segunda-feira, 31 de julho de 2017


 

BREVIÁRIO MAÇÔNICO - LEVANTAR COLUNAS

 

Quando um Loja maçônica cessas suas atividades administrativas e litúrgicas, diz-se que “abateu colunas”. Um maçom é sempre maçom, não só ad vitam, mas eternamente; nada fará com que um maçom deixe de sê-lo; nem sequer a autoridade conseguirá destruir o “novo nascimento” vindo da Iniciação. A Loja “abatida” poderá, no entanto, reerguer as suas colunas, basta que sete membros se reúnam e solicitem o reerguimento ao poder central, podendo retomar seu antigo nome, mesmo se a Loja tiver abatido colunas. O maçom que se afasta não perderá a condição de Iniciado; será um membro irregular. “Abater colunas” significa também o desinteresse para com a sua Loja e o seu grupo de Irmãos. A todo o momento, o maçom poderá tornar a filiar-se, conservando todas as suas antigas prerrogativas. O “abater colunas” constitui um ato negativo e repudiado por todos, e por esse motivo é que isso não deve, em hipótese alguma, acontecer. O maçom é, por si só, UMA COLUNA do Templo, e se essa coluna ruir, significará a sua morte.

 

Ir.·. Rizzardo da Camino

domingo, 30 de julho de 2017


CARIDADE


 


Emmanuel

 

 

CARIDADE é, sobretudo, AMIZADE.

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Para o faminto — é o prato de sopa fraterna.

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Para o triste — é a palavra consoladora.

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Para o mau — é a paciência com que nos compete auxiliá-lo.

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Para o desesperado — é o auxílio do coração.

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Para o ignorante — é o ensino despretensioso.

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Para o ingrato — é o esquecimento.

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Para o enfermo — é a visita pessoal.

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Para o estudante — é o concurso no aprendizado.

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Para a criança — é a proteção construtiva.

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Para o velho — é o braço irmão.

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Para o inimigo — é o silêncio.

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Para o amigo — é o estímulo.

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Para o transviado — é o entendimento.

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Para o orgulhoso — é a humildade.

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Para o colérico — é a calma.

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Para o preguiçoso — é o trabalho.

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Para o impulsivo — é a serenidade.

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Para o leviano — é a tolerância.

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Para o deserdado da Terra — é a expressão de carinho.

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CARIDADE é o AMOR, em manifestação incessante e crescente. É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes, porque, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela, a benefício do mundo inteiro.

sexta-feira, 28 de julho de 2017


Teoria do Conhecimento Maçônico

Charles Evaldo Boller

 

Quando iniciado na Maçonaria, muitos são os sonhos de realização, educação e cultura que o neófito espera obter. Imagina que terá mestres que lhe ensinarão todos os meandros da Arte Real.

 

Depois de algum tempo ele percebe que a ordem maçônica apenas fornece local físico, ferramentas e amigos para a caminhada que ele faz a sua maneira e por seus próprios meios. O estudante maçom anda só na estrada do desenvolvimento porque lhe cabe descobrir, decorrente da própria vivência, por si e em si próprio, na devida oportunidade, as verdades tão sonhadas.

 

As descobertas intuídas pelo método maçônico de aprendizagem são diferentes em cada pessoa dependendo de sua herança cultural e porque o método objetiva que cada um desenvolva suas próprias verdades, sem submetê-las a um molde.

 

Esta liberdade de auto desenvolvimento tem conexão com a teoria do conhecimento da antiguidade, onde Heráclito, afirmou que tudo no universo muda constantemente, tudo é dinâmico. O método de ensino maçônico transporta esta ideia para as verdades de cada um ao longo do tempo. Cada pessoa tem verdades próprias, que mudam constantemente, dependendo apenas do dinamismo de seu alicerce cultural.

 

Inicialmente é bem estranha a forma como cada ferramenta de pedreiro é apresentada, pois sua utilização é universalmente conhecida na arte da construção civil. O processo de conhecimento maçônico processa informações, manipulando símbolos baseado em regras ritualísticas.

 

O que o neófito não dispõe, são as regras que lhe permitem utilizar estes mesmos utensílios do pedreiro de forma simbólica, na construção do próprio homem. Dentro da teoria do conhecimento maçônico estes símbolos são aplicáveis aos aspectos: moral; ético; social; saúde física; saúde mental; espiritualidade; e no conjunto de cada um.

 

Platão afirmou que os homens comuns se detêm nos primeiros degraus do conhecimento e não ultrapassam o nível da opinião, matemáticos ascendem a um nível intermediário, e só o filósofo tem acesso à ciência suprema. Para isto o filósofo usa um processo conhecido por dialética; passando de uma ideia para outra, sendo uma delas o complemento ou alicerce da outra. O filósofo é em essência o dialético.

 

A Maçonaria usa de suas lendas e símbolos para proporcionar ao estudante um método de progresso do pensamento filosófico que funciona até para obreiros sem formação acadêmica alguma poderem tratar processos dialéticos complicados e com isto se humanizarem. Estes exercícios dialéticos compõem a essência da formação do conhecimento maçônico.

 

O maçom é um filósofo diferente porque seus processos cognitivos desenvolvem-se pela materialização da ideia na linguagem simbólica, no uso de símbolos e lendas, que são convertidos em pensamentos abstratos e complexos por métodos de associação e repetição. E isto faz a Maçonaria produzir seres humanos inteiros, equilibrados e destituídos da abordagem mecanicista que, ao fragmentar os processos, acaba por perder a visão do todo.

 

O maçom é treinado para ser a um só tempo nos planos espiritual, psíquico, biológico, histórico cultural, social, físico, e outros.

 

A fragmentação transmitida pela educação profana, usando de disciplinas, impossibilita ao homem aprender o que significa ser humano. É nisto que o método de ensino maçônico leva vantagem. A diversidade de ideias, pelo fato de cada um observar os processos a sua maneira, é a aplicação da teoria da complexidade, em semelhança com um universo vivo que evolui da desordem para a ordem em graus de complexidade crescentes.

 

Quando a Maçonaria migrou da arte de construir para a arte de pensar, no século XVIII, deu partida a um processo educacional que veio até o presente, revolucionando a sociedade em seu caminho por ações daqueles que foram treinados debaixo de sua filosofia. Desde então, e na maioria dos eventos históricos onde se pautou por Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a ordem maçônica agiu nos bastidores com esta educação do homem por inteiro e que move seus membros à ação.

 

O homem maçom torna-se mestre de si próprio ao longo de seu auto desenvolvimento e procura alcançar o ápice da perfeição com a tomada de atitudes. Sem discutir, o maçom age baseado na moral que desenvolveu ao longo de sua jornada maçônica, e esta ação está pautada no desejo de acertar e promover o bem para si e a coletividade.

 

Nestas ações ele pode ser aviltado e até morto, porque não é sem perigo que um homem de ação atua, entretanto, na maioria das ocasiões ele se beneficia com esta postura, caindo sobre sua pessoa o reconhecimento da sociedade que o rodeia, e principalmente incrementa sua própria satisfação, alegria e felicidade. Nisto o maçom é semelhante a um planeta que órbita o Sol, ele reflete a luz emanada por intermédio da ação frente ao que ele considera certo. A educação do maçom o leva a conhecer o mal e conhecer também o modo de evitá-lo.

 

A máxima em toda a caminhada fundamentada na teoria do conhecimento maçônica é o auto conhecimento, o "conhece-te a ti mesmo", de Sócrates, e esta noção, como resultado de um trabalho solitário e autodidata é decorrente de profunda introspecção, de longa meditação.

 

O interessante é que tudo o que se aprende nos templos maçônicos é baseado em lendas fictícias, porém alicerçados em fatos históricos registrados. Assim como as ferramentas, as lendas são materializações de conceitos abstratos, dentro da linha e em direção de estados de complexidade cada vez maiores. Estas estórias sempre têm mensagens que impulsionam ao desenvolvimento Moral.

 

E como não se usam computadores para educar o homem maçom, ocorre enriquecimento espiritual e aporte de diversidade cultural.

 

Já que nada pode ser feito para melhorar a sociedade se no fundo do cidadão não existir um cunho de homem espiritualmente desenvolvido e em harmonia com o princípio criador do universo designado como Grande Arquiteto do Universo, o homem maçom considera a si mesmo um templo do Incriado, e tudo fará para não conspurcar aquele lugar sagrado. É templo cujo limite é sua própria pele, cujos portões são sua boca, ouvidos e visão, tudo regido por sua capacidade cognitiva e emocional equilibrados pela sua espiritualidade.

 

O maçom desenvolve sua espiritualidade para avançar com apoio daquilo que considera a origem de tudo; sem uma elevada Fé ele se perderia nas sendas do mal, à semelhança do que acontece na sociedade humana, onde o homem fera prevalece sobre o homem evoluído.

 

E tudo é proporcionado por seu esforço próprio e pelos sãos princípios desenvolvidos com a técnica de aprendizado maçônico. A criatura humana ao longo de sua vida deve desenvolver-se de forma equilibrada em todas as suas dimensões e o que acelera o processo de desenvolvimento é uma potencialidade latente em cada um: sua capacidade de crescer em espiritualidade. E cada pessoa desenvolve seus próprios critérios e ideias de divindade; o que para alguns faz sentido e alimenta sua capacidade de evolução espiritual, para outros não faz sentido algum.

 

A epistemologia genética, formulada por Piaget, ocupa-se com a formação do significado do conhecimento, e meios usados pela mente humana para sair de um nível de conhecimento inferior para outro superior, mais complexo, segundo ele, a natureza dos saltos do conhecimento são históricas, psicológicas e biológicas. Ele explica que "a hipótese fundamental da epistemologia genética é a de que existe paralelismo entre o progresso completo e a organização racional e lógica do conhecimento e os correspondentes processos psicológicos formativos".

 

Pode-se deduzir que o método maçônico de progresso do conhecimento usa o lastro genético que cada um tem, e de forma livre permite que cada um construa sua própria base sem espremer este dentro de um modelo.

 

Muitas das lendas contam estórias de personagens movidas à ação e que lhes trouxeram bons e maus resultados. No fundo, o trabalho em mergulhar nos sentidos destas lendas é sempre o de estudar denodadamente para desenvolver o poder de, em conhecendo o mal, saber evitá-lo.

 

Estes estudos são movidos principalmente pela curiosidade, a mola propulsora do desenvolvimento intelectual. O desejo intenso de ver, ouvir, conhecer, experimentar alguma coisa, geralmente nova, original, pouco conhecida ou da qual nada se conhece, isto o faz vencer barreiras, escalar níveis de conhecimento superiores, em níveis de complexidade sempre maiores, contribuem para fazê-lo possuir dos segredos do mal a fim de desviar-se com galhardia de sua ação corrosiva e destruidora. É apenas pelo estudo levado pela curiosidade salutar e edificante que o maçom obtém sucesso em subjugar a natureza e passa a desfrutá-la em sua plenitude.

 

Em contrapartida, o que também favorece o desenvolvimento pessoal é o controle da indiscrição. O maçom ouve mais e age mais do que fala. Pela curiosidade e longe da bisbilhotice que induz ao perigo, desenvolve a capacidade de manter segredos, a nunca falar de assuntos de outros ou repassá-los sem sua anuência.

 

A vida em sociedade impõe a necessidade de politização, desenvolver o exercício do poder em favor da coletividade. Em sendo o humano um ser social por excelência, a sociedade não funcionaria de forma equilibrada sem o exercício do poder de forma equitativa e livre sem a política. Aí o desenvolvimento filosófico maçônico tem sua mola mestra ao impulsionar pessoas a pensarem e agirem mais.

 

Lideranças são forjadas no fogo da convivência em lojas. De nada adianta revelar os segredos maçônicos através de livros com objetivo meramente comercial se não se oferecer a oportunidade da pessoa viver a Maçonaria, de não possibilitar que a maçonaria penetre nela.

 

Pela política o poder é concentrado de forma natural, pelo convencimento com argumentos da razão e pela formação de relacionamentos fortes. Platão detratava o retórico e o considerava mentiroso, pois este usa o poder do convencimento para a adulação e adulteração do verdadeiro, e adicionalmente, o tinha como crédulo e instável. Segundo Platão, poetas e retóricos estão para o filósofo no mesmo nível em que está a realidade para as imitações da verdade.

 

Por ser uma coletividade diminuta, cada loja cobra imediatamente resultado da liderança. Não existe espaço para ações evasivas e dissimuladas como é comum observar-se na sociedade. Sentar no trono de Salomão, antes de ser privilégio que destaca e enaltece, é ato de fé, lição de humildade, exercício de real de política como ela deveria ser executada no mundo externo.

 

O cidadão forjado nestas oficinas filosóficas vai certamente mudar e passa a praticar a política honesta, no exato sentido que Platão e Sócrates deram a tão nobre profissão.

 

O maçom não faz da filosofia a finalidade de sua própria vida, mas usa da filosofia maçônica para especializar sua capacidade cognitiva e emocional no exercício da Política. A Maçonaria é uma escola de política, pois com sua filosofia e sua organização desenvolve-se a verdadeira política.

 

Foi Platão o primeiro a estabelecer a doutrina da anamnese, que é a lembrança de dentro de si mesmo das verdades que já existem a priori, em latência. O conhecimento maçônico, alicerçado em suas simbologias e lendas é um exercício permanente de anamnese. E fica tão fácil deduzir verdades complexas latentes que não há necessidade alguma de frequentar escola superior, basta viver o dia-a-dia maçônico que estas verdades afloram naturalmente, como se sempre estivessem plantadas na mente e no coração a priori. É aí que nasce o verdadeiro homem politizado. Este não busca um ganha-pão com este conhecimento, mas pela ação busca exercer a verdadeira atitude política, para tornar-se pedra polida dentro da sociedade ideal. Uma pedra cúbica que não rola ao sabor dos fluxos dos manipuladores como se fosse um seixo rolante de fundo de rio, por ter desenvolvida a capacidade de pensar ele é um obstáculo para os políticos despóticos e desonestos.

 

O aspecto emocional deve ser alimentado com frequentes distrações, para permitir à mente descansar e se refazer para novas investidas na arte de pensar. Durante os períodos de devaneio pode ser desenvolvido o ócio criativo; usar o tempo de folga para criar e desenvolver ideias ou coisas apenas para o deleite emocional, mas que também propiciem crescimento.

 

Russell propôs que o ócio poderia ser acessível a toda a população se modernos métodos de produção fossem aplicados, para ele, o trabalho, tal como o conhecemos, não é o real objetivo da vida.

 

De Masi, diz que a sociedade industrial permitiu que milhões de pessoas atuassem apenas com os corpos e não lhes deu liberdade de expressarem-se com a mente. O que se faz nos templos maçônicos é exatamente esta retomada da capacidade de pensar que o mundo pós industrial impôs.

 

Só que na Maçonaria ninguém é compelido só a pensar, mas também de sentir e interpretar toda a mensagem maçom dentro de seu nível de entendimento. Interagem diversão, trabalho, sentimentos e misticismo. Mesmo após as sessões, nas ágapes festivas o processo de construção continua, é quando se discutem livremente todos e quaisquer temas da vida. As emoções fazem parte do homem, principalmente aquelas que disparam o gatilho da racionalidade. É em momentos de laser que a maioria das ideias são forjadas, haja vista que elas parecem já existir a priori e nos saltos para níveis superiores de conhecimento, para níveis de complexidade maiores, são então apenas "lembradas".

 

Muitas vezes o pensador passa dias em profunda meditação para buscar solução a um problema de forma intensa e sem descanso; basta-lhe um momento de descontração, e o cérebro expele a solução para aquilo que jazia incógnito e insolúvel até então.

 

Outras vezes o pensamento é inédito, não existe registro de haver sido pensado anteriormente, na maioria das vezes ele é despertado em momentos de descontração por um símbolo, por uma estória ou lenda; de repente a ideia está ali, num estalo.

 

A mola da teoria de conhecimento maçônico é seu paradigma da complexidade, a curiosidade salutar em avançar cada vez mais nos conhecimentos de trabalhar a Arte Real em benefício da humanidade, sempre com frequentes intervalos de laser entre cada investida.

 

É devido a este conjunto harmônico da metodologia maçônica que ela tem sucesso em lapidar com um mínimo de esforço os seres humanos de uma pedra bruta e tosca em pedra polida e cúbica, onde cada um ocupa seu espaço na sociedade humana de forma esplendorosa nas colunas e paredes do grande templo da humanidade para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

quinta-feira, 27 de julho de 2017


Triunfarás

 

Triunfarás na realização dos elevados propósitos que te animem, entretanto, triunfarás para estender as mãos aos vencidos, a fim de que se refaçam e venham igualmente lidar na edificação do bem de todos.

Instalarás a alegria na própria alma, no entanto, acenderás a esperança no coração dos infelizes que te compartilham a marcha.

Aspiras a vencer e vencerás, mas lembra-te de que vencer sem abrir os caminhos da vitória para os outros é avançar para o tédio da inutilidade sob o frio da solidão.

Não te permitas a fuga de situações que se te afigurem desagradáveis.

Os contatos sociais não se destinam unicamente à lavoura afetiva, em que o salário da compreensão assegura o incentivo ao trabalho e a alegria de viver.

Somos todos irmãos, ante a Providência Divina, interligados no trabalho do dia-a-dia, em função de nosso aperfeiçoamento mútuo.

Aprende a sorrir, servindo sempre.

A vida é uma escola. Por mais difícil o processo educativo a que nos vejamos submetidos, saibamos valorizar o tempo, agradecendo e trabalhando, ao invés de reclamar ou ferir.

Todos somos chamados a estudar e aprender, prestigiando as oportunidades e as horas.

Os motivos para inquietação surgem frequentemente no cotidiano, mas se lhes penetramos o objetivo, saberemos acolhê-los, de imediato, por ensinos da vida em nosso favor.

 

 

Emmanuel

 

 

quarta-feira, 26 de julho de 2017


Surge a Ideia de Justiça
Charles Evaldo Boller
 
Pode-se especular que a intuição de justiça e direito surgiu nas cavernas de nossos ancestrais pré-históricos, quando da descoberta do fogo, o que lhes aumentou o tempo em que ficavam acordados. Ao iluminarem as cavernas obtiveram mais tempo de convivência ativa. Com isto afloraram vantagens estratégicas. Tiveram mais tempo para planejar e trocar experiências, bem como de contar estórias e transmitir informações vitais para a sobrevivência. Dessa dinâmica social a espécie tornou-se poderosa, transformou o homem num ser social por excelência. Da convivência forçada nas horas de escuridão fora das cavernas surgiu a condição ideal para tornar o homem superior aos outros animais que compartilham a biosfera. Descobriu-se nesta época que o amor fraterno, a energia emocional que une fraternalmente os seres vivos, é o único meio das ações humanas interagirem de forma positiva com seus semelhantes, permitindo obter assistência colaboradora de uns para com os outros. E isto grandes pensadores vem repetindo através das eras. Infelizmente, poucos entendem por que devem adaptar-se na adoção deste proceder benéfico e persistem a sugar a energia vital do meio ambiente e de seus semelhantes até a exaustão.
 
É devido a inteligente dedução efetuada pelo morador das cavernas que o benefício do amor transmitiu-se pelas gerações e cada um já nasce com uma intuição natural de direito e Justiça, denominado propriamente de direito natural. Esta noção, este inatismo, precede todo e qualquer código compilado de leis. Desde que livre e independente, o homem possui direitos inalienáveis: respeito; desenvolvimento da personalidade; igualdade; trabalho; evolução; liberdade; associação; legitima defesa; e outros. É da consciência humana que floresce o direito natural. A Justiça está alicerçada nos deveres e direitos naturais do homem e o auxiliam em seu relacionamento social, fazendo-o manter seu equilíbrio em relação aos outros, impedindo-o de ser uma besta, humanizando-o.
 
O problema é que sempre que um recurso se restringe, aumenta a concorrência que leva uns a desconfiarem dos outros. Principalmente na escassez de comida, segurança e sexo. A convivência forçou os vetustos homens a conviver em espaços estreitos, já que a noite não lhes era possível sair de sua toca devido à escuridão reinante, o que instigou disputas por melhor espaço, a fêmea melhor dotada ou o melhor pedaço de comida. Mas o verdadeiro fundador da sociedade civil certamente foi aquele ancestral que, cercando um pedaço de terra, àquela área associou o pensamento de posse: "isso é meu"! Acabou a paz do homem nativo, que vivia em equilíbrio com a natureza, que desfrutava do direito natural, que descansava sua cabeça em qualquer lugar, ao abrigo de qualquer arbusto, sem problemas de impacto ambiental, sem necessidade de correr, salvo para defender-se de algum predador. Um dia era como o outro e o tempo transcorria sem maiores situações de estresse. A tendência de reservar um espaço de chão para fixar morada é explorada ao extremo em nossa sociedade moderna; são edificados "caixotes", uns sobre os outros, amontoados. Isto gera problemas de relacionamento entre pessoas, violência, porque sempre existe aquele que, por uma razão ou outra, não paga as taxas de condomínio, ou então perturba a paz de seus vizinhos com ruídos ou provocações. E num país como o Brasil - que é só terra - existe uma espécie de invasor de terras que se denomina um "sem terra". No transito de automóveis é possível perceber a violência como resultado da concorrência: é só aumentar o número de veículos que transitam numa mesma via para imediatamente surgirem situações onde um "apressadinho" ou um mais ansioso colocar em risco a vida de outros motoristas, a sua própria, de pedestres ou causa dano ao patrimônio público. Mas a grande campeã de disseminação de violência de hoje é a falta de oportunidades e a desigual distribuição das riquezas. Quando não há disputa ou concorrência, a vida em grupo é suave, tranquila, e nesta forma natural de convivência quase não há necessidade de a sociedade punir pela coerção social. Quando a distribuição dos recursos e oportunidades é igualitária não ocorrem eventos "sociopaticos" significativos, salvo nos casos de insanidade.
 
A sociedade não deve punir para vingar, sua obrigação é a de ensinar o homem a melhorar cada vez mais. O que se deduz da vida em sociedade real de hoje, é que ela não ama seus componentes, embrutecida e insensibilizada pela ganância e o poder, tornou-se subserviente à economia e espreme a todos até sobrar apenas bagaço.
 
O conhecimento de como surge e se aplica justiça com equidade é uma noção muito importante que o maçom desenvolve para melhorar a si mesmo e a coletividade. Da correta interpretação do que é justiça, diferenciando-a de vingança, ele extrai as diretrizes básicas de seu relacionamento com irmãos e vizinhos. Cada maçom é conduzido a desenvolver seu conhecimento para utilizar intuitivamente do direito natural, sem a necessidade de lei escrita. Em se tratando de um ser fraterno, o pedreiro especulador sonda todas as possibilidades de buscar o equilíbrio da justiça, desaparecendo a necessidade de um juiz que lhe dite o que é direito. Ele usa do direito natural que reside em seu intelecto, voltado para o amor. É a lei do amor que define o direito natural. Esta suprema lei conduz a tomar para si apenas o que é de seu direito e estrita necessidade, sem invadir o direito do outro. Não há necessidade de justiça aplicada por um terceiro porque não chega nem a surgir evento que lhe dê razão de existir. Esta noção é muito simples se vista com o coração. Existe um ditado que diz: se todos varrerem a frente de suas casas a cidade fica limpa num instante. De forma parecida é com o direito natural; se cada um apenas utilizar o que precisa para sua subsistência há recursos para todos na cidade.
 
Entretanto, a sociedade não vive assim. Infelizmente o homem insiste teimosa e estultamente em avançar sobre o que é de direito do outro. É um animal que tem uma inclinação instintiva em demarcar território, dominar seus iguais em busca do poder e possuir muito mais coisas do que realmente precisa. Daí a necessidade da instituição das leis para acalmar a fera. Na aplicação da Justiça, as leis tornam-se tanto ou mais cruéis que a ações que lhe deram causa. Isto porque normalmente é o mais rico que dispõe mais de aplicação e desfruta de suas benesses; o ladrão de galinhas vai preso enquanto o ladrão de "colarinho branco" anda solto. Uma Justiça que tarda não é justiça. Uma justiça corrupta é pior que a selvageria de uma terra sem leis. E como o jogo de interesses cresce em graus de complexidade proporcional ao número de cidadãos que formam uma sociedade, as leis vão se complicando e embaralhando cada vez mais até ficar impossível aplicar a justiça com equidade e a comunidade explode atos de vinganças e guerras.
 
É nisto que a Maçonaria trabalha usando de simbologia simples como o mosaico, a corda de oitenta e um nós, a trolha, o esquadro, o nível, o compasso, e outros; tudo para transmitir o direito natural e levar seus adeptos a intuírem que sem igualdade de direitos a sociedade humana desaparece. A Maçonaria ensina a todos a serem prudentes, haja vista que sob certos aspectos a prudência é sinônimo de sabedoria. O exercício começa dentro dos templos, onde cada irmão é induzido a tratar o outro com respeito e igualdade. Onde o direito natural falha, o problema judicativo é tratado em câmara do meio, não sem antes se haverem esgotado todos os recursos de conciliação e dado todo o tempo possível para firmar acordo pelas diretivas do amor fraterno. De lá a experiência é levada para fora dos templos; ao escritório, em casa e todos os lugares por onde uma pessoa assim formada passa. A intenção é transformar cada maçom num multiplicador do amor fraterno, uma ideia simples de entender, mas difícil de aplicar. Existem pensadores que ensinam a amar até ao inimigo, o maior estágio que um maçom pode alcançar ao se submeter aos ensinamentos da ordem. A ideia de Justiça ocorre neste último estágio da escalada do amor fraterno. O sol brilha sobre bons e maus, da mesma forma que a justiça. Os vetustos homens das cavernas deduziram pela necessidade de sobrevivência de se ter a disposição mental de considerar os outros como iguais é a única saída para viver em paz e aumenta as chances de sobrevivência do grupo. De forma semelhante os maçons de hoje, pelo amor fraterno fazem surgir a ideia de justiça perfeita e equilibrada, treinam suas capacidades de desenvolver esta única forma de resolver todos os problemas da humanidade pelo amor e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

terça-feira, 25 de julho de 2017


O TRONCO DE SOLIDARIEDADE

 

Consulta: O Tronco de Beneficência pode ser utilizado para doação a uma Loja coirmã que solicitou através de prancha a doação de um Tronco para reforma de seu templo?

 

Considerações: Historicamente o Tronco de Beneficência maçônica é destinado às obras de caridade da Loja. O próprio título já indica o ato de fazer caridade – nesse caso, aos carentes. Tronco para construção de Templos não está de acordo com a finalidade e a tradição da filantropia desse procedimento. Ora, se uma coirmã desejar auxílio para essa finalidade, existe outros meios para pedir ajuda e não através de uma coleta na bolsa, cuja função tem significado alegórico próprio. A origem dessa postura e circulação nos ritos maçônicos de origem francesa está no passado medieval quando na porta das Igrejas um personagem religioso com uma grande bolsa a tiracolo colhia doações para ajuda aos necessitados. Por influência da Igreja, alguns ritos fazem a circulação e coleta, cuja postura do Hospitaleiro imita a antiga bolsa do esmoler ou hospitaleiro. Note que isso nada tem a ver com doações para construção de Templos.
 
Em Maçonaria o vocábulo Tronco é prática francesa já que ela é tomada também como caixa de esmolas, tais como as colocadas à entrada das igrejas francesas, onde nelas se lê simplesmente a palavra “Tronc”. Assim, é nesse sentido que o termo é usado primitivamente pela Maçonaria como o Tronco da Viúva (os maçons são os filhos da viúva), cujo “tronco” é designado à solidariedade em favor dos necessitados.

 

Irmão Pedro Juk.

segunda-feira, 24 de julho de 2017


A ÉTICA NA MAÇONARIA.

 

Meus IIr.·., Ao falar de ética na Maçonaria, não é minha intenção subestimar a inteligência dos Irmãos, mas sim, uma reflexão de nossa vivência entre colunas. A Maçonaria é uma Ordem Universal, formada por homens de todas as raças, credos e nacionalidades, acolhidos por iniciação e congregados em Lojas, nas quais, por métodos ou meios racionais, auxiliados por símbolos e alegorias, onde se estuda e se trabalha para construção da Sociedade. A Maçonaria proclama para seus filiados, que se deve lutar pelo princípio da equidade, dando a cada um o que forem justos, de acordo com sua capacidade, obras e méritos, além de considerar o trabalho lícito e digno como dever primordial do homem. Desventurado do homem que pensa encontrar na Maçonaria a satisfação para suas vaidades, para suas ambições e para seus sentimentos de grandeza. Ela acolhe generosamente, porém, somente aqueles que sabem que a felicidade consiste na caridade, na exaltação da virtude e no fecundo estudo para despir a alma das paixões que aviltam e o impedem de atingir a serenidade do sábio. A iluminadora Confraria induz o Iniciado a compreender e aplicar os princípios moais, analisando o núcleo da ação humana, embora existam algumas máximas bastante difundida pela grandiosa Ordem, como:

“Não faça a outrem o que não querem que te faça. Cumpre o teu dever, aconteça o que acontecer. A tolerância não vai a ponto de proteger os imorais. Pratica o auxílio aos fracos, a justiça a todos, a dedicação à Pátria e a Família, e a dignidade para contigo.” A ética maçônica tem por fundamenta-se na ideia do bem, tanto pelo fato de que o bem é seu objetivo, como também por ser seu motor; o bem não é um dever, mas é o amor ao bem que guia a sua vontade. A lei moral a que nos referimos não constitui uma relação de formular, mas sim conjunto de chaves propositivas, de direções que a consciência deve seguir livremente segundo a evidência própria de cada um. A ética maçônica tende a ser uma prática, que emanando das Lojas se estende a toda a sociedade. O que se tem chamado de “caminho” representa a evolução ética do homem em seu contínuo esforço de auto aperfeiçoamento dirigido ao centro, síntese da lei moral: o G.'.A.'.D.'.U.'.

 

Ir.·. André Bessa.

 

Fonte: https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/Jornal-do-Aprendiz/conversations/messages