quinta-feira, 28 de abril de 2016


De Pé e a Ordem

 

A Maçonaria é uma instituição admirável. Pelos seus princípios, pela sua história e pela sua razão de ser.
Dentre os princípios que lhe asseguram a existência, destacam-se como fundamentais o culto permanente à virtude e o combate sem trégua a toda sorte de vícios.
Do ponto de vista de sua história, pode-se afirmar que nenhuma nação do planeta pode se jactar de não lhe dever a consolidação de suas conquistas, sobretudo no que respeita à defesa de seus direitos fundamentais, sobremaneira a liberdade.


A luta permanente em defesa da fraternidade universal e o combate sem trégua a todas as ideologias e ações que atentem contra a dignidade do homem e à ética nas relações de convivência, dentre outras, justificam, cabalmente, sua razão de ser.


É dever fundamental de todos aqueles que por meio da Iniciação penetram, ainda que superficialmente, nos mistérios da Maçonaria, conhecer e interpretar seus símbolos e alegorias. Não se pode entender que o Maçom não saiba o significado da ritualística que pratica e da liturgia dos diversos atos maçônicos.


Se o Maçom não sabe o significado real de sua Iniciação e o que significam os símbolos que ornamentam o interior de uma Loja Maçônica; jamais poderá fazer progresso na Sublime Ordem e o que é pior inapelavelmente, por não saber o que está fazendo na Maçonaria, seu desinteresse e sua inércia só concorrerão para a fragilização da Instituição.
A obediência cega, sem curiosidade aos comandos daqueles que dirigem as Lojas, é perniciosa e inglória. Não se trata aqui de aplaudir o velho chavão sem lógica, mas usado com freqüência, de que FULANO ENTROU NA MAÇONARIA, MAS A MAÇONARIA NÃO ENTROU NELE. Não é isso, quem entra para a Maçonaria tem que conhecê-la para poder amá-la e contribuir para o fortalecimento de sua existência. Quem entra para Maçonaria tem que honrar os sagrados juramentos que faz e os compromissos a que se submete. Quem entra para a Maçonaria tem que tomar posse de seus postulados, estes sim devem penetrar no território de seus conhecimentos.


A Maçonaria, já se prega com frequência, não é mais aquela sociedade secreta que, pelos segredos de suas ações despertou intrigas, inveja, perseguição dos déspotas e até a condenação da Igreja Católica Apostólica Romana.


O que ainda se consegue, de algum modo preservar, a despeito das atitudes estúpidas dos boquirrotos que conseguiram ludibriar nossa vigilância e iniciaram na sublime Instituição, é a forma de comunicação entre os Maçons.
De igual modo, apesar da devassa da Internet, o ritual e o desenrolar das sessões ainda estão, de algum modo, preservados.
A Maçonaria, segundo palavras do saudoso Irmão Octacílio Schuller Sobrinho, é uma Escola de Conhecimento.
Os conhecimentos adquiridos conduzem o Maçom à senda da Perfeição, da Justiça, da Moral e dos Bons Costumes; se praticados dentro de um Templo interior, que denominamos de Cátedra Maçônica, que em nossa interpretação é o Templo Sagrado onde o Irmão eleva-se espiritualmente, em presença do Ser Onisciente e Onipotente, e isso é o que difere de uma cátedra comum no mundo profano.


O que significa estar o Maçom DE PÉ E À ORDEM? Qual a definição da expressão DE PÉ E À ORDEM?
Significa o Irmão de forma digna, séria, elegante, com o corpo ereto, erguido verticalmente, estando de pé ou sentado no interior de um Templo Maçônico;
Significa que, estando o Maçom em Loja “de pé e à ordem” ele estará fazendo o sinal do grau em que a Oficina da Arte Real está funcionando; de forma absolutamente correta.


Que o Irmão ao dizer-se “de pé e à ordem” para outro irmão, seu Grão-Mestre, Grão-Mestre Adjunto, Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante, etc. ele está dizendo que está pronto para receber e cumprir ordens e, principalmente, Que o Maçom diz-se DE PÉ E À ORDEM por estar cônscio de suas obrigações para com a Sublime Ordem, a Família, a Pátria e a Humanidade.



DE PÉ E À ORDEM o Maçom é elegante, ou seja, é aquele que demonstra interesse por assuntos que desconhece; quem cumpre o que promete; quem retribui carinho e, primordialmente, solidariedade; é muito elegante não falar de dinheiro nos bate-papos informais. Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância!
O primeiro ensinamento que nos passam na Iniciação diz respeito ao sinal de ordem, cuja interpretação tem conexão com o juramento que prestamos. Aprende-se também, no mesmo momento, que o dito sinal não se faz quando se estiver sentado e nem quando nos movimentamos em Loja. Ensina-se na mesma ocasião que o sinal de ordem deve ser usado quando de pé, sempre de pé, quando se pede a palavra ou se está entre colunas.
E quando aquele que preside a sessão (Grão Mestre, Venerável Mestre, etc.), determina, às vezes tem o som do autoritarismo, até porque alguns ao invés de pronunciarem DE PÉ E À ORDEM pronunciam, erradamente, DE PÉ É A ORDEM.


Mas por que de pé? Porque sem dúvida alguma em todos os costumes conhecidos o gesto de FICAR DE PÉ, expressa RESPEITO, REVERÊNCIA, CONSIDERAÇÃO e em alguns casos quer significar FORTE HOMENAGEM. É o caso, por exemplo, quando se aplaude de pé alguém que pronunciou um belo discurso, ou que adentra a um determinado recinto...


DE PÉ E À ORDEM, sem embargo de melhor entendimento, para mim significa que estamos aguardando ordem, à disposição, tanto individual quanto coletivamente. Pronto para receber e procurar cumprir as ordens emanadas de quem pode dar.


Pode, ainda, expressar um gesto de humildade, dado que, a humildade é uma das muitas virtudes cultuadas pelos Maçons e pela Maçonaria.


Finalmente, toda organização se rege por normas, por regras que se destinam a assegurar a hierarquia e a disciplina.
DE PÉ E À ORDEM é mais do que uma mera passagem ritualística; é um ato que homenageia a LITURGIA MAÇÔNICA.
Faz lembrar que nas missas, em alguns momentos fica-se de pé, em outros de joelho, tudo para obedecer à liturgia.
Faz lembrar também que, em algumas solenidades, fica-se de pé, quando certa autoridade chega; fica-se de pé, quando se executam ou se cantam os hinos oficiais.


Nos nossos Templos Maçônicos, quando neles adentram certas autoridades, fica-se de pé, ainda que para isso seja necessária a ordem do dirigente.

(adaptado pelo Ir.:. Jupiaci Ramalho, da Loja Luz e Caridade 1398 – Or.:. Mantena-MG, em setembro/2010)

 

domingo, 24 de abril de 2016


Julgamentos

 

Se alguém te surge em erro

Tranquiliza-te e cala.

Não sabes o princípio

Dos fatos que registras.

 

Quanta dor na criatura

Antes de haver caído!...

Se vês a falta alheia,

Usa a misericórdia.

 

Virtude que condena

É orgulho disfarçado.

Hoje, podes julgar...

Amanhã, ninguém sabe.

 

 

 

O Amigo Infalível

 

Viste calamidades

Que jamais esperaste.

Cultivaste afeições

Que te armaram ciladas.

 

Carinho que plantaste

Produziu menosprezo.

Não permitas, porém,

Que a tristeza te arrase.

 

Trabalha, espera e serve.

Não desistas do bem.

Tens um amigo infalível.

Conta com ele. É Deus.

 

Emmanuel

sábado, 23 de abril de 2016




 
Como surgiu a Marselhesa
 
Datas simbólicas merecem ser lembradas não como os exercícios de decoreba que nos impõem nas escolas, mas para celebrarmos o valor do seu significado.
A Revolução Francesa foi/é um evento histórico complexo e com múltiplos significados. Mas jamais deixará de ser um ícone da luta contra a opressão, ainda que ela tenha feito germinar posteriormente a semente do sistema que é a institucionalização econômica, política e cultural da opressão.
Mas isso é outra história. O que vale hoje é comemorar (rememorar coletivamente)  o legado inspirador da Revolução Francesa. Por isso reproduzo post aqui do blog de 14/07/2009.
Ademais, A Marselhesa é uma das canções mais lindas e inspiradoras da humanidade.
*****
14 de julho é feriado nacional da França. Na terra de
Victor Hugo, essa data é celebrada em razão do início, de fato, da Revolução Francesa, simbolizada no episódio conhecido como “Queda da Bastilha”.
No outro blog que mantenho, meio errante, o
Bocas do Tempo, focado no pensamento de Eduardo Galeano, publiquei um texto sobre outro símbolo da Revolução, a Marselhesa, o hino nacional francês. Reproduzo aqui.
Parabéns ao povo francês.
*****

A Marselhesa


A Marselhesa é, sem qualquer sombra de dúvida, uma das canções mais belas e emocionantes que a humanidade já produziu. Verdadeiramente arrepiante.
Tenho várias versões aqui, mas a versão de Edith Piaff… sem comentários… (se ainda não ouviu, clique
aqui para baixar – letra aqui)
Poucos sabem a sua história, entretanto.

A Marselhesa

O hino mais famoso do mundo nasceu de um famoso momento da história universal. Mas também nasceu da mão que o escreveu e da boca que pela primeira vez o cantarolou: a mão e a boca de seu nada famoso autor, o capitão Rouget de Lisle, que o compôs numa noite.
A letra foi ditada pelas vozes da rua, e a música brotou como se o autor a tivesse dentro dele, desde sempre, esperando para sair.
Corria o ano de 1792, horas turbulentas: as tropas prussianas avançavam contra a revolução francesa. Discursos inflamados e declarações alvoraçavam as ruas de Estrasburgo.
- Às armas, cidadãos!
Em defesa da revolução acossada, o recém-recrutado exército do Reno partiu rumo à frente de batalha. O hino de Rouget deu brio às tropas. Soou, emocionou; e alguns meses depois, reapareceu, sabe-se lá como, na outra ponta da França. Os voluntários de Marselha marcharam para o combate cantando essa canção poderosa, que passou a se chamar “A Marselhesa”, e a França inteira fez coro. E o povo invadiu, cantando, o palácio das Tulherias.
O autor foi preso. O capitão Rouget era suspeito de traição à pátria, porque tinha cometido a insensatez de divergir da dona Guilhotina, a mais afiada ideóloga da revolução.
No fim, saiu do cárcere. Sem uniforme, sem salário.
Durante anos arrastou sua vida, comido pelas pulgas, perseguido pela polícia. Quando dizia que era o pai do hino da revolução, todo mundo ria na sua cara.
Eduardo Galeano, “Espelhos – uma história quase universal”.
*****
A Marselhesa (trecho do filme “La vie en rose”)
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=XWOKANV5tf4
FONTE: PROF. GABRIEL CAMPOS
 

sexta-feira, 22 de abril de 2016



Exerço o livre pensamento e a busca constante da Verdade, pois não tenho compromisso com o erro.
 

 
POLÍTICA E RELIGIÃO NA MAÇONARIA DO SÉCULO XXI
                                                                                                                                                        José Maurício Guimarães
 
Não paramos para pensar, questionar ou refletir sobre a tradicional proibição de se discutirem assuntos sobre religião e política nas Lojas maçônicas. A razão é muito simples: a moderna Maçonaria (1717) foi estruturada pelos súditos da Coroa Inglesa, uma estrutura monárquica atrelada à Igreja Anglicana.
Explicando: A Igreja da Inglaterra separou-se da Igreja Católica Romana em 1534 por iniciativa do rei Henrique VIII e por causa de um desentendimento dele com o papa Clemente VII que lhe negava o pedido de anulação do seu casamento com Catarina de Aragão. O desejo do rei por Ana Bolena e a ideia de que, variando o leito conjugal pudesse gerar filhos varões, motivou a cisão da Inglaterra com Roma e o confisco de todas as propriedades que a Igreja Católica possuía na Inglaterra. E o Anglicanismo, nascido da concupiscência real, impera até hoje, como Igreja e religião oficial dos ingleses.
Foi esse o cenário onde viviam os maçons de 1717, em Londres, ao estruturarem a Maçonaria da Grande Loja da Inglaterra quando reinava George I da Grã-Bretanha (também rei da França e da Irlanda, Arquitesoureiro e Príncipe-Eleitor do Sacro Império Romano-Germânico, idem Duque de Brunsvique-Luneburgo) e expoente máximo da Igreja Anglicana.
Consequentemente, James Anderson (escocês, ministro da Igreja da Escócia e pastor presbiteriano em Londres), juntamente com Jean Théophile Désaguliers (francês e pastor anglicano) cuidaram de redigir os cânones da moderna Maçonaria como "negócio de Estado" submisso à linhagem religiosa oficial. O texto completo das Constituições de Anderson (das quais só se divulga um resumo para ser entregue aos neófitos) tem, como abertura, 48 páginas onde se descreve a história Bíblica (desde Adão) e dos reis ingleses (desde Guilherme I até John de Montague) estabelecendo assim o caráter monárquico da nova Maçonaria e a escolha de uma vertente religiosa: a Bíblia judaico-cristã.
Assim sendo, falar sobre religião nas novas Lojas era visto como ameaça à Igreja Anglicana; discutir sobre política, um malefício contra a monarquia e atentado à segurança da descendência real. Os bispos ingleses e a nobreza bateram seus carimbos sobre a nascente sociedade de "homens livres" para que assim permanecesse tudo em paz no país das maravilhas, naquela que é a melhor das ilhas deste que é o melhor dos mundos possíveis. A Commonwealth of Nations, além de seu caráter imperialista, colonialista e escravagista, prosseguiu sua caminhada explorando, sob a égide da religião oficial e dos "homens livres", o Zimbabwe, Granada, Gâmbia, Fiji, Egito, Costa do Ouro, Córsega, Chipre, Ceilão, Canadá, Camarões, Bornéu, Birmânia, Belize, Barbados, Bahamas, Austrália, Antígua e Barbuda, Guiana, Hong Kong‎, Ilhas Gilbert e Ellice, Ilhas Salomão e Tuvalu, Índia, Jamaica, Malásia, Nigéria, Nova Guiné, Nova Zelândia, Papua, Quênia, Rodésia, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Singapura, Territórios Árticos, Trindade e Tobago, etc., etc., etc.
Desse modo e por herança histórica alheia à nossa cultura, carregamos sobre os ombros, até hoje, passados trezentos anos daquelas proibições imperialistas, o incômodo fardo de nos silenciarmos sobre os dois maiores pilares da civilização e do pensamento humano: a Política e a Religião.
Percebam que, no parágrafo anterior, escrevi Política e Religião com iniciais maiúsculas, não me refiro à política nanica (politicagem) nem às igrejas cujo caráter é sectário. Política com "P" maiúsculo vem do grego "politiké" e "politeía" relativos à "pólis", ou cidade-estado, isto é: a arte ou a ciência do governo, o estudo dos comportamentos intersubjetivos, a doutrina do Direito e da moral e a teoria do Estado, conforme exposto na Ética de Aristóteles. A Religião (ou melhor: Religiosidade), com "R" maiúsculo, vem do latim "religio", conjunto de crenças na garantia supernatural  de salvação ou transformação humana.
Por outro lado, a política e a religião, com "p" e "r" minúsculos, quando aplicadas à metodologia do estudo maçônico, dizem respeito aos fuxicos e arengas dos parlamentos e igrejas, ao conluio entre Oficiais da Ordem e politiqueiros, assim como aos ajustes maléficos das Lojas com facções clericais e mexericos da política partidária.
A Política, em sua expressão mais nobre e filosófica, é fundamental à atividade da Maçonaria. Foi o pensamento Político dentro das Lojas que possibilitou o surgimento de propostas para o aperfeiçoamento das instituições democráticas, republicanas, legislativas, judiciárias, e mesmo àquelas revolucionárias. Cito como exemplos a Maçonaria norte-americana e a Independência dos Estados Unidos liderada por maçons, notadamente George Washington; a Maçonaria francesa sob cuja égide se desenvolveram os ideais republicanos na Europa e no resto do mundo. A partir de l786, no Brasil, os "rebeldes" da Inconfidência Mineira eram maçons. Apesar da execução de Tiradentes em 21 de abril de l792, o projeto de libertação cresceu dentro das Lojas. Em 17 de junho de l822, no Rio de Janeiro, os obreiros da Loja Comércio e Artes criaram o Grande Oriente. Com forte poder Político, o movimento maçônico conspirou para a Independência, movimento esse fortalecido pela presença de D. Pedro I, eleito Grão-Mestre. A abolição da escravatura, a imprensa livre no Brasil, a Proclamação da República e tantos outros movimentos, tiveram suas origens nas DISCUSSÕES POLÍTICAS dentro das Loja maçônicas.
Na mesma esteira, as verificações, investigações e exames de temas levados ao debate sobre questões psicológicas e de Religiosidade concernentes à formação cultural do povo e para seu benefício tiveram origem nas Lojas da Europa e dos Estados Unidos. A defesa do Estado laico (conquista da Maçonaria) partiu da boa polêmica sobre a intervenção ou não das igrejas (religiões institucionalizadas) na condução dos negócios do Estado.
A palavra DISCUSSÃO, do latim 'discussio,onis', tanto pode significar perturbação, abalo, agitação, desentendimento, briga e altercação como, por outro lado, o exame, a investigação e verificação de assuntos postos em debate. A busca constante da verdade está na boa polêmica onde cada participante defende pontos de vista opostos.
Não precisamos temer essas discussões, pois a qualidade, a boa educação e formação intelectual dos membros das Lojas, assim como a  competência de suas diretorias é que farão a diferença entre balbúrdia e estudo. Se ainda não alcançamos essas boas condições... é outra questão, e vale a pena questionarmos o que estamos fazendo aqui. Somos uma Ordem Iniciática ou um clube de amigos? Onde estão os líderes que apregoamos serem formados entre colunas?, eis a questão.
Portanto, proibir a abordagem de temas Políticos ou de Religiosidade nas Lojas é castrar a Maçonaria de sua missão prístina: a busca da verdade e o exercício do processo civilizatório da sociedade.
Não paramos para pensar, questionar ou refletir, ainda mais, sobre um outro aspecto: a tal proibição sobre Política e Religião só aparece entre os monarquistas Ingleses. Nos Landmarks, compilados por Albert Mackey (1807-1881), não existe nenhuma objeção a tais assuntos. Claro, Albert Galatin Mackey era norte-americano, republicano de Charleston, Carolina do Sul, e não devia favores à Grande Loja Inglesa. Acompanhou o sistema de Grandes Lojas estaduais independentes e confederadas conforme proposto por George Washington. Daí a liberalidade dos Landmarks que compilou. Se a questão Religiosa ou Política fosse impeditiva, Mackey teria cuidado de elencá-la nos Landmarks; no entanto ele apenas fez uma alusão, no Landmark XXI, ao dizer: "É indispensável a existência, no Altar, de um Livro da Lei, o livro que, conforme a crença, se supõe conter a Verdade revelada pelo Grande Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus membros, esses livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este Landmark que um Livro da Lei seja parte indispensável dos utensílios de uma Loja". O texto é claro: a Maçonaria não toma parte nas peculiaridades religiosas dos seus membros; mas também não proíbe esses assuntos.
Não podemos permanecer submetidos apenas às iniciativas de consenso público, aplaudindo e dizendo amém. Isso seria perpetuar uniformidades de opinião ou crenças de uma minoria que pretende controlar a Ordem. Precisamos, com urgência, apresentar PROPOSTAS (ou projetos, como queiram) para a saída dos impasses social, político e econômico no qual o Brasil está mergulhado.
PERGUNTO: temos propostas para uma reforma eleitoral no Brasil? temos propostas para a reforma fiscal ou tributária? temos propostas para a reformas judiciária, partidária, ou de segurança pública? temos propostas para uma reforma educacional, que é a mais urgente de todas?
Não, não temos.
As Lojas, confinadas num modelo velho de três séculos, desperdiçam sessões e seu precioso tempo na escolha do refrigerante e dos salgadinhos para as festinhas do fim de ano. Aliás, é exatamente isso que alguns de nossos dirigentes querem: que as Lojas continuem simplesmente a bater malhetes, inconscientes do drama e das angústias pessoais, ignorantes a respeito de nossa missão individual, a tal ponto de tentarem nos transformar em autômatos sem a consciência de sabermos o porquê e a finalidade de estarmos juntos, conforme já assinalou eminente escritor maçônico transcrito por mim em diversas ocasiões.
O Brasil é hoje um país dividido pela intolerância, pela má formação educacional, pela péssima distribuição de renda e pelos sofismas partidários. A Maçonaria brasileira, cuja missão consiste em combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros, glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade promovendo o bem estar da Pátria e da humanidade, também encontra-se dividida por questões alheias aos interesses do povo maçônico, e vocês sabem do que estou falando.
Muitos parecem ansiar por uma "posição oficial" da Maçonaria sobre o atual momento político. A rigor, nenhum de nós, maçons individualmente, pode se arvorar nesse terreno, uma vez que só os Grão-Mestres, após ouvirem "o povo maçônico" em suas respectivas Potências, podem emitir a "palavra oficial" sobre este ou aquele aspecto. Ou seja: os Grão-Mestres falam pela maçonaria praticada em suas jurisdições, após uma consulta às bases, depois de os Obreiros, através de suas respectivas Lojas, terem se manifestado sobre o assunto submetido à avaliações plenárias.
Por que ainda não criamos fóruns, seminários e mesas-redondas setoriais e gerais para auscultarmos nossos membros e levantarmos projetos e propostas de governo? Haveria, por acaso, o receio de que tais assembleias e debates acabassem apontando novas propostas para a modificação política também no âmbito da Maçonaria?
As escolas maçônicas, as Lojas de pesquisas, as academias e círculos de estudos, de onde deveriam brotar novas diretrizes condizentes com nossa realidade, são colocados em plano secundário dentro do protagonismo maçônico, quando não sabotados em suas atividades.
Infelizmente, o que vemos em alguns segmentos da Ordem (felizmente poucos, mas significativos) é uma pregação aberta pela democracia, sendo que, da porta para dentro, prevalecem regimes nitidamente autoritários.
Talvez eu não esteja dizendo nada de novo. Mas, com certeza, estou expressando o anseio de milhares de maçons imobilizados pela inércia geral.
Por onde começar?
Pelo estudo detalhado das Instruções do três Graus Simbólicos e pela identificação minuciosa das claras posições e ensinamentos sobre a Política e a Religiosidade no pensamento maçônico. Tais posições tornam-se ainda mais exigentes, contundentes e específicas, nos Graus além do Mestre Maçom; mais exigentes e contundentes nos dias de hoje, para que possamos sair às ruas e desfilarmos nossos paramentos com CONHECIMENTO DE CAUSA.

Enviado pelo valoroso irmão Devaldo de Souza

quinta-feira, 21 de abril de 2016


 

Abençoa Sempre

Scheilla

Seja onde for, abençoa para que a benção dos outros te acompanhe.

Todas as criaturas e todas as coisas te respondem, segundo o toque de tuas palavras ou de tuas mãos.

Abençoa teu lar com a luz do amor, em forma de abnegação e trabalho, e o lar abençoar-te-á com gratidão e alegria.

Abençoa a árvore de tua casa com a dádiva e teu carinho e a árvore de tua casa abençoar-te-á com o perfume da flor e com a riqueza do fruto.

Se amaldiçoas, porém, o companheiro de cada dia com o azorrague da censura, dele receberás a mágoa e a desconfiança.

Se condenas o animal que te partilha o clima doméstico à fome e à flagelação, dele obterá rebeldia e aspereza.

Em verdade, não podes abençoar o mal, a exprimir-se na crueldade, mas deves abençoar-lhe as vítimas para que se refaçam, de modo a extinguí-lo.

Não será justo abençoes a enfermidade que te aflige, mas é indispensável abençoes o teu órgão doente, para que com mais segurança se reajuste, expulsando a moléstia que, às vezes, te impõe amargura e desequilíbrio.

Não amaldiçoes nem mesmo por pensamento.

A ideia agressiva ou destruidora é corrosivo em nossa boca, sombra em nossos olhos, alucinação em nossos braços e infortúnio em nossa vida.

Abençoa a mão que te fere e a mão que te fere aprenderá como eximir-se da delinquência.

Abençoa o verbo que te insulta e evitarás a extensão do revide.

Abençoa a dificuldade e a dificuldade revelar-te-á preciosas lições.

Abençoa o sofrimento e o sofrimento regenerar-te-á.

Abençoa a pedra e a pedra servirá na construção.

Não olvides o Divino Mestre da Bênção.

Jesus abençoou a Manjedoura e dela fez o berço luminoso do Evangelho nascente; abençoou a Pedro, enfraquecido e vacilante, transformando-o em vigoroso pescador de almas; abençoou a Madalena obsidiada e nela plasmou o sinal da sublimação humana; abençoou Lázaro, cadaverizado, e devolveu-lhe a vida; e, por fim, abençoou a própria cruz, nela esculpindo a vitória da ressurreição imperecível.

Abençoa a Terra, por onde passes, e a Terra abençoara a tua passagem para sempre.

domingo, 17 de abril de 2016


Paz

Emmanuel

 

Se provações te afligem,

Deus te concede Paz.

 

Se o cansaço te pesa,

Deus te sustenta a paz.

 

Se te falta a esperança,

De te acrescente a paz.

 

Se alguém te ofende ou fere,

Deus te renove em paz.

 

Sobre as trevas da noite,

O Céu fulgura em paz.

 

Ama, serve e confia.

Deus te mantém a paz.

 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O Tronco de Solidariedade


por Luiz Marcelo Viegas

Na época da construção do Templo, erguido por Salomão em Jerusalém, foi criada uma coluna em miniatura que girava por entre as bancadas, recebendo as contribuições. A mão era introduzida pelo alto capitel, que a ocultava, havendo uma fenda no cimo do fuste para a passagem da oferta; naquela época, os arquitetos a denominavam “Tronco”.

A função caritativa da Maçonaria se tornou tão destacada, que a Ordem passou a ser identificada como filantrópica. Ouvia-se falar que a imagem da Maçonaria era Fraternidade e Caridade. Assim, a antiga coleta, que se fazia entre os sacerdotes foi estendida aos associados, passando a ser destinada às obras piedosas da Corporação ou da Loja. Era costume, nas antigas “guildas”, recolher contribuições dos que podiam ofertá-las para socorrer os congregados, entre os quais se encontravam todos os tipos de homens: senhores, trabalhadores e serviçais. A proteção se estendia às viúvas, órfãos, inválidos e servia até para defesa judicial dos membros.

Essa tradição passou à Maçonaria. Toda árvore é sustentada pela robustez de seu tronco, em cujo interior sobe a seiva alimentadora. O tronco é mais forte na medida em que, pelo passar dos anos, são acrescidos os anéis ou camadas, isso faz com que seja aumentado seu diâmetro – seu volume. A função do Tronco de Solidariedade é crescer, sempre que exista necessidade de atender aqueles Irmãos mais necessitados ou seus familiares. O Tronco somente fortalece-se na medida em que aqueles que contribuem o fizerem com o intuito de ajudar. Ele nunca é suspenso. O que é suspenso é o giro para reiniciar nas próximas reuniões.

As administrações das Lojas devem ter em mente que o Tronco tem uma única finalidade, não fazendo parte do patrimônio das mesmas. A tradição é de socorro e assistência a Irmãos necessitados, suas viúvas e órfãos. Isso deve ser cumprido em primeiro lugar. Para isso, o Irmão Hospitaleiro deve, sempre, reservar uma parcela do mesmo para eventualidades e urgências. Propostas de Irmãos, para que a Loja destine o Tronco a instituições profanas, devem ser analisadas com muito critério e, se for atendida, não devemos, nunca, esquecer-se da reserva acima mencionada, destinando-se, para esse fim, uma menor parte do Tronco para as entidades assistenciais maçônicas e não-maçônicas.

As dádivas para o Tronco são sigilosas. Cada Irmão contribui com o que pode e, se desprovido, não dará nada, mas como todos, deve introduzir a mão fechada no recipiente e retirá-la aberta, pois ninguém pode servir-se das importâncias depositadas, cujo total é creditado à Hospitalaria. Um mau costume, felizmente abolido, foi o de apregoar dádivas de Lojas ou Irmãos ausentes. O giro do Tronco deve ser praticado em silêncio ou ao som de música suave, cujos temas sejam de amor e de amizade. (Os maçons Mozart e Franz Lizt compuseram peças com esses temas. Do primeiro: “Das Lob der Freudschat” e “Die Maurerfreude”; do segundo: “Sonho de Amor”).

Pelo acima exposto, fica claro que a Maçonaria não é apenas uma sociedade de beneficência, o que muitos profanos e aprendizes recém-ingressos na Ordem trazem em seus pensamentos. O principal é lembrar que o Tronco de Solidariedade, Beneficência, das Viúvas, etc, chamem-no como quiser, se destina a ajudar os Irmãos necessitados e, por conseguinte, seus familiares.

quinta-feira, 7 de abril de 2016


Depressão

A depressão tem a sua gênese no Espírito, que reencarna com alta dose de culpa, quando renteando no processo da evolução sob fatores negativos que lhe assinalam a marcha e de que não se resolveu por liberar-se em definitivo.


Com a consciência culpada, sofrendo os gravames que lhe dilaceram a alegria íntima, imprime nas células os elementos que as desconectam, propiciando, em largo prazo, o desencadeamento dessa psicose que domina uma centena de milhões de criaturas na atualidade.


Se desejarmos examinar as causas psicológicas, genéticas e orgânicas, bem estudadas pelas ciências que se encarregam de penetrar o problema, temos que levar em conta o Espírito imortal, gerador dos quadros emocionais e físicos de que necessita, para crescer na direção de Deus.


A depressão instala-se, pouco a pouco, porque as correntes psíquicas desconexas que a desencadeiam, desarticulam, vagarosamente, o equilíbrio mental.


Quando irrompe, exteriorizando-se, dominadora, suas raízes estão fixadas nos painéis da alma rebelde ou receosa de prosseguir nos compromissos redentores abraçados.
Face às suas cáusticas manifestações, a terapia de emergência faz-se imprescindível, embora, os métodos acadêmicos vigentes, pura e simplesmente, não sejam suficientes para erradicá-la.


Permanecendo as ocorrências psicossociais, sócio-econômicas, psico-afetivas, que produzem a ansiedade, certamente se repetirão os distúrbios no comportamento do indivíduo conduzindo a novos estados depressivos.


Abre-te ao amor e combaterás as ocorrências depressivas, movimentando-te, em paz, na área da afetividade, com o pensamento em Deus.


Evita a hora vazia e resguarda-te da sofreguidão pelo excesso de trabalho.


Adestra-te, mentalmente, na resignação diante do que te ocorra de desagradável e não possas mudar.


Quando sitiado pela ideia depressiva alarga o campo de raciocínio e combate o pensamento pessimista.


Açodado pelas reminiscências perniciosas, de contornos imprecisos, sobrepõe as aspirações da luta e age, vencendo o cansaço.

 
Quem se habilita na ação bem conduzida e dirige o raciocínio com equilíbrio, não tomba nas redes bem urdidas da depressão.


Toda vez que uma ideia prejudicial intentar espraiar-se nas telas do pensamento obnubilando-te a razão, recorre à prece e à polivalência de conceitos, impedindo-lhe a fixação.


Agradecendo a Deus a benção do renascimento na carne, conscientiza-te da sua utilidade e significação superior, combatendo os receios do passado espiritual, os mecanismos inconscientes de culpa, e produzes com alegria.


Recebendo ou não tratamento especializado sob a orientação de algum facultativo, aprofunda a terapia espiritual e reage, compreendendo que todos os males que infelicitam o homem procedem do Espírito que ele é, no qual se encontram estruturadas as conquistas e as quedas, no largo mecanismo da evolução inevitável.

Joanna de Ângelis

 

terça-feira, 5 de abril de 2016


O Maçom e a Dúvida
 
Charles Evaldo Boller
 
Na Maçonaria buscam-se novos horizontes no plano do pensamento. Existem conhecimentos que escapam ao campo da experiência em virtude da limitação sensorial e analítica inerente ao homem ego:  aquele que bloqueia qualquer atitude verdadeira e autêntica em si, tornando-se seu próprio inimigo. São noções que exigem círculos de juízos muito acima dos limites individuais e da linguagem humana. Ideias que ultrapassam o mundo  sensível,  onde  a  experiência  não  serve  de guia.
 
São quatro as escolas que permeiam as discussões dos maçons:
a Autêntica ou Histórica; Antropológica ou Primitiva; Mística ou Teológica; e Oculta ou Esotérica. As investigações, destas diferentes escolas, partem com os pensamentos de base inicialmente teológicas e mágicas, depois metafísicas e místicas, podendo alcançar o nível da compreensão científica. Devido a estes diferentes níveis de estudo progressivos, a Maçonaria ressalta a importância do respeito ao pensamento do outro, enquanto a ideia passa pelas diversas fases em direção a consolidação: é quando o pensamento deixa de ser filosófico e passa a ser ciência. E é apenas nestas situações que o maçom exercita a tolerância: somente para com o pensamento do outro. Mau comportamento e atitudes grosseiras nunca devem ser aceitas porque conspurcam o ambiente puro desejado para os estudos da nobre arte do pensamento, cujo alicerce é a dúvida.
 
O ponto forte da fraternidade maçônica é o respeito ao pensamento do outro.
 
Na área da  especulação, fatalmente os  intelectuais  enveredam
no Eruditismo, o que complica a absorção de conhecimentos mais sutis.  Outros mais tímidos  têm  medo  de  exporem  seus  pensamentos. Existem aqueles que conhecem, mas não compartilham seus conhecimentos. Porém, seguindo a metodologia maçônica, o entendimento de conhecimentos acima dos limites normais de entendimento é aprendido com facilidade quando o grupo e suas dinâmicas agem sobre a pessoa, razão da necessidade de reuniões regulares em loja: os participantes se soltam e lentamente o conhecimento de todos aumenta.
 
Mesmo na complexidade dos temas, não existe na Maçonaria a
figura do professor, seja na pessoa do venerável, do orador, dos vigilantes  ou  qualquer  outro  maçom:  todos  são  mestres  e  aprendizes.  O conhecimento suprassensorial, das vivências do homem e seu despertar pela vontade em atividades e experiências da liberdade, é transmitido de pessoa a pessoa na forma de blocos de informação que emanam da interação do grupo e não da imposição de algum líder.
 
O maçom duvida até o momento em que passa a sentir e entender fenômenos sublimes com o auxílio de sua própria capacidade intelectual e sensorial, ou na eminência de comprovação científica de suas ideias.
 
O  processo  evolutivo  do  pensamento  atravessa  distintas  fases de tratamento mental: parte-se da observação concreta e abstrata, envereda-se pela meditação e análise indutiva e dedutiva para, finalmente, florescer na linguagem e nos processos mentais racionais. Este é o caminho  por  onde  passam  todas  as  análises  dos  fenômenos  invisíveis que, pelo fato de não serem acessíveis aos padrões normais, são sempre retomados e criticados: florescem da dúvida.
 
Informações e conceitos como Grande Arquiteto do Universo,
liberdade,  imortalidade,  e  outros,  apenas  são  acessíveis  e  estudados pela Metafísica e Mística depois de passarem pelos processos naturais de desenvolvimento. No plano espiritual os pensamentos são impossíveis de se definirem ou de se estabelecerem em resultados desejáveis a priori. Daí todos os processos de busca das verdades sutis serem apenas  especulações  filosóficas  incertas.  E  estas,  considerando  a  ilusão sensorial a que o homem  é  submetido  pela  própria Natureza, devem sempre serem reavaliadas, desacreditadas, reconsideradas. O Ceticismo é a atitude usual do maçom porque, apesar de perscrutar em direção à verdade,  sabe  que  está  sendo  enganado  permanentemente  pelos  seus sensores primários, daí expandir também esta disposição aos sensores  sutis, aqueles que tem a faculdade de penetrarem na alma, na essência do ser.
 
Em  Maçonaria,  o  conhecimento  transcendental  passa  inicialmente pelo estabelecimento de lendas e ficções que servem apenas de esboço aos pensamentos iniciais. Estes depois são filtrados em outros níveis.  Podem  chegar  a  verdades  demonstráveis  por  leis  naturais:  as ideias apenas são lançadas dentro da mente dos ouvintes que, de sua livre iniciativa, usa como guarda de trânsito o livre-arbítrio, as adaptam e modificam ao nível de sua própria evolução. Daí se afirmar que não  existe  a  figura  do  educador,  existe  apenas  autoeducação,  o  que elimina a figura do professor, do mestre. A maioria das revelações, em níveis sensoriais sutis ocorre em grupo e é resultado de pura intuição individual. Pode ser percebida, mas não verbalizada, racionalizada. O acesso ao divino se dá apenas no silêncio.
 
Alguns maçons penetram logo naquilo que a Maçonaria provoca nestes aspectos, outros só alcançam a Luz, ou Aufklärung de Kant, depois de longa e penosa caminhada. Outros, mais arraigados ao seu conservadorismo, ego e vícios, jamais a veem. A divindade não pode ser pensada, falada, refletida, apenas percebida na meditação contemplativa, receptiva afastada de exercícios do intelecto.
 
Independente  do  fato  de  perceberem  verdades  mais  sutis  ou não, o que interessa aos maçons em suas oficinas é reunirem-se para debaterem assuntos que possibilitem a evolução individual, cujo caminho passa pela dúvida. Maçom desperto é homem inquieto e desejoso em decifrar os mistérios que estão velados nos rituais e na Natureza. Uma vez percebida uma particularidade ao seu redor, o maçom duvida. Não em sentido negativo, mas atento, de modo a reavaliar os mistérios debaixo da luz contemporânea da ciência e evolução tecnológica. É da dúvida que nascem novos e inusitados pensamentos que tem a pretensão de mudar o homem, e com isso a sociedade e o mundo. É a busca do homem cósmico, integrado ao Universo, com o qual se unifica. É por isso que podem denominar o maçom iluminado como aquele que se considera "filho da heresia": aquele que busca na dúvida reavaliar conceitos já estabelecidos para fugir da estagnação e do conservadorismo.
 
O maçom e a dúvida são companheiros inseparáveis na caminhada pelo Universo que se originou num ponto dentro de um círculo.
Aquele ponto, o ovo cósmico que deu à luz a realidade que o homem é levado a acreditar, por meios fantásticos. Consciência de que o homem e toda a materialidade é nada! Tudo é espaço vazio! Inclusive o próprio homem. Tomado em termos atômicos toda a realidade é apenas uma  ilusão  dos  sentidos  que  o  Grande  Arquiteto  do  Universo  criou num ato de amor.