sábado, 30 de dezembro de 2017


Código de Ética

Chegamos ao fim do estudo da moral recomendada em cada grau da Maçonaria e verificamos que em todos os casos essa moral encontra apoio no texto bíblico de abertura dos respectivos graus.

Como mencionamos no último grau, o Grau 33 – Grande Inspetor Geral ou Membro Honorário, a Maçonaria faz menção de uma Ética. Como a própria Maçonaria admite que os termos Ética e Moral nos dias de hoje são usados para definir o comportamento social, profissional, jurídico etc., isso nos dá a liberdade de, reunidas as recomendações morais de todos os 33 graus da Maçonaria, chamar essa reunião de Código de Ética.

Assim, segue abaixo a reunião de todos os graus com a menção da moral respectiva, segundo a nossa interpretação, o que poderá formar esse Código de Ética.

Grau 1 - O Amor Fraternal

Grau 2 - A Prática de Virtude

Grau 3 - A Imortalidade da Alma

Grau 4 - A Fidelidade ao Dever

Grau 5 - A Perfeição

Grau 6 - A Poderação

Grau 7 - A Justiça Igual para Todos

Grau 8 - O Respeito à Propriedade

Grau 9 - A Confiança na Justiça

Grau 10 - A Credibilidade

Grau 11 - Justa Recompensa

Grau 12 - A Sabedoria

Grau 13 - A Perseverança

Grau 14 - A Busca da Verdade

Grau 15 - A Fidelidade à Palavra Empenhada

Grau 16 - A Recompensa pelas Obras

Grau 17 - A Obediência à Lei

Grau 18 - A Caridade (O Amor)

Grau 19 - A Salvação pela Fé

Grau 20 - A Propagação da Verdade

Grau 21 - A Prática da Humildade

Grau 22 - O Amor ao Trabalho

Grau 23 - A Defesa do Hábeas-Corpus

Grau 24 - A Sustentação da Lei do Júri

Grau 25 - O Sacrifício pelo Bem Público

Grau 26 - A Igualdade Social 252 Jesus e a Moral Maçônica

Grau 27 - A Defesa de Ordem Constituída

Grau 28 - O Culto à Natureza

Grau 29 - A Crença em Jesus Cristo

Grau 30 - O Cumprimento da Lei

Grau 31 - O Culto à Justiça

Grau 32 - A Organização

Grau 33 - O Homem Justo

 

Francisco Mello Siqueira

Jesus e a Moral Maçônica

páginas 252 e 253

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017


 

SÚPLICA  DA  CRIANÇA  AO  HOMEM

 
Emmanuel
 
AMIGO!

Auxilia-me agora, para que eu te auxilie depois.
 
*

Não me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância ou à crueldade.

*

Venho ao encontro de tuas nobres aspirações, de teu convívio, de tua obra...

Em tua companhia estou na condição da argila nas mãos do oleiro.

*

Hoje sou sementeira, fragilidade, promessa...

Amanhã, porém, serei tua própria realização.
 
*

Corrige-me, com amor, quando a sombra do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me abandone.

*

Protege-me contra o mal!...
 
*

Ensina-me a descobrir o bem, onde estiver.
 
*

Não me afastes de Deus e auxilia-me a conservar o amor e o respeito que devo às pessoas, aos animais e às coisas que me cercam.
 
*

Não me negue tua boa vontade, teu carinho, tua paciência...

*

Tenho tanta necessidade do teu coração, quanto a plantinha tenra precisa da água para prosperar e viver.
 
*

Dá-me tua bondade e dar-te-ei cooperação.

*

De ti depende que eu seja pior, ou melhor, amanhã.

 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017


 


QUANTO  MAIS


 

Emmanuel

 

Quanto mais tiveres, mais, ser-te-á acrescentado, - disse-nos o Senhor.

 

*

Para que lhe compreendamos o ensinamento, vejamos a natureza.

Quanto mais repouso na enxada, mais amplo se lhe farão o assédio da ferrugem, conduzindo-a do descanso à plena inutilidade.

Quanto mais estanque o poço, mais envenenadas se lhe farão as águas, passando da inércia à letalidade completa.

Quanto mais abandonado o fruto amadurecido, mais profunda se lhe fará a corrupção, descendo à imprestabilidade.

Eis porque, a Lei estenderá as forças que exteriorizamos, à maneira da lavoura em cujas atividades cada semente produz em regime de multiplicação.

*

Quanto mais egoísmo – mais aviltamento.

Quanto mais repouso indébito – mais preguiça.

Quanto mais vaidade – mais aflição.

Quanto mais ciúme – mais desespero.

Quanto mais delinqüência – mais remorso.

Quanto mais erro – mais reajuste.

Quanto mais desequilíbrio – mais sofrimento.

Quanto mais trabalho – mais progresso.

Quanto mais boa vontade – mais simpatia.

Quanto mais humildade – mais bênçãos.

Quanto mais bondade – mais triunfo.

Quanto mais serviço – mais auxílio.

Quanto mais perdão – mais respeito.

Quanto mais amor – mais luz.

 

*

Examina o que sentes e pensas, o que dizes e fazes, porque a Lei multiplicará sempre os recursos que ofereces à vida, restituindo-te compulsoriamente o bem ou o mal que pratiques, de vez que inferno ou céu, alegria ou dor, felicidade ou obstáculo em nosso caminho, é sempre a Justiça Divina a expressar-se conosco e por nós, conferindo-nos isso ou aquilo, de conformidade com as nossas próprias obras.

***

 

O lar é o porto de onde a alma se retira para Além do Mundo e quem não transporta no coração o lastro da experiência cristã, dificilmente escapará de surpresas inquietantes e dolorosas.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017


A ética e a matemática

É possível, caro leitor, definir o valor de um homem usando a Matemática?
Pois foi exatamente isso que fez Al-Khwarizmi, ilustre matemático persa do século IX.
Pediram-lhe falar sobre o ser humano. Ele respondeu:
– Podemos montar uma equação: Se um homem tiver ética, ele é = 1.
Se inteligente, acrescente um zero. Será = 10.
Se rico, outro zero. Será = 100.
Se belo, mais um zero. Será = 1.000.
Mas, se perder a unidade, o um correspondente à ética, restarão apenas zeros.
Inteligência, riqueza e beleza geralmente distinguem pessoas famosas em seu setor de atividades. Não obstante, todo o mal do mundo repousa no fato de faltar à maioria valores éticos a orientar sua conduta.
Há homens de grande inteligência, ocupando cargos importantes, mas cometendo toda sorte de arbitrariedades.
Há empresários e políticos riquíssimos, comprometidos com a corrupção.
Há mulheres famosas pela beleza, mas usando-a como recurso de sedução, a fim de alcançarem prestígio e notoriedade.
Sob o ponto de vista humano, são vitoriosos.
Espiritualmente situam-se como candidatos certos a estágios depurativos em regiões umbralinas, quando desencarnarem, aprendendo, à custa de muito sofrimento, que, sem ética, seus sucessos foram zeros, perdidos nas ilusões do mundo.
Conforme o Dicionário Houaiss, ética seria o “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”.
Oportuno lembrar: não vivemos em ilha deserta. Na vida em sociedade situamo-nos num círculo imenso de pessoas, onde, por princípio básico de civilidade, devemos respeitar regras instituídas, princípios éticos, a fim de convivermos pacífica e proveitosamente.
Há um probleminha.
Dizia Martin Luther King que nosso mundo é orientado por um relativismo ético. Se a maioria adota determinado comportamento, ele passa a ser o correto.
Em tempo de segregação racial, nos Estados Unidos, a ética da sociedade preconceituosa dizia que o negro não podia entrar num clube, escola, cinema ou qualquer outro recinto reservado aos brancos. Homens zero desfrutavam de direitos negados a homens discriminados pela cor da pele, embora debaixo dela fossem todos absolutamente iguais.
No século XIX, bem próximo, era ético ter escravos. Hoje é prática abominável, passível de punição pela autoridade constituída.
Em tempos bíblicos, o adultério era punido com a morte dos envolvidos. Na atualidade deixou de ser crime, e é largamente exercitado por ambos os sexos, em demonstração de virilidade e autoafirmação.
Em décadas passadas era antiético tatuar o corpo, iniciativa própria dos criminosos nas prisões, como uma espécie de distintivo. Hoje essa iniciativa é encarada como maquiagem definitiva e faz a fortuna dos tatuadores, atendendo à demanda, principalmente entre os jovens.
Acima desse relativismo, apontado por King, haverá o princípio ético atemporal e universal, que sirva para todos os tempos e todas as sociedades?
Sem dúvida! Está entre nós há dois mil anos, formulado por Jesus. O princípio capaz de organizar e pacificar qualquer sociedade, permitindo que vivamos em paz em qualquer situação.
Está contido em o Sermão da Montanha, capítulos 5 a 7, do Evangelho de Mateus. São poucas páginas de o Novo Testamento, mas com material para uma vida de reflexões e uma orientação de caráter eterno e universal.
Deveríamos ler diariamente essas páginas iluminadas, apresentadas com a simplicidade da sabedoria autêntica e a profundidade da verdade revelada.
Cumprindo-as, estaremos colocando a unidade ética à frente de todos os valores humanos, habilitando-nos a “notas altas” nos testes que a vida nos impõe, frequentemente.
Ainda que não tenhamos vocação para a reflexão mais apurada, um versículo apenas, se observado com fidelidade e persistência, nos garantirá ótimo aproveitamento ético.
É quando Jesus afirma:
“Assim, tudo quanto quereis que os homens vos façam, assim também fazei vós a eles[…]” (Mateus, 7:12).
Fonte: Reformador dezembro 2017

terça-feira, 26 de dezembro de 2017


BREVIÁRIO MAÇÔNICO - A PRUDÊNCIA

 

É uma virtude de comportamento. O prudente prevê o que lhe poderá acontecer se não estiver alerta. Essa virtude  pode ser considerada como uma ação de “legítima defesa”, porque a Prudência é atributo da defesa. Prever um acontecimento não significa premonição. Quem enceta uma viagem de automóvel, se antes de inicia-la não observa como está de combustível, fatalmente ficará sem motor, e de nada lhe valerá imprecar contra alguém, pois o único responsável foi ele que não foi prudente. Em nossos dias, de tanta confusão social e familiar, neste mundo tão complicado, quem não for prudente. A prudência é necessária em todas as circunstâncias e ela faz parte de um feixe de exigências, como a previsão, o conhecimento, a pesquisa etc. A parábola das virgens imprudentes tem sido o alerta clássico para todos; há dois mil anos, portanto, que a humanidade segue o conselho do divino Mestre. O imprudente perderá a oportunidade que espera. A Maçonaria cultiva as virtudes, e no feixe amplo está a Prudência, que é sinônimo de precaução, alerta, vigília e tudo o mais. O Maçom Prudente guarda os sigilos da instituição e assim evitará a profanação. A Prudência não “ampara” somente a primeira pessoa, mas protege o grupo todo.

 

Ir.·. Rizzardo da Camino.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017


 

A RESPONSABILIDADE DO MAÇOM

À Glória do G.’.A.’.D.’.U.’.!


É cediço que as últimas décadas foram palco de consideráveis avanços científicos e tecnológicos, inclusive com o fenômeno da globalização que literalmente derribou fronteiras. Tal fenômeno acabou por influenciar a economia e a vida de todo o planeta, principalmente pela celeridade da circulação de informações de toda espécie.


No entanto, em que pese a propagação do conhecimento, tem-se debatido a respeito da degradação que a sociedade hodierna está sofrendo, principalmente no que tange as instituições que tradicionalmente a sustentaram.


A família deixou de ser o ponto de referência dos indivíduos, pois sucumbiu ao egoísmo exacerbado. As virtudes inerentes ao bom caráter passaram a ter conotação antiquada, quiçá, jocosa. A aparência prepondera sobre a essência.


É justamente neste emaranhado de contradições e superficialidades que seletos homens são chamados para compor as fileiras de uma instituição secular – a Maçonaria –, “para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros; glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade. Para promover o bem da Pátria e da Humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício”. 1

Assim, o profano ao ser iniciado nasce para vida maçônica cabendo-lhe inúmeras responsabilidades que, para os fins que se destina o presente trabalho, limitar-se-á a estudá-las sob os três aspectos mais importantes: moral, social e institucional.
MORAL
Não é o objetivo se ater a divagações filosóficas com relação a moral2 ou a ética, pois não se entende necessárias à compreensão do tema, vez que o senso comum, que possui todo homo medius, é suficiente para que o maçom entenda a dimensão da responsabilidade que lhe cabe.


Obviamente, o estudo da moral não pode se limitar a um ponto de vista meramente subjetivo, mas, sobretudo, sob seu aspecto pragmático. Neste último é que o Maçom deve se prender, pois de nada adiante estudar as instruções e complementos, que estão repletos de exortações à boa conduta, se não colocá-las em prática. Portanto, a conduta do maçom é a razão de ser da moral maçônica.
Destarte, o objetivo da Instituição Maçônica é a construção e o aperfeiçoamento ininterrupto da sociedade que, para tal, necessita de seus pedreiros afim de que executem este árduo trabalho. Neste sentido dispõe a Constituição da Grande Loja de Santa Catarina, em seus Postulados:


(…) a Maçonaria é uma instituição nascida para combater, com a persuasão e a força moral do bom exemplo, tudo que atente contra a Razão e o Espírito de Fraternidade Universal. Nesta força moral, que só se adquire pela Virtude, única proclamada como legítima, consagrada pela consciência dos povos nos códigos das nações, como agente supremo do poder soberano, concentra a Maçonaria toda a sua glória e a ela deve os grandes triunfos que, com tanta justiça, a têm colocado como a primeira à frente das grandes instituições nascidas do amor à Humanidade e do interesse pelo bem-estar dos povos. Ciência do progresso moral, a Maçonaria resume sua ação social nos atributos da inteligência e do coração – Luz e Verdade, Amor e Filantropia.3


Por sua vez, o artigo escrito pelo Ir.’. Luiz Gonzaga Rocha aborda com sucinta precisão a razão de se ter verdadeiros maçons na sociedade:
Curvo-me à ideia de que a busca da perfeição e da existência de um mundo melhor, dirigido por homens iniciados e/ou iluminados, pode muito bem representar uma utopia, mas sendo este o plano de evolução social, cultural e política da Maçonaria, e sendo esse entendimento no sentido de que os maçons assumam os destinos das sociedades, aos maçons impõe-se, antes e depois de toda e qualquer consideração, serem conhecedores e partícipes desse ideal, e, para tanto, requer-se que sejam incorruptíveis, instruídos, livres pensadores e excelentes formadores de opiniões, verdadeiros construtores sociais e instrumento adequado para efetivar as transformações sociais requeridas; e, ainda, sejam capazes de aperfeiçoar-se, de instruir-se e disciplinar-se constantemente na Arte Real, sem prejuízo da conveniência de conviverem harmoniosamente com centenas de milhares de seres díspares, e que possam, a despeito de todas as dificuldades, ser destacados por palavras, obras e exemplos de vida, e sobremodo, que ostentem, sem envergonhamento, o lema mais sagrado da Ordem Maçônica: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.4
Desta forma, o maçom não foi escolhido apenas para aumentar número de uma determinada loja ou da Instituição no seu sentido universal; não pode se limitar ao simples recitar dos manuais, como se a obra que lhe cabe pudesse ser realizada por qualquer tipo de força transcendental que, através da simples repetição de palavras durante os rituais, alguma força cósmica cumpra o papel que lhe cabe junto à sociedade.


Em que pese a Maçonaria Operativa ter dado azo à Especulativa, a obra do pedreiro ainda continua sendo manual. Obviamente que o aperfeiçoamento intelectual é necessário e, mais que isso, é exigido, mas não é um fim em si mesmo, pois tem por escopo a sua utilização para o bem da humanidade, que de maneira nenhuma poderá ser limitado ao mundo das ideias, mas externado através de atitudes. Ora, “(…) não é para que fujamos da ciência do Bem, mas para que possamos pô-la em prática no meio social. Assim devem os maçons lutar para poder vencer”.5


Não é à toa que o maçom utiliza um avental durante as sessões, “porque ele nos lembra que o homem nasceu para o trabalho e que todo o maçom deve trabalhar incessantemente para descoberta da Verdade e para o aperfeiçoamento da Humanidade”.6 Nem, tampouco, os instrumentos utilizados pelos antigos maçons operativos foram incorporados sem razão aparente, mas:
Por serem instrumentos imprescindíveis às construções sólidas e duráveis, eles nos recordam o papel de construtor social que compete a todos os Maçons e, ao mesmo tempo, nos traçam as normas pelas quais devemos pautar nossa conduta: o Esquadro, para a retidão; o Compasso, para a justa medida; o Nível e o Prumo, para a Igualdade e a Justiça que devemos a nossos semelhantes.7


No telhamento para elevação de Aprendiz a Companheiro se pergunta de que maneira os maçons são reconhecidos e, a seguir, responde que por sinais, toques e palavras. Ora, tais respostas se limitam ao conhecimento mínimo que um Aprendiz-Maçom deve ter para visitar uma Loja Maçônica, pois, na realidade, um verdadeiro maçom deveria ser reconhecido primeiramente pelo seu caráter, equilíbrio, comportamento, probidade, caridade, humildade, em suma, pela sua conduta. Obviamente, que se considera que tais exigências não são inatas ao ser humano, devendo, portanto, o aprendiz utilizar o Maço e o Cinzel a fim de desbastar sua Pedra Bruta.


Talvez, o grande segredo para a realização da missão maçônica não esteja no aumento de suas fileiras, mas na utilização simbólica dos instrumentos de trabalho dos antigos maçons operativos, a fim de que todo o cabedal de conhecimento adquirido com o passar dos séculos não se limite elaboração de teorias e elucubrações, mas extrapolem as lojas e contagiem o mundo.


SOCIAL


Assim como no tópico anterior, a Maçonaria está repleta de ensinamentos que objetivam aguçar a sensibilidade de seus membros às necessidades da sociedade. Da mesma forma, são várias as alegorias que simbolizam virtudes que implicam na responsabilidade social que deve ser cultivada e praticada no cotidiano.
No painel do Aprendiz-Maçom, vê-se na Escada de Jacó a taça que tem, entre outros significados, o da caridade. Nota-se, também, na Abóbada Celeste da loja, a Estrela Flamejante que:
(…) representa a principal Luz da Loja. Simboliza o Sol, Glória do CRIADOR, e nos dá o exemplo da maior e da melhor virtude que deve encher o coração do Maçom: a CARIDADE.


Espalhando luz e calor (ensino e conforto) por toda parte onde atingem seus raios vivificantes, o Sol nos ensina a praticar o Bem, não em um círculo restrito de amigos ou
de afeiçoados, mas a todos aqueles que necessitam e até onde nossa caridade possa alcançar.8


Neste sentido, a caridade é somente uma das facetas de intervenção social que o maçom deve cultivar no seu meio, mas poder-se-ia enumerar várias outras possibilidades que não se adequariam ao fito desta peça. No entanto, é oportuno se ressaltar o ideal de fraternidade, que juntamente com a liberdade e igualdade, forma uma das mais importantes tríades maçônicas; e, ainda, quanto aos elementos decorativos da Loja, o pavimento mosaico e a própria orla dentada, que lembram a necessidade de harmonia entre as diferenças e que o amor e a união devem começar no meio maçônico e se propagarem para toda a humanidade.

A bandeira da fraternidade foi abraçada pela Maçonaria e, através de seus diletos filhos, espalhou-se por toda cultura ocidental, influenciando não só revoluções, mas até mesmo boa parte dos estados modernos ocidentais, que a recepcionaram em seu ordenamento jurídico constitucional como o princípio da solidariedade.
Assim, é imputado ao maçom não só o dever da boa conduta, mas também que trabalhe, transforme, intervenha na sociedade na medida de suas possibilidades, a fim de cumprir o seu papel de construtor social.


INSTITUCIONAL


Realmente, o fardo que Maçonaria atribui aos seus membros é deveras pesado, vez que além de exigir uma conduta baseada na retidão de caráter e um papel ativo junto aos seus semelhantes, incube-lhes a instrução dos neófitos e a responsabilidade pela manutenção de si mesma.


Felizmente, apesar das críticas de certas religiões, que se limitam ao plano espiritual, a Maçonaria goza de elevadíssima reputação. Tal fato, deve-se aos inúmeros trabalhos de caridade que faz, aos grandes irmãos que no passado fizeram história e, principalmente, pela relevante contribuição aos ideais democráticos.
Desta feita, a responsabilidade do maçom é imensa, pois lhe cabe manter ilibada a estampa da Maçonaria, justamente numa época contraditória e desvirtuada, sucumbida pela indiferença e pela amoralidade.
Por outro lado, ao irmão recém iniciado deve ser dispensado todo o cuidado e apreço, a fim de que desde cedo possa compreender a importância de seu juramento, e as responsabilidades que tal ato acarretam.


Por este plano, entende-se de fundamental importância à realização esmerada dos trabalhos em loja, para que aquele possa atribuir a seriedade que é devida ao ritual praticado e, também, compreender mais profundamente o seu significado. Além disto, considera-se de vital importância à infância maçônica o apoio, o exemplo e a sensibilidade dos irmãos mais antigos.


O primeiro, pode-se representar pelo incentivo ao estudo e ao aprendizado, o segundo, pela referência de homem maçom a quem o neófito pode sempre se espelhar e, a última, pela percepção em detectar as dificuldades que certamente surgirão e, evitar, na medida do possível, expor as leviandades e rixas existentes na Instituição, por força da falta de controle das paixões humanas.


CONCLUSÃO


Conclui-se, portanto, que o exercício da vida maçônica não pode se limitar à loja e ao crescimento intelectual, pois, além de tantas outras responsabilidades, o maçom deve primar pela boa conduta a fim de que seja um referencial para uma sociedade desmoralizada; ter atitudes efetivas que reflitam o papel de construtor que lhe cabe; e zelar pela integridade da Instituição e sua prosperidade.


No entanto, não cabe à Maçonaria mensurar a responsabilidade de seus membros, pois, apesar da referida construção requerer necessariamente uma intervenção direta, recai na seara subjetiva da capacidade de que cada um é provido. Assim, a lição extraída da Bíblia indica exatamente a extensão da responsabilidade de cada maçom: “(…) Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão”. 9

 

1 GLSC. Ritual do Aprendiz Maçom. REAA, Florianópolis, 1998, p. 48.
2 1.Filos. Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada. (Aurélio)
3 GLSC. Constituição. Florianópolis: 2000, p.l 8
4 Rocha, Luiz Gonzaga. Maçom e Maçonaria. Revista O Prumo n. 161. Florianópolis: 2005, p. 7.
5 GLSC. Instrução Preliminar Aprendiz-Maçom. Florianópolis: 2003, p. 21.
6GLSC. 2ª Instrução Aprendiz-Maçom. Florianópolis: 2003, p. 11.
7 Apud, p. 14.
8 GLSC. 1ª Instrução Aprendiz-Maçom. Florianópolis: 2003, p. 12.
9 BÍBLIA Anotada – Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. ed. rev. e atual. São Paulo: Mundo Cristão, 1994.

 

Fonte: JB News

domingo, 24 de dezembro de 2017


Iluminação e Evolução do Pensamento

Charles Evaldo Boller

A maior dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar para além dos limites que alguém impôs a si mesmo por condicionamento no cativeiro debaixo do sistema econômico mundial.

 

Ser capaz de pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente.

 

A capacidade de criar idéias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera terrestre.

 

É no pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota jamais foi dado saber o que o outro pensa.

 

Todo aquele que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de realização do pensamento.

 

Todo desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente.

 

Pensamento é energia.

 

Pensamento revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e financeiras.

 

Ninguém escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela "aufklärung", uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.

 

Liberdade começa no pensamento; o resto é mera consequência.

 

Confúcio disse: "Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é perigoso".

 

Na era paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita selecionada de frutas.

 

No neolítico passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro.

 

Durante cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se de máquinas automáticas.

 

Nos últimos anos passou a usar intensamente do saber e da informação.

 

Existe um abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica.

 

A velocidade com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.

 

E como tudo na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e se forem sábios, serão mais felizes. Também são os mais ricos que mais espoliaram os menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas.

 

Benevolência, magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio homem.

 

O único caminho para progredir debaixo deste sistema de coisas é educar-se, estudar das coisas da ciência para subsistir com qualidade e educar-se para obter maiores possibilidade de obter sucesso e ser feliz.

 

Ao maçom é propiciada esta oportunidade de auto-educar-se, de progredir como pessoa, como homem. A educação aqui preconizada é a educação natural, criada por Rousseau e complementada por Kant. Todo aquele que percebe esta intenção e tira da Ordem Maçônica tudo o que é importante para educar-se na linha natural vai obter sucesso na vida e será mais uma pedra polida na sociedade humana, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

 

Bibliografia:

1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;

2. BOURRICAUD, François; BOUDON, Raymond, Dicionário Crítico de Sociologia, tradução: Durval Ártico, Maria Letícia Guedes Alcoforado, ISBN 978-85-0804-317-0, segunda edição, Editora Ática, 654 páginas, São Paulo, 2007;

3. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;

4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;

5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.

sábado, 23 de dezembro de 2017


INSPIRAÇÃO DO NATAL

 

Ouves a música do Natal e sentes que o coração se te transforma numa concha de alegrias e lágrimas.
É a luz do passado que te retoma o caminho e, com ela, reencontras Jesus na tela das emoções mais íntimas.
“Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra!”...
Diante de cada nota da inolvidável melodia, tornas ao regaço do lar, pelos prodígios da memória, revendo particularmente os que te amaram, com quem não podes trocar, de imediato, o abraço do carinho aconchegante...
Aqui, neste recanto do pensamento, escutas as orações maternas que te falavam de Deus; ali, reconstituis a imagem de teu pai, apontando-te no firmamento a seara rutilante dos astros; além, regressas ao convívio de professores inesquecíveis que te abençoaram a infância; e, mais além ainda, contemplas, de novo, afeições diletas que as provas e dificuldades do cotidiano não te arredaram da alma!...
O amor refulge em ponto sempre mais alto, na trilha das horas, e Jesus nos reaparece, a pedir que também nos amemos, a começar daqueles que nos rodeiam...
Não te detenhas!...
Reparte não apenas a mesa farta que te emoldura o júbilo festivo, mas oferece igualmente a ternura que se te extravasa do sentimento...
Se alguém te feriu, perdoa... E, se feriste a alguém, cobre o gesto impensado com a luz da humildade que te fará recuperar o apreço de teus irmãos.
Divide o agasalho que te sobre, ante as necessidades do corpo; no entanto, esparze a compreensão além dos limites de tuas próprias conveniências e, quanto se faça possível, estende auxílio e coragem aos companheiros caídos nas sombras da perturbação ou da culpa...
Natal é Jesus volvendo a nós, batendo-nos à porta da alma, a fim de que volvamos também a Ele...
Descerremos o coração para que o Senhor nasça na palha singela da nossa esperança de paz e renovação.
E, enquanto a vida imortal brilha sobre nós, à feição da estrela divina, dentro da noite inesquecível, seja cada um de nós, de uns para com os outros, no Natal e em todos e em todos os dias, a presença do amor e o amparo da bênção.

Meimei.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017


Ordem do Dia
 
 QUESTÃO: A Palavra na Ordem do Dia pode ir ao Ocidente, vir ao Oriente e voltar novamente, sempre sendo solicitada ao Venerável Mestre que poderá conceder ou não ao Ir.·. Procede esta interpretação?
 
CONSIDERAÇÕES. A Palavra em Loja sempre segue sempre o giro normal partindo da Coluna do Sul. Assim se eventualmente houver necessidade da mesma retornar às Colunas, em qualquer situação ela retoma o giro completo (desde o Sul). Ocorre, entretanto, que isso depende sempre da avaliação do Venerável se ela deve ou não voltar. Em síntese, fica ao seu critério. É fato que o Venerável Mestre deve ser cauteloso e não vulgarizar o retorno da Palavra em qualquer situação, avaliando assim a real necessidade desse procedimento. É também oportuno salientar que ninguém pode mudar de Coluna (passar de uma para outra) ou ir ao Oriente para se antecipar e fazer uso novamente da Palavra. Igualmente é ilegal o costume de alguns quererem se posicionar “entre Colunas” alegando que dali pode se falar livremente. Alerto: isso não existe.
 
Pedro Juk