sexta-feira, 8 de abril de 2016

O Tronco de Solidariedade


por Luiz Marcelo Viegas

Na época da construção do Templo, erguido por Salomão em Jerusalém, foi criada uma coluna em miniatura que girava por entre as bancadas, recebendo as contribuições. A mão era introduzida pelo alto capitel, que a ocultava, havendo uma fenda no cimo do fuste para a passagem da oferta; naquela época, os arquitetos a denominavam “Tronco”.

A função caritativa da Maçonaria se tornou tão destacada, que a Ordem passou a ser identificada como filantrópica. Ouvia-se falar que a imagem da Maçonaria era Fraternidade e Caridade. Assim, a antiga coleta, que se fazia entre os sacerdotes foi estendida aos associados, passando a ser destinada às obras piedosas da Corporação ou da Loja. Era costume, nas antigas “guildas”, recolher contribuições dos que podiam ofertá-las para socorrer os congregados, entre os quais se encontravam todos os tipos de homens: senhores, trabalhadores e serviçais. A proteção se estendia às viúvas, órfãos, inválidos e servia até para defesa judicial dos membros.

Essa tradição passou à Maçonaria. Toda árvore é sustentada pela robustez de seu tronco, em cujo interior sobe a seiva alimentadora. O tronco é mais forte na medida em que, pelo passar dos anos, são acrescidos os anéis ou camadas, isso faz com que seja aumentado seu diâmetro – seu volume. A função do Tronco de Solidariedade é crescer, sempre que exista necessidade de atender aqueles Irmãos mais necessitados ou seus familiares. O Tronco somente fortalece-se na medida em que aqueles que contribuem o fizerem com o intuito de ajudar. Ele nunca é suspenso. O que é suspenso é o giro para reiniciar nas próximas reuniões.

As administrações das Lojas devem ter em mente que o Tronco tem uma única finalidade, não fazendo parte do patrimônio das mesmas. A tradição é de socorro e assistência a Irmãos necessitados, suas viúvas e órfãos. Isso deve ser cumprido em primeiro lugar. Para isso, o Irmão Hospitaleiro deve, sempre, reservar uma parcela do mesmo para eventualidades e urgências. Propostas de Irmãos, para que a Loja destine o Tronco a instituições profanas, devem ser analisadas com muito critério e, se for atendida, não devemos, nunca, esquecer-se da reserva acima mencionada, destinando-se, para esse fim, uma menor parte do Tronco para as entidades assistenciais maçônicas e não-maçônicas.

As dádivas para o Tronco são sigilosas. Cada Irmão contribui com o que pode e, se desprovido, não dará nada, mas como todos, deve introduzir a mão fechada no recipiente e retirá-la aberta, pois ninguém pode servir-se das importâncias depositadas, cujo total é creditado à Hospitalaria. Um mau costume, felizmente abolido, foi o de apregoar dádivas de Lojas ou Irmãos ausentes. O giro do Tronco deve ser praticado em silêncio ou ao som de música suave, cujos temas sejam de amor e de amizade. (Os maçons Mozart e Franz Lizt compuseram peças com esses temas. Do primeiro: “Das Lob der Freudschat” e “Die Maurerfreude”; do segundo: “Sonho de Amor”).

Pelo acima exposto, fica claro que a Maçonaria não é apenas uma sociedade de beneficência, o que muitos profanos e aprendizes recém-ingressos na Ordem trazem em seus pensamentos. O principal é lembrar que o Tronco de Solidariedade, Beneficência, das Viúvas, etc, chamem-no como quiser, se destina a ajudar os Irmãos necessitados e, por conseguinte, seus familiares.

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