sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Agnosticismo

Por-do-Sol no alto sertão da Paraíba.

 
Revista Texto & Texts Editor-Chefe J.Filardo



O Agnosticismo & Robert Green Ingersoll

Como Ingersoll entendia ser agnóstico?



Por

Austin Cline, About.com Guide

(Tradução José Antonio S. Filardo)



Robert Green Ingersoll foi um famoso e influente defensor do secularismo e do ceticismo religioso de meados até o final do século 19 na América do Norte. Ele foi um forte defensor tanto da abolição da escravatura quanto dos direitos das mulheres, algo que era bastante impopular. A posição que realmente lhe causava problemas, porém, era sua forte defesa do agnosticismo e seu anticlericlarismo rigoroso.




Ingersoll era um dos oradores mais procurados de sua época. Ele falava muito, muitas vezes, e em sobre enorme variedade de assuntos – e se as pessoas gostavam dele ou o odiavam, elas geralmente respeitavam sua grande habilidade como orador. Ele, provavelmente, teria ido muito longe na política se tivesse modificado sua posição e enfraquecido suas críticas à religião. Naquela época, no entanto, havia um medo crescente do anarquismo, que se acreditava ser encorajado e apoiado por imigrantes ateus.



Através de suas viagens, ele teve uma oportunidade de conhecer e fazer amizade com muitas das pessoas mais famosas de sua época. Livre-pensadores, céticos, defensores do voto feminino e outros que eram críticos das estruturas sociais tradicionais e religiosas o tinham, a seus discursos, e os seus muitos livros em muito alta conta.



Para compreender as idéias de Ingersoll sobre o agnosticismo, seria provavelmente mais fácil simplesmente ler algumas citações-chave de alguns de seus trabalhos.

Em Huxley e Agnosticismo(1889), Robert Green Ingersoll escreveu:



A real diferença é esta: o cristão diz que ele tem conhecimento; o agnóstico admite que ele não tem nenhum; e mesmo assim o cristão acusa o agnóstico de arrogância, e pergunta como ele tem a desfaçatez de admitir as limitações de sua mente. Para o agnóstico, cada fato é uma tocha, e por essa luz e somente essa luz ele caminha.
.

O agnóstico sabe que o testemunho do homem não é suficiente para estabelecer o que é conhecido como o milagroso. Nós não acreditaríamos hoje no testemunho de milhões de pessoas no sentido de que o morto tinha sido ressuscitado. A própria igreja seria a primeira a atacar tal testemunho. Se não podemos acreditar naqueles a quem conhecemos, por que deveríamos acreditar em testemunhas que morreram há milhares de anos, e sobre as quais nada sabemos?

O agnóstico tem como fundamento que a experiência humana é a base da moralidade. Consequentemente, não importa quem escreveu os evangelhos, ou quem atestou ou atesta a autenticidade dos milagres. Em seu esquema de vida essas coisas são absolutamente sem importância. Ele está convencido de que “o milagroso” é o impossível. Ele sabe que as testemunhas eram inteiramente incapazes de examinar as questões envolvidas, que a credulidade tinha a posse de suas mentes, que “o milagroso” era esperado, que era o seu alimento diário.



O comentário seguinte foi parte de um discurso que Robert Green Ingersoll fez a o Clube Unitário em Nova York em 15 de janeiro 1892 (O original pode ser encontrada na




Agora, entendam-me! Eu não digo que Deus não existe. Eu não sei. Como eu disse antes, eu viajei, mas muito pouco – só neste mundo. Eu quero que se entenda que eu não finjo saber. Eu digo o que penso. E na minha mente a ideia expressa pelo juiz Wright de forma tão eloquente e tão bonita não é exatamente verdade. Eu não posso conceber o Deus que ele se esforça para descrever, porque ele atribui a Deus, uma vontade, um propósito, realização, benevolência, amor, e nenhuma forma – nenhuma organização – nenhum desejo. Este é o problema. Nenhum desejo. E deixe-me dizer por que isso é um problema. O homem age apenas porque ele deseja. Você civiliza o homem, aumentando seus desejos, ou, seus desejos aumentam à medida que ele se torna civilizado.



Em Por que sou Agnostic, Robert Green Ingersoll escreveu:



Parece-me que o homem que conhece as limitações da mente, que dá o devido valor ao testemunho humano, é necessariamente um Agnóstico. Ele desiste da esperança de determinar as causas iniciais ou finais, de compreender o sobrenatural, ou de conceber uma personalidade infinita. Todo signficado cai das palavras Criador, Preservador e Providência.



Em outro texto intitulado Por que sou agnóstico, que também pode ser encontrado na

Secular Web, Robert Green Ingersoll escreveu:



A crença não está sujeita à vontade. Os homens pensam à medida que precisam. As crianças não o fazem, e não podem acreditar exatamente como foram ensinadas. Elas não são exatamente como seus pais. Elas diferem em temperamento, em experiência, em capacidade, no ambiente. E assim há uma mudança contínua, embora quase imperceptível. Há desenvolvimento, crescimento contínuo e inconsciente, e comparando longos períodos, descobrimos que o velho foi quase abandonado, quase perdido no novo.

Como a maioria de vocês, fui criado entre pessoas que sabiam – que tinham certeza. Eles não raciocinavam ou investigavam. Eles não tinham dúvidas. Eles sabiam que tinham a verdade. Em seu credo não havia adivinhação – não havia talvez. Eles tinham uma revelação de Deus. Eles conheciam o começo das coisas. Eles sabiam que Deus começou a criar em uma segunda-feira de manhã, quatro mil e quatrocentos anos antes de Cristo. Eles sabiam que na eternidade – antes daquela manhã, ele não tinha feito nada. Eles sabiam que ele levou seis dias para fazer a terra – todas as plantas, todos os animais, toda a vida, e todos os globos que orbitam no espaço. Eles sabiam exatamente o que ele fez a cada dia e quando descansou. Eles conheciam a origem, a causa do mal, de todos os crimes, de todas as doenças e da morte.

Não nego isso. Eu não sei – mas eu não acredito. Eu acredito que o natural é supremo – que a partir da cadeia infinita nenhuma ligação pode ser perdida ou quebrada – que não há qualquer poder sobrenatural que possa responder a orações – nenhum poder que a adoração possa persuadir ou mudar – nenhum poder que se preocupe com o homem.

Existe um Deus?

Eu não sei.

É o homem imortal?

Eu não sei.

Podemos ser tão honestos quanto somos ignorantes. Se somos, quando perguntado o que está além do horizonte do conhecido, devemos dizer que não sabemos. Podemos dizer a verdade, e podemos desfrutar da liberdade abençoada que os bravos ganharam. Podemos destruir os monstros da superstição, as serpentes sibilantes da ignorância e do medo. Podemos afastar de nossas mentes as coisas assustadoras que rasgam e ferem com bico e presa. Podemos civilizar nossos semelhantes. Podemos encher nossas vidas com ações generosas, com palavras amorosas, com arte e música, e todos os êxtases de amor. Podemos inundar nossos anos com a luz do sol – com o clima divino de bondade, e podemos drenar até a última gota a taça de ouro da alegria.










 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Entendendo a Ordem




Entendendo a Ordem

01 - A Ordem Maçônica
A Ordem é, hoje, o que seus membros são hoje!

A crise reside em cada um dos membros.

A Ordem não entra em crise, já é ordenada por natureza.

02 - a Maçonaria não é...
 
Democracia - É um sistema hierarquizado, onde todos se comprometem a subir todos os degraus possíveis da perfeição simbólica, espiritual e moral;

Sistema de Fé - É um sistema de atitudes e comportamento. Há que se ter cuidado para não cair em contradições;

Sistema Filosófico - É mais uma escola de filosofar em que todos buscam perfeição, ecletismo e melhoras gerais;

Escola de Psicologia - Permite que o Obreiro conheça a si mesmo e modifique sua conduta inadequada;

Metafísica - Dado que a doutrina e o simbolismo apontam para reflexões sistemáticas e objetivas.

03 - O Começo é Difícil

Os primeiros passos no caminho da sabedoria são os mais estafantes, porque nossas almas fracas e teimosas detestam o esforço e o desconhecido, sem a garantia completa da recompensa. Á medida que progredimos nossa decisão se fortalece e o aprimoramento pessoal torna-se progressivamente mais fácil. Aos poucos passa a ser até difícil deixar de fazer o que melhor para nós.

O compromisso firme e, ao mesmo tempo paciente, de remover as crenças nocivas de nossas almas confere-nos, pouco a pouco, a habilidade de ver com mais clareza, através de nossos frágeis temores, nossa desorientação nas questões amorosas e nossa falta de autocontrole. Paramos de nos esforçar para impressionar os outros. Um belo dia percebemos com satisfação que não estamos mais representando para platéia alguma.

04 - Depende Exclusivamente de Cada Irmão.

Ninguém ensina Maçonaria para ninguém.

Isso ocorre em qualquer escola Iniciática, aonde cumpre ao Recipiendário praticar a Ritualística (munido do Ritual), absorver cada palavra e cada símbolo e, vivenciá-lo na sua existência.

À medida que pratica e vivencia o ritual, o homem incorpora-se no símbolo e integra-se ao mito.

O mito rememora os feitos virtuosos e o rito os celebra, repetindo-se periodicamente.

Dizer que não nada há de substancial na repetição do rito é rejeitar uma verdade subterrânea que tem contribuído secularmente para o aperfeiçoamento da humanidade.

O neófito que não encontra nada é porque não encontrou muita coisa em relação ao que buscava com os olhos profanos.

A Maçonaria só pode oferecer ferramentas, utensílios e trabalho.

Como a Ordem não é feita à altura das fantasias, ilusões e quimeras do candidato, não pode oferecer mudança imediata e renovação súbita de sua personalidade. O que está posto é um caminho árduo de auto-percepção.

Pitágoras, ao constatar que não havia nada de assombroso no templo de sua iniciação, ao invés de decepcionar-se, verificou que não havia nada em si mesmo, apenas desejos e ilusões. Ai então começou o seu caminho para a sabedoria. O Irmão que chega neste ponto já é um maçom.

A Maçonaria quer dar ao Obreiro de hoje, tal como fez para aquele de ontem, os utensílios que lhe permitam encontrar sua verdade e sua liberdade individuais.

A iniciação permite o ingresso nesse caminho, mas toca a cada um trilhar. Só com esforço, empenho próprio, paciência, tolerância e vontade é que se passa da iniciação fictícia e teatralizada para a iniciação real, aquela que transforma a promessa em realidade, a esperança em certeza e um caminho de conhecimento ritualístico em caminho de vida.

05 - Cuidados a Tomar

Ausência de trabalhos sobre simbologia, lendas, mitos e ritualística.

Descumprir interstícios e formação típica de graus.

Dar "asilo político" a Irmão. (Há sempre alguém querendo que a Loja interfira a seu favor).

O mundo profano ignora os graus e o nível de conhecimento do irmão. Portanto, maçom é maçom, logo, a postura, comportamento e respeito devem estar sempre presentes.

A missão do obreiro é lapidar a P:. B:..

A Oficina trabalha em um tempo simbólico; é atemporal.

A Oficina trabalha em um espaço sagrado; é não espacial.

Isso tudo implica: ritualística, liturgia, símbolos; a ordem fundamenta-se na experiência iniciática, que requer reflexão e vivência comuns.

06 - Lema do Maçom:

Liberdade: coloca o homem numa posição do querer e do poder.

Igualdade: infunde no homem a obrigação de respeitar seu semelhante, seja ele quem for.

Fraternidade: dá ao homem uma maneira certa de cultivar o amor.

07 - Depoimentos

Voltaire: "A Maçonaria é a entidade mais sublime que conheci. É uma instituição fraternal, em que se ingressa para dar e que procura os meios de fazer o bem, exercitar a beneficência."
Albert Eyler, (Grão Mestre da Pensilvânia): "A maior necessidade do mundo é de homens. Homens que não podem ser comprados nem vendidos. Homens honestos no mais intimo de seus corações. Homens que não temem chamar o pecado por seu nome. Homens cuja consciência é tão fiel ao dever como a agulha magnética do pólo. Homens que fiquem com o direito embora o céu caia. E o objetivo de uma Loja Maçônica é criar homens.

08 - Privacidade

O pensamento científico não nos permite sonhar, mas o homem sabe se exaltar, sabe se embriagar ao contato dos coloridos suntuosos e com o perfume das flores, com a complexidade da pedra, com essas lufadas de amor que emanam de toda essa natureza com a qual convivemos e cujas profundas leis permanecem desconhecidas para nós. A Maçonaria comunica esse impulso do coração, ela pede também ao homem que se analise, que se busque interiormente. Ela quer que cada um conserve o seu particularismo, que saiba continuar a ser ele mesmo, sabendo também se integrar entre os outros. Cada um deve poder se realizar por si mesmo, com a ajuda daqueles a quem se associa. Existe então uma troca contínua entre os Irmãos, um impulso de amor. Daí nasce essa enorme corrente de fraternidade, que não escapa à concepção religiosa do humano.

09 - Quando um Homem é Maçom?

Quando pode olhar por sobre os rios, os morros e o distante horizonte com um profundo sentimento de sua própria pequenez no vasto panorama das coisas que o rodeiam e, assim mesmo, ainda conservar a fé, a coragem e a esperança - que são as raízes de toda virtude.

Quando sabe que, no fundo de seu coração, todo homem é nobre, tão vil, tão divino e tão solitário como ele mesmo, e procura conhecer, perdoar e amar seu semelhante.

Quando sabe simpatizar com os homens em suas tristezas, sim, mesmo em seus pecados, sabendo que cada homem luta duramente contra muitos óbices em seu caminho.

Quando aprendeu como fazer amigos e conservá-los, e, sobretudo, como conservar seu próprio amigo...

Quando nenhuma voz de desespero atinge seus ouvidos em vão e nenhuma mão procura sua ajuda sem obter resposta.

Quando achar um bem em toda fé que ajuda qualquer homem a ver as coisas divinas e a perceber significações majestosas na vida, qualquer que seja o nome desta crença.

Quando conserva a fé em si mesmo, em seus companheiros, em seus irmãos, em seu Deus, em sua mão uma espada contra o mal, satisfeito em viver, mas não temendo morrer.

Tal homem encontrou o único real segredo da maçonaria, aquele que ela procura transmitir ao mundo inteiro. (citação de Joseph F. Newton)

10 - Sigilo

É incontestavelmente, o sigilo, a pedra de toque inestimável que dá com segurança o caráter do Maçom. Não que o sigilo seja sempre necessário pela natureza dos assuntos tratados em Loja, mas porque habitua o Maçom à circunspeção, corrige a leviandade e a tagarelice. Pitágoras exigia dos postulantes longos mutismos, de anos, por vezes. Era maneira de corrigir o pendor natural das palavras irrefletidas. Pensar com segurança, meditar com paciência, julgar com imparcialidade, agir com firmeza, são preciosas qualidades que todo Maçom se esforçará em adquirir, infatigavelmente. As recompensas não existem para o Maçom, trabalha por um grato e salutar dever consciente, não pede aplausos, não almeja agradecimentos. Sua ação generosa esquece-as, não as proclama. O ato de beneficência fica entre o que dá e o que recebe. Sabe o Maçom que ficará ignorado. O bem não é vaidade, é o móvel de suas ações. Guardar sigilo é poupar ao indigente o rubor da esmola, é merecer para a Ordem a confiança e as bênçãos das vitimas do infortúnio. Sigilo é também um degrau de honra. (ensinamento de Dario Velozzo)

11 - Significados de Ser Mestre Maçom

Ser Mestre Maçom significa ser Mestre em si mesmo, trabalhar com inteligência e força de vontade em si mesmo, no seu próprio aperfeiçoamento, tendo sempre em mente o fato de que nada mais somos do que simples aprendizes do Grande Mistério, mesmo que nos denominemos mestre.

Ser Mestre é aceitar que não nos pertencemos, mas à coletividade, e que por isso mesmo sua inteligência e sua vontade devem estar sempre a serviço dessa coletividade.

Ser Mestre é acender luzes pelo caminho por que passa luzes de amizade e sabedoria, de bondade e justiça, de harmonia e compreensão, de solidariedade e fraternidade.

Ser Mestre é não se considerar juiz dos defeitos e erros dos outros, mas saber compreender e perdoar.

Ser Mestre é aceitar um conselho, para ser ajudado. É retribuir com ternura aos que o odeiam.

Ser Mestre é ser perfeito nas mínimas realizações. (ensinamento de Manoel Gomes).

Luis Mario Luchetta (Or:. de Curitiba, Paraná)
Publicado na revista A Trolha, nº 231, Janeiro de 2006.


Bibliografia:

BAYARD, Jean Pierre. A Espiritualidade da Maçonaria. São Paulo: Madras.
GOMES, Manoel. Manoel do Mestre Maçon. Lunardelli.
GUIMARÃES, João Francisco. Maçonaria e Filosofia do conhecimento. São Paulo-Madras.
RODRIGUES, Raimundo. Sutilezas da Arte Real. Londrina-PR. A TROLHA.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

O espírito da nossa Instituição


Valdemar Sansão

O espírito da nossa Instituição



Momento 1




"Depois da Batalha de Opequau, fui com o médico do Regimento Ohio a um campo de prisioneiros, onde havia cerca de 5.000 prisioneiros confederados.

Quase imediatamente depois de passarmos pela guarda, notei que o médico e vários prisioneiros davam cordiais apertos de mão. Também notei que o médico tirava do bolso notas de dinheiro e distribuía-as entre os presos. Fiquei assombrado e não sabia o que significava. No regresso do acampamento perguntei-lhe:

- Você conhecia estes homens, ou já os vira antes?

- Não, retrucou o médico. Nunca os vi antes.

- Então, perguntei eu, como os conhece e por que lhes deu dinheiro?

- Nós somos Maçons e temos meios especiais para nos reconhecer - disse-me ele.

Porém, insisti:

- Você deu-lhes dinheiro, praticamente tudo o que tinha consigo. Espera você, algum dia, cobrar esse dinheiro?

- Bem - disse o médico - se eles alguma vez estivem em condições de me pagarem, eles o farão, porém isto me é indiferente. São Irmãos Maçons na desgraça e eu simplesmente estou a cumprir o meu dever.

Então, disse para mim mesmo - Se isto é Maçonaria, então procurarei tomar parte nela. (William Mc Kinley - Presidente dos Estados Unidos da América do Norte).



Momento 2 

Um maçom residente no interior, homem honesto e muito trabalhador, apresentou-se ao juiz para explicar a razão de não querer fazer parte de um júri.



- Meritíssimo, minha Loja Maçônica tem marcado sessão para o mesmo dia. Para poder ser jurado, tenho que desrespeitar o meu juramento de frequência e não posso dar-me a este luxo.



- Senhor, e se todos fossem como o senhor? - perguntou o juiz.

- Meritíssimo, se todos fossem como eu, o senhor não precisaria de um júri...



Valdemar Sansão - M:. M:. -






Fontes:
"O DESPERTAR PARA A VIDA MAÇôNICA" - Editora "A TROLHA" - Valdemar Sansão


terça-feira, 28 de maio de 2013

Proteção






Proteção



Qual a melhor proteção que podemos ter contra o mal?



Como nos proteger do desconhecido que, porventura se volta contra nós mesmos?



Como evitar que o nosso próprio mal possa, inadvertidamente, atingir o outro?



Como evitar que forças malignas nos atinjam em face de vivermos num mundo onde ainda vigora o mal?



Como impedir que o mal nos contamine, a ponto de nos levar a atos insanos?



Como nos proteger do que nos atrai ao mal?



Só há uma resposta: querer para o outro o melhor de si, pois isso desenvolverá a bondade e o amor no interior de própria alma; são sentimentos capazes de proporcionar a paz em torno de quem os cultiva. O amor que se sente é a verdadeira energia da vida.



Adenáuer Novaes

Psicólogo Clínico e Escritor



segunda-feira, 27 de maio de 2013

A chave de Hiram





 
A chave de Hiram



Introdução





Henry Ford declarou certa vez que 'toda a História é uma grande mentira', Pode ter soado um tanto abrupto, mas uma vez encarados os 'fatos' do passado que nós ocidentais aprendemos nas escolas, conclui-se que o sr. Ford tinha toda razão.



Nosso ponto de partida foi um trabalho de pesquisa particular para tentar encontrar as origens da Maçonaria - a maior sociedade do mundo, hoje com mais de cinco milhões de membros em Lojas regulares, e que no passado incluiu entre eles muitos grandes homens, de Mozart ao próprio Henry Ford.



Sendo Franco-Maçons, nosso objetivo era tentar entender um pouco mais sobre o significado da ritualística maçônica: essas cerimônias estranhas e secretas efetuadas exclusivamente por homens, quase todos de meia idade e de classe média, de um pólo a outro.



No centro das lendas maçônicas está um personagem denominado Hiram Abiff que, de acordo com o que se conta a todos os Maçons, foi assassinado há quase dois mil anos atrás durante a construção do Templo do Rei Salomão. Este homem é um enigma absoluto. Seu papel como construtor do Templo do Rei Salomão e as circunstâncias de sua horrível morte são claramente descritas nas histórias maçônicas, mas ele não é mencionado no Antigo Testamento (1). Durante quatro dos seis anos que gastamos nessa pesquisa acreditamos que fosse uma criação simbólica, mas então ele se materializou das brumas do tempo para provar-se extremamente real.



Assim que Hiram Abiff se ergueu do passado distante, nos brindou com nada menos que uma nova chave para a História ocidental. As contorções intelectuais e as elaboradas conclusões que previamente formaram a visão coletiva que a sociedade ocidental tem de seu passado deram lugar a uma ordem simples e lógica. Nossas pesquisas nos levaram inicialmente à reconstrução do ritual de mais de quatro mil anos de idade que o Egito usava para a feitura de seus reis: isso nos levou a desvendar um assassinato que ocorreu por volta de 1570 a.c., e o que deu partida à cerimônia de ressurreição que é a antecedente direta da moderna Maçonaria. Ao seguirmos o desenvolvimento desse ritual secreto, de Tebas a Jerusalém, descobrimos seu papel na construção da nação judaica e na evolução de sua teologia.



Em flagrante contraste com o que hoje se acredita ser fato, o mundo ocidental na verdade se desenvolveu de acordo com uma filosofia muito antiga, codificada em um sistema secreto que só veio à superfície em três momentos cruciais nos últimos três mil anos.



A prova final de nossas descobertas pode certamente tornar-se a maior descoberta arqueológica do século: nós localizamos os manuscritos de Jesus e de seus seguidores.



(1) Hiram Abiff é mencionado no Antigo Testamento como um mestre em metalurgia e trabalhos com metais, enviado pelo Rei de Tiro a Salomão quando da construção do Templo, mencionado em Reis I, 7:13-14 e em Crônicas II, 2:13-14. Em algumas versões do Antigo Testamento, ele é apresentado como sendo Adonhiram, um coletor de impostos, mencionado em Samuel n, 20: 24, ou como superintendente dos trabalhos no Monte Líbano, mencionado em Reis I, 5:14. (N. T.)



Extraído do livro A CHAVE DE HIRAM

FARAÓS, FRANCO-MAÇONS

E A DESCOBERTA DOS MANUSCRITOS SECRETOS DE JESUS.

AUTORES: CHRISTOPHER KNIGHT & ROBERT LOMAS

TRADUÇÃO E NOTAS

Z. RODRIX

EDITORA LANDMARK

São Paulo, Brasil

domingo, 26 de maio de 2013

Juizo





Juizo



Não é necessário que a morte abra as portas de tribunais supremos para que o homem seja julgado em definitivo.



A vida faz a análise todos os dias e a luta é o grande movimento seletivo, através do qual observamos diversas sentenças a se evidenciarem nos variados setores da atividade humana.



A moléstia julga os excessos.



A exaustão corrige o abuso.



A dúvida retifica a leviandade.



A aflição reajusta os desvios.



O tédio pune a licença.



O remorso castiga as culpas.



A sombra domina os que fogem à luz.



O isolamento fere o orgulho.



A desilusão golpeia o egoísmo.



As chagas selecionam as células do corpo.



Cada sofrimento humano é aresto do Juízo Divino em função na vida contingente da Terra.



Cada criatura padece determinadas sanções em seu campo de experiência.

Compreendendo a justiça imanente do Senhor em todas as circunstâncias e em todas as causas, atendamos a sementeira do bem aqui e agora, na certeza de que, segundo a palavra do Mestre, cada espírito receberá os bens e os males do Patrimônio Infinito da Vida, de conformidades com as próprias obras.



Emmanuel


sábado, 25 de maio de 2013

Falsos Heróis

Monte de Hermom

Falsos Heróis

Por Luiz Maia*

Cansei de ver prosperar a mentira, o endeusamento de falsos ídolos, o triste modismo do culto exagerado ao corpo. Não dá mais para se ler um jornal, assistir ao noticiário da tevê, escutar a rádio sem esconder um sentimento de indignação. Cansei de olhar a vida sem a perspectiva de que algo decente pudesse ocorrer em nosso país.
 
Eu queria ver as pessoas usufruindo da boa música, de um filme que enalteça a superação e ao final todas pudessem sair do cinema felizes. Quem se atreve hoje a ligar a televisão para assistir a um programa ao lado da família, sem receio de vir a se decepcionar? Ninguém.
 
O que se vê é a prevalência do mau político sobre o homem de bem, o corrupto que bate no peito se dizendo orgulhoso pelos atos praticados. Pena que mesmo assim sejam eles eleitos pela sociedade.

Eu não compreendo a razão de se dar tanto destaque à mediocridade em detrimento daquilo que tem valor. É difícil entender o jogador de futebol que é exaltado como se fosse um deus. Pseudo artistas que se tornam famosas por possuírem um corpo malhado, gente que se presta a posar nua na primeira revista que lhe ofereça um cachê compensador. Neste sentido o apelo erótico funciona apenas como atalho para alcançar seus objetivos de ordem material.
 
A mídia, que deveria elevar o padrão de sua programação, infelizmente parece mesmo disposta a nivelar-se por baixo. É necessário que se dê um basta nesse festival de mau gosto.



Lamento que os meios de comunicação queiram nos impor falsos heróis goela abaixo. Esses não representam em nada o Brasil real. É preciso de uma vez por todas rever o conceito do que é decente e do que merece ser realmente valorizado. No meu modo de ver, heróis de verdade são as pessoas simples que trabalham noite e dia para se sustentarem, muitas vezes sendo preciso apanhar quatro conduções para chegar ao trabalho.
 
Gente honesta que se acorda cedinho e que vai dormir tarde da noite para obter o pão, ganhando pouco e sofrendo às vezes sérias humilhações. Heróis são os garis que limpam as cidades que nós ajudamos a emporcalhar, são pedreiros que sujam as mãos na massa e no cimento trabalhando pesado para erguer os prédios nos quais iremos morar.



Verdadeiros heróis são aqueles homens do povo, os motoristas que se debruçam sobre a direção de ônibus e caminhões, colaborando para levar o progresso aos quatros cantos do país.



Não podemos esquecer a laboriosa classe dos professores, homens e mulheres que levam o conhecimento às pessoas, heróis anônimos ignorados neste país. Heróis de verdade são todas as criaturas humildes que trabalham noite e dia, gente simples deste imenso Brasil, homens e mulheres sofridos que ganham a vida distante do glamour dos holofotes, longe do brilho falso dos palanques daqueles que detêm o poder. Indivíduos que carregam consigo apenas a marca da honestidade, característica nobre que simboliza as pessoas de bem.



Diario de Pernambuco - Recife, terça-feira 14 de maio de 2013

*Luiz Maia
Escritor
l.maia@terra.com.br


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Landmarks

 
LANDMARKS

Escrito por A Jorge


TODOS OS MAÇONS OBRIGAM-SE A RESPEITAR E CUMPRIR FIELMENTE AS SEGUINTES DOZE REGRAS MAÇÔNICAS:


1. A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo.
 
2. A Maçonaria refere-se aos "Antigos Deveres" e aos "Landmarks" da Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição.
 
3. A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.
 
4. A Maçonaria visa ainda, pelo aperfeiçoamento moral dos seus membros, o da humanidade inteira.
 
5. A Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exata e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias.
 
6. A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.
 
7. Os Maçons tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles o caráter solene e sagrado indispensável à sua perenidade.
 
8. Os Maçons juntam-se, fora do mundo profano, nas Lojas onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: um volume da Lei Sagrada, um esquadro, e um compasso, para aí trabalhar segundo o rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamentos Gerais de Obediência.
 
9. Os Maçons só devem admitir nas suas lojas homens maiores de idade, de perfeita reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons irmãos e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.
 
10. Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas. Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.
 
11. Os Maçons contribuem pelo exemplo ativo do seu comportamento são, viril e digno, para irradiar da Ordem no respeito do segredo maçônico.
 
12. Os Maçons devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Maçonaria - Uma História sem Mistério




José Castellani


Maçonaria - Uma História sem Mistério


Escrito por José Castellani



Organizações de ofício, as precursoras





Desde que o homem deixou as cavernas e as suas vivendas de nômade, sedentarizando-se e formando uma sociedade estratificada, surgiram os profissionais dedicados à arte da construção, os quais foram se aperfeiçoando, não só na ereção de casas de residência, mas, também, na de templos, de obras públicas e obras de arte. Embora tivessem, esses profissionais, desde os seus primeiros tempos, mantido, entre si, certa camaradagem e um sentimento de agregação, não havia, na realidade, uma organização que os reunisse, que regulasse a sua atividade e que lhes desse um maior sentido de responsabilidade profissional.




Foi no Império Romano do Ocidente, da Roma conquistadora, que, em função da própria atividade bélica, surgiu, no século VI a.C., a primeira associação organizada de construtores, os Collegia Fabrorum. Como a conquista das vastas regiões da Europa, da Ásia e do norte da África, levava à destruição, os collegiati acompanhavam as legiões romanas, para reconstruir o que fosse sendo destruído pela guerra. Dotada de forte caráter religioso, essa organização dava, ao trabalho, o cunho sagrado de um culto às divindades. De início politeísta, tornou-se, com a expansão do cristianismo, monoteísta, entrando, porém, em decadência, após a queda do Império Romano do Ocidente, ocorrida em 476 d.C., embora persistissem pequenos grupos da associação no Império Romano do Oriente, cujo centro era Constantinopla.



Na Idade Média é que iria florescer, através do grande poder da época, a Igreja, a hoje chamada Maçonaria Operativa, ou Maçonaria de Ofício, para a preservação da Arte Real entre os mestres construtores da Europa. Assim, a partir do século VI, as Associações Monásticas, formadas, principalmente, por clérigos, dominavam o segredo da arte de construir, que ficou restrita aos conventos, já que, naquela época de barbárie, quando a Europa estava em ruínas, graças às sucessivas invasões dos bárbaros, e quando as guerras, os roubos e os saques eram frequentes e até encarados como fatos normais, os artistas e arquitetos encontraram refúgio seguro nos conventos. Posteriormente, pela necessidade de expansão, os frades construtores começaram a preparar e a adestrar leigos, proporcionando, a partir do século X, a organização das Confrarias Leigas, que, embora formadas por leigos, recebiam forte influência do clero, do qual haviam aprendido a arte de construir e o cunho religioso dado ao trabalho.



É dessa época aquela que é considerada a primeira reunião organizada de operários construtores: a Convenção de York, ocorrida em 926 e convocada por Edwin, filho do rei Athelstan, para reparar os prejuízos que as associações haviam tido com as sucessivas guerras e invasões. Nela foi apresentada, para apreciação e aprovação, um estatuto, que, dali em diante, deveria servir como lei suprema da confraria e que é, geralmente, chamado de Carta de York.



Quase na mesma época, surgiriam associações simplesmente religiosas, que, a partir do século XII, formaram corpos profissionais: as Guildas. A elas se deve o primeiro documento em que é mencionada a palavra “Loja”, para designar uma corporação e o seu local de trabalho. As Guildas e sua contemporânea, a organização dos Ofícios Francos, foram as principais precursoras da moderna Maçonaria. O seu nome “Gild”, de origem teutônica, deriva do título dado, na antiga região da Escandinávia, a um ágape religioso, durante o qual, numa cerimônia especial, eram despejados três copos de chifre (chavelhos), conforme o uso da época, cheios de cerveja, sendo um em homenagem aos deuses, outro, pelos antigos heróis, e o último em homenagem aos parentes e em memória dos amigos mortos; ao final da cerimônia, todos os participantes juravam defender uns aos outros, como irmãos, socorrendo-se mutuamente nos momentos difíceis. As Guildas caracterizavam-se por três finalidades principais: auxílio mútuo, reuniões em banquetes e autuação por reformas políticas e sociais. Introduzidas na Inglaterra, por reis saxões, elas foram modificadas por influência do cristianismo, mas, mesmo assim, não eram bem aceitas pela Igreja, que não via com bons olhos a prática do banquete, por suas origens pagãs, e a pretensão de reformas políticas e sociais, que pudessem, eventualmente, contribuir para diminuir os seus privilégios e os privilégios das corporações sob a sua proteção. Assim, para evitar a hostilidade da Igreja, cada guilda era organizada sob a égide de um monarca, ou sob o nome de um santo protetor.



No século XII, associada às guildas, surgia uma organização de operários alemães, os Steinmetzen, ou seja, canteiros, que, sob a direção de Erwin de Steinbach, alcançariam notoriedade, quando este conseguiu a aprovação de seus planos para a construção da catedral de Estrasburgo e deu um aperfeiçoado sentido de organização aos seus obreiros. Canteiro é o operário que trabalha em cantaria, que esquadreja e trabalha na escultura da pedra bruta; cantaria (palavra derivada de canto) designa a pedra lavrada para as construções.



Surgem os ofícios francos, ou franco-maçonaria



No século XII, também, iria florescer a associação considerada a mais importante desse período operativo: os Ofícios Francos (ou Franco-Maçonaria), formados por artesãos privilegiados, com liberdade de locomoção e isentos das obrigações e impostos reais, feudais e eclesiásticos. Tratava-se, portanto, de uma organização de construtores categorizados, diferentes dos operários servos, que ficavam presos a uma mesma região, a um mesmo feudo, à disposição de seus amos. Na Idade Média, a palavra franco designava não só o que era livre, em oposição ao que era servil, mas, também, todos os indivíduos e todos os bens que escapavam às servidões e aos direitos senhoriais; esses artesãos privilegiados eram, então, os pedreiros-livres, franc-maçons, para os franceses, ou free-masons, para os ingleses. Tais obreiros, evidentemente, tinham esses privilégios concedidos pela Igreja, que era o maior poder político da época, com grande ascendência sobre os governantes.



A palavra francesa “maçon”, correspondente a pedreiro, converteu-se em “maison” (casa) e, também, embora só relativamente, em “masse” (maça, clava). Essa maça, ou clava, habilitava o porteiro a afastar os indesejáveis intrusos e curiosos. O pesquisador alemão Lessing, um dos clássicos da literatura alemã, atribui a palavra inglesa “masonry” (maçonaria) a uma transmissão incorreta. Originalmente, a idéia teria sido dada pelo velho termo inglês “mase” (missa, reunião à mesa). Uma tal sociedade de mesa, ou reunião de comensais, de acordo com a alegoria da Távora Redonda, do rei Artur, poderia, segundo Lessing, ainda ser encontrada em Londres, no século XVII. Ela se reunia nas proximidades da famosa catedral de São Paulo e, quando sir Christopher Wren, o construtor da catedral, tornou-se membro desse círculo, julgou-se que se tratava de uma cabana dos construtores, que estabelecia uma ligação de mestres construtores e obreiros; daí, então, ou seja, dessa suposição errada, é que teria se originado o termo “masonry”, para designar a sociedade dos construtores.





Uma explicação para o termo inglês “freemason” (pedreiro livre) está ligada ao termo “freestone”, que é a pedra de cantaria, ou seja, a pedra própria para ser esquadrejada, para que nela sejam feitos cantos, que a transformem numa pedra cúbica, a ser usada nas construções. As expressões “freestone mason” e “freestone masonry”, daí surgidas, acabaram sendo simplificadas para “freemason” (o obreiro) e “freemasonry” (a atividade). Esta é uma hipótese mais plausível do que a de Lessing, que só considerou o caso particular da Inglaterra, quando se sabe que não foi só aí que existiu uma íntima ligação com o trabalho dos artífices da construção.




Nessa fase primitiva, porém, antes de, propriamente, se ter iniciado a formação de Lojas, quase que não se pode falar em Maçonaria no sentido que ela adquiriu na fase moderna, pois, sobretudo, naquele tempo não podia ser considerada como uma sociedade secreta. O segredo não era, a princípio, mais do que o processo pelo qual um dos membros da irmandade reconhecia o outro. Diga-se a bem da verdade, que, na época atual, a Maçonaria já não pode mais ser considerada secreta, mas apenas discreta. Os segredos mais guardados e que persistem são, obviamente, apenas os meios de reconhecimento, reservados só aos iniciados, já que, de posse deles, um não iniciado poderia ter acesso aos templos maçônicos e às sessões das Lojas.



É criado o importante estilo gótico



Na metade do século XII, surgia o estilo arquitetônico gótico, ou germânico, primeiro no norte da França, espalhando-se, depois, pela Inglaterra, Alemanha e outras regiões do norte da Europa e tendo o seu apogeu na Alemanha, durante 300 anos. Tão importante foi o estilo gótico para as confrarias de construtores, que as suas regras básicas eram ensinadas nas oficinas dos canteiros, ou talhadores de pedra; tão importante que a sua decadência, no século XVI, decretou o declínio das corporações.



No século XIII, em 1220, era fundada, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique III, uma corporação dos pedreiros de Londres, que tomou o título de The Hole Craft and Fellowship of Masons (Santa Arte e Associação dos Pedreiros) e que, segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Pouco depois, em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach, para terminar as obras do templo. A construção da catedral, iniciada em 1015, estava praticamente terminada, quando foi resolvido ampliar o projeto original e, para isso, foi chamado Erwin A essa convenção acorreram os mais famosos arquitetos da Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembléias e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de Cátedra (Meister von sthul).



Esclareça-se que, na época, os obreiros criavam uma Loja, fundamentalmente, para tratar de determinada construção, como é o caso dessa catedral. Tais Lojas serviam para tratar dos assuntos ligados apenas à construção prevista, já que, para outras reuniões, inclusive com obreiros de outras corporações, eram utilizados os recintos de tabernas e hospedarias, principalmente em solo inglês. A palavra Loja, por sinal, foi mencionada pela primeira vez em 1292, em documento de uma guilda . Loja, do germânico leubja (pronúncia: lóibja), através do francês lodge, designava o lar, a casa, o abrigo, o pátio, o alpendre e, também, a entrada de edifício, ou galeria usada para exposições artísticas e venda de produtos artesanais. As guildas de mercadores assim designavam seus locais de depósito e venda de produtos manufaturados, enquanto que as guildas artesanais adotaram o termo para designar o seu local de trabalho, ou seja, as oficinas dos artífices.



Próximo desse tempo, ou seja, no século XIV, começava, também, a atuação do Compagnonnage (Companheirismo), criado pelos cavaleiros templários . Os membros dessa organização construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas, adquirindo certo número de métodos de trabalho herdados da Antiguidade e constituindo, durante as Cruzadas, verdadeiras oficinas itinerantes, para a construção de obras de defesa militar, pontes e santuários. Retornando à Europa, eles tiveram a oportunidade de exercer o seu ofício, construindo catedrais, igrejas, obras públicas e monumentos civis. A Ordem da Milícia do Templo, ou Ordem dos Templários, foi uma ordem religiosa e militar, criada em 1118, com estatutos feitos pelo abade de Clairvaux (São Bernardo). Adquirindo prestígio e riqueza, a ordem excitaria a cobiça do rei francês Filipe IV, cognominado “o Belo”, que, com a conivência do papa Clemente V, conseguiu a sua extinção, em 1312, seguida da execução, na fogueira, de seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Antes da extinção, necessitando, em suas distantes comendadorias do Oriente, de trabalhadores cristãos, os templários organizaram o Compagnonnage, dando-lhe um estatuto chamado Santo Dever, de acordo com sua própria filosofia.



No século XVI, a decadência das corporações de ofício



Já na primeira metade do século XVI, as corporações, diante das perseguições que sofriam - principalmente por parte do clero - e diante da evolução social européia, começavam a entrar em declínio. Em 1535, realizava-se, em Colônia, uma convenção, que fora convocada para refutar as calúnias dirigidas pelo clero contra os franco-maçons. Embora ela não tenha tido o brilho e a frequência de outras convenções, consta, embora tal afirmativa seja contestada, por carecer de comprovação, que, na ocasião, teria sido redigido um manifesto, onde era estabelecido o princípio de altos graus, que seriam introduzidos por razões políticas.



Em 1539, o rei da França, Francisco I, revogava os privilégios concedidos aos franco-mações, abolindo as guildas e demais fraternidades e regulamentando as corporações de artesãos. Em contrapartida, em 1548, era concedido, aos operários construtores, de maneira geral, o livre exercício de sua profissão, em toda a Inglaterra; um ano depois, todavia, por exigência de Londres, era cassada a autorização concedida, o que fazia com que os franco-maçons ficassem na condição de operários ordinários, como tais sendo tratados legalmente. Em 1558, ao assumir o trono da Inglaterra, a rainha Isabel renovava uma ordenação de 1425, que proibia qualquer assembléia ilegal, sob pena dela ser considerada uma rebelião. Três anos depois, em Dezembro de 1561, tendo, os franco-mações ingleses, anunciado a realização de uma convenção em York, durante a festividade de São João Evangelista, Isabel ordenou a dissolução da assembléia, decretando a prisão de todos os presentes a ela; a ordem só não foi confirmada, porque lorde Thomas Sackville, adepto da arte da construção, estando presente, demoveu a rainha de seu intento, fazendo com que, em 1562, ela revogasse a ordenação de 1425.



Em 1563, a Convenção de Basiléia, feita por iniciativa da confraria de Estrasburgo, organizava um código para os franco-mações alemães, o qual serviria de regra à corporação dos canteiros, até que surgissem os primeiros sindicatos de operários, no século XIX. Mas era patente o declínio das confrarias, no século XVI. A Renascença relegara o estilo gótico e a estrutura ogival das abóbadas - próprias da arte dos franco-mações medievais - ao abandono, revivendo as características da arte greco-romana. Assim, embora ela tivesse atingido a todos os campos do conhecimento e a todas as corporações profissionais, foi a dos franco-mações a mais afetada. No final do século, Ínigo Jones introduzia, na Inglaterra, o estilo renascentista, sepultando o estilo gótico e apressando a decadência das corporações de franco-mações ingleses. Estas, perdendo o seu objetivo inicial e transformando-se em sociedade de auxílio mútuo, resolveram, então, permitir a entrada de homens não ligados à arte de construir, não profissionais, que eram, então, chamados de Maçons aceitos.



Iniciava-se a transformação na Maçonaria atual



As corporações, evidentemente, começaram por admitir pessoas em pequeno número e selecionadas entre os homens conhecidos pelos seus dotes culturais, pelo seu talento e pela sua condição aristocrática, que poderiam dar projeção a elas, submetendo-se, todavia, aos seus regulamentos. Era a tentativa de suster o declínio.





O primeiro caso conhecido de aceitação é o de John Boswell, lord de Aushinleck - ou, segundo J.G. Findel, sir Thomas Rosswell, esquire de Aushinleck - que, a 8 de Junho de 1600 foi recebido como Maçom aceito - não profissional - na Saint Mary’s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia. Esta Loja fora criada em 1228, para a construção da Capela de Santa Maria, destinando-se, como já foi visto, às assembléias dos obreiros e discussões sobre o andamento das obras.


Depois disso, o processo de aceitação, iniciado na Escócia, iria se espalhar e se acelerar, fazendo com que, ao final do século, o número de aceitos já ultrapassasse, largamente, o de franco-mações operativos. Os mais famosos nomes de “aceitos”, na primeira metade do século XVII, foram: William Wilson, aceito em 1622; Robert Murray, tenente-general do exército escocês, recebido, em 1641, na Loja da Capela de Santa Maria e tornando-se, posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de Warrington, no Lancashire; e o antiquário e alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de Outubro) que o coronel Henry.



Em 1666, os franco-maçons iriam recuperar parte do antigo prestígio, diante do grande incêndio, que, a 2 de Setembro daquele ano, aconteceu em Londres, destruindo cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas. Nessa ocasião, os Maçons acorreram para participar do esforço de reconstrução, sob a direção do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que, em 1688, viu aprovado o seu plano para reconstrução da cidade, sendo nomeado arquiteto do rei e da cidade de Londres. A obra principal de Wren foi a reconstrução da igreja de S. Paulo, em cujo adro se desenvolveria e se estabeleceria, em 1691, uma Loja de fundamental importância para a História da Maçonaria moderna: a Loja São Paulo (em alusão à igreja), ou Loja da taberna “O Ganso e a Grelha”, em alusão ao local em que, como faziam outras Lojas, realizava suas reuniões de caráter informal e administrativo, como se verá adiante. A reconstrução de Londres só iria terminar em 1710.



E nascia a primeira Grande Loja



Como, na época, não existiam templos maçônicos - o primeiro só seria inaugurado em 1776 - os Maçons reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas. As tabernas, cervejarias e hospedarias desse tempo, principalmente na Inglaterra, tinham uma função social muito grande, como local de reunião e de troca de idéias de intelectuais, artífices, obreiros do mesmo ofício, etc. . A Loja da Cervejaria “The Goose and Gridiron” (O Ganso e a Grelha), ou Loja São Paulo, inicialmente formada só pelos Maçons de ofício que participaram da reconstrução de Londres, resolvia, em 1703, diante do número cada vez maior de Maçons aceitos, em todas as Lojas, admitir, a partir dali, homens de todas as classes, sem qualquer restrição, promovendo, então, uma reforma estrutural, que iria dar o arcabouço da moderna Maçonaria. A admissão, em 1709, do reverendo Jean Théophile Désaguliers , nessa Loja, em cerimônia realizada no adro da igreja de São Paulo, iria apressar o processo de transformação, já que Désagulliers iria se tornar seu líder e paladino.



A 7 de Fevereiro de 1717, Désagulliers conseguia reunir quatro Lojas metropolitanas, para traçar planos referentes à alteração da estrutura maçônica. Nessa ocasião, foi convocada uma reunião geral dessas quatro Lojas existentes em Londres, para o dia 24 de Junho daquele ano. Essa reunião foi realizada na taberna “The Apple Tree” (A Macieira), e as Lojas presentes foram, além da “O Ganso e a Grelha”: a da Cervejaria “The Crown” (A Coroa), a da Taberna “Rummer and Grappes” (O Copázio e as Uvas) e a da Taberna “The Apple Tree” (A Macieira).



E, no dia 24 de Junho de 1717, como fora marcado, as quatro Lojas reuniam-se e criavam The Premier Grand Lodge (a Primeira Grande Loja), em Londres, implantando o sistema obediencial, com Lojas subordinadas a um poder central, sob a direção de um Grão-Mestre, já que, antes disso, as Lojas eram livres de qualquer subordinação externa, concretizando a idéia do “Maçom livre na Loja livre”. Isso era, portanto, um fato novo e uma grande alteração - uma verdadeira revolução - na estrutura maçônica tradicional, o que faz com que esse acontecimento seja tomado como o divisor de águas, o marco histórico entre a antiga e a moderna Maçonaria, ou seja, entre a operativa, ou de ofício, e a dos aceitos, ou especulativa, sua forma moderna.

Prancha de José Castellani



Fonte: Loja Maçônica Mestre Afonso Domingues