quarta-feira, 31 de janeiro de 2018


Notas da Esperança

 

Se algum dia vieres a cair, levanta-te e anda.

Recorda que ninguém recebe um corpo na Terra para estações de repouso.

Todos nós – seja no Plano Físico ou na Vida Maior – somos chamados à construção do bem. E o bem aos outros será sempre a garantia de nosso próprio bem.

Se dificuldades repontam da estrada, não te omitas.

Segue adiante, reconhecendo que nos cabe a todos ofertar esforço máximo para que se realize o melhor em nós e em derredor de nós.

Não pares.

A estagnação é ponto obscuro no caminho em que, bastas vezes, os mais nobres valores da existência se corrompem.

Não existe fatalidade para o mal, porquanto o bem geral triunfa sempre.

Os únicos vencidos no movimento criativo da vida são aqueles que descreram de Deus e de si mesmos, apagando-se, pouco a pouco, no vazio do nada a fazer; os que atravessam o tempo, perguntando o porquê das ocorrências e das cousas, sem se dar ao trabalho de conhecer-lhes a origem, a fim de aperfeiçoar-lhes resultado e proveito; os que se instalam nas torres de marfim do exclusivismo, temendo os problemas que possam surgir no relacionamento com o próximo; os que não acreditam na obrigação de trabalhar, incessantemente; e os que se observam caídos nessa ou naquela falta sem a precisa coragem de se reerguerem para começar de novo a tarefa construtiva a que se propõem.

Ainda mesmo que tudo te pareça amargura e sombra na paisagem de moradia, não esmoreças e continua agindo e servindo, porque a fidelidade ao trabalho te iluminará o coração, a fim de que não te afastes do caminho para o encontro com Deus.

 

Emmanuel

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

AS COLUNAS DE NOSSAS VIDAS


AS COLUNAS GEMEAS “B e J”



Em “Reis” e “Crônicas”, a Bíblia Sagrada, nos fala da construção do Templo de Salomão. Este Templo foi o modelo usado para a elaboração do Templo Maçônico. O Rei Salomão recebera como herança de seu pai a incumbência de construir um Templo ao Sr. Deus Javé.
Hiram Abi, homem de grande habilidade, talento e inteligência foi o responsável pela grandiosa obra. Eis o relato em Reis capítulo 7: “Fundiu duas colunas de bronze, cada uma com nove metros de altura e seis de circunferência. Fez dois capitéis de bronze fundido, cada um com dois metros e meio de altura, e os colocou no alto das colunas. Para enfeitar os capitéis, fez dois trançados em forma de corrente, um para cada capitel. Depois fez as romãs; havia duas fileiras de romãs em torno de cada trançado, para cobrir os trançados que ficavam no alto das colunas. Fez o mesmo com o segundo capitel.
Os capitéis, no alto das colunas que estavam no vestíbulo, tinham forma de flor de lis, medindo dois metros. Além disso esses capitéis, no alto das colunas, no centro que ficava por trás dos trançados, estavam enfeitados por romãs, colocadas em filas de duzentas ao redor de cada capitel. Em seguida, Hiram ergueu as colunas diante do vestíbulo do santuário: ergueu a coluna do lado direito e lhe deu o nome de FIRME; depois levantou a coluna do lado esquerdo e lhe deu o nome de FORTE. E assim terminou o trabalho das colunas". Hiram executou toda a obra do Templo de Salomão e repetimos em “Reis 1 e 2, e Crônicas": Esta magnífica construção é descrita minuciosamente inclusive na maneira de confeccionar todos os utensílios, estes de muita importância na forma, função e simbolismo para entendimento do porquê da construção deste Templo, apesar de ser o arquétipo do Templo Maçônico observamos que nem todos os utensílios do Templo de Salomão, foram transportados para o Templo Maçônico,
Assim vamos nos ater as colunas que são o escopo deste trabalho. Tendo vivido no Egito, livre ou escravo, o povo hebreu assimilara muito dos costumes, religiosidade e cultura egípcia. Em frente dos Templos egípcios, sempre eram construídos dois obeliscos: um ao lado do outro como oferenda a divindade. Na fuga do Egito sob o comando de Moisés uma nuvem durante o dia transformava-se em fumaça, protegendo o povo em fuga dos soldados do Faraó. A noite a mesma nuvem era uma coluna de fogo a iluminar o caminho dos fugitivos. Quarenta anos o povo passou no deserto. Quando da construção de Templo de Jerusalém, as colunas foram concebidas como monumento para lembrança constante do sofrimento e a demonstrar a necessidade de purificação nos quarenta anos vividos no deserto, em fuga antes de chegar a terra prometida Canaã. Livre das impurezas adquiridas em terras estranhas, as duas colunas ali estavam, como a lhes despertar a consciência. A magnitude de Templo de Salomão, veio através dos séculos, transformá-lo em símbolo da perfeição. A submissão do homem a um ente reconhecidamente superior, fruto de amor e bondade, fez com que nossos antepassados, ao buscarem uma referência histórica, para construção de nossas lendas, encontrassem no Templo de Salomão e em sua construção física uma riqueza incomensurável. Os pedreiros livres, já vinham desde priscas eras, comunicando verbalmente as histórias da Torre de Babel e do Templo de Salomão. A tradição estava estabelecida, era necessário dar um formato menos fantástico, mais real. Já não se tratava de incentivar homens ao trabalho braçal, agora era polir o próprio homem, como fazer a não ser por seus exemplos, onde todos miravam-se em todos. Os símbolos transformavam-se em alegorias, pois era necessário mantê-los velados aos que não entendessem a “Arte”, aos que os interpretassem eram oferecidos maravilhosas lições de moral, verdadeiro caminho das pedras em direção a perfeição, objetivo principal dos que buscavam conhecer a verdadeira virtude.
Estando presente, desde o início da Maçonaria Especulativa nos locais adaptados para servirem como Templo Maçônico, nos adros das Igrejas e nas tabernas para as reuniões das Lojas, no chão destes locais eram desenhados com carvão, os painéis com toda variedade de símbolos que a Loja tinha para que acontecesse uma “Sessão Maçônica em Loja". E um dos símbolos que permanece até hoje nos Templos, são as duas Colunas. Ao final da Sessão, eram apagados os desenhos, na evolução natural eles passaram a ser feitos em tapetes, desenrolava no inicio da Sessão e enrolava ao final, quando a. Loja era fechada, Ficando guardado até a próxima Sessão. As várias gravuras antigas comprovam esta constatação, pois sempre nos deparamos com a presença duas Colunas “B” e “J”. Corno no inicio da Maçonaria Especulativa esses locais chamados de Templo Maçônico, mesmo sem terem sido construídos para este fim específico, quando da construção do primeiro Templo Maçônico em 1776 lá estavam estas Colunas “plantadas no chão”. O Templo Maçônico representa o Universo, a Loja Maçônica representa o Planeta Terra, dentro deste Universo. No Templo encontram-se as duas Colunas “B” e “J” com uma simbologia de alta expressão. A Coluna “B” simboliza o solstício de inverno, isto é o Sol em posição zero grau de Câncer, no dia 2 de Junho, a Coluna “J” simboliza o solstício de verão, o Sol em posição zero grau de Capricórnio, no dia 21 de Dezembro. Estas posições acontecem ao sul do Equador, ao norte é exatamente ao inverso, aí está porque o Maçom quando entre estas duas Colunas encontra-se no único neutro da Loja. Representam também as Colunas a Vida e a Morte, pois sabemos que esta é a única certeza que o ser humano deve ter, eis porque entre ambas é a passagem obrigatória para quem quer estar “Em Loja".
Nas Sessões Maçônicas, quando qualquer obreiro estiver circulando não deve em hipótese nenhuma circular por trás das Colunas, pois as mesmas delimitam Universo e Planeta Terra, Templo e Loja e quem estiver atrás das Colunas estará dentro do Templo, porém simbolicamente fora da Loja, exceto o Guarda do Templo.
As Colunas Gêmeas não podem e não devem ficar no Átrio, sua forte representatividade se faz necessário dentro do Templo; Também não devem ser consideradas como mera decoração, esse respeito e veneração é em função das mesmas serem um dos raros elos que remanescem em nossos Templos Maçônicos, herança do primeiro Templo de Jerusalém chamado de Templo de Salomão.
A importância das Colunas no Templo, aumenta quando constatamos que sobre elas convergem as emanações Cósmicas e Telúricas, unindo naquele minúsculo pedaço do Universo que chamamos Loja, o nosso mundo, abstrato e concreto, céu e terra, homem e divindade fundidos em um só ser, onde fluí urna maravilhosa energia positiva, que estimula o Maçom a voltar-se para dentro de si, com a Luz divina o acompanhando para a construção do seu próprio Templo Íntimo, moradia eterna do G:.A:.D:.U:.. objetivo de todo obreiro da Sublime Instituição.



Em “Reis” e “Crônicas”, a Bíblia Sagrada, nos fala da construção do Templo de Salomão. Este Templo foi o modelo usado para a elaboração do Templo Maçônico. O Rei Salomão recebera como herança de seu pai a incumbência de construir um Templo ao Sr. Deus Javé.
Hiram Abi, homem de grande habilidade, talento e inteligência foi o responsável pela grandiosa obra. Eis o relato em Reis capítulo 7: “Fundiu duas colunas de bronze, cada uma com nove metros de altura e seis de circunferência. Fez dois capitéis de bronze fundido, cada um com dois metros e meio de altura, e os colocou no alto das colunas. Para enfeitar os capitéis, fez dois trançados em forma de corrente, um para cada capitel. Depois fez as romãs; havia duas fileiras de romãs em torno de cada trançado, para cobrir os trançados que ficavam no alto das colunas. Fez o mesmo com o segundo capitel.


Os capitéis, no alto das colunas que estavam no vestíbulo, tinham forma de flor de lis, medindo dois metros. Além disso esses capitéis, no alto das colunas, no centro que ficava por trás dos trançados, estavam enfeitados por romãs, colocadas em filas de duzentas ao redor de cada capitel. Em seguida, Hiram ergueu as colunas diante do vestíbulo do santuário: ergueu a coluna do lado direito e lhe deu o nome de FIRME; depois levantou a coluna do lado esquerdo e lhe deu o nome de FORTE. E assim terminou o trabalho das colunas". Hiram executou toda a obra do Templo de Salomão e repetimos em “Reis 1 e 2, e Crônicas": Esta magnífica construção é descrita minuciosamente inclusive na maneira de confeccionar todos os utensílios, estes de muita importância na forma, função e simbolismo para entendimento do porquê da construção deste Templo, apesar de ser o arquétipo do Templo Maçônico observamos que nem todos os utensílios do Templo de Salomão, foram transportados para o Templo Maçônico,
Assim vamos nos ater as colunas que são o escopo deste trabalho. Tendo vivido no Egito, livre ou escravo, o povo hebreu assimilara muito dos costumes, religiosidade e cultura egípcia. Em frente dos Templos egípcios, sempre eram construídos dois obeliscos: um ao lado do outro como oferenda a divindade. Na fuga do Egito sob o comando de Moisés uma nuvem durante o dia transformava-se em fumaça, protegendo o povo em fuga dos soldados do Faraó. A noite a mesma nuvem era uma coluna de fogo a iluminar o caminho dos fugitivos. Quarenta anos o povo passou no deserto. Quando da construção de Templo de Jerusalém, as colunas foram concebidas como monumento para lembrança constante do sofrimento e a demonstrar a necessidade de purificação nos quarenta anos vividos no deserto, em fuga antes de chegar a terra prometida Canaã. Livre das impurezas adquiridas em terras estranhas, as duas colunas ali estavam, como a lhes despertar a consciência. A magnitude de Templo de Salomão, veio através dos séculos, transformá-lo em símbolo da perfeição. A submissão do homem a um ente reconhecidamente superior, fruto de amor e bondade, fez com que nossos antepassados, ao buscarem uma referência histórica, para construção de nossas lendas, encontrassem no Templo de Salomão e em sua construção física uma riqueza incomensurável. Os pedreiros livres, já vinham desde priscas eras, comunicando verbalmente as histórias da Torre de Babel e do Templo de Salomão. A tradição estava estabelecida, era necessário dar um formato menos fantástico, mais real. Já não se tratava de incentivar homens ao trabalho braçal, agora era polir o próprio homem, como fazer a não ser por seus exemplos, onde todos miravam-se em todos. Os símbolos transformavam-se em alegorias, pois era necessário mantê-los velados aos que não entendessem a “Arte”, aos que os interpretassem eram oferecidos maravilhosas lições de moral, verdadeiro caminho das pedras em direção a perfeição, objetivo principal dos que buscavam conhecer a verdadeira virtude.
Estando presente, desde o início da Maçonaria Especulativa nos locais adaptados para servirem como Templo Maçônico, nos adros das Igrejas e nas tabernas para as reuniões das Lojas, no chão destes locais eram desenhados com carvão, os painéis com toda variedade de símbolos que a Loja tinha para que acontecesse uma “Sessão Maçônica em Loja". E um dos símbolos que permanece até hoje nos Templos, são as duas Colunas. Ao final da Sessão, eram apagados os desenhos, na evolução natural eles passaram a ser feitos em tapetes, desenrolava no inicio da Sessão e enrolava ao final, quando a. Loja era fechada, Ficando guardado até a próxima Sessão. As várias gravuras antigas comprovam esta constatação, pois sempre nos deparamos com a presença duas Colunas “B” e “J”. Corno no inicio da Maçonaria Especulativa esses locais chamados de Templo Maçônico, mesmo sem terem sido construídos para este fim específico, quando da construção do primeiro Templo Maçônico em 1776 lá estavam estas Colunas “plantadas no chão”. O Templo Maçônico representa o Universo, a Loja Maçônica representa o Planeta Terra, dentro deste Universo. No Templo encontram-se as duas Colunas “B” e “J” com uma simbologia de alta expressão. A Coluna “B” simboliza o solstício de inverno, isto é o Sol em posição zero grau de Câncer, no dia 2 de Junho, a Coluna “J” simboliza o solstício de verão, o Sol em posição zero grau de Capricórnio, no dia 21 de Dezembro. Estas posições acontecem ao sul do Equador, ao norte é exatamente ao inverso, aí está porque o Maçom quando entre estas duas Colunas encontra-se no único neutro da Loja. Representam também as Colunas a Vida e a Morte, pois sabemos que esta é a única certeza que o ser humano deve ter, eis porque entre ambas é a passagem obrigatória para quem quer estar “Em Loja".
Nas Sessões Maçônicas, quando qualquer obreiro estiver circulando não deve em hipótese nenhuma circular por trás das Colunas, pois as mesmas delimitam Universo e Planeta Terra, Templo e Loja e quem estiver atrás das Colunas estará dentro do Templo, porém simbolicamente fora da Loja, exceto o Guarda do Templo.
As Colunas Gêmeas não podem e não devem ficar no Átrio, sua forte representatividade se faz necessário dentro do Templo; Também não devem ser consideradas como mera decoração, esse respeito e veneração é em função das mesmas serem um dos raros elos que remanescem em nossos Templos Maçônicos, herança do primeiro Templo de Jerusalém chamado de Templo de Salomão.

A importância das Colunas no Templo, aumenta quando constatamos que sobre elas convergem as emanações Cósmicas e Telúricas, unindo naquele minúsculo pedaço do Universo que chamamos Loja, o nosso mundo, abstrato e concreto, céu e terra, homem e divindade fundidos em um só ser, onde fluí urna maravilhosa energia positiva, que estimula o Maçom a voltar-se para dentro de si, com a Luz divina o acompanhando para a construção do seu próprio Templo Íntimo, moradia eterna do G:.A:.D:.U:.. objetivo de todo obreiro da Sublime Instituição.

Fonte: Cavaleiros do Templo

sábado, 27 de janeiro de 2018


A PONTE DE LUZ

 

Maria Dolores

 

Terminara Jesus a prédica no monte.

Nisso, o apóstolo Pedro aproxima-se

E diz-lhe: "Senhor, existe alguma ponte

Que nos conduza ao Alto, ao Céu que brilha muito acima?

Conforme ouvi de tua própria voz,

Sei que o Reino do Amor está dentro de nós...

Mas deve haver, no Além, o País da Beleza,

Mais sublime que o Sol, em fulgor e grandeza...

Onde essa ligação, Senhor, esse divino acesso?

 

Jesus silenciou, como entrando em recesso

Da palavra de luz que lhe fluía a jorro...

Circunvagou o olhar pelas pedras do morro

E, depois de comprida reflexão,

Falou ao companheiro: - "Ouve, Simão,

Em verdade, essa ponte que imaginas

Existe para a Vida Soberana,

Mas temos de atingi-la por estrada

Que não é bem a antiga estrada humana."

 

- "Como será, Senhor, esse caminho?"

Tornou Simão a perguntar.

E Jesus respondeu sem hesitar:

- "Coração que a escolha, às vezes, vai sozinho,

E quase que não tem

Senão renúncia e dor, solidão e amargura...

E conquanto pratique e viva a lei do bem,

Sofre o assédio do mal que o vergasta e procura

Reduzi-lo à penúria e ao desfalecimento.

Quem busca nesta vida transitória,

Essa ponte de luz para a eterna vitória

Conhecerá, de perto, o sofrimento

E há de saber amar aos próprios inimigos,

Não contará percalços nem perigos

Para servir aos semelhantes,

Viverá para o bem a todos os instantes

E mesmo quando o mal pareça o vencedor,

Confiando-se a Deus, doará mais amor...

E ainda que a morte, Pedro, se lhe imponha,

Na injustiça ferindo-lhe a vergonha,

Aceitará pedradas sem ferir,

Desculpará injúria e humilhação

Se deseja elevar o coração

À ponte para o Reino do Porvir..."

 

Alguns dias depois, o Cristo flagelado,

Entregue à própria sorte

Encontrava na cruz o impacto da morte,

Silencioso, sozinho, desprezado...

 

 

Terminada que foi a gritaria

Da multidão feroz naquele dia,

Ante o Céu anunciando aguaceiro violento,

Pedro foi ao Calvário, aflito e atento,

Envergando disfarce...

Queria ver o Mestre, aproximou-se

Para sentir-lhe o extremo desconforto...

 

Simão chorou ao ver o Amigo morto.

 

E ao fitá-lo, magoado, longamente

Ele ouviu, de repente,

Uma voz a falar-lhe das Alturas:

- "Pedro, segue, não temas, crê somente!...

Recorda os pensamentos teus e meus...

Esta cruz que me arrasa e me flagela

É a ponte que sonhavas, alta e bela,

Para o Reino de Deus."

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A DECADÊNCIA INTELECTUAL DOS TEMPOS MODERNOS

Emmanuel

Pesam sobre os corações atribulados da Terra as amargas apreensões com respeito ao fatalismo da guerra.
E, infelizmente, ninguém poderá calcular a extensão dos movimentos que se preparam objetivando a luta do porvir.
*
A Europa atual parece guardar a "liderança" da cultura dos povos.
Todavia, é fácil estabelecer-se um estudo analítico de sua situação hodierna, de pura decadência intelectual depois das catástrofes de 1914-1918.
As ditaduras européias revivem na atualidade a época napoleônica na pátria francesa quando, segundo Chateaubriand, tudo respirava o senhor, homenageava o senhor e vivia para o senhor.
No Velho Mundo, em todos os paises que o constituem, vive-se o governo e mais nada.
*
O livro, a escola, a oficina, o clube são núcleos de recepção do pensamento dos maiores ditadores que o mundo há conhecido.
*
A imprensa manietada pelas medidas diaconianas não pode criar o cooperativismo intelectual das classes e das administrações, obrigada a viver a de fase união absoluta aos programas que sobrevieram à grande guerra; não podem produzir à grande guerra; não podem produzir expressões que abranjam a solução dos enigmas destes tempos novos, coibidos ou trabalhados por leis vexatórias e humilhantes e vemos pelo mundo inteiro a invasão das forças perversoras da consciência humana.
*
Jornais integrados das doutrinas mais absurdas, falsa educação pelo rádio que vem complicar sobremaneira a situação e os livros da guerra, a literatura bélica, inflada de demagogias e de estandartes, de símbolos e de bandeiras incentivando a separatividade.
*
Qualquer estudioso desses assuntos poderá verificar a verdade de nossas afirmações.
Os homens, nesta fase de preparações armamentistas vivem uma época de profunda pobreza intelectual.
*
O porvir há de falar aos pósteros dessas cousas, sem necessitar que encareçamos essas realidades aos vossos olhos.
O mundo tocou a uma fase evolutiva em que é preciso encarar de frente a questão da fraternidade humana para resolvê-la com justiça.
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Os governos fortes, fatores da decadência espiritual dos povos que guardavam consigo a vanguarda evolutiva do mundo, não podem trazer uma solução satisfatória aos problemas profundos que vos interessam.
*
Afigura-se-nos que a função das ditaduras é preparar as reações incendiárias das coletividades.
O que o planeta necessita é de se criar uma nova forma de justiça econômica entre os povos.
Que se aventem medidas conciliadoras para essa situação de pauperismo e de alto imperialismo das nações.
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Os que estudam a política internacional podem resolver grande parte dos fenômenos que convulsionam quase todos os países, analisando a chamada questão das matérias primas.
Matérias primas querem dizer colônias.
Colônias querem dizer – possibilidades de vida e de expansão.
*
É verdade que na Espanha atual, antes de tudo, reside o imperativo da dor, redimindo grandes culpados de outrora, constituindo essa dolorosa situação um dos quadros mais terríveis das provações coletivas, mas não só as ideologias extremistas ali se combatem, pressagiando um novo organismo político para o mundo.
*
Um dos diretores de um manicômio espanhol asseverava há pouco tempo que mais de 400 pessoas em um ano tinham procurado refugio, como loucos, nesse pouso de alienados em virtude das necessidades imperiosas da fome.
A Espanha é pobre de terras.
De cem hectares de terreno, talvez somente uns trinta poderão oferecer campo propício à agricultura.
Não só a velha península se debate nessas necessidades tão duras.
A China não está suportando o aumento contínuo de sua população.
O Japão vem se fortificando para poder nutrir o seu povo.
A Alemanha reclama suas antigas possessões.
A Polônia estuda um projeto de colocar na África ou na América mais de 10.000.000 de criaturas que a sua possibilidade econômica não está comportando.
*
Nessas aluviões de protestos ouvem-se os tinidos das armas e melhor fora que o homem voltasse suas vistas para o campo fraterno, antes da destruição que se fará consumar.
Seria melhor estudar-se a questão carinhosamente, analisando-se os códigos das medidas imigratórias e que as nações não se deixassem dominar tanto pelos pruridos de nacionalismo, tentando estabelecer um plano de concessões racionais e resolvendo-se a questão da troca de produtos ente os países, solucionando-se o enigma da repartição que a economia política não pode conseguir até hoje, não obstante sua perfeição técnica no círculo da direção das possibilidades produtoras.
*
O que verificamos é que sem a pratica da fraternidade verdadeira todos esses movimentos pró-paz são encenações diplomáticas sem um fundo pratico apesar de suas intenções respeitáveis. Mas... o mundo não se acha à revelia das leis misericordiosas do Alto e estas, no momento oportuno, saberão opor um dique à chacina e ao arrasamento.
*

Confiemos nelas, porque os códigos humanos serão sempre documentos transitórios como o papel em que são arquivados, enquanto não se associarem parágrafo por parágrafo ao Evangelho de Jesus.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

FÉ CRISTÃ

Emmanuel

Se estás na fé cristã e esperas tão somente: caminhos sem problemas, paz sem obrigações, dias de céu sempre azul, vantagens sem trabalho, conquistas sem suor, direitos sem deveres, apoio sem serviço e vida sem provações, lembra-te de Jesus.

Quando alguém deseja realmente auxiliar, em favor de outro alguém, conserva a certeza de que a Bondade de Deus doar-lhe-á os meios justos e lhe apontará o caminho.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A GÊNESE DOS RITOS

Conceituamos rito como sendo um cerimonial próprio de um culto ou de uma sociedade, determinado pela autoridade competente; é a ordenação de qualquer cerimônia e, por extensão, designa culto, religião ou seita. Maçonicamente é a prática de se conferir a Luz Maçônica a um profano, através de um cerimonial próprio. Em seiscentos anos de Maçonaria documentada, uma imensidade de ritos surgiram. Mas, de 1356 a 1740, existiu um rito apenas, ou melhor um sistema de cerimônias e práticas, ainda sem o título de Rito, que normatizava as reuniões maçônicas. Somente a partir de 1740 é que uma infinidade de ritos varreu o chão maçônico da Europa. Para evitar heresias, um Rito deve ter conteúdo que consagre algumas exigências bem conhecidas: o símbolo do Grande Arquiteto do Universo, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso sobre o altar dos juramentos, sinais, toques, palavras e a divisão da Maçonaria Simbólica em três graus. Não há nenhum órgão internacional para reconhecer ritos. Acima do 3º Grau, cada Rito estabelece sua própria doutrina, hierarquia e cerimonial.

Um rito maçônico, usando simbolismo próprio, é um grande edifício. Deve ter projeto integrado, dos alicerces ao topo. Cada rito possui detalhes peculiares. A linha maçônica doutrinária, em cada Rito, deve ser contínua, dos graus simbólicos aos filosóficos. Cada Rito é uma Universidade doutrinária.


Os Ritos praticados no Brasil
Conforme observamos, existem muitos Ritos Maçônicos praticados em todo o mundo. No Brasil, especificamente, são praticados seis, alguns deles reconhecidos e praticados internacionalmente e outros com valor apenas regional. São eles, o Rito Schröeder ou Alemão (pouco praticado no Brasil), o Rito Moderno ou Francês, o Rito de Emulação ou York (o mais praticado no mundo), o Rito Adonhiramita, o Rito Brasileiro e o Rito Escocês Antigo e Aceito (o mais praticado no Brasil).

O RITO SCHRÖEDER
Foi criado por Friedrich Ludwig Schröeder que, ao lado de Fessler, foi um dos reformadores da Maçonaria alemã. De acordo com o prefácio do ritual editado em 1960 pela Loja “ABSALON ZU DEN DREI NESSELN” (Absalão das Três Urtigas), Schröeder introduziu o rito em sua Loja a 29 de junho de 1801 e esse rito, desde logo, conquistou numerosas Lojas em toda a Alemanha e em outros países onde passou a ser praticado, principalmente por maçons de origem alemã. É um rito muito simples e trabalha, como o de York, apenas na chamada “pura Maçonaria” ou seja, na dos três graus simbólicos, já que não possui Altos Graus. No Rito Schröeder a expressão “Grande Arquiteto do Universo” é usada no plural – “Grande Arquiteto dos Universos (G. A.DD.UU.).

O RITO MODERNO

Criado em 1761, foi reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1773. A partir de 1786, quando um projeto de reforma estabeleceu os sete graus do rito – em contraposição ao emaranhado dos Altos Graus da época -, ele teve grande impulso espalhando-se por toda a França, pela Bélgica, pelas colônias francesas e pelos países latino-americanos, inclusive pelo Brasil. Já no início do século XIX, o Grande Oriente do Brasil – primeira Obediência brasileira – foi fundada em 1822, adotando o Rito Moderno, antes do Rito Escocês que só seria introduzido em 1832. Em 1817 houve a grande reforma doutrinária que suprimiu a obrigatoriedade da crença em Deus e da imortalidade da alma, não como uma afirmação do ateísmo, mas por respeito à liberdade religiosa e de consciência, já que as concepções religiosas de uma pessoa devem ser de foro íntimo, não devendo ser impostas. O Grande Oriente da França, que acolheu a reforma, queria demonstrar com isso o máximo de escrúpulos para com os seus filiados, rejeitando toda e qualquer afirmação dogmática. Essa atitude provocou uma rápida reação da Grande Loja Unida da Inglaterra que rompeu com o Grande Oriente da França. O caso envolveu não apenas uma questão doutrinária como ainda político-religiosa.

O RITO YORK
É considerado bastante antigo. A Grande Loja de Londres, durante muito tempo após a sua fundação, teve uma influência muito limitada, pois a grande maioria das Lojas britânicas continuava a respeitar as antigas obrigações, permanecendo livres sem aderir ao sistema obediencial. O centro de resistência à Grande Loja era a antiga Loja de York, de grande tradição operativa e que dava aos membros da Grande Loja o título de “Modernos”, enquanto eles próprios se autodenominavam “Antigos”, pelo respeito às antigas leis. O que os Antigos censuravam nos Modernos era a descristianização dos rituais, a omissão das orações e da comemoração dos dias santos, contrariando assim os mandamentos da Santa Igreja (Anglicana). O cisma entre os Antigos e Modernos durou até 1813, quando as duas Grandes Lojas fundiram-se formando a Grande Loja Unida da Inglaterra, que adotava o Rito dos Antigos de York. A Constituição desse Supremo Órgão foi publicada em 1815. O rito não possui Altos Graus, tendo além dos três simbólicos, uma quarta etapa designada de “Real Arco”, que é considerada uma extensão do Mestrado. O Rito de York, por ser teísta, está mais ligado aos países onde os cultos evangélicos predominam, pois o clero desses cultos tem dado à Maçonaria o apoio e o suporte necessário para a sua evolução e crescimento.

O RITO ADONHIRAMITA

nasceu de uma polêmica entre ritualistas em torno de Hiram Abif, chamado de ADON-HIRAM (Senhor Hiram) e ADONHIRAM, o preposto das corvéias, depois da construção do Templo de Jerusalém, de acordo com os textos bíblicos. O rito, depois de uma época de grande difusão, acabou desaparecendo. Todavia, no Brasil (onde foi o primeiro rito praticado), ele permaneceu, fazendo com que o país seja hoje o centro do rito, que teve seus graus aumentados de treze para trinta e três. O Rito Adonhiramita é deísta.


O RITO BRASILEIRO
Teria sido criado em 1878, em Pernambuco, mas tem sua existência legal a partir de 23 de dezembro de 1914, quando foi publicado o Decreto nº. 500, do então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Lauro Sodré, fazendo saber que, em sessão do Conselho Geral da Ordem havia sido aprovado o reconhecimento e incorporação do Rito Brasileiro entre os que compunham o Grande Oriente do Brasil. Depois o Rito desapareceria, para ressurgir em 1940 e novamente em 1962, praticamente desaparecer, até que em 1968, o Decreto nº. 2.080, de 19 de março de 1968, do Grão-Mestre Álvaro Palmeira, renovava os objetivos do Ato nº. 1617 de 3 de agosto de 1940, como o marco inicial da efetiva implantação do Rito Brasileiro. A partir daí, o rito teve grande crescimento no país.

O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
Começou a nascer na França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza, principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem tomar conhecimento da conspiração.Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas Irlandeses, em 1661. Esse regimento possuía uma Loja, cuja constituição dataria de 25 de março de 1688 e que foi a única Loja do século XVII cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas católicos devam ter criado outras Lojas. O termo “escocês”, já a partir daquela época, não designava mais uma nacionalidade, mas o partido dos seguidores dos Stuarts, escoceses em sua maioria. Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam na França dois ramos maçônicos: a Maçonaria escocesa e stuartista, ainda com Lojas livres, e a inglesa com Lojas ligadas à Grande Loja. A Maçonaria escocesa, mais pujante, resolveu, em 1735, escolher um Grão-Mestre, adotando o regime obediencial, o que levaria à fundação da Grande Loja da França (Grande Oriente de 1772), embora esta designação só apareça em 1765. O escocesismo, na realidade, só se concretizou com a introdução daquilo que seria a sua característica máxima, os Altos Graus, através de uma entidade denominada “Conselhos dos Imperadores do Oriente e do Ocidente”. Este Conselho criou o Rito de Héredom, com 25 graus, o qual, incorporado ao escocesismo, deu origem a uma escala de 33 graus, concretizada do primeiro Supremo Conselho do Rito em todo mundo. O REAA, por ter sido um rito deísta, não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina o Catolicismo. É necessário explicar que atualmente o caráter deísta do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este acabou sendo predominante. O REAA tem o mesmo forte caráter teísta do Rito de York.

Conclusão: A Unidade na Diversidade
A Maçonaria se caracteriza pela diversidade e sempre admitiu a pluralidade de ritos. O Sistema do Rito Único, caso existisse, não seria um bom sistema. A Ordem reuniu sistemas diversos formando uma unidade superior, perfeitamente caracterizada que é a Doutrina Maçônica. A Maçonaria convive com muitos ritos, uns teístas, outros deístas sem esquecer os agnósticos. Afinal, há muitas maneiras de se relacionar com Deus. Mas há um detalhe: o maçom não pode ser ateu. Em decorrência deste ecletismo, as manifestações maçônicas disseminadas no mundo ao longo do tempo, apresentam-se com grande diversificação, havendo Unidade na Diversidade. É possível que a máxima “E PLURIBUS UNUM” (A Unidade na Diversidade), inscrita no listel que envolve a parte superior do Selo dos EUA seja de origem maçônica. Afinal, todos os chamados “pais da pátria” daquele país foram maçons, a começar por George Washington.

UM VERDADEIRO LEGADO MAÇÔNICO

Referências Bibliográficas:
www.freemasons-freemasonry.com/galdeano_ritos.htm
1. CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualística. Londrina, Ed. “A TROLHA”, 1991;
2. FARIA, Fernando de. Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos. “O SEMEADOR” nº 8 (2ª fase) Jul-Dez 1990
3. OLIVEIRA, Arnaldo Assis de. Escocesismo. Trabalho para aumento de salário no Ilustre Conselho de Kadosch nº 22, 1992;
4. “EGRÉGORA” nº. 1/Jul-Ago 1993; nº. 2/ Set-Nov 1993; nº. 3/Dez 93-Fev 1994; nº. 4/Mar-Mai 1994; nº. 5/Jun-Ago 1994.
Fonte: Cavaleiros do Templo

terça-feira, 23 de janeiro de 2018


INTERSTÍCIO

 

Interstício quer dizer solução de continuidade, o intervalo entre duas superfícies da mesma ou diferente natureza.

 

A Maçonaria utiliza a expressão em termos de tempo. Interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre dois fatos. Designadamente, interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre a Iniciação do Aprendiz e a sua Passagem a Companheiro e também o tempo que se impõe decorra entre essa Passagem e a Elevação do Companheiro a Mestre.

 

O interstício é uma regra que admite exceção: o Grão-Mestre pode dele dispensar um obreiro e passá-lo ou elevá-lo de grau sem o decurso do tempo regulamentar ou tradicionalmente observado. No limite, a Iniciação, Passagem e Elevação podem ocorrer no mesmo dia. Mas a dispensa de interstícios é rara – deve ser verdadeiramente excepcional – e só por razões muito fortes deve ocorrer.

 

Assim sucede genericamente na Maçonaria Européia. Já a Maçonaria norte-americana é muito menos exigente neste aspecto, sendo corrente a prática de conferir os três graus da Maçonaria Azul num único dia. Esta é, aliás, uma conseqüência e também uma causa das diferenças entre as práticas e as tradições maçônicas em ambas as latitudes.

 

Mas impõem-se observar que algumas franjas da Maçonaria norte-americana, designadamente nas Lojas que se consideram de Observância Tradicional, se aproximam neste como noutros aspectos, da prática européia.

 

A razão de ser do interstício é intuitiva: a que dar tempo para o obreiro evoluir, para obter e trabalhar os ensinamentos, as noções, transmitidas no grau a que acede, antes de passar ao grau imediato. Em Maçonaria busca-se o aperfeiçoamento e este não é, nem instantâneo (instantâneo é o pudim...), nem automático. Depende de um propósito, de um esforço, de uma prática consciente e perseverante.

 

É um processo. E, como processo que é, tem fases, tem uma evolução que se sucede ao longo de uma lógica e de um tempo. Por isso, em Maçonaria não se tem pressa. O tempo de maturação, o tempo de amadurecimento, a própria expectativa, são essenciais para um harmonioso desenvolvimento individual.

 

Os graus e qualidades maçônicos não constituem nada, apenas ilustram, representam, emulam a realidade do Ser e do Dever Ser. Não se tem mais qualidades por se ser maçom (embora se deva ter qualidades para o ser...). Há muito profano com mais valor e maior desenvolvimento espiritual e pessoal do que muitos maçons, ainda que de altos graus e qualidades.

 

Para esses os maçons até criaram uma expressão: maçom sem avental. Mas procura-se ilustrar com a qualidade de maçom a tendência para a excelência, a busca do aperfeiçoamento.

 

O Mestre maçom não é, por decreto ou natureza, necessariamente melhor ou mais perfeito do que o Companheiro ou o Aprendiz. Mas com os graus a maçonaria ilustra um Caminho, um Processo, para a melhoria de cada um. Há por aí muito Aprendiz que é mais Mestre de si próprio que muito Mestre de avental com borlas ou dourados. Mas o mero fato de ter de fazer a normal evolução de Aprendiz para Companheiro e de Companheiro para Mestre potencia o que já é bom, faz do bom melhor, do melhor, ótimo e do ótimo excelente.

 

Assim, em Maçonaria consideramos profícuo e valioso que o profano que pediu para ser maçom aguarde, espere, anseie, pela sua Iniciação. E que o Aprendiz tenha de o ser durante o tempo estipulado e tenha de demonstrar expressamente estar pronto para passar ao grau seguinte, por muito evidente que essa preparação seja aos olhos de todos; e o mesmo para o Companheiro passar a Mestre; e idem para o Mestre começar a ver serem-lhe confiados ofícios; e também para o Oficial progredir na tácita hierarquia de ofícios e um dia chegar a Venerável Mestre.

 

Tempo. Paciência. Evolução. De tudo isto é tributário o conceito de interstício, tal como é aplicado em Maçonaria.

 

O interstício pode ser diretamente fixado, regulamentar ou tradicionalmente, ouresultar indiretamente de outras estipulações. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues consideramos que não é o mero decurso do tempo que habilita um obreiro a aceder ao grau seguinte. Mas reconhecemos que o decurso de um tempo razoável é necessário.

 

Estipulamos, assim, no nosso Regulamento Interno, que o interstício para que um obreiro possa aceder ao grau seguinte seja constituído pela presença a um determinado número de sessões.

 

Com isso, estipulamos que certa assiduidade é condição de acesso ao grau seguinte e, como a Loja reúne duas vezes por mês, onze meses por ano, indiretamente fixamos um período de tempo mínimo de permanência no grau.

 

Os nossos Aprendizes, quando passam a Companheiros, merecem-no! E os nossos Companheiros, quando são elevados a Mestres estão em perfeitas condições de garantir a fluente persecução dos objetivos da Loja, incluindo a formação dos Aprendizes e Companheiros.

 

Nós não temos pressa...

 

Rui Bandeira