quero deixar claro que temos e precisamos melhorar ou podemos cair no senso comum de sermos iguais a tantos outros por ai. Claro que somos diferentes, mesmo sendo iguais, somos diferentes e temos que mostrar e demonstrar isso de forma clara aos nossos aprendizes, companheiros e mesmo os mestres. Temos que ser reconhecidos como maçom. Esse pequeno artigo tem por intenção despertar em todos um interesse maior e a curiosidade, para que os irmãos busquem produzir uma peça de arquitetura mais profunda e possam assim iluminar as nossas oficinas.

 “Não existem segredos na Maçonaria para aqueles que se propõem a estudar, mas para os que com isso não se importam, liturgia e ritualismo maçônicos não tem sentido. A maior parte só vê a casca e cedo se desilude; não conhece a amêndoa gostosa que se oculta no interior e torna-se o prêmio reservado aos estudiosos, que os aproxima, cada vez mais, da iniciação Real”

Nicola Aslan

Fonte:ESTUDOS

segunda-feira, 20 de maio de 2019

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
Ir∴ Nêodo Ambrosio de Castro

O Rito Escocês Antigo e Aceito, nasceu na França, como "o rito dos Stuart, da Inglaterra e da Escócia" tendo sido a primeira manifestação maçônica em território francês (1649), antes mesmo da fundação da Grande Loja de Londres (1717).

Desde a criação da Grande Loja de Londres em 1717, apareceram na França dois ramos distintos da Maçonaria. Um dependente da Grande Loja de Londres e outro (escocês) autônomo que não estava ligado a nenhum sistema obediencial.Viviam sob o antigo preceito maçônico de que os maçons tinham o direito de constituir lojas sem prestar contas de seus atos a uma autoridade ou poder supremo ("O Maçom Livre na Loja Livre").

As Lojas Escocesas eram maioria na França. Até 1766, somente três Lojas, entre as 487 Lojas existentes, tinham patente da Grande Loja de Londres.

Em 1758 criou-se, no escocesismo, os altos graus (25 graus do chamado rito de Héredom) que, no entanto, só foi plenamente estabelecido 1801 com a fundação em Charleston (Estados Unidos), do primeiro Supremo Conselho do Mundo do chamado Rito Escocês Antigo e Aceito.

A DOUTRINA INICIÁTICA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

Os principais pontos da Doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito estão contidos nas instruções dos três Graus Simbólicos.

Embora existam variações de Obediência para Obediência e de país para país, as linhas mestras de doutrina estão sempre presentes e podem servir para os ensinamentos em qualquer parte do mundo. São elas:

1. A maçonaria é uma associação íntima de homens e mulheres escolhidos, cuja doutrina tem por base o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus; como regra: a lei Natural; por causa: a Verdade, a Liberdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos: a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por finalidade: a felicidade de todos os povos, que ela procura, incessantemente, reunir sob sua bandeira de Paz. Assim, nunca deixará, a Maçonaria, de existir no gênero humano.

2. Os deveres de um Maçom são:

· Honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo, a quem agradece, todos os dias,pelas boas ações que pratica, em relação ao próximo, e os bens que lhe couberem em partilha. 

· Tratar todos os seres humanos como seus iguais irmãos, sem distinção de sexo, raça, nacionalidade e classe social. 

· Combater a ambição, o orgulho, o erro e os preconceitos. 

· Lutar, sempre, contra a ignorância, a mentira, o fanatismo e a superstição, que são flagelos provocadores de todos os males que afligem a humanidade e impedem o progresso. 

· Praticar a justiça recíproca, como verdadeira salvaguarda dos direitos e dos interesses de todos, e a tolerância, que dá, a cada um, o direito de escolher suas opiniões e seus credos religiosos. 

· Deplorar os que erram, esforçando-se, todavia, para reconduzi-los ao caminho da Verdade. 

· Socorrer os infortunados e os aflitos. 

Esses deveres são cumpridos, porque o Maçom deve ter fé, que lhe dá a Coragem, a Perseverança, que vence os obstáculos, e o Devotamento , que o leva a praticar o Bem, mesmo com o risco de sua vida e sem esperar nenhuma outra recompensa além da tranqüilidade de consciência.

3. O Sinal do Primeiro Grau significa a honra de saber guardar o segredo preferindo ter a garg\cort\a revelar os Mistérios da Ordem; significa também, que o braço direito, símbolo da Força, está concentrado e imóvel para defender a Maçonaria, com suas Doutrinas e seus Princípios.

4. Os passos em esquadria, representam o cruzamento de duas linhas perpendiculares, único caso em que formam quatro ângulos retos iguais, simbolizando a Retidão do caminho seguido e a Igualdade, um dos princípios basilares da Instituição.

5. O candidato à iniciação consegue penetrar no Templo por três pancadas, cujo significado é: "Batei e sereis atendido; pedi e recebereis; procurai e encontrareis".

6. O candidato deve ser recebido numa Loja justa, perfeita e regular. Para que uma Loja seja Justa e Perfeita, é preciso que três a governem, cinco a componham e sete a completem. Existe outro conceito: Uma Loja é justa quando estão presentes, no mínimo, sete Obreiros, e é perfeita quando o Livro da Lei está aberto sobre o Altar dos Juramentos. Loja regular é aquela que pertence a uma Obediência Maçônica regular e reconhecida.

7. A venda nos olhos do candidato simboliza as trevas e os preconceitos do mundo profano, mostrando, também, a necessidade que tem o ser humano, de procurar a luz entre os iniciados. O pé descalço, além de demonstração de respeito ao adentrar o Templo, provocará uma marcha claudicante, que simboliza o árduo caminho do candidato, em direção a luz. O braço e o peito desnudos significam que o candidato dará o seu braço em defesa da Ordem e o seu coração a todos os seus Irmãos. As pontas do Compasso, sobre o peito, mostram, ao candidato, que, se em sua vida profana, os seus sentimentos e as suas ações não foram reguladas por esse instrumento da exatidão, isso deverá acontecer a partir de sua Iniciação.

8. A Pedra Bruta é o emblema do Aprendiz, com representação de tudo aquilo que se deve ser aperfeiçoado. O trabalho de desbastamento, esquadrejamento e polimento da Pedra Bruta simboliza o próprio aperfeiçoamento moral e espiritual do Neófito.

9. As Colunas Vestibulares do Templo possuem, simbolicamente, as dimensões das colunas do Templo de Jerusalém: 12 de circunferência, 12 de base e 5 nos capitéis. Essas dimensões, para colunas não destinadas à sustentação, vão contra as regras da Arquitetura, no sentido de mostrar que a Ciência e o Poder do Grande Arquiteto do Universo estão além das dimensões e dos julgamentos humanos. As romãs, que as adornam, com milhares de sementes contidas no mesmo fruto, embora em diversos compartimentos, simbolizam o próprio povo maçônico universal, que, por mais multiplicado que seja, constitui uma só família.

10. O Pavimento de Mosaico, formado por elementos brancos e negros, e o emblema da irregularidade do solo e das dificuldades da caminhada iniciática; simboliza, também, os opostos; a Virtude e o vício, a Boa e a má sorte, a Sabedoria e a ignorância, o Bem e o mal. Com os quadrados brancos e negros, unidos pelo mesmo cimento, ele é o símbolo, também, da união entre os Maçons do planeta, independentemente de raças, cores e credos políticos e religiosos.

11. A Espada Flamejante é o símbolo da Justiça, que deve punir todos os que se afastarem do caminho do Bem; mostra, também, com sua forma estilizada de um raio, que a justiça deve ser pronta e rápida, como um raio.

12. O Esquadro, como jóia do Venerável Mestre, mostra que o dirigente de uma Oficina deve, sempre, pautar os seus atos pela mais absoluta retidão de caráter. O Nível, jóia do Primeiro Vigilante, simboliza a igualdade social, que é a base do direito natural. O Prumo, jóia do Segundo Vigilante, mostra que o Maçom deve ser reto em seus julgamentos, sem ser influenciado por interesses pessoais, ou pelos seus próprios sentimentos. O Nível e o Prumo, separados, nada valem numa construção; ambos, todavia, completam-se, mostrando-se, que o Maçom deve cultuar a Igualdade, nivelando todos os seres humanos, e a Retidão, que não o deixará pender, para qualquer dos lados, pela amizade, ou pelo interesse.

13. A Loja, simbolicamente, apoia-se em três colunas (ou pilares); Sabedoria, Força e Beleza. O Venerável representa a coluna da Sabedoria porque dirige os Obreiros; o 1º Vigilante representa a coluna da Força porque paga, aos Obreiros, o salário, que é a força e a manutenção da vida; o 2º Vigilante representa a coluna da Beleza, porque faz repousar os Obreiros, fiscalizando o seu trabalho. A Sabedoria, a Força e a Beleza são complementos de todas as obras humanas; sem elas nada é perfeito e durável, pois a Sabedoria cria, a Força sustenta e a Beleza adorna.

14. A Maçonaria combate a ignorância, em todas as suas formas, porque a ignorância é a mãe de todos os vícios e o seu princípio é nada saber, saber mal o que se sabe e saber coisas outras além do que deveria saber. Não pode, o ignorante, medir-se com o sábio, cujos princípios são a tolerância, o amor e o respeito a si próprio. É por isso que os ignorantes são irascíveis, grosseiros e perigosos; perturbando e desmoralizando a sociedade, evita que os seres humanos conheçam os seus direitos e saibam, no cumprimento dos seus deveres, que, mesmo com constituições liberais, um povo ignorante é escravo.Inimigos do progresso, afugentam as luzes, aumentam as trevas e permanecem em eterno combate contra a Verdade, a Perfeição e o Bem.

15. A Maçonaria combate o fanatismo, porque a exaltação religiosa perverte a razão e leva os insensatos à prática de ações condenáveis, em nome de Deus e sob o pretexto de honrá-lo. O fanatismo é uma doença mental, desgraçadamente contagiosa, que, estabelecida num país, toma foros de lei, como nos execráveis autos da fé, que fizeram perecer milhares de homens e mulheres úteis a sociedade. A superstição é um falso culto mal compreendido, pleno de mentiras, contrário a razão e as idéias sãs, que se deve fazer de Deus; é a religião dos ignorantes, dos timoratos. O fanatismo e a superstição são os maiores inimigos da religião e da felicidade das nações.

16. A Solidariedade, que deve existir entre os Maçons, é a mais pura e fraternal, mas deve ser restrita aos que praticam o bem e sofrem os espinhos da vida; aos que, nos trabalhos lícitos e honrados, são infelizes; aos que embora com fortuna, sentem na alma, o amargor das desgraças. Onde houver uma causa justa, aí deverá se fazer sentir a solidariedade maçônica. Quando, entretanto, um Maçom , olvidando os princípios da Ordem, desvia-se da moral, tornando-se um mau cidadão, um mau pai, uma má mãe, um mau filho, uma má filha, um mau marido, uma má esposa, um mau irmão, uma má irmã, um mau amigo e uma má amiga; quando, cego pelo ódio ou pela ambição, pratica atos considerados indignos de um Maçom, ele rompe o compromisso de solidariedade que não mais poderá existir, pois, se ela fosse mantida, haveria a conivência com atos degradantes. Assim, o Maçom que procede mal, perde todo o direito ao auxílio material e, principalmente, ao amparo moral de seus Irmãos.

17. A Maçonaria combate a escravidão, porque todo o ser humano é livre, podendo, porém, estar sujeito a entraves sociais, que o privem, momentaneamente, de uma parte de sua liberdade e - o que é pior - o tornem escravo de suas próprias paixões e de seus preconceitos. É desse jugo, exatamente que se deve libertar o candidato à Luz Maçônica, já que o ser humano que abdica, voluntariamente, de sua liberdade, não pode contrair nenhum compromisso sério.

18. Os instrumentos necessários à transformação da Pedra Bruta em Pedra Cúbica são: a princípio, o Maço e o Cinzel, em seguida a Régua e o Compasso, depois a Alavanca e, finalmente, o Esquadro. O Maço e o Cinzel, como instrumentos destinados e desbastar a Pedra Bruta, mostram, ao Maçom, como devem ser corrigidos os seus defeitos, tomando sábias resoluções (simbolizadas pelo Cinzel), que uma enérgica determinação (simbolizada pelo Maço) coloca em execução. A Régua, permitindo o traçado de linhas retas, que se podem prolongar ao infinito, simboliza o direito inflexível, a lei moral, no que ela tem de mais rigorosa e imutável. A esse absoluto, opõe-se o círculo da relatividade, cujo raio é medido pelo afastamento das hastes do Compasso; como são limitados os meios de realização humana, o plano de trabalho deve ser traçado, levando em conta não só a idéia do abstrato, que deve ser seguida (Símbolo= Régua), como a realidade concreta (Símbolo=Compasso), com as quais o ser humano está acostumado. A Alavanca simboliza o poder irresistível de uma inarredável vontade, quando sabiamente aplicada; a Régua, todavia, é aplicada junto com a alavanca, para mostrar os limites do poder e por que a vontade só é invencível quando colocada a serviço do direito absoluto. O Esquadro, permitindo controlar o corte das pedras,que devem ser regulares, para que se ajustem umas as outras, com exatidão, determina, ao Maçom, que a perfeição consiste, para o ser humano, na justeza com que se coloca na sociedade,

19. O sábio humilha-se, sempre, quando em presença de uma verdade que ele reconhece superior à sua compreensão, esquiva-se, assim, de ser o instrutor das multidões, porque, conscientemente, jamais poderia satisfazer-lhes a justa curiosidade e, na impossibilidade de fazê-las compreender o erro e de conduzi-las ao real caminho da Verdade, abandona-as às suas grosseiras fantasias. O verdadeiro Iniciado, todavia, tem o dever de acudir em auxílio a todos os que ele julgar iniciáveis, daquele que, independentes, revoltam-se contra as tiranias e as arbitrariedades, pois estes merecem ser ensinados a procurar os níveis, daquele que, independentes, revoltam-se contra as tiranias e as arbitrariedades, pois estes merecem ser ensinados a procurar o Real, o Verdadeiro, sem a preocupação, nem a esperança de triunfo, que só é alcançado pelo repouso de uma inteligência satisfeita. Embora, na realidade o ser humano nunca possa chegar a saber, ele procura saber, buscando, avidamente, adivinhar o Eterno Enigma, o enigma da vida, crente de que este é o seu mais nobre e mais elevado destino. A Verdade, esse mistério inacessível, que atrai o ser humano com uma força irresistível, é muito vasta, muito viva, muito livre e bastante sutil, para se deixar prender, imobilizar, estereotipar e petrificar na rigidez de um sistema qualquer que ele seja. Os artifícios e as roupagens com as quais a Verdade é revelada, para ser dada ao conhecimento público, só servem para deturpá-la, tornando-a, geralmente, irreconhecível, já que tudo o que se procura objetivar com o auxílio de subterfúgios, será sempre um reflexo ilusório, uma imagem apagada da grande Verdade, que o Iniciado busca, em vão, contemplar e encarar. Para isso, ele recebe a iniciação, que ensina, principalmente co Companheiro e, em primeiro lugar, a esquecer tudo aquilo que lhe é próprio, para, em seguida, concentrar-se, descendo ao âmago dos próprios pensamentos, com o intuito de se aproximar da fonte da pura Verdade, instruindo-se, assim, não pelas sábias lições dos Mestres, mas pelo exercício constante de Meditação. Assim procedendo, ele não conseguirá, naturalmente, aprender tudo quanto encerram os livros e ensinam as escolas. Mas, para que sobrecarregar a memória, se, muitas vezes o ser humano engana-se com o caráter ilusório do que lhe parece verdadeiro? o simplesmente ignorante está mais próximo da verdade do que do fátuo e arrogante, que se jacta de uma ciência enciclopédica, apoiada, unicamente, em falsas noções. Em matéria de saber, a qualidade supera a quantidade; é preferível saber pouco, mas este pouco saber bem. Deve, o Iniciado, saber distinguir o real do aparente, não se apegando, apenas, às palavras, às expressões, por mais belas que elas pareçam; deve se esforçar para discernir aquilo que é inexplicável, intraduzível, a Idéia-Princípio, o âmago, o espírito, sempre mal e imperfeitamente interpretado nas mais bem construídas frases. Só dessa maneira é que ele afastará as trevas do mundo profano e atingirá a clarividência dos Iniciados verdadeiros. Estes se distinguem pela penetração de espírito e pela capacidade de compreensão que possuem. Grandes sábios e célebres filósofos têm permanecido profanos, por não terem compreendido o que obscuros pensadores conseguiram discernir por si mesmos, à força de refletirem e meditarem, no silêncio e no recolhimento. Para ser um verdadeiro Iniciado, pode-se ler pouco, mas pensar muito, meditar sempre e, principalmente, não ter receio de sonhar.

20. Tudo, no mundo, parece, com exceção do sol, da inteligência e do amor, de que o Grande Arquiteto do Universo se fez o santuário, onde desmoronam os lances infernais do gênio do mal, que tende a secar as fontes da felicidade humana. A Maçonaria nasceu e fortificou-se para enfrentar, destemidamente a todos os males que enfraquecem o ser humano. Ao ser recebido no Grau de Mestre, o Iniciado terá a plena certeza de que é digno de partilhar dos trabalhos constantes dos Maçons, na guerra, em que, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, empenham todos os seus esforços e todo o seu amor em prol da humanidade. Sua responsabilidade estará aumentada; se a Ordem lhe assegura, por toda parte passagem e proteção, ela espera, também, o seu esforço contínuo, o seu trabalho ininterrupto, em favor da libertação das inteligências oprimidas, e a sua coragem, a toda prova, quando precisar se arriscar para salvar os seus Irmãos. O Mestre deve irradiar, por toda a parte a luz que recebeu; deve procurar, na sociedade profana, os corações bem formados, as inteligências livres, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil, buscam uma vida nova e podem se tornar elementos úteis e poderosos para a difusão dos princípios maçônicos; deve aprender a dominar-se e fugir de todo sectarismo. Sendo amigo da Sabedoria, deve guardar sempre, o equilíbrio mental, que caracteriza o ser são de espírito. Não se constrói um edifício, apoiando-o sobre uma única coluna; assim, o Mestre deve saber, no seu trabalho de construção moral e intelectual, equilibrar, sempre, os ensinamentos da razão com os sentimentos do coração. Deve recordar que a Maçonaria vai sempre, em auxílio dos desgraçados, quaisquer que sejam suas opiniões; que, em sua ação social, ela liberta as consciências e reaviva a coragem daqueles que nada mais esperam. Deve saber, enfim, o Mestre, que, se como um novo Hiram Abi, ele estiver a ponto de receber um golpe fatal, vibrado por inconscientes e revoltados, todos os seus Irmãos saberão defendê-lo e que, se sucumbir gloriosamente, no cumprimento do dever, todos os Mestres dedicados procurarão, mais tarde, os vestígios de suas obras, porquanto o ramo de acácia servirá para que reconheçam os esforços que ele fez, em benefício do desenvolvimento da Sublime Ordem.

21. Os instrumentos necessários à complementação do trabalho simbólico dos Maçons são: o Cordel, o Lápis e o Compasso. Nas construções, o cordel serve para marcar todos os ângulos do edifício, fazendo-os iguais e retos, para que os alicerces possam suportar a estrutura; com lápis, o arquiteto traça os diversos planos para a construção e orienta os operários; o compasso serve para determinar, com precisão, os limites e as proporções das diversas partes da construção. Já na Maçonaria, que é simbólica e não mais de ofício (ou operativa), esses utensílios são aplicados por analogia, aos preceitos da moral difundida pela Ordem. Dessa maneira, o cordel indica a linha de conduta do Mestre, sem falhas e baseada nas verdades contidas no Livro da Lei; o lápis adverte-o que seus atos, palavras e pensamentos são observados pelo Grande Arquiteto do Universo, a quem ele deve prestar contas de seu procedimento na vida; o compasso, por fim, lembra a justiça de Deus, imparcial e infalível, mostrando que é necessário distinguir o Bem do mal, a justiça da iniqüidade, para que o Mestre fique em condições de apreciar e medir, com justo valor, todos os atos que tiver que praticar.

22. A união do Esquadro e do Compasso forma a insígnia do Mestre. O Esquadro regula o trabalho do Maçom, que deve agir com retidão, inspirado na eqüidade; o compasso dirige essa atividade esclarecendo-a, para que produza a mais judiciosa e fecunda aplicação. O compasso, todavia, é que é o utensílio dos Mestres, pois só eles sabem manejá-lo com precisão, medindo todas as coisas, levando, porém, em consideração a sua relatividade. A razão do Mestre, fixa como a cabeça do compasso, julga os acontecimentos de acordo com as causas ocasionais; o seu julgamento inspira-se não nas rígidas graduações da Régua, mas num discernimento, baseado na adaptação rigorosa da lógica à realidade. 

Ir∴ Nêodo Ambrósio de Castro - M I - 32º REAA
ARLS Centenária Benso di Cavour n° 028 - GLMMG
Or∴ Juiz de Fora MG

sábado, 18 de maio de 2019

ESMIUÇANDO A MAÇONARIA

ESMIUÇANDO A MAÇONARIA (LOJA)
Ir∴ Valdemar Sansão

Loja Maçônica em ação pratica o que une e afasta o que divide. A vida maçônica é intensa. Lembrem-se: “Onde estiverem reunidos em Meu nome, lá estarei”.

Definição – Na Maçonaria, Loja é o Templo onde os maçons se reúnem para os seus rituais e, mais do que um espaço físico determinado, representa o universo.

É a agremiação de Maçons regulares, em número limitado, a partir de sete, dentre os quais três Mestres. O local em que uma sociedade maçônica realiza suas Sessões e, por exemplo, qualquer corporação maçônica (na realidade, prefere-se falar em Templo para designar o local de reunião, reservando o vocábulo Loja para designar a corporação). Ao final de uma Sessão, a Loja é considerada fechada, mas o Templo continua aberto, para outras Lojas. 

Sete ou mais Mestres Maçons regulares, munidos de documentos comprobatórios dessa qualidade, poderão reunir-se para fundar uma Loja.

Lojas Simbólicas – São todas as Lojas que trabalham ou se dedicam aos graus do simbolismo. Estas Lojas estão ligadas às Grandes Lojas ou aos Grandes Orientes. Também chamadas de Loja Azul. Composta de pessoas honradas que se escolheram porque se agradam reciprocamente; uma Loja toma o aspecto de uma família. Vivendo juntas durante muito tempo, estas pessoas têm por finalidade fazer com que desabroche no ser humano a harmonia da razão e do sentimento, e seria faltar tanto a uma como a outro se fossem esquecidas as benéficas emoções de uma camaradagem plasmada de estima e confiança.

Oficinas - Esse nome deriva das antigas associações e corporações dos artesãos, quando a Maçonaria era o reduto de trabalho manual; posteriormente, esse trabalho passou a visar o bem-estar social; finalmente, o trabalho foi sublimado, sendo os materiais trabalhados os que compõem o próprio ser humano, sob todos os aspectos, inclusive com o “auto aperfeiçoamento”.

As arestas produzidas pelos vícios, o maçom deve retirar de si mesmo, como as imperfeições, a desobediência e as omissões. É um trabalho constante, de modo que a oficina maçônica está sempre em funcionamento. A atividade do maçom não se restringe à frequência de sua Loja, uma vez por semana. Todos os dias da semana são dias de trabalho e de oficina. O trabalho é permanente; em Loja, o maçom comparece para “recarregar” as suas baterias gastas. A comodidade e a preguiça são males a serem superados; o maçom está sempre em vigília e à espreita da oportunidade de auxiliar os seus Irmãos e a sociedade. O pecado não está em “fazer”, mas sim em “deixar de fazer”. O desleixo equivale ao atrofiamento.

Estar a coberto – Diz-se que a Loja está a coberto quando a porta estiver fechada, isso no sentido material; “estar a coberto” significa, porém, que no Templo está presente o Grande Arquiteto do Universo, com seu poder protetor que a todos “cobre”. 

O importante convívio - Na entrada da Loja, devem ficar esquecidas as preocupações do trabalho e dos negócios, abandonando as realidades da vida em troca de alguns momentos de lazer de ordem intelectual e moral, deixados de lado, momentaneamente, os interesses materiais por importantes que possam ser a fim de se desfrutar da satisfação de um ensino elevado, de uma filosofia na qual o bom-senso se encontra à vontade e onde o prazer de um convívio amigo é só o que realmente tem valor. Uma hora de alegria sadia proporciona uma boa reserva de forças para o labor do dia seguinte. Um dos segredos do maçom, é que sabem levar a vida pelo lado bom, por isto, na Loja, não existem discussões sobre questões irritantes; apenas troca de ponto de vista como deve ser entre as pessoas bem educadas, após o que cada qual deve meditar sobre o que ouviu; naturalmente nada de política, pois a paixão política inflama o jogo. Quem se acha possuído pela paixão política é incapaz de compreender a Maçonaria, pois lhe relembra constantemente: Pratico o que une e afasto o que divide.

A Grande Obra – Por Grande Obra é conhecida a Maçonaria Universal, sem distinção de obediências ou ritos. A Grande Obra é a construção do Templo Social, do Templo Moral e do Templo Espiritual. O Maçom é chamado à ordem, se fizer eco preocupações mesquinhas. A Grande Obra é a busca da perfeição maçônica, dentro dos preceitos da instituição. Nela se reúnem os Iniciados para trazer o seu concurso à Grande Obra, eterna como o Progresso e sem limites em sua aplicação. Tendo um imenso Templo a construir, os maçons não prostituem a sua Arte sujeitando-a a tarefas profanas; eles têm de, em si próprios, reformar o Homem, universal em sua essência. A inércia vicia e prejudica; o entusiasmo contagia e beneficia.

Planejamento – A vida moderna exige que os atos individuais e públicos, grupais ou econômicos, sejam programados. Hoje, a ciência conta com o computador que é o aparelho eletrônico eficiente para as programações. 

Qualquer entidade, religiosa, cultural, recreativa, científica, etc., deve programar as suas atividades, para evitar o caos. A Maçonaria nada faz sem prévia programação; dentro dos trabalhos modestos de uma Loja Maçônica, o Venerável Mestre somente terá êxito na sua gestão se programar os seus trabalhos; essa programação apresenta partes distintas: programação de sua gestão, que poderá ser anual, consoante o período para que foi eleito, ou abrangendo dois ou mais anos; poderá ser mensal ou semanal, considerando que cada sessão deve obedecer uma programação específica. Diante dessa prática, o maçom, por sua vez, como reflexo eficaz, deverá programar a sua vida familiar, profissional e espiritual. Toda programação obedece à experiências passadas, a dos mais capazes e a previsão do que possa advir. Se o mundo refletisse antes de tomar qualquer decisão, este mundo não seria o acúmulo constante de perturbações e violências. Nenhum ato pode o maçom praticar sem tê-lo, antes “refletido”. 

A Sala dos Passos Perdidos – Não podemos esquecer que ao adentrar o edifício onde a Loja se localiza, estaremos ingressando em uma Loja maçônica, não em clube, nem em dependências profanas. Muitos maçons ignoram que a sala dos Passos Perdidos é uma das antecâmaras do templo e o seu comportamento reflete os hábitos profanos, quando deveria ser um local de respeito e de satisfações, momentos de troca de cumprimentos, de observação, de tratos sobre a próxima entrada em templo, passando pelo Átrio Purificador. 

O nome “Passos Perdidos” traduz desorientação, mas apenas inicial, uma vez que de imediato surgirá o rumo certo, em especial quando o M∴CCerim∴ estender o convite ao ingresso no Átrio. 

O comportamento do maçom deve ser preparatório para o ingresso em templo; uma preparação educada e consciente, aptos para a purificação no Átrio. O Átrio é a antecâmara do templo, onde o M∴CCerim∴ conduz os Irmãos para prepará-los para adentrar no recinto sagrado.

Trabalho de apoio - Cabe a nós, Maçons, o trabalho de apoio constante à Lojas Maçônicas, porque elas são, indubitavelmente, as unidades fundamentais da Maçonaria. É pela Loja bem organizada, bem estruturada, que realiza a sua tarefa realmente à luz da doutrina maçônica em toda a sua plenitude, que teremos condições, não só de fazer uma divulgação, mas executar a difusão concreta, constante, que se vai consolidando cada vez mais junto à própria sociedade. As Lojas Maçônicas, portanto, deve ser a nossa meta natural de apoio, para que possam não apenas realizar bem o seu trabalho, mas que possam também, explorar todas as possibilidades e potencialidades que carregam consigo, a fim de que atendam aos objetivos para as quais criadas.

Destacamos que temos também, como maçons, o natural dever de atender em tudo que for possível às necessidades de Irmãos de outras Lojas de pequeno número de obreiros; reclamam de nós um acompanhamento de apoio, uma ação permanente sobre elas. Cumpre aos maçons sinceros de todas as latitudes unirem-se, ajudar-se mutuamente, expandirem a rica literatura maçônica, usarem a tecnologia moderna, em suma, trabalharem com entusiasmo a palavra escrita e oral em prol desse nobre ideal e em favor dos que o desconhecem.

Concluindo – A nossa colaboração é modesta; no entanto é válida porque é oferecida com amor fraterno, na ânsia de buscar mais e melhor, para a Glória do Grande Arquiteto do Universo!

P.S. – De que adianta termos voz, se nos calarmos diante das injustiças do mundo? Para que servirão nossos olhos, caso desviemos o olhar do sofrimento do próximo?

sexta-feira, 17 de maio de 2019

UM MAÇOM CHAMADO CASTRO ALVES

UM MAÇOM CHAMADO CASTRO ALVES

Castro Alves ou Antônio Frederico de Castro Alves, maçom, escritor e poeta brasileiro. Nasceu em Fazenda Cabaceiras, Castro Alves, Bahia em 14 de março de 1847. Batizado em 6 de julho de 1871. Faleceu em Salvador, Bahia em 6 de julho de 1871 com 24 anos de idade. Seu prestígio e popularidade foram importante auxílio à campanha que acabou por criar a Lei do Ventre Livre 1871 que proibia a escravidão de filhos de cativos nascidos a partir daquele ano. Poeta do amor e da natureza. 

As provas de sua iniciação foram destruídas em 1953 quando o arquivo da loja Amizade de São Paulo foi roubado e certamente destruído. Acredita-se que sua passagem pela Maçonaria foi curta.

É o patrono da Cadeira n. 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.

14/03/1918, Conferência no Liceu de Artes e Ofícios para comemorar o aniversário de Antônio Frederico de Castro Alves.

Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o primeiro ano em 65, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.

Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração e tomou consciência do seu papel de poeta social. Escreveu o drama Gonzaga e, em 68, vai para o Sul em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa.

No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi afinal amputado no Rio, em meados de 1869. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 70 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a saúde comprometida pela tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.

Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora Agnese Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 70, numa das fazendas em que repousava, havia completado A cascata de Paulo Afonso, que saiu em 76 com o título A cachoeira de Paulo, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: "Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio."

Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada da sensualidade de um autêntico filho dos trópicos, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloqüência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando completamente o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.

Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de "Cantor dos escravos". A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloqüência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.

Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da história. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, não se podia
elevar a objeto estético. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.

Obras: Espumas flutuantes (1870); Gonzaga ou a Revolução de Minas (1876); A cachoeira de Paulo Afonso (1876); Os escravos, obra dividida em duas partes: 1. A cachoeira de Paulo Afonso; 2. Manuscritos de Stênio (1883). Obras completas Edição do cinqüentenário da morte de Castro Alves, comentada, anotada e com numerosos inéditos, por Afrânio Peixoto, em 2 vols.

Fonte: JBNews nº 125

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Juramento e compromisso maçónicos...


                                                                                                                (imagem proveniente de Google Images)

Quando se segue uma Via Espiritual ou se é admitido numa Ordem de tipo esotérico-iniciática tal como a Maçonaria se define, é habitual o novo membro efetuar um juramento no momento da sua admissão ou durante a execução de uma cerimónia de cariz iniciático, no qual se assume um determinado compromisso. E somente após a realização desse juramento é que o neófito é recebido e integrado no seio da respetiva Ordem. 

No caso que irei abordar e que será sobre a Maçonaria, é natural quando se fala emcompromisso maçónico também se abordar simbióticamente o juramento maçónico. Tanto um como o outro são indissociáveis, porque um obriga ao outro e o mesmo, reciprocamente.

Durante o desenrolar de uma Iniciação Maçónica, no seu “ponto alto”, o neófito concorda em submeter-se a um juramento onde assume como compromisso de honra, aceitar e respeitar as Regras, Usos e Costumes da Maçonaria bem como as regras e leis do país onde se encontra sediada a Obediência Maçónica e a respetiva Loja da qual irá fazer parte. Nomeadamente e de entre os vários princípios maçónicos que se aceitam cumprir, os mais conhecidos pelo mundo profano são a Fraternidade entre todos os Irmãos, a prossecução do espírito da  Liberdade na Sociedade Civil e o sentimento de Igualdade entre todos.

Assim, assumir-se um compromisso com a Ordem Maçónica é assumir-se um compromisso pela Ordem e a bem da OrdemIsto é que é o tão  propalado estar à Ordem.

 E estar-se é mais do que o ser-se! E digo isto porque qualquer um pode “o ser, mas “estar apenas se encontra ao alcance de poucos… 

Estar implica sacrifício, comprometimento, trabalho, prática e estudo, e isto de forma incansável e perene. 

Por isto é que assumir um compromisso deste género e com a relevância que este tem, nunca deverá ser feito de forma leviana; o mesmo se passa com os outros compromissos que se assumem durante a nossa vida profana e que também não devem ser assumidos se não estivermos capacitados para os cumprir. 

-Há que se ter a noção daquilo a que nos propomos a fazer-. 

 Por isso é que o compromisso maçónico é feito com a nossa Palavra e sobre a nossaHonraDesvirtuar estas duas qualidades, é desvirtuar a própria Maçonaria. 

Da mesma forma que, se não respeitarmos a nossa palavra e não mantivermos a nossa dignidade na sociedade civil, também não somos dignos de nela estarmos integrados e sofreremos as consequências ou punições que forem legitimadas pelas leis do país. 

De certa maneira, a Maçonaria atua e se assemelha com a sociedade profana, com as suas leis e os seus costumes, competindo aos maçons respeitar a sua aplicação e observar o seu cumprimento. É mais que um dever ou obrigação tal. É a assumpção que assim o deve ser e nada mais! 

Porque assim tem funcionado há quase três séculos e o deverá continuar a ser noutros tantos…

Aliás, ainda na Maçonaria contemporânea se encontra algo que dificilmente se encontra na profanidade atualmente, ou seja, o valor da palavra sobre a escrita. O que não deixa de ser curioso dados os tempos que correm. 

Nesta Augusta Ordem, ainda hoje aquilo que um maçom afirma tem um valor tal, que se poderá assumir que não necessitará de ser escrito para que o seja considerado; basta se dizer, que assim o será. 

O tal “contrato verbal” na Maçonaria ainda hoje tem lugar. E somente pessoas de bons costumes o usam fazer, pois a sua honra e a sua conduta serão sempre os seus melhores avalistas.

Não obstante, o compromisso maçónico ao ser albergado por um juramento, obriga a que quem se submete a ele, o faça de forma permanente. Não se jura somente aquilo que gostamos ou somente aquilo que nos dá jeito cumprir. 

Quando entramos para a Maçonaria sabemos que, tal como noutra associação ou organização qualquer, existem regras e deveres para cumprir; pelo que o cooptado compromete-se em respeitar integralmente todas as regras e deveres que existem na sua Obediência. E quem age assim, fá-lo porque decidiu livremente que o quer fazer e não porque alguém a tal o obriga.

E uma vez que a adesão à Maçonaria se faz por vontade própria, aborrece-me bastante (para não ser mais acutilante ainda…) assistir ou ter conhecimento de casos em que este juramento foi atraiçoado e em que os compromissos assumidos perante todos, foram deliberadamente e conscientemente esquecidos.

Será que quem age desta forma, poderá ser  reconhecido como um verdadeiro maçom? 

Ou será apenas gente que simplesmente enverga um avental e um par de luvas brancas nas sessões da sua Loja? 

Em alguns casos destes, creio que foram pessoas que entraram na Maçonaria, mas que por sua vez, a Maçonaria certamente não entrou neles…

Algumas vezes, infelizmente, isto pode acontecer porque quem vem para a Maçonaria vem “desavisado”, isto é, pouco conhece ou percebe o que é a Maçonaria e o que ela representa, “vem ao escuro” por assim dizer, e caberá a quem apadrinha uma candidatura maçónica, informar ou retirar algumas dúvidas que se ponham ao seu futuro afilhado e consequente irmão. Em última instância, devem os responsáveis pelas inquirições que decorrem no âmbito de um processo de candidatura maçónica, no momento das entrevistas aos candidatos, terem a sensibilidade para se aperceberem do desconhecimento do entrevistado sobre os princípios e causas que movem os maçons e sobre a Ordem da qual este manifesta a vontade de vir a fazer parte, e nesse caso, serem os próprios inquiridores nessas alturas em concreto, a efetuar o trabalho que deveria ter sido feito anteriormente pelo proponente da referida candidatura, no que toca a esclarecer o profano e a fornecer-lhe as informações que lhe sejam necessárias para que esta (possível) adesão possa decorrer sem sobressaltos, nem que esta admissão venha a causar problemas (previsíveis!) no futuro, seja para a respetiva Loja ou até mesmo para a Obediência que porventura o vier a acolher.

Todavia, normalmente no momento do juramento maçónico, o neófito fá-lo sem saber/compreender o que estará a jurar e para o que estará a jurar, pois o véu que o cobre  na sua Iniciação é de tal densidade que  muitas vezes somente passado algum tempo é possível se perceber o juramento que se fez e o compromisso que se tomou, e que por vezes pode ser diferente daquilo que são as crenças pessoais e respetiva forma de estar de cada um ou até mesmo porque se acreditava que se “vinha para uma coisa e afinal se encontrou outra”…

E o trabalho que um padrinho deve desenvolver com o seu afilhado durante a formação deste tanto como a responsabilidade que assumiu perante o afilhado e a Ordem ao subscrever a candidatura dele, serão fulcrais neste tipo de situação concreta. O padrinho (pelo dever moral) e a Loja em si (porque é um dever da loja acompanhar e tentar integrar corretamente os Irmãos nos valores maçónicos) devem tentar perceber o motivo pelo qual alguém se “distancia” da Maçonaria. E apenas ulteriormente, se for caso disso, devem aconselhar a um possível adormecimentodesse irmão por não ser do seu intento continuar a pertencer a algo com o qual não se identifique mais. 

Pelo que desta forma se prevenirão certos casos e eventuais “lavagens de roupa suja” ou fugas de informação que poderão surgir, as quais na sua maioria nem sequer são informações plausíveis nem verídicas sequer, pelo que apenas posso especular que estas ocorrências se devem a  paixões e vícios mal combatidos e nem sequer evitados… E como se costuma dizer, “o mal corta-se pela raiz”, pelo que “as desculpas devem evitar-se”…


E quem entra na Maçonaria deve ter a noção que as suas atitudes já não lhe dirão respeito apenas a si, mas a todos os integrantes desta Augusta Ordem, a conduta de um maçom estará sempre sob um fino crivo pela sociedade e sempre debaixo do escrutínio de todos, seja de fora ou internamente.

 - Porque um, pode sempre e a qualquer momento, “por em xeque” os demais -. E ter esta noção e assumir esta responsabilidade é algo que deve ser intrínseco desde os primeiros momentos de vida maçónicos. 

Já não é o Nuno, o X ou o Y  que fazem isto ou aquilo, serão os maçons Nuno, X ou Y que o fazem… Logo é a Maçonaria na sua generalidade que será atentada com a má conduta que os seus membros possam ter, para além da Ordem poder vir a ser acusada de cumplicidade pelos atos efetuados pelos seus membros.

 Assumir que a nossa forma de estar e agir condiciona e se reflete na Maçonaria é um dos maiores compromissos que os maçons poderão tomar. Tanto que o dever de honrar a nossa Obediência, a nossa Loja e a Maçonaria em geral, deve permanentemente se encontrar  na mente de todos os maçons.
 
Um juramento implica obrigações, e jurar ser-se maçom, mas fundamentalmente ser-se reconhecido maçom pelos nossos iguais,  implica que sejamos maçons a “tempo inteiro” e não apenas às segundas-feiras ou quintas-feiras de manhã ou à noite, ou quando nos dará mais jeito, é sempre!
 
Sermos maçons, não é quando visitamos a loja e usamos os respetivos paramentos. Não basta envergarmos um avental, calçar umas luvas brancas e fazer uns “gestos estranhos”, é muito mais que isso! É cumprir preceitos, rituais e trabalhar em prol da Ordem. 

E se não estivermos prontos para tal, de nada valerão os juramentos que fizermos, porque nunca nos iremos comprometer com nada na realidade e em último caso, nem sequer  reconhecidos como tal seremos. 

E a palavra persisitirá perdida

Fonte: A PARTIR PEDRA

quarta-feira, 15 de maio de 2019


Mestre e Aprendiz

— Senhor, não seria justo apressar a vitória do Reino Divino entre as criaturas? O contato com a Boa-Nova aumenta-nos a sensibilidade e a visão espiritual... Agora, sinto no mundo verdadeiro vale de treva, cujos males precisamos sanar. Tenho visto romanos enfurecidos contra mulheres e crianças, fariseus que exploram o minguado dinheiro das viúvas, sacerdotes que se tornam comerciantes indiretos no Templo e levitas desapiedados ocultando sentimentos perversos... Por que não criar uma disciplina organizada para o nosso trabalho? E por que não invocar a proteção do Sinédrio para esse fim? Se a beleza da Boa-Nova estivesse garantida pela autoridade de Jerusalém...

Era Judas de Kerioth, em casa de Simão, dirigindo-se ao Mestre, visivelmente preocupado.

Jesus esboçou leve sorriso e ponderou:

— Sim, Judas, a vitória do Reino do Céu seria, no menor espaço de tempo, a fórmula ideal para o nosso objetivo na Terra; entretanto, não nos cabe desprezar a lei do amor e a promessa da esperança...

O discípulo sorriu, irônico, e observou:

— Amor e esperança constituem efetivamente dois astros brilhantes no Alto, mas estamos no chão duro, com refeições a horas certas e imperiosas necessidades. Não seria razoável solucionar, desse modo, certos problemas de ordem regimentar nos assuntos do espírito?

O Mestre, sem surpresa, pediu-lhe a apresentação de idéias mais amplas acerca de quanto pretendia, e Judas, desenrolando caprichoso pergaminho, acentuou, satisfeito:

— Tenho um programa que poderíamos talvez acrescentar aos antigos mandamentos. Creio que transformá-lo em lei rígida para os crentes novos será benefício dos mais substanciais, a fim de corrigirmos imperfeições e defeitos do nosso movimento.

Atendendo a silencioso sinal do Messias, o apóstolo passou à leitura da pequena documentação:

— Os seguidores do Evangelho serão constrangidos à obediência absoluta diante da Lei Antiga e dos Profetas. E serão obrigados, sob pena de condenação, a dispor dos próprios bens, em favor da comunidade, a prestar juramento de  pobreza e simplicidade, a viver na castidade perfeita, a servir sem descanso nas obras do bem, a fugir de todas as superficialidades do mundo, a praticar a verdade, em todas as circunstâncias da vida, a dividir o pão e o vestuário com o vizinho em penúria, a perdoar sem exceção de faltas ou pessoas, a atender passivamente aos chefes espirituais e materiais das idéias novas, a se separarem dos parentes, sem lamentações, para servirem à fé, no lugar que se lhes indicar, e a crerem no que se lhes impuser, sem indagação de qualquer natureza.

Depois de pequeno intervalo, o discípulo acrescentou:

— Os faltosos e recalcitrantes serão punidos com advertências e chibatadas, cárcere e expulsão, multa e banimento, conforme o critério da autoridade administrativa. Para isso, estabeleceremos um corpo de fiscais e cobradores, a fim de que todas as atividades de inteligência se realizem com segurança.

Porque o Mestre silenciasse, Judas, irrequieto, voltou à palavra, indagando:

— Senhor, que me diz do projeto?

—Excetuando alguns pontos que ferem a dignidade humana — respondeu Jesus, serenamente — o programa apresenta conteúdo valioso e orientador.

De olhos inflamados na cobiça do mando, o discípulo perguntou:

—Mestre, quando então executaremos as novas ordens? 
Não seria importante começar desde já?

O Cristo, na expressão melancólica que muitas vezes lhe era característica, deixou que alguns momentos se escoassem vagarosos, sobre a inquirição do aprendiz, e falou afinal:

— Judas, pretendes criar uma disciplina que constranja nossos afeiçoados e companheiros à obediência, à humildade, à castidade, à cooperação, à pobreza e à caridade obrigatórias, mas poderás afirmar, de acordo com a reta consciência, que semelhantes virtudes estejam resplandecendo em teu coração?

Amarelo no desapontamento que lhe assomou ao espírito, o interpelado balbuciou:

— É verdade, Senhor... ainda estou longe do padrão recomendável...

Jesus afagou-o e ponderou:

— Então, por que exigir dos outros o que não lhes podemos dar? Não será o mesmo que pedir frutos à terra que ainda não recebeu a sementeira?

E, depois de curta pausa, acentuou:

— As ovelhas doentes ou infelizes merecem mais cuidado por parte daquele que dirige o rebanho.

Nesse instante, Judas se queixou de grande perturbação nos ouvidos e retirou-se, de repente, alegando estar na hora inadiável de se medicar.

Irmão X