segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As 7 Virtudes Cardeais da Ordem DeMolay


Brasão DeMolay


As 7 Virtudes Cardeais da Ordem DeMolay

O que são as sete virtudes?
As sete virtudes são os princípios básicos da Ordem DeMolay, os quais devem servir como alicerce na construção do jovem DeMolay, e posteriormente do cidadão.

A primeira virtude é o Amor Filial, representado pela primeira vela. Simboliza o amor entre pais e filhos, um amor que existe mesmo antes de nascermos, e que permanece conosco durante toda a nossa vida e nos seguirá até mesmo além do túmulo. Esta Virtude é muito importante, pois ela nos lembra que devemos sempre nos esforçar em sermos melhores filhos e nunca desonrarmos o nome de nossos pais.

"Amor por nenhuma outra razão a não ser de simplesmente existir"

A segunda virtude é a Reverência Pelas Coisas Sagradas, representada pela segunda vela. Um quesito fundamental para qualquer jovem ingressar na Ordem DeMolay, é acreditar em um Deus, um ser Superior e louvar seu Santo Nome. Sendo Assim, todo DeMolay possui a fé em um Deus, e sem esta fé e a graça deste Deus, nossos trabalhos seriam em vão.

A terceira virtude é a Cortesia, representada pela terceira vela. Nós vivemos em uma época onde a educação não raramente é deixada de lado. Uma cortesia transcende a amizade. A partir disto, devemos passar ao próximo a cortesia, uma cortesia que alcance o desconhecido, os idosos, a todos os homens sem distinção. Esta cortesia que traz um sentimento caloroso e um sorriso verdadeiro, torna a vida mais agradável para o próximo, e ilumina o caminho diante de nós fazendo com que possamos viver de forma mais harmoniosa.

"Para ser útil à sociedade não é necessário ser um DeMolay, mas para ser um DeMolay é necessário ser útil à sociedade".

A quarta virtude é o Companheirismo, representado pela quarta vela. Esta é a virtude que deve ser mais cultivada por nós, pois representa a união, a amizade, a camaradagem e o afeto que pode existir entre duas ou mais pessoas. O sentimento de amizade, é o que nos faz dividir momentos de alegria e tristeza com alguém. Talvez esta seja a Virtude mais importante de um DeMolay, pois somente se vivermos de acordo com os preceitos desta Virtude, é que vamos conseguir viver bem com nós mesmos.

A quinta virtude é a Fidelidade, representada pela quinta vela.
A honra e a palavra de um DeMolay são coisas que devem permanecer inabaláveis, pois um homem que não transmite confiança, assim como um DeMolay que é falso a seus amigos, suas promessas e seus votos, são pessoas indignas.

A sexta virtude é a Pureza, representada pela sexta vela.
A pureza de pensamentos, palavras e ações, fazem com que um DeMolay seja digno dos ensinamentos desta Ordem.

A sétima e última virtude é o Patriotismo, representado pela sétima Vela.
Ser patriota, não é somente lutar em um campo de batalha ou defender o seu país em algum evento internacional. Ser patriota é defender o seu país silenciosamente, transformando-se em um bom cidadão, uma pessoa justa, correta e honesta, estando sempre disposto a defender a bandeira de sua pátria, seja onde for, seja como for.
Sete Virtudes Cardeais de um DeMolay



A Ordem DeMolay invoca sete luzes, simbolizando as sete virtudes cardeais de um DeMolay, que iluminam seus caminhos conforme passam pela estrada da vida, simbolizando tudo que é bom e correto, a base de suas vidas.


Amor Filial: é o amor e carinho que devemos ter por nossos pais, que nos semearam, geraram, nos ensinaram as primeiras lições de nossas vidas e se sacrificaram por nós. Através deles nós tivemos as primeiras lições de educação, respeito e na crença em Deus.


Reverência pelas Coisas Sagradas: significa a crença em Deus, não importando a sua religião. Para ser um DeMolay o jovem tem que ter fé Nele e provar o quanto ama e deseja servir a Deus.


Cortesia: cortesia, educação e solidariedade são princípios que um DeMolay procura por em prática usando a filantropia, mas somente válida quando é feita com sentimento, colocando o coração naquilo que faz. Os DeMolays possuem o seguinte pensamento:


"Para ser útil à sociedade não é necessário ser um DeMolay, mas para ser um DeMolay é necessário ser útil à sociedade".


Companheirismo: é ser um amigo leal, tanto nas horas boas quanto nas ruins. O verdadeiro companheiro e amigo é aquele que estende a mão para um Irmão em momentos de dificuldade. Companheirismo é levar uma chama de amizade no coração, para que, quando um amigo estiver no meio do túnel, ela possa iluminar e mostrar onde está a saída.


Fidelidade: é sempre acreditar em seus ideais e virtudes, mantendo em segredo tudo aquilo que lhe for ensinado. É ser fiel a Deus, à sua Pátria e a seus amigos, seguindo o exemplo de fidelidade de Jacques DeMolay, que preferiu morrer a trair seus Irmãos ou faltar com seu juramento.


Pureza: é ser um cidadão idôneo, puro de alma e de coração; é sempre estar de bem com a própria consciência. É manter a mente longe de tudo que vá contra os princípios de um bom cidadão.


Patriotismo: é respeitar e defender a nossa Pátria, nosso Estado e nossa Cidade e, além disso, conservar tudo que diz respeito ao patrimônio público, como escolas, asilos, orfanatos e hospitais, que prestam ajuda às pessoas mais carentes de nossa sociedade.




A Ordem DeMolay é uma sociedade discreta de princípios filosóficos, fraternais, iniciáticos e filantrópicos, patrocinada pela Maçonaria[1], para jovens do sexo masculino com idade compreendida entre os 12 e os 21 anos. Fundada nos Estados Unidos dia 18 de março de 1919, em Kansas City, Missouri, pelo maçom Frank Sherman Land, é patrocinada e apoiada pela Maçonaria, oficialmente desde 1921, que na maioria dos casos cede espaço para as reuniões dos Capítulos DeMolay e Priorados da Ordem da Cavalaria - denominações das células da organização.


A Ordem é inspirada na vida e morte do nobre francês Jacques de Molay, 23º e último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, morto em 18 de março de 1314 junto a outros membros da Ordem por contestar as falsas acusações de pratica de diversos crimes, entre eles heresias e infidelidade à Igreja, arquitetadas pelo Rei Filipe IV de França, podendo-se acreditar que o motivo de tais acusações fosse a ambição de Filipe pelas posses da Ordem dos Templários, pois em caso de prisão, os bens do acusado passariam a pertencer ao Estado francês.


A Ordem Demolay possui cerca de 4 milhões de membros em todo o mundo e mais de 200 mil no Brasil. O DeMolay que completa 21 anos de idade, é denominado Sênior DeMolay e passa a acompanhar os trabalhos do Capítulo através da "Associação DeMolay Alumni". No Brasil, distribuídos em mais de setecentos Capítulos, os milhares de DeMolays regulares de todos os Estados da federação se reúnem freqüentemente.


No mundo, a Ordem DeMolay pode ser encontrada em: Aruba (Países Baixos), Alemanha, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Colômbia, Estados Unidos, Filipinas, Guam (Estados Unidos), Itália, Japão, México, Panamá, Paraguai, Perú e Uruguai[2].


No dia 08 de abril de 2008, o Estado de São Paulo estabeleceu o Dia do DeMolay, através da Lei Estadual nº 12.905, a ser comemorado anualmente no dia 18 de março. Em 19 de janeiro de 2010, foi promulgada a Lei Federal nº 12.208 que insituiu o dia 18 de março como o Dia Nacional do DeMolay, seguindo o exemplo paulista, sendo que a escolha da data marca o falecimento de Jacques de Molay, herói mártir da Ordem.






Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



























Jacques DeMolay


As sete velas

domingo, 30 de outubro de 2011

CANÇÃO DO EXÍLIO

Gonçalves Dias






CANÇÃO DO EXÍLIO




Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.


Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.


Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.


Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


Coimbra - Julho 1843.


Gonçalves Dias
 

sábado, 29 de outubro de 2011

A Maçonaria nos dias de hoje


Rui Bandeira


A Maçonaria nos dias de hoje



A Maçonaria teve historicamente o seu auge, em termos quantitativos, após o final da Segunda Guerra Mundial. Tinham-se vivido anos de horror e de violência inauditos. Os sobreviventes dos combatentes no conflito necessitavam de manter a camaradagem, a união, o espírito de corpo, que sentiam ter possibilitado a sua sobrevivência. Uma das formas que, sobretudo nos países anglo-saxônicos, acharam para o fazer foi buscar a admissão nas Lojas maçônicas e aí praticarem essa particular forma de camaradagem que inexoravelmente os marcou. Por outro lado, os horrores vividos e assistidos mostraram a muitos e muitos a necessidade de um espaço de convivência sã e de aprimoramento ético. Quem conviveu com o mal aprecia mais plenamente o bem!

O pós Segunda Guerra Mundial foi assim um período de grande florescimento da Maçonaria, em que os números dos maçons cresceram até atingirem níveis nunca antes historicamente atingidos.

Mas a vida é feita de ciclos! A essa fase de crescimento seguiu-se - inexoravelmente - uma fase de declínio. As condições sociais mudaram. A prosperidade material foi desfrutada por mais gente. As gerações sucederam-se. O que foi vivido no tempo daquela guerra passou a ser mera matéria de documentário histórico para os filhos, netos e bisnetos da geração que vivera aquele tempo. O que fora importante para a geração do pós-guerra não era já entendido nem sentido como tal pelas gerações subsequentes - e, bem vistas às coisas, ainda bem que as gerações subsequentes tiveram a possibilidade de não viver, nem sentir, nem suportar, aqueles duros tempos! Outras solicitações sociais e de utilização de tempos livres se perfilavam. E a Maçonaria, em termos quantitativos, declinou sensivelmente. Passou a ser vista como uma coisa de cotas nostálgicas e ultrapassados e de cromos com a mania de se armarem em diferentes. Tantas coisas para fazer na vida, tanta vida para viver, tanto trabalho para fazer, tanto para conquistar - para quê gastar (ou perder) tempo com essa coisa esquisita, meio desconhecida, fechada? Com a escolaridade a aumentar exponencialmente, quando os jovens passavam anos e anos a preparar-se para a vida ativa e esta era cada vez mais competitiva, que esquisitice era essa do auto-aperfeiçoamento? Não era evidente que cada geração era melhor, mais sabedora, mais dinâmica, mais apta, do que a anterior? A Maçonaria não passava, para muitos, de um resto do passado, em vias de fossilização, em persistente declínio, precursor da inevitável decadência e do inexorável arquivamento nas prateleiras das curiosidades da história! A vida moderna, a tecnologia, o progresso imparável, o céu que é o limite do pujante avanço da Humanidade, relegavam a vetusta organização para a sala dos fundos onde as relíquias do passado acumulavam respeitável poeira...

Mas os ciclos inexoravelmente avançam, as suas fases sucedem-se e, nunca se repetindo exatamente da mesma forma, as grandes tendências inevitavelmente que paulatinamente se repetem. Este início do século XXI parece mostrar-nos uma mudança de ciclo da Maçonaria, em que o declínio cessou e o crescimento recomeça.

A vida moderna insensivelmente empurra-nos para a massificação, a generalização. Cada vez mais, cada um de nós é menos um indivíduo e mais um número, um fator, um pequeno elemento de um conjunto cada vez mais numeroso. E cada vez mais descobrem que a Maçonaria permite aos que a integram dispor de um espaço, de tempo e de locais em que cada um consegue afastar essa asfixiante sensação de ser apenas uma peça de um imenso formigueiro humano e assumir-se como indivíduo inserido numa comunidade e com ela e os seus outros componentes interagindo. Volta a "estar em alta" no "mercado" dos valores pessoais e sociais a necessidade de ética, a vontade de aperfeiçoamento, a interação com pequenos grupos de pares, com interesses e objetivos similares.

Cada um de nós sente que, por si só, não consegue deixar de ser apenas um número, inseto numa colmeia, peça de uma imensa máquina que é a sociedade de hoje. Mas verifica que, inserida num grupo com dimensão humana, em que todos se conhecem e se podem conhecer, a individualidade de cada um tem significado e é reconhecida nesse grupo com dimensão humana. E que, inserido nesse grupo, os progressos de cada um são reconhecidos pelos demais, tal como cada um reconhece os progressos dos demais. Ser um parafuso bem polido num depósito de milhões de parafusos é irrelevante. Mas ser uma pessoa, um indivíduo, com virtudes a cultivar, com defeitos a combater, com arestas a polir, no meio de iguais, também com virtudes e defeitos e arestas, mas, sobretudo sendo cada um UM, diferente entre iguais - isso é gratificantemente diferente!

Nos dias de hoje, a Maçonaria é uma ancestral instituição que - como é característico das instituições verdadeiramente relevantes e duradouras - se reinventa para responder aos desafios e às necessidades de agora. E hoje é necessário - cada vez mais urgentemente necessário! - que a vetusta instituição da Maçonaria disponibilize a quem disso cada vez mais necessita o tempo, o espaço, o meio, as ferramentas, para que o homem-número que o progresso que trilhamos criou se transforme no Homem Completo que cada um de nós tem a potencialidade de ser. Único. No melhor e no pior. Cada vez com mais melhor e menos pior. Mas, sobretudo Homem - imprescindivelmente diferente entre iguais.

Tempo virá em que novo declínio experimentará a Maçonaria, em que os nossos filhos, ou netos, ou bisnetos, de forma geral a verão de novo como coisa do passado. Não é esse o tempo que vivemos. O tempo de agora é de crescimento, de consolidação, de valorização. Porque os Valores que recebemos dos nossos antecessores e que cultivamos para transmitir aos vindouros são intemporais, essenciais e imprescindíveis para o Homem e para a Humanidade.

Curiosamente, a imutável linha de rumo da Maçonaria parece atuar como força de equilíbrio na Sociedade. No passado, quando imperava a desigualdade, a Maçonaria foi um espaço de igualdade. Hoje, quando a normalização impera ao ponto de asfixiantemente nos sentirmos números num conjunto, formigas cumprindo desconhecida missão do formigueiro, obreiras mecanicamente contribuindo para a manutenção e crescimento da Grande Colméia social em que nos sentimos aprisionados, a Maçonaria possibilita a cada um dos seus elementos que exercite, execute, desenvolva, a sua individualidade. O combate de há trezentos anos era o de convencer a sociedade inteira da igualdade essencial dos seus membros. Hoje, o desafio é o de consciencializar todos de que essa igualdade só se concretiza verdadeiramente se for permitido a cada um desenvolver a sua individualidade. Porque cada um de nós é verdadeiramente único e diferente entre iguais. E é essa Diferença na Igualdade que, afinal, constitui a maior riqueza de uma sociedade.

As épocas sucedem-se, as modas vêm e vão, os tempos mudam - mas os Valores essenciais, esses, são perenes e cultivá-los com são equilíbrio é Arte verdadeiramente Real!

Escrito por Rui Bandeira

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Como se Morre de Velhice


Cecília Meireles

Como se Morre de Velhice







Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.


Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.


Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.


Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.


De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.


(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)


Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BEBIDA DIABÓLICA



BEBIDA DIABÓLICA

Consta do folclore israelita, numa história popular, fartamente anotada em vários países por diversos autores, que Noé, o patriarca, depois do grande dilúvio, rematava aprestos para lançar à terra ainda molhada a primeira vinha, quando lhe apareceu o Espírito das Trevas, perguntando, insolente:
- Que desejas levantar, agora?
- Uma vinha – respondeu o ancião, sereno.
O sinistro visitante indagou quanto aos frutos esperados da plantação.
- Sim – esclareceu o bondoso velho – , serão frutos doces e capitosos. As criaturas poderão deliciar-se com eles, em qualquer tempo, depois de colhidos. Além disso, fornecerão milagroso caldo que se transformará facilmente em vinho, saboroso elixir capaz de adormecê-las em suaves delírios de felicidade e repouso. . .
- Exijo sociedade nessa lavoura! – gritou Satanás, arrogante.
Noé, submisso, concordou sem restrições e o Gênio do Mal encarregou-se de regar a terra e adubá-la, para o justo cultivo. Logo após, com a intenção de exaltar a crueldade, o parceiro maligno retirou quatro animais da arca e passou a fazer a adubagem e a rega com a saliva do bode, com o sangue do leão, com a gordura do porco e com o excremento do macaco.
À vista disso, quantos que se entregam ao vício da embriaguez apresentam os trejeitos e os berros sádicos do bode ou a agressividade do leão, quando não caem na estupidez do porco ou na momice dos macacos. (VENENO LIVRE - Cartas e Crônicas, de Irmão X)


"A primeira vítima da bebida teria sido o próprio Noé, pois, ao que relata a Bíblia, “Bebendo do vinho embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda.” (Gênesis, 9:12)

"Outro personagem bíblico, Ló, sobrinho de Abraão, “Iludido por suas filhas, embebedou-se e coabitou com elas, engravidando-as. Passou, Ló, a ser avô de seus próprios filhos” (Gênesis, 19:30-38)

“Não se embriaguem com vinho, que leva para a libertinagem, mas busquem a plenitude do Espírito.” (Efésios, 5:18)












quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um Artigo da escritora Martha Medeiros

Para meus amigos que estão...SOLTEIROS
O amor é como uma borboleta. Por mais que tente pegá-la, ela fugirá.
Mas quando menos esperar, ela está ali do seu lado.
O amor pode te fazer feliz, mas às vezes também pode te ferir.
Mas o amor será especial apenas quando você tiver o objetivo de se dar somente a um alguém que seja realmente valioso. Por isso, aproveite o tempo livre para escolher .

Para meus amigos...NÃO SOLTEIROS
Amor não é se envolver com a "pessoa perfeita", aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

Para meus amigos que gostam de...PAQUERAR
Nunca diga "te amo" se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.
Nunca toque numa vida, se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém, se não quiser vê-lo derramar em lágrimas por causa de ti.

A COISA MAIS CRUEL QUE ALGUÉM PODE FAZER É PERMITIR QUE ALGUÉM SE APAIXONE POR VOCÊ, QUANDO VOCÊ NÃO PRETENDE FAZER O MESMO.

Para meus amigos...CASADOS.
O amor não te faz dizer "a culpa é", mas te faz dizer "me perdoe".
Compreender o outro, tentar sentir a diferença, se colocar no seu lugar.
Diz o ditado que um casal feliz é aquele feito de dois bons perdoadores.
A verdadeira medida de compatibilidade não são os anos que passaram juntos;
mas sim o quanto nesses anos vocês foram bons um para o outro.

Para meus amigos que têm um CORAÇÃO PARTIDO
Um coração assim dura o tempo que você deseje que ele dure, e ele lastimará o tempo que você permitir.
Um coração partido sente saudades, imagina como seria bom, mas não permita que ele chore para sempre.
Permita-se rir e conhecer outros corações.
Aprenda a viver, aprenda a amar as pessoas com solidariedade, aprenda a fazer coisas boas, aprenda a ajudar os outros, aprenda a viver sua própria vida.

A DOR DE UM CORAÇÃO PARTIDO É INEVITÁVEL, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL!
E LEMBRE-SE: É MELHOR VER ALGUÉM QUE VOCÊ AMA FELIZ COM OUTRA PESSOA, DO QUE VÊ-LA INFELIZ AO SEU LADO.

Para meus amigos que são...INOCENTES.
Ela(e) se apaixonou por ti, e você não teve culpa, é verdade.
Mas pense que poderia ter acontecido com você. Seja sincero, mas não seja duro; não alimente esperanças, mas não seja crítico; você não precisa ser namorado(a), mas pode descobrir que ela(e) é uma ótima pessoa e pode vir a se tornar uma(um) grande amiga(o).

Para meus amigos que tem MEDO DE TERMINAR.
As vezes é duro terminar com alguém, e isso dói em você.
Mas dói muito mais quando alguém rompe contigo, não é verdade?
Mas o amor também dói muito quando ele não sabe o que você sente.
Não engane tal pessoa, não seja grosso(a) e rude esperando que ela(e) adivinhe o que você quer.
Não a (o) force terminar contigo, pois a melhor forma de ser respeitado é respeitando.

Pra terminar ...

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata....
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom . .
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutar para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Martha Medeiros



terça-feira, 25 de outubro de 2011

MAÇONARIA NO SÉCULO XXI: INSTRUMENTO DE EVOLUÇÃO

04.10.2011 - SOUSA(PB)

MAÇONARIA NO SÉCULO XXI: INSTRUMENTO DE EVOLUÇÃO


As desinformações com relação à Ordem Maçônica, às vezes nos surpreende, parecem um paradoxo, o momento presente, dias de grande glamour tecnológico, surpreende-nos a criatividade humana, ao mesmo tempo assinalada por tremendos conflitos no âmago da criatura humana; os maçons estão atentos na necessidade urgente de destruir a ignorância, nosso terrível inimigo, em nós e nos outros.


A pretensão, não é justificar, na atualidade, ataques impotentes, isolados e ingênuos à Ordem, até mesmo já escrevia Bill Reilly que: “Todas as vezes que você culpa as pessoas por seus problemas, sejam quais forem, você confere a elas o controle de sua vida”.



Conforme relata a história, em 1.118, foi criada a Ordem dos Templários(Soberana Ordem dos Cavaleiros do Templo de Jerusalém). Apesar de toda a sua riqueza, a Ordem dos Templários(Foto acima) teve vida curta. Seu ouro e seus bens despertaram a cobiça do rei Felipe, o Belo, rei de França, em acordo firmado com o papa Clemente V, acusaram os Templários de praticantes de feitiçarias e levaram à fogueira cerca de 15 mil templários, além de seu mais famoso mais famoso líder Jacques de Molay(Foto abaixo).



É em Londres, em 24 de junho de 1717, século XVII, que um grupo de protestantes, reuniram-se e criaram a primeira Grande Loja Maçônica, para a pratica do bom, do belo e do justo, cujos conhecimentos esclarecedores perduram até hoje.


Nesse século XXI, todos são convocados à solidariedade maçônica, deveremos descruzar os braços para utilizar as armas do Amor, já lembrava Kahlil Gibran de que “A morte é mais forte que a vida, mas o amor é mais forte que a morte".


O pensamento de Gibran(Foto abaixo) está em consonância com os princípios da Ordem.



É notória, alicerçada em nossas instruções que a energia do amor é recomendada sua utilização pelos verdadeiros maçons, além do anseio intrínseco de melhoria e de aperfeiçoamento, pois, implica na certeza de construir um mundo melhor de paz e de caridade, eis ai o motivo de nossa reunião e união no Templo de Salomão, sob a égide do GADU.


O maçom é livre, de bons costumes, de consciência tranqüila, busca a Verdade, pois vive isento de preconceitos, a sua razão não é mais deturpada, trava luta constantes contra os vícios e as imperfeições, onde a pratica do bem, do amor e da benevolência é uma questão de dever e honra.

 
Encontramo-nos ricos de informações, símbolos existem as dezenas, como a romã, colunas, punhal e outros.


O punhal, por exemplo, não é utilizado para ferir, para derramar sangue ou agredir um malfeitor, mas, especificamente, para atingir, de forma sutil e eficaz, mortalmente a ignorância, ainda renitente em nossos corações, de maneira justa e educativa.


Ah! Que bom seria expressar a linguagem sagrada da simbologia maçônica, os ciclos da vida e da morte, nascer e renascer, as leis imutáveis pertinentes a cada um de nós no que se refere a: “Ajudemo-nos uns aos outros”. Os assuntos crescem ao infinito, não obstante, nos contentamos com a conclusão de Richard Bach: “O que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama de borboleta“.


Devemos ressaltar, também, as lições de vida que transbordam de todos os irmãos. De nossa sublime Ordem emanam ensinamentos capazes de nos desprendermos da tirania, do fanatismo e da ignorância...


É agora o momento, quando nos preparamos, dentro de Loja, através de instruções que educam e libertam da ignorância, é necessário que ao labor de toda hora, exemplificar as lições profundas de sabedoria, de misericórdia e de amor existente nos símbolos ao nosso redor, suplicando que fortaleçamos os laços sagrados da fraternidade entre nós e além dos Templos, pois, a palavra tem força, mas o exemplo é que arrasta.


Queridos Irmãos! Não podemos virar as costas aos irmãos, usar de desculpas, de rodeios. Tende coragem, sedes humildes e simples, ao levantarem templos às virtudes denotam a grandeza do verdadeiro maçom. Não nos é permitido sintonizar com o desamor e o desequilíbrio que aparentemente toma conta da Terra, nesta transição de loucura, de ambição, de violência e de dor aportando em quase todos os lares.


Nós, maçons, não temos o direito de derramar lágrimas de quem quer que seja, e, particularmente, de um irmão maçom cujo dever e obrigação nos impõem sentimentos de amor e carinho.


Por certo, as aflições tendem a piorar. E o maçom moderno, que se fizer rico de tecnologia e pobre de amor, sentirá falta das questões simples, da amizade que fortalece, da alegria pura, a amizade embora delicada tem que ser firme, da bondade fraternal e do sorriso espontâneo que brota da alma. Aliás, sem essa compreensão estamos indo em busca das lágrimas, estaremos na contramão dos ensinamentos maçônicos...


É hora de união e amor, uns aos outros e de olho no olho, façamos jus ao nosso juramento de maçom, onde nossa alma comprometida pelo bem não somente entre nós irmãos, mas de que envidaríamos esforços, trabalharíamos juntos, edificaríamos unidos num só ideal, sem exceção, até com o sacrifício da própria vida, o reino da concórdia, da justiça, a era da misericórdia, é o momento da construção de uma humanidade mais feliz em nossa Terra que se avizinha...


O GADU nos encoraja, não podemos impedir, nem retardar a evolução moral que se acerca de nós, o mundo lá fora espera pelo nosso exemplo, não os decepcionemos.


Portanto, que aconteça o bom, o belo e o justo, e espalhemos a esperança, a alegria de viver, a irrestrita confiança no GADU.


Disputamos em nós a honra de amar, sem nenhuma reserva em nossos corações.


Afirmava com razão e bom senso Josh Billings. “Não existe vingança tão completa quanto o perdão”.


Nossas vendas foram tiradas, nossos olhos vêem, nossos corações vibram de esperança, não há escuridão, vamos sê de verdade aqueles que semeiam a luz para o porvir.


Dizia Leoni Kassef: “Se fortes são os que se unem para o mal, invencíveis serão os que se congregarem para o bem”. Dando-nos consciência de que somos invencíveis, e veja de que somos irmãos.


Alegremo-nos, pelo convite para conhecer a Luz, pela honra do “FIAT LUX“, afinal todos somos filhos da Luz.


Ao indagarem:

O que devemos buscar na Maçonaria?

- Luz e Amor.


A quem cultuamos e obedecemos na Maçonaria?

- Ao nosso Criador o Grande Arquiteto do Universo.


Quais princípios são norteadores da Maçonaria?

- Tornar feliz a humanidade e não descansar até conseguir a completa perfeição moral de todos nós.


O lúcido questionamento de Nando Cordel para alguns de nós da Sublime e Santa Maçonaria serve de profunda reflexão, quando diz:

“O que estou fazendo para o meu enriquecimento interior?

Eu sou luz, mas não sei usar minha luz;

Eu sou paz, mas não sei usar minha paz;”


Finalmente, o sinal representativo do maçom é a assiduidade aos trabalhos em Loja, da mesma forma que a pomba branca é o emblema da paz, o princípio moral emblemático que sentencia o verdadeiro maçom é o pensamento correto, as palavras saídas de sua boca não se perdem na leviandade, são úteis e que os seus sentimentos sejam justos, mesmo que a prejuízo de si mesmo.



Walter Sarmento de Sá Filho

Transcrito do site www.obeabadosertao.com.br

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CONVIVÊNCIA FAMILIAR


CONVIVÊNCIA FAMILIAR



Quem não sabe tolerar não aprende a amar.


Os teus familiares são as tuas lições imediatas.


Sem paciência, o menor problema adquire proporções imensas.


Aprende a ceder em favor da felicidade alheia.


Não agridas verbalmente aqueles que convivem contigo.


A gentileza abre portas há muito tempo cerradas.


Não transformes o teu lar em cadinho esfogueante de aflições voluntárias.


Torna mais aconchegante o teu ninho doméstico.


Seleciona os assuntos de teus diálogos familiares.


A família é o teu primeiro compromisso com Deus.




Extraído do livro Vigiai e Orai, do Irmão José.



domingo, 23 de outubro de 2011

Baldwin IV, Rei de Jerusalém

Baldwin IV, Rei de Jerusalém











Baldwin IV, Rei de Jerusalém

Balduíno IV foi o último rei de Jerusalém com espírito de Cruzada. Guy de Lusignan, seu sucessor, foi um interesseiro, sob cujo reinado a Civilização Cristã perdeu a posse da Cidade Santa.

Na história das Cruzadas, nada é mais emocionante que o reinado doloroso de Balduíno IV. Nada, entre os vários exemplos famosos, pode atestar melhor o império de um espírito de ferro sobre uma carne débil. Foi um rei sublime, que os historiadores tratam só de passagem, o que faz perguntar por que até aqui nenhum escritor se inspirou nele, exceto talvez o velho poeta alemão Wolfram von Eschenbach. Nem o romance nem o teatro o evocam, entretanto sua breve existência cheia de acontecimentos coloridos forma uma apaixonante e dilacerante tragédia.

O destino sorria à sua infância. Robusto e belo, ele era dotado da inteligência aguçada de sua raça angeviana (de Anjou). Tinha sido dado a ele por preceptor Guilherme de Tyr, que se tornou de uma grande preocupação e dedicação, como é conveniente a um filho de rei. O pequeno Balduíno tinha muito boa memória, conhecia suficientemente as letras, retinha muitas histórias e as contava com prazer.

Um dia que brincava de batalha com os filhos dos barões de Jerusalém, descobriu-se que tinha os membros insensíveis: Os outros meninos gritavam quando eram feridos, porém Balduíno não se queixava. Este fato se repetiu em muitas ocasiões, a tal ponto que o arquidiácono Guilherme alarmou-se. Primeiro pensou que o menino fazia uma proeza para não se queixar. Então perguntou-lhe por que sofria aquelas lesões sem queixar-se. O pequeno respondeu que as crianças não o feriram, e ele não sentia em nada os arranhões. Então o mestre examinou seu braço e sua mão, e certificou-se de que estavam adormecidos. Era o sinal evidente da lepra, doença terrível e incurável naquele tempo.

Os médicos aos quais foi confiado não podiam sustar a infecção, nem, mesmo retardar a lenta decomposição que afetaria suas carnes. Toda sua vida não foi senão uma luta contra o mal irremissível. Mais ainda, muito mais: foi testemunho dos poderes de um homem sobre si mesmo e da encarnação assombrosa dos mais altos deveres. Balduíno IV foi um rei digno de são Luís, um santo, um homem enfim – e é isso, sobretudo, que importa à nossa admiração sem reticências – a quem nenhuma desgraça chegou a destruir o vigor de alma, as convicções, a altivez, as qualidades de coração, o senso das responsabilidades, dos quais ele hauria o revigoramento da coragem.

No fim de 1174, Saladino, senhor do Egito e de Damasco, veio sitiar Alepo. Os descendentes de Noradin pediram socorro aos francos. Raimundo de Trípoli atacou a praça forte de Homs e Balduíno IV empreendeu uma avançada vitoriosa sobre Damasco. Estas iniciativas fizeram com que Saladino abandonasse seu desejo inicial. Em 1176 o sultão voltou à carga, e a mesma manobra frustrou seus planos. Balduíno venceu seu exército de Damasco, em Andjar, e trouxe um belo lucro da expedição. Nesta ocasião ele tinha quinze anos.

Apesar de sua doença, cavalgava como um homem de armas, empunhando eximiamente a lança. Nenhum de seus predecessores teve tão cedo semelhante noção da dignidade real de que estava investido, e de sua própria utilidade. Percebendo as rivalidades existentes entre os que o cercavam, compreendeu quão necessária era sua presença à cabeça dos exércitos católicos. Mas que calvário deveria ser o seu! Aos sofrimentos físicos juntava-se a angústia moral: seu estado impedia-o de se casar, de ter um descendente. Ele não era senão um morto-vivo, um morto coroado, cujas pústulas e purulências se disfarçavam sob o ferro e a seda, mas que se mantinha de pé e se lançava à ação, movido não se sabe por que sopro milagroso, por que alta e devoradora chama de sacrifício.

Um novo cruzado – Filipe de Alsácia, conde de Flandres e parente próximo de Balduíno – acabava de desembarcar. O pequeno rei esperava muito desse apoio. Estava claro que era necessário ferir Saladino no coração de seu poderia – isto é, no Egito – se quisesse abalar a unidade muçulmana. Era isso, precisamente, o que propunha o basileus, o imperador de Bizâncio. O Egito, uma vez conquistado em parte, Damasco não poderia deixar de subtrair-se ao poder cambaleante de Saladino. Mas Filipe de Alsácia opinava de outra forma. Ninguém poderia impedi-lo de ir guerrear na Síria do Norte, e, o que era mais grave, de levar consigo parte do exército franco.

Saladino respondeu invadindo a Síria do Sul. Balduíno reuniu o que lhe restava da tropa, desguarneceu audaciosamente Jerusalém e partiu para Ascalon, onde Saladino investia. Este, logo que foi informado, subestimou seu adversário. Ele acreditava que a queda de Ascalon era uma questão de dias, e marchou sobre Jerusalém com o grosso de seu exército. Balduíno compreendeu suas intenções. Saiu de Ascalon, fez um longo périplo e caiu repentinamente sobre as colunas de Saladino, em Montgisard.


 
O efeito da surpresa não compensava a desproporção dos efetivos em luta, e Balduíno sentiu a hesitação dos seus. Desceu do cavalo, prosternou-se com o rosto na areia, diante do madeiro da verdadeira Cruz, que era levada pelo Bispo de Belém, e orou com a voz banhada de lágrimas. Com o coração convertido, seus soldados juraram não recuar, e considerariam traidor quem voltasse atrás. Rodeando o Santo Lenho, o esquadrão de trezentos cavaleiros se lançou impetuosamente. O vale entulhava-se com a bagagem do exército de Saladino – diz Le Livre dês Deux Jardins – os cavaleiros francos surgiam ágeis como lobos, latindo como cães. Atacavam em massa, ardentes como uma chama. E puseram em fuga o invencível Saladino. Se este salvou a pele, foi graças à rapidez de seu cavalo e ao devotamento de sua guarda. Retornou ao Egito, abandonando milhares de prisioneiros. Balduíno logrou, enfim, uma vitória sem precedentes.

No ano seguinte Balduíno edificou o Gué-de-Jacob, fortaleza destinada a defender a Galiléia dos ataques de Damasco. Guilherme de Tyr pretende que isso tenha sido feito pelas prementes solicitações de Odon de Saint-Amand, grão-mestre do Templo. Em todo caso, qualquer que tenha sido o inspirador da idéia, não há dúvida quanto à importância estratégica de Gué-de-Jacob.

Em 1179 Saladino invadiu a Galiléia. Balduíno foi ao seu encontro, tentando surpreendê-lo como tinha feito em Montgisard. Mas como os muçulmanos se contivessem, ele foi cercado e caiu prisioneiro. Muitos foram mortos e presos nesse dia. Pouco depois Saladino tomou Gué-de-Jacob e fez executar todos os templários que a defendiam.

Sybila, irmã do rei, acabava de casar — contrariamente aos interesses de Estado — com Guy de Lusignan, homem de beleza discutível, sem fortuna e sem talento. Balduíno, pressionado pelos seus, minado pela doença, tinha consentido nessa união e dado a Lusignan os condados de Jaffa e Ascalon. Tão logo a insignificância do marido de Sybila se manifestou, atiçaram-se as esperanças dos senhores feudais. Contava-se que o irmão de Lusignan, comentando o casamento, disse: “Se Guy for Rei, eu deveria ser Deus!” , tal mediocridade que lhe era atribuída.

O estado de Balduíno IV piorava dia a dia. Foi provação para sua mãe – que não tinha boa fama – e para a roda de seus cortesãos ambiciosos e amorais, ver a aproximação de Balduíno com Raimundo de Trípoli, único homem capaz de o aconselhar sabiamente.

Nesse momento reapareceu, libertado dos cárceres muçulmanos, o antigo príncipe de Antioquia, Renaud de Châtillon. Logo recomeçou suas aventuras, assaltando uma importante caravana de peregrinos com destino a Meca. Esse ato rompia a trégua assinada por Balduíno IV e Saladino e ofendia as convicções religiosas dos muçulmanos, a cujos olhos o atentado afigurava-se monstruoso. Intimado pelo rei a devolver os prisioneiros e o produto da pilhagem, ele recusou-se com arrogância, tornando assim evidente a incapacidade do doente de se fazer obedecer.

Imediatamente Saladino acorreu do Egito e invadiu a Galiléia, incendiando e devastando as colheitas, capturando rebanhos e semeando pânico por toda parte. Renaud de Châtillon suplicou ao rei que salvasse seus feudos. Balduíno concedeu, vencendo Saladino em julho de 1182.

Em agosto, o infatigável maometano tentou tomar Beyrouth por uma ação combinada por terra e mar. Uma vez mais Balduíno afastou o perigo. Impediu Saladino de se apoderar de Alepo e conduziu uma expedição até os subúrbios de Damasco. Assim, por toda parte, graças à sua energia sobre-humana, e ainda que daí em diante ele se fizesse carregar em liteira para as batalhas, o heróico leproso levava vantagem sobre o genial muçulmano.

Ele começava entretanto a perder a vista, a não poder mais se servir de seus membros. Os que lhe eram mais chegados o pressionavam a abandonar os afazeres do reinado, ou ao menos passar parte de suas responsabilidades a Guy de Lusignan. Pode-se bem imaginar o drama interior desse rei de 22 anos, corroído por úlceras, semi-paralisado e quase cego, cercado pelas sombras da desconfiança e dos maus pressentimentos, atormentado de um lado pelas insinuações e sugestões pérfidas dos seus, e de outro pela alta idéia que ele fazia de sua missão de rei. Se a lepra o enfraquecia, se ele não podia ter esperanças de se curar, sempre, entretanto, encontrava novas forças e resistia da melhor forma às ciladas da camarilha.

Como a doença entrasse numa fase evolutiva, ele devia lutar contra ela, e sobretudo contra a tentação de abandonar tudo para morrer em paz. Foi num desses períodos que ele consentiu, se bem que a contragosto, em investir Guy de Lusignan na regência do reino. No primeiro encontro com Saladino, Lusignan deixou o exército franco ser massacrado. Recusou com altivez prestar contas a Balduíno IV, que o destituiu de seu cargo. Para evitar que, pela complacência de Sybila, Lusignan se tornasse rei de Jerusalém após sua morte, designou seu sucessor o pequeno Balduíno V, filho de Guilherme “Longue Epée”. Como a situação da Terra Santa estivesse desesperadora, ele enviou uma embaixada ao Ocidente, composta pelo Patriarca de Jerusalém, pelo Mestre do Hospital e pelo Mestre do Templo, o velho Arnaud de Torrage.

Renaud de Châtillon, que indiretamente tinha ajudado o rei a se desembaraçar de Lusignan, achou-se autorizado a retomar suas pilhagens, agora na mais alta escala. Armou uma frota, que foi transportada ao Mar Vermelho em dorso de camelo. Devastando portos, interceptando comboios, essa frota ameaçou por algum tempo o caminho para Meca. Saladino, excitado até o cúmulo do furor, destruiu os navios de Renaud e depois sitiou-o em sua própria fortaleza, o Krac de Moab. Balduíno IV reapareceu, agonizando em sua liteira, para lhe fazer frente. Saladino retirou-se.

O último ato de Balduíno IV foi o de reunir em São João d’Acre o parlamento de seus barões. Guy de Lusignan, incapaz e rebelde, foi então oficialmente afastado do trono, e – o que não era senão justiça e sabedoria – a regência foi confiada a Raimundo de Trípoli.

Mais tarde, a 13 de março de 1185, o mártir rendeu sua alma a Deus, em presença de seus vassalos, dignitários e bons companheiros de guerra. Até os infiéis lhe tributaram homenagens.



Fonte: Georges Bordonove, “Les Templiers”, in “Catolicismo” nº 303



sábado, 22 de outubro de 2011

MAÇONARIA CONTEMPORÂNEA



Neste último domingo, dia 09 do fluente mês e ano, tomou posse a diretoria
do conselho guardião do Bethel # 004 “Mensageiras da Verdade” da ordem
internacional das filhas de Jó, devidamente patrocinado pela
loja “Raimilson Felinto” nº 08, Oriente de Pombal PB, para o período 2011/2012.
Esta nova diretoria encontra-se norteada pela sobrinha Suedja Edlena Costa Varela
como guardiã presidente, o irmão Leonardo da Silva Araújo como guardião
associado, Francicláudia Onecindo de Araújo guardiã secretária,
Suelena Costa Varela guardiã tesoureira e
Reginaldo Tácio França Vieira Ferreira guardião musicista.


Parabéns! Nossas congratulações às Mensageiras da Verdade.
São 12 anos de fundação do Bethel # 004 “Mensageiras da Verdade”
da ordem internacional das filhas de Jó, devidamente patrocinado
pela loja “Raimilson Felinto” nº 08, Oriente de Pombal PB.







MAÇONARIA CONTEMPORÂNEA
ABORDAGEM HISTÓRICA

Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “BRASIL”-LONDRINA-Paraná.


Se abordarmos a história da Maçonaria Contemporânea, sem perquirir a respeito de suas origens, não poderemos chegar a um consenso analítico final razoável.

Os homens da cavernas, talvez mesmo antes de dominarem o fogo, inicialmente solitários e agressivos, por uma questão de necessidade e sobrevivência, tornaram-se seres gregários, pois querendo ou não, sempre dependeram da cooperação dos demais componentes de suas tribos ou clãs.

Deixando as cavernas tornaram-se nômades para depois tornarem-se sedentários se agrupando em pequenos vilarejos, vilas cidades, metrópoles etc.

Para construir os locais onde pudessem habitar apareceu no decorrer do tempo quem os construísse, surgindo desta forma, os primeiros profissionais ainda que rudimentares dedicados à construção.

Se formos abordar o complexo e intrincado surgimento da Maçonaria no mundo, teremos que, em suas raízes destacar o importante papel das associações de construtores, bem como analisar como aconteceram os fatos sociais que deram origem à Maçonaria, e posteriormente ao Cooperativismo e mais recente, aos atuais Sindicatos, entidades estas que pelo menos em fase inicial de sua existência tiveram muito em comum, ou seja a necessidade conseqüente do trabalho para subsistir, do auxílio mútuo e cooperação, vindo daí a relação empregados/patrões; reis/súditos, escravos/senhores.

Depois, dentro do seu próprio contexto histórico cada qual destes segmentos seguiu seu caminho.

Este fenômeno social de gregarismo se aplica a toda a humanidade, e é inerente à raça humana. Simplesmente é assim.

Inicialmente havia cooperação e camaradagem, sintetizando mais um sentimento de agrupamento, para depois os grupos passarem a se organizar, em associações de defesa e proteção visando interesses mútuos, especialmente nas profissões, mas também em outras atividades.

Entretanto, é no estudo da história do Império Romano que nos vem maiores indícios da “pré-história” da Maçonaria Operativa. Numa Pompilio(714 a 67l) A C, rei de Roma, sempre citado na literatura maçônica, por ter construído vários templos inclusive o de Janus, criou os “collegia fabrorum” dos quais foram criados os “coleggia constructorum”. Deduz-se, segundo alguns autores, porem sem provas definitivas, que estes colégios foram as sementes das futuras Lojas Maçônicas Operativas, mas não da Maçonaria tal qual a conhecemos hoje (1).Numa Pompilio regulamentou a profissão de construtor, e também a organização dos cultos já que estes colégios eram impregnados de forte religiosidade ainda naquela época politeísta, e cita-se que também sob seu reinado, Roma teria sido urbanizada e as construções tiveram um grande desenvolvimento.

Os “collegiati” no ano 65 A.C. teriam sido dissolvidos por um senatus consulto por apresentar uma ameaça ao patriciado romano. O trabalho dos “collegiati” também decaiu em função do trabalho escravo e a importação de produtos oriundos do vasto império romano.

As legiões romanas nas suas conquistas, destruíam tudo, mas levavam os “collegiati”, ou seja os construtores, para reconstruir o que fosse destruído.

Entretanto, existem trabalhos de autores maçônicos que contestam a existência dos “collegia fabrorum”, bem como que Numa Pompilio teria sido rei de Roma, já que não existem fontes primárias que comprovem este fato.

Todavia, se seguirmos as citações de outros autores maçônicos, estes “collegiati” teriam existido, eles teriam se espalhado por todos os territórios romanos, inclusive os conquistados, sendo que muitos desapareceram, porem outros permaneceram e participaram da trajetória histórica na arte da construção em direção à Maçonaria Medieval.

Depois vieram os Mestres Comacinos (2)que surgiram em Como na Lombardia, que eram arquitetos construtores e hábeis escultores, sendo reconhecidos e regulamentados profissionalmente pelos reis longobardos pelo édito de Rotari em 634 D.C. e Liutprando em 73l D.C. Estes Mestres foram responsáveis pela Arte Romântica, que precedeu a Arte Gótica.

Já em plena Idade Média, antes de aparecer a Maçonaria Operativa ou Maçonaria de Ofício, entrando em evidência a Arte Gótica, quando começaram a ser construídos muitos conventos igrejas catedrais e palácios, neste período foram importantes as Associações Monásticas principalmente constituídas pelos Beneditinos e Cistercences, que eram clérigos, experientes projetistas e geômetras, excelentes oficiais na arte de construir. Dominaram o segredo da construção por muito tempo, o qual ficou inicialmente restrito aos conventos.

Diz-se que os termos “Venerável Mestre” e “Venerável Irmão”(3) já eram usados pelos abades do século VI, e que nós os maçons atuais, os emprestamos, aliás como praticamente tudo na Maçonaria foi trazido de fora, isto é, copiado.

E assim os Monásticos com seus conhecimentos monopolizaram por longo tempo a arte de construir guardando para a sua Agremiação, os seus segredos.

Entretanto eram obrigados a contratar profissionais leigos, pois a demanda cada vez maior de construções e serviços secundários assim o exigia. Estes profissionais foram aprendendo com estes clérigos e com o tempo em face da decadência da fase Monástica, constituíram as Confrarias Leigas.

Entretanto, ressalte-se que influência destes clérigos foi muito grande pois infundiram ensinamentos importantes na arte de construir, bem como princípios religiosos nas escolas e oficinas de arquitetura. Sabe-se que cada Corporação de Construtores tinha o seu Santo padroeiro (4), isto naMaçonaria Operativa que era totalmente católica, a qual recebeu por esta razão forte influência do clero. Os Beneditinos (Ordem de São Bento fundada por São Bento em 529 D.C. e os Cistercences os monges de Císter- França -( fundada em l098 pelo abade De Molesme) são considerados por vários autorescomo os ancestrais da Maçonaria Operativa, (5)

Seguindo-se o rumo da história, juntamente com as Ordens Militares e Religiosas, vieram as Guildas as quais influíram muito nas tradições maçônicas. As Guildas eram associações que surgiram no Norte da Europa e se estabeleceram principalmente na Inglaterra, Alemanha e Dinamarca e em outros países. Eram associações inicialmente religiosas, mas que a partir do século XII se constituíram em associações profissionais fraternas, verdadeiras confrarias de defesa de auto proteção de seus sócios.

Os novos participantes destas confraria eram obrigados a um juramento (6) alem de pagar uma jóia (7),coletavam dinheiro para auxílio mútuo,amparo às viuvas (8) e despesas funerárias.

Interessante frisar que a palavra Loja (9) surgiu pela primeira vez em um documento emitido por uma destas corporações em l292, servia para designar o local de trabalho ou mesmo como sinônimo de Guilda. Não se dedicavam somente às construções.

Os componentes das Guildas reuniam-se em banquetes (10) e pleiteavam reformas políticas e sociais. Como estes costumes não eram bem vistos pela Igreja, e nem pelos reis, era comum elas adotarem nomes de monarcas ou de santos que consideravam como seu padroeiro ou patrono, para escapar a vigilância da Igreja e dos governantes.

No século XII, na Alemanha surgiu a Corporação dos Steinmetzer que eram conhecidos por serem escultores e entalhadores de pedras ou canteiros e que não se dedicavam exclusivamente á arte Gótica, porem trabalharam em muitas catedrais deste estilo de construção. O canteiro esquadreja e trabalha na escultura da pedra bruta.

Os Steinmetzer tomaram grande impulso através do seu famoso arquiteto Erwin, natural de Steinbach. A Convenção de Estrasburgo, dos Canteiros foi convocada por ele em 1275 para terminar uma importante catedral em arenito rosa existente naquela cidade. A fachada é ornamentada até hoje, com lindas estátuas representando virtudes e vícios (virgens loucas e virgens prudentes). À Convenção compareceram os principais arquitetos ingleses, alemães e italianos e de outros países. Nesta Convenção foram adotados os sinais, palavras e toques usados para identificação secreta membros da Confraria, (11) diga-se de passagem pela primeira vez, pelo menos pelo que está registrado oficialmente. É bem provável que outras Corporações usassem suas próprias senhas.

Ainda no século XII surgiu a Franco-Maçonaria ou Ofícios Francos, (12) a qual era constituída de pedreiros-livres ou franco-maçons e que deixaram marcada sua influência de forma indelével na Maçonaria atual. Os franco-maçons puderam se dar totalmente à sua arte, pois eram trabalhadores privilegiados, porque estavam isentos de impostos, eram construtores categorizados, tinham livre trânsito, isto é, não ficavam presos numa mesma região à disposição de seu nobre senhor e alem disso eram muito respeitados. O termo franco significava liberdade total, livre de qualquer tipo de servidão ou compromisso, a não ser o de criar e construir.

Mais ou menos a partir do século XV nasceu na França um tipo de agremiação de operários cristãos itinerantes, a Corporação dos Companheiros (Compagnonnage) e que teria sido fundada pelos Cavaleiros Templários. Eles iam de cidade em cidade, solicitando trabalho e prestavam assistência mútua. Não era permitido ingresso na organização senão após um tempo de aprendizado e também eram recebidos através de um cerimonial.(13) Eles construíram no Oriente Médio durante as Cruzadas, fortificações, cidadelas, especialmente pontes e obras de defesa militar. Ao voltarem às suas pátrias, construíram obras civis, igrejas e catedrais. Estas organizações duraram muito tempo e desapareceram por completo no início do século XIX com nascimento da grande indústria e do sindicalismo.

Interessante que estas Corporações de Oficio se tornaram importantes em função da arte gótica que nasceu na França e se notabilizou na Alemanha e outros países e que durou cerca de trezentos anos. A Renascença viria e suas conseqüências se fizeram sentir tanto na arte gótica como no monopólio dasCorporações das construções das fraternidades maçônicas que dominavam as construções góticas, cujas edificações mais importantes, as catedrais, já estavam todas construídas. Não havia mais o que construir neste estilo.

Este fato ocasionou a decadência das Corporações e já no século XVII, podemos notar que o povo europeu já estava preferindo o estilo clássico romano que era mais alegre que o austero estilo gótico. Assim a arte da construção teve que sair das mãos dos franco-maçons e se tornar um apanágio de outros operários construtores que não faziam parte da Confraria.

As Corporações que sempre foram de certa forma perseguidas por vários governos, agora o eram também até pela Inquisição. Os chamados régulos e também os Jesuítas não admitiam os segredos das Confrarias e das Agremiações Corporativas.

Estas Corporações viriam com o tempo a serem dissolvidas.

Foi mais ou menos nesta fase da história que as fraternidades maçônicas operativas foram obrigadas a aceitar outras pessoas que não estavam ligadas construção, muito embora há muito já as estivessem aceitando. O primeiro maçom “Aceito” que se tem provas foi John Boswel, que era um lorde e que ingressou numa Confraria em 08.06.1600 como maçom aceito, não profissional na Loja da Capela de Santa Maria em Edimburgo, na Escócia. Esta aceitação passou a ser comum, em virtude da decadência das corporações admitindo-se sábios, filósofos, naturalistas, artistas, antiquários, nobres, militares, comerciantes, escritores e pensadores marcando assim uma grande transformação na Ordem. Estes “Aceitos” trouxeram novas concepções e contribuições para as agremiações, porem a transformaram radicalmente. Inclusive, segundo alguns autores, os Rosacruzes foram os que mais contribuíram para a filosofia maçônica, já que muitos destes primeiros “Aceitos” eram Rosacruzes.

No início do século XX, mais precisamente em 1909 um escritor de nome Charles Bernadrin do Grande Oriente da França consultou 206 obras e selecionou 39 opiniões diferentes à respeito das origens da Maçonaria. Hoje é possível que o número de opiniões esteja aumentado. Alguns autores dão ênfase a uma possível origem da Maçonaria nos Templários. Entretanto está provado que foi uma tentativa do Cavaleiro de Ramsay que foi o idealizador desta teoria, talvez tentando dar uma procedência mais nobre à Ordem encobrindo desta forma, a origem humilde nos trabalhadores da construção. Ainda, até a presente data existem algumas Lojas Operativas na Europa.

A Maçonaria Operativa faz alusões aos Old Charges, cerca de l40 a l50 manuscritos antigos, os quais não fazem quaisquer referências à templos, aos hermetistas, templários, rosacruzes, não citam o sentido simbólico das ferramentas, não é citada a Bíblia, não se fala em ocultismo, esoterismo alquimia, cabala etc.. Era uma maçonaria francamente católica. E as Lojas eram constituídas dos chamados “Maçom livre em Loja livre”.

Estes documentos não citam os famosos landmarques, tais como os conhecemos hoje. Se lermos as mais variadas classificações de landmarques, as quais estimam em mais de sessenta, veremos que elas nada mais são que cópias dos estatutos das referidas Corporações, quer de Construtores quer das Guildas, cujos artigos foram copiados e adaptados à Maçonaria depois de l7l7, tendo muito pouco a ver a nossa atual Maçonaria. Compulsando as cópias dos manuscritos inseridos nos Old Charges. entre os quais o mais conhecido é o “Poema Régio”, sempre encontramos uma provável origem através de uma palavra, um sinal, um costume, uma cerimônia um objeto uma ferramenta que os maçons antigos usavam e que emprestamos para nós, e demos um simbolismo próprio.

Verdade seja dita, se analisarmos com cautela e sem predisposições, veremos que a Maçonaria Operativa tem menos a ver com a Maçonaria Moderna ou Especulativa. do que se propala em muitas publicações maçônicas.

Foi uma Ordem que se sobrepôs à outra, adotando seu nome, seus costumes, suas lendas, suas alegorias, seus sinais, suas palavras, a sua estrutura já pronta, porem modificando-a quase que totalmente e revestindo-a de valores simbólicos modificados.

Os maçons se reuniam em tabernas, cervejarias, hospedarias e nos adros das igrejas. Não existiam templos. Estes locais de encontro tinham mais uma função social e de comemoração. O primeiro templo (Freemason’s Hall) só foi construído em l776 em Londres. Aliás, este templo foi ornamentado com as cinco Ordens de Arquitetura, de inspiração do grande escritor e o primeiro professor de Maçonaria, o inglês Willian Preston, tido como o primeiro maçom a dar o sentido simbólico às ferramentas de pedreiro, ligadas à construção, tal qual as conhecemos hoje.

A Maçonaria caminhava neste trajeto, se transformando dia a dia com o mundo também se modificando e evoluindo. Na Inglaterra que foi o berço daMaçonaria Moderna existia uma famosa cervejaria “O Ganso e a Grelha”, onde se reuniam os franco-maçons, inicialmente esta Corporação só constituída por profissionais de ofício, a partir de l703, começou a receber os “Aceitos” indistintamente de todas as classes sociais, fazendo com que houvesse uma profunda reforma na organização. Um dos líderes dos “Aceitos” o pastor protestante Desagulliers conseguiu reunir quatro lojas cujos nomes soam um tanto estranhos para nós, no nosso tempo, tais como a “Macieira” a “Coroa” a já conhecida"O Ganso e a Grelha” e o “Copázio(Taça?)(14) e as Uvas”. Estas quatro Lojas no dia 24.06.l7l7 se reuniram e fundaram a Grande Loja de Londres, surgindo daí o sistema de submissão a um Grão- Mestre que hoje conhecemos muito bem. Criaram assim a primeira Potência ou Obediência maçônica no mundo. Haviam até então apenas dois graus, sendo que em l725 foi criado o grau de Mestre finalmente incorporado nos Rituais a partir de l738. E a recém inventada Lenda de Hiran levaria muitos anos para se consolidar e ter a versão que tem hoje, que aliás, é a definitiva.

Inicialmente a Grande Loja de Londres não foi bem aceita na Inglaterra.

A partir deste ponto a Maçonaria seguindo a libertação que o Século das Luzes trouxe ao mundo, foi um verdadeiro cadinho de experiências culturais e ritualísticas. A Inglaterra ordeira e rígida em suas tradições manteve como mantém até hoje apenas os três graus simbólicos, a França como o seu perfil latino e ousado proporcionou uma enxurrada de graus, criando os Graus Superiores, e alem dos ritos tradicionais, criou uma série de outros ritos, alguns exóticos e mágicos. A Alemanha e outros países inicialmente acompanharam a França neste festival de graus e ritos, porem a Alemanha depois resolveu enxugar o que tinha de exagero. De qualquer forma neste século foi criada a base da Maçonaria Moderna ou Especulativa tal qual conhecemos hoje a partir da Maçonaria Operativa.

Abordar uma Instituição como a Maçonaria não é fácil. Ela é a pátria das contradições e dos paradoxos. Ela não é uma religião, muito embora muitos Irmãos pensem que ela o seja, e ainda para confundir ela se reúne em templos já que os mesmos dão idéia de igreja. Nos ensina a crer num Ente Superior, na imortalidade da alma e propaga que não é dogmática. Ela adotou o modelo republicano, que aliás, ajudou a criar e lutou por ele, contendo os três poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, funcionando como se fosse um pais dentro de outro, porem, sem território. Mas onde deveria existir uma democracia plena, onde as constituições das Potências deveriam democraticamente ser obedecidas, freqüentemente com raras exceções, são manipuladas por uma cúpula, que exerce um poder monárquico e despótico.

Temos inúmeros templos ociosos nas cidades onde existem mais de quatro ou cinco Lojas. Cada Loja quer ter o seu templo, onerando os Irmãos, quando poderiam ser reunir várias Lojas num mesmo templo e usar o potencial de uma nova construção para uma entidade assistencial, ou escola. Não temos a representação política que deveríamos ter.

Nossas sessões estão anacrônicas e desatualizadas. Num mundo competitivo onde a instrução e a informação tem um valor absoluto de sobrevivência das instituições, uma sessão maçônica que dura em média duas horas, com a quase totalidade de sua duração gasta em problemas administrativos de pouca importância, relega a instrução e a informação a respeito da Ordem a um segundo plano, quando ela deveria tomar todo tempo que assim é perdido, com assuntos de interesse tais como filosofia, história, ritualística liturgia, legislação, estudo da Política e do Bem Social como ciências etc..

A Maçonaria Contemporânea fragmentou-se em inúmeras Potências ou Obediências cada qual se proclamando autônoma, legítima, verdadeira, regular e legal sendo que o relacionamento entre elas é muito complexo e chega até ser estranho, visto que o valor imensurável que dão a um fator chamadoregularidade, escapa à análise lógica e coerente de um maçom inteligente, servindo esta malfazeja regra de um complicador no entendimento fraternal destas Potências entre si. Felizmente as Lojas-Bases entenderam que o caminho não é bem esse e todos maçons se recebem e se abraçam como verdadeiros Irmãos, as vezes ignorando determinações superiores.

Felizmente, talvez por obra e graça do Grande Arquiteto do Universo a Essência da Iniciação ou seja a mensagem iniciática que envolve todo o maçom permaneceu intata.

Alguma coisa realmente na Maçonaria parece que deu certo, uma delas é o seu ecletismo, outra é o respeito que os Irmãos nutrem entre si, quer como fraternos, quer em suas idéias, respeitando assim os princípios da Dialética em que, mesmo não concordando com elas, aceitam ouvi-las e analisa-las, porem desde que fiquem tão somente no campo das idéias, porque se tratar da disputa de poder maçônico, muda-se completamente o paradigma, chegando até respeitáveis Irmãos aos mais baixos degraus das provocações mútuas, especialmente quando este poder atinge a vaidade de cada um.

A Maçonaria tem dois tipos básicos de adeptos, os místicos e os documentais. Ambos se respeitam mutuamente, porem divergem entre si, com relação ao fato dos maçons documentais se basearem em documentos antigos e autênticos, nas fontes primárias de pesquisas, enquanto que os místicos têm outra linha de pensamento totalmente baseada no esoterismo, alguns até exagerando e se tornando mistificadores.

No Brasil temos uma Maçonaria pobre e somos completamente amadores quando desejamos tratar de filantropia. Já os EE.UU. administram muito bem esta parte, mantendo hospitais, asilos e entidades filantrópicas etc.

Tivemos até a presente data no mundo, cerca de 300 ritos mais ou menos, sendo que no momento no mundo ainda 54 estão vigentes, sendo 08 no Brasil.

O Brasil possui cerca de l50.000 maçons, sendo que a Grandes Lojas Brasileiras tem mais ou menos l900 Lojas, o Grande Oriente do Brasil mais ou menos o mesmo número e a Comab cerca de 750 Lojas.

No mundo existem cerca de 7.000.000 de maçons sendo 5.000.000 nos EE.UU. e cerca de l.200.000 na Inglaterra.

Enquanto na Inglaterra a principal atividade da organizada Maçonaria Inglesa é o encontro fraterno, o “clubing” que os ingleses tanto adoram, na França a Maçonaria é francamente político-social, no Brasil na grande maioria de suas Lojas é um misto de esoterismo, gnosticismo , cabala, alquimia, e religião, onde lendas, crendices, enxertos, invenções e “achismos” fazem parte de um sincretismo que tornam a Ordem diferente de outros países, esquecendo-se que a maior meta da Maçonaria é a político social.

Ao enfocar a Ordem desta maneira, não estamos tentando denegri-la. Pelo contrario, estamos dando um brado de alerta, pois precisamos acordar e nos adaptar ao século que estamos vivendo, onde os progressos científicos, culturais e sociais estão influindo em todas as Instituições, e que quem não se redimensionar não sobreviverá.

A Maçonaria tem a necessidade urgente de procurar adaptar-se a um novo modelo, pois poderá correr o risco de não sobreviver nos próximos cem anos, o que em realidade não acreditamos que aconteça, pois ela já passou por crises importantes, mas sempre teve a felicidade de ser salva por maçons notáveis, de mentes claras transparentes e inteligentes que acudiram a Ordem em tempo. Estamos aguardando estes Guardiões.

Que venham logo..

NOTAS.

(01) Primórdios, início, idéias iniciais de agrupamentos de profissionais da construção.

(02) Mestres da construção e operários reconhecidos por éditos reais.

(03) Termos usados atualmente nas Lojas para designar o Mestre da Loja, o Venerável, ou mesmo tratamento entre Irmãos.

(04) Maçonaria de São João, Santo Padroeiro como hoje é conhecido.

(05) Teobaldo Varoli Filho os considera como ancestrais da Maçonaria Operativa.

(06) Juramento, parte integrante da ritualística maçônica atual.

(07) Importância que todo novo adepto paga ao ser admitido na Loja.

(08) Refere-se atualmente ao “Tronco das Viúvas” conhecido como Tronco de Solidariedade.

(09) Loja. Do germânico leubja, do francês, lodge. Local onde se reúnem os Irmãos.

(10) A Maçonaria atual se reúne também em almoços, jantares, e banquetes, aliás existe até o Banquete Ritualístico, criação do Rito Francês ou Moderno.

(11) Oficialmente os Steinmtzer criaram na Convenção de Etrasburgo os toques, sinais e palavras. Todavia, sabemos que toda Corporação tinha a sua própria maneira de se reconhecer.

(12) Franco-Maçonaria, a verdadeira Maçonaria Operativa, que serviu de base à Maçonaria Moderna tal qual a conhecemos.

(13) As demais Corporações também exigem um cerimonial próprio para a recepção do novo adepto. Acresça-se que a Maçonaria atual enriqueceu a cerimônia com procedimentos de forte caráter simbólicos, espirituais e culturais tentando induzir o novo adepto a descobrir o seu duplo EU.

(14) “Copázio e as Uvas” ( copo grande, coparrão copaço) parece ser a tradução mais adequada de “Rummer and Grappes” que o termo usadíssimo na Ordem, “taça”. Imaginem aqueles rudes franco-maçons ingleses, naquelas tabernas às tardes após o árduo trabalho diário, tomando suas bebidas em taças? É pouco provável.



Londrina/agosto/200l

Hércule Spoladore

LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”




BIBLIOGRAFIA:

CARVALHO, Francisco de Assis “O Aprendiz Maçom”

FILHO, Teobaldo Varoli “Curso de Maçonaria Simbólica” – l.º Grau














Fonte: Site TEMPLO MAÇÔNICO.