segunda-feira, 13 de maio de 2013

Maçonaria: Corporativismo








MAÇONARIA: CORPORATIVISMO


 


Escrito por Almir de Araújo Oliveira
 
Dissidência se constitui no ato de discordar de algo ou de alguém, ou seja, uma divergência de opiniões ou de procedimento.


A primeira cisão na chamada Maçonaria Moderna se deu no ano de 1751, com a fundação da Grande Loja da Inglaterra ou Grande Loja de York, intitulada de “antigos”, contrária a Grande Loja de Londres, cujos membros foram chamados de “modernos”. Esta divisão foi superada sessenta e dois anos depois com a unificação das duas Potências, gerando a atual Grande Loja Unida da Inglaterra.


No Brasil este fenômeno é bastante conhecido. O Irmão e Professor Gabriel Campos de Oliveira, em um brilhante trabalho de pesquisa, elenca aproximadamente trinta cisões no âmbito da Ordem em solo pátrio. As maiores foram a verificada em 1927 com a criação das Grandes Lojas Brasileiras e a ocorrida no ano de 1973 com a fundação do Colégio de Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira hoje Confederação Maçônica do Brasil.

As cisões enfraquecem a Maçonaria. A culpa destes procedimentos não é exclusiva dos dissidentes. As autoridades dos entes que sofrem o expurgo também devem ser instadas a se manifestarem sobre o problema.


Assoma-se para o enfraquecimento da instituição Maçonaria um problema chamado corporativismo.

Deixando de lado os aspectos econômico-sociais, definimos corporativismo como sendo a defesa intransigente de uma determinada pessoa ou grupo, na salvaguarda dos seus membros e interesses. Esta defesa pode acontecer no campo político, racial, religioso, etcetera.

Esta tutela é exercida pelo grupo de modo que suas opiniões e procedimentos devam sempre prevalecer, não se admitindo posições contrárias.

Este fenômeno é mundial e contribui para a materialização deste problema: os períodos eleitorais, onde predominam a falta de diálogo, e a vaidade humana, uma das chagas que assola a moderna Maçonaria.

O corporativismo leva, inexoravelmente, a quebra da harmonia maçônica. Irmãos começam a se digladiar esquecendo os princípios basilares da boa vivência. Agressões verbais são verificadas, ocorrendo, em alguns casos, ofensas físicas.

Desrespeito a hierarquia é observado. Irmãos para fazerem prevalecer seu juízo ou sentimento atacam autoridades maçônicas, demonstrando falta de condições de exercer com plenitude seu ofício.

Em Maçonaria devemos ter em mente que ninguém é dono da verdade. Sobre este entendimento nos ensina o Irmão Sebastião Dodel dos Santos: “A Maçonaria luta e trabalha na busca da Verdade. No seu culto à Verdade, o Maçom chega ao sacrifício dos seus próprios interesses, mas nunca foge ao sagrado dever de defender a causa da humanidade com base no que é justo”. (Sic)

Com esta definição, vislumbro que a função primordial do Maçom é servir ao seu semelhante.
Disse me disse, troca de injúrias e ameaças são atos reprováveis em um embate maçônico.

Eventuais discordâncias devem ser resolvidas nos fórum apropriados existentes nas Obediências, nunca através de condutas alheias aos nossos ordenamentos.

Companheiros que não sabem viver em sociedade, não admitindo opiniões antagônicas, devem repensar sua condição de Maçom, com eme maiúsculo.

Após a iniciação estar Maçom é um direito adquirido, porém, ser Maçom é um estado de espírito que não se harmoniza com o corporativismo e outros mecanismos perniciosos.

Exercitar a Virtude, ou seja, ter disposição para praticar o bem e evitar o mal é uma qualidade que deve ser priorizada pelos recepcionados na nossa Instituição.

Será que alguns Irmãos, nos seus arroubos maçônicos, não conseguem observar: que a Maçonaria proclama que os homens são livres e iguais em direitos. Que a tolerância constitui o princípio básico nas relações humanas, respeitando as convicções e dignidade de cada um. Que todo Maçom deve combater qualquer tipo de sectarismo, defendendo, de forma intransigente, a plena liberdade de expressão e a investigação constante da verdade.

A Maçonaria não é um clube a margem da lei onde os fins justificam os meios. A Associação Maçônica é uma escola de líderes onde princípios como tolerância, respeito ao próximo e fraternidade devem sobrepor qualquer interesse pessoal.

O Maçom é um homem altruísta, que busca o seu engrandecimento visando contribuir para o bem estar da humanidade. Se não priorizar esta missão, se atendo a picuinha, revanchismos ou outras formas de remoque, está sendo omisso no cumprimento do seu dever.

¹Sebastião Dodel dos Santos. Dicionário Ilustrado de Maçonaria (Simbologia e Filosofia. 3ª edição. (Sem indicação de cidade de impressão, editora e ano de publicação). 523 p.



Por Hélio Leite





Reflexões

Não há escravidão pior que a dos vícios e paixões.
Marquês de Maricá



 



 

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