domingo, 30 de abril de 2017


 

 

DESPEDIDA  NA  MORTE


 

 

Das emoções, a mais forte,

Que mais nos amarga a vida,

É a que sentimos na morte

No instante da despedida.  

Noel de Carvalho

 

 

Não sei, na separação,

Onde a dor mais se complica,

Se ao lado de quem se vai,

Se na estrada de quem fica...  

Boris Freire

 

 

Por mais que a fé nos console,

No Além, pouca gente atura

Quem lança conversa mole,

À beira da sepultura.  

Manoel Serrador

 

 

Depois da noiva na essa

Com discurso e ladainha,

O noivo pediu mais pressa

Para o jantar na cozinha.  

Leandro Gomes de Barros

 

 

Ante a filha no caixão,

Quinzinho, conquanto chore,

Negocia com Janjão

Dois touros raça Nelore.  

Natal Machado

 

 

Estranho o adeus de João Horta

Na grande sala enlutada:

Enfeitava a esposa morta,

Beliscando a namorada.  

João Moreira da Silva

 

 

Não existe despedida

Para o amor que não se entorte;

Quem ama durante a vida,

Amará depois da morte.  

Lucano Reis

 

 

 

Chorava Júlio Salgado

O pai morto, no velório...

Chorava, lendo o traslado

De um testamento, em cartório.  

Hugolino Teixeira

 

 

Gritava a linda viúva:

- “Outro esposo não aguento!...”

Mas depois de vinte dias

Fez um novo casamento.  

Cornélio Pires

 

 

O amigo falou ao morto:

- “Segue, amigo, de alma sã!...”

Mas o morto respondeu:

- “Aqui te espero amanhã.”  

Lulú Parola

 

 

Sofrimento heróico e santo

De supremo desconforto,

Vi em mãe beijando em pranto

A face de um filho morto.  

José Albano

 

 

Por mais dores arrecade,

O amor puro nunca olvida;

Sorvendo o fel da saudade,

Não conhece despedida.  

Auta de Souza

 

Do livro “Sorrir e pensar”

sábado, 29 de abril de 2017


 

A VERDADE MAÇÔNICA

 

Passados alguns anos do meu ingresso na Maçonaria, obviamente tenho uma visão completamente diferente da Ordem agora. E responderei o porquê disso nessas “nem tão mal traçadas linhas” seguintes... Logo após meu ingresso, muitas vezes me fiz as seguintes perguntas: “O que verdadeiramente fazem aqui esses homens de bem, reunidos nesta sessão fechada, e com esta ritualística rebuscada”? Qual o verdadeiro objetivo disso tudo?“. Presumo que esta indagação seja comum em qualquer cidadão recém ingressado em nossa Fraternidade. Em questionários a mim fornecidos naquela ocasião, e também em perguntas contidas nos rituais, forneci respostas sem muita convicção. “O que vindes aqui fazer?” Ora, nas primeiras sessões, minha resposta mais honesta seria “Ainda não sei”. “Que verdade é esta?” Ora, nos primeiros momentos, a única verdade era a que eu verdadeiramente ainda não sabia o que estava fazendo ali. Esse momento de “incerteza”, digamos assim, foi para mim, até certo ponto angustiante. Eu tinha certeza de várias coisas, por exemplo: Eu sabia perfeitamente que estava entre homens bons, de caráter, e que de nenhuma maneira estariam se reunindo para “conspirações”, ou algo parecido, como muitas vezes se ouve “lá fora”, na vida profana. Eu tinha certeza que as sessões, com a sua ritualística e seu simbolismo, celebravam tempos remotos, e que “tudo aquilo tinha um por que”. Mas ficava a sensação de que a certeza absoluta do “por que” de eu estar ali, essa eu ainda não tinha. Mas o tempo foi passando... Informações múltiplas eu ia recebendo, e assimilando com avidez. Mas a angustiante sensação de ainda não saber perfeitamente o objetivo daquilo tudo ainda me intrigava. Fui elevado, e pensei “agora saberei algo que preciso saber e ainda não sei”. Mas não mudou muita coisa... Mais Informações, mais simbologia... Comecei a ler. Ler livros sobre a Ordem Maçônica pesquisar, me aprofundar. Mas a pergunta dentro do meu peito ainda incomodava. “O que verdadeiramente eu estou fazendo aqui?”. Finalmente fui exaltado ao Grau de Mestre Maçom. A ritualística da sessão de exaltação é belíssima, e faz realmente “renascer” dentro de nós algo que parecia “adormecido”, ou “sepultado”. É um verdadeiro renascimento. A sensação é de que verdadeiramente renascemos para algo mais iluminado, mais puro e mais sublime. Contudo, a resposta àquela perguntinha ainda não veio... Continuei lendo, estudando, pesquisando, procurando... Certo dia, deitado em minha cama, lendo o livro “O Símbolo Perdido”, um “best-seller” do autor americano Dan Brown (autor de “O Código Da Vinci”), parece que “caiu à ficha”... Eu estava, exatamente naquele momento de minha leitura, me perguntando se o autor do romance não estaria “popularizando” em demasia a Maçonaria, dando detalhes de rituais, entre outras coisas mais, e iniciei, comigo mesmo, uma crítica ao autor. Fechei o livro e comecei a pensar... “Esse sujeito impertinente está popularizando uma sociedade secreta!” Mas continuei divagando... Voltei a me perguntar, agora com certa ansiedade: “Mas ele está popularizando o quê? Se eu ainda não sei perfeitamente o que é, na sua essência, a maçonaria, e já sou mestre maçom, qual leitor deste livro, que não pertence à Ordem, irá saber algo?” Aí, como eu disse antes, “caiu à ficha”... Na verdade, a “verdadeira verdade” não encontraremos em instruções maçônicas... Essa verdade está dentro de nós mesmos! É certo que a Maçonaria, em tempos remotos de perseguições e “inquisições”, foi obrigada a se recolher e se esconder, para sobreviver. E hoje mantém sua discrição, em virtude desse passado, porém não é mais perseguida. Enfim, a sublime filosofia do ecumenismo religioso, com a crença em um Poder Espiritual Superior comum a todos os humanos, não precisa mais se esconder!! O pensamento igualitário e fraterno não precisa mais ser secreto! Pregamos simplesmente uma filosofia de vida, de superação de dogmas, e fundamentalmente de tolerância e de respeito ao próximo, respeito às diferenças! Essa é a verdade buscada, e que cada um encontra à sua maneira, dentro da Maçonaria! Fechei o livro com uma sensação de leveza na alma...Descobri a “verdade” que os maçons escondem... E ela estava aqui tão pertinho, dentro de mim... Se há mais alguma “verdade” a ser descoberta no meu caminho na Ordem, eu saberei na hora certa.

Mas a “verdade” que eu queria saber por hora, eu descobri. E me libertei da angústia. Naquele dia dormi orgulhoso. Orgulhoso demais de ser maçom.

 

Cléber Capella

 

Fonte: Jornal do Aprendiz pág., 05 Edição nº 100 abril de 2017.

sexta-feira, 28 de abril de 2017


Caridade - Atitude

 

Caridade que se expresse tão somente na cessão do supérfluo pode facilmente induzir-nos à vaidade.

 

* * *

 

Não é difícil dar o que retemos, no entanto, a virtude genuína pede a doação de nós mesmos, através do que temos e do que somos.

Em razão disso, é preciso não esquecer que a caridade também e acima de qualquer circunstância, o sentimento que nos rege a atitude.

No templo doméstico, é compreensão e gentileza.

Em família, é cooperação desinteressada e fraterna.

Na profissão, é a honestidade.

No trabalho, é o dever bem cumprido.

Na dor, é fortaleza.

Na alegria, é temperança.

Na saúde, é a presença útil.

Na enfermidade, é a paciência.

Na abastança, é o serviço a todos.

Na pobreza, é diligência.

Na direção, é a responsabilidade.

Na obediência, é humildade digna.

Entre amigos, é a confiança.

Entre adversários, é perdão das ofensas.

Entre os fortes, é o socorro aos mais fracos.

Entre os bons, é o auxílio aos menos bons.

Na cultura, é o amparo à ignorância.

No poder, é a autoridade sem abuso.

Em sociedade, é o apoio fraterno que devemos uns aos outros.

Na vida privada, é a conduta reta ante o próprio julgamento.

Não vale espalhar um tesouro amoedado com as vítimas de penúria, alimentando o ódio e a incompreensão, a revolta e o pessimismo nas almas.

 

* * *

 

Aceitemos a experiência que o Senhor nos reserva cada dia, fazendo o melhor ao nosso alcance.

 

* * *

 

Seja a nossa tarefa um cântico de paz e esperança, eficiência e alegria, onde estivermos.

 

* * *

E recebendo o divino dom de pensar e entender, irradiando os mais belos ideais que nos enriquecem a vida, em forma de serviço aos semelhantes, a caridade será, em nossos corações, a luz constante clareando, desde as sombras da terra os mais remotos horizontes de nosso luminoso porvir.

 

Emmanuel

terça-feira, 25 de abril de 2017


O DESEJO DO MESTRE

 

João de Deus
 
 
“— Minha mãe, que hei de fazer
Para me unir com Jesus?...”
Dizia uma pequenina
Num halo doce de luz.
 
“— Filhinha, — dizia a voz
Do carinho maternal —
 Jesus estará contigo
Se evitares todo o mal.”
 
“— Mamãe, — insistia ainda
A pequena a perguntar —
Que quer o Mestre de mim
 P’ra que eu possa lhe agradar?”
 
“— Jesus quer de todos nós —
Disse a materna afeição —
 O amor, a humildade e o bem
 No livro do coração!...”

domingo, 23 de abril de 2017


A CERTIDÃO DE NASCIMENTO DA MAÇONARIA

 

Para se falar na Origem Documentada da Maçonaria, foi preciso fazer esse giro pelos arraiais da Maçonaria Mística. E depois demonstrar que até o ano 1000, o que servia de proteção, como Casa e Lar do homem – era a Madeira. E que a profissão que predominava e sobressaia, era a de Carpinteiro e Marceneiro. Tanto era verdade, que as primitivas Organizações – as Guildas – eram compostas de homens que praticavam essas duas Antigas Profissões. Com o advento das Construções de Pedras e Alvenarias, começa a florescer e destacar-se outra profissão – a dos Canteiros, Entalhadores. Isso começou a acontecer a partir do século XII. Grandes quantidades de guerreiros, seguiram na Primeira Cruzada, rumo à Cidade Santa de Jerusalém, que estavam nas mãos dos Sarracenos, dos Infiéis. Nas Estradas precárias da Europa, grupos de Salteadores e Bandoleiros cresciam em número e em audácia. As Propriedades do começo do 1º século do 2º milênio, eram atacadas por hordas de famintos e estrangeiros. Daí a necessidade de se erguerem muralhas, fortalezas para proteger os Burgos e seus proprietários, famílias e servos. O Cristianismo estava em pleno progresso. Povos e mais povos eram catequizados pelos Soldados de Cristo – isto é, Bispo de grandes capacidades de catequeses. E a Igreja ao receber Reis e a Nobreza, em suas fileiras, passou a contar, também, com uma ajuda financeira muito grande de seus novos Fiéis. E com dinheiro se faz muitas coisas. Então aqueles feios amontoados de madeira sujeito ao fogo e aos raios e outros fenômenos da natureza, começavam a dar lugar às Grandes Catedrais de Pedras, como mostramos logo no início deste trabalho. Entre os anos de 1100 e 1300, milhares de Igrejas, Catedrais, Mosteiros, conventos, etc, foram erguidos na Europa. E para dar conta de tanto Trabalho, uma leva de homens foi se especializando na arte de Construir. Uma Arte Antiga, mas pouco divulgada. E essa leva de Profissionais de Pedra, precisava se organizar. Precisavam de um Estatuto. Precisavam de um espaço só seu. Foi então que Doze Freemasons (Pedreiro especializados em trabalhar na Pedra Franca), liderados por Henry Yevele, é bom guardar bem esse nome – Henry Yevele, nasceu em 1320 e morreu no ano de 1400 – foram até à Prefeitura de Londres, levando um esboço de um Estatuto do Trabalhador da Pedra e, numa audiência com o Alderman (Prefeito) e os Edis, apresentaram seu esboço de Estatuto, onde previa, além da Obediência às autoridades locais, também previa uma fidelidade (quase canina), ao Rei e à Religião Vigente, e, ainda, um pedido para que suas reuniões fossem fechadas, sem a presença de pessoas que não estivessem ligadas a ela. Esses 12 homens saíram daqui, do local onde está Igreja, Antiga Guilda – desta Guildhall, no dia 2 de fevereiro de 1356. É bom repetir – dois de fevereiro de 1356. Aqui está o Berço, o Dia, o Mês e o Ano do Nascimento da Maçonaria documentada. Enquanto não apresentarem outro documento, confiável, mais antigo. Este Documento que se encontra ainda hoje, na Biblioteca da Prefeitura de Londres, levará a glória e terá o privilégio de ser o Documento Maçônico mais Antigo. Mas para que não surja ou permaneça nenhuma dúvida, segundo o pesquisador da Quatuor Coronati, o Irmão G. H. T. French: “O Primeiro Código ou Regulamento dos Maçons da Inglaterra, é datada de 2 de fevereiro de 1356, quando, como resultado da disputa entre Carvoeiros e Maçons, Pintores, Doze Mestres de uma Obra, representando aquele ramo da Arte de Construir, foram até ao Prefeito e Edis de Londres, na sede da Prefeitura e eles obtiveram uma Autorização Oficial, para que fizessem um Código e um Regulamento Interno, para a Instalação de uma Sociedade e, acabar, de vez, com a disputa e, também, para que de uma forma geral, ajudasse nos Trabalhos. O Preâmbulo do Código, confirma que aqueles homens, foram lá, realmente juntos; porque o seu Ofício, até então, não havia sido regulamentado, de nenhuma forma pelo Governo do Povo, como já acontecia com outras Profissões.” Essa Sociedade dos Maçons (The Fellowship of Masons), durou, ou prevaleceu sozinha durante 20 anos – até 1376, quando foi fundada a Companhia dos Maçons de Londres. Incidentemente, a primeira Regra desse Regulamento, regido naquela ocasião, como objetivo, do “Delimitação em Disputa”, quando estabelecida “que, muitos homens da profissão, podiam trabalhar em qualquer serviço relacionado com a sua profissão, desde que ele fosse perfeitamente hábil e conhecesse muito bem a profissão.” Daí por diante, eles passaram a trabalhar segundo esse Código. E muitos outros foram surgindo, formando o que chamamos de Old Charges, ou Constituições Góticas.

 

Fonte: Ir:. Renato Burity Oliveira Contribuição do Ir:. Jaime Balbino

Fonte: Extraído do JORNAL DO APRENDIZ nº100 abril de 2017.