quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nosso Pai
Quando acordamos para a razão, descobrimos os traços vivos da Bondade de Deus, por toda parte.



Seu imenso carinho para conosco está no Sol que nos aquece, dando sustento e alegria a todos os seres e a todas as coisas; nas nuvens que fazem a chuva para o contentamento da Natureza; nas águas dos rios e das fontes, que deslizam para o benefício das cidades, dos campos e dos rebanhos; no pão que nos alimenta; na doçura do vento que refresca; na bondade das árvores que nos estendem os galhos dadivosos, em forma de braços ricos de bênçãos; na flor que espalha perfume na atmosfera; na ternura e na segurança de nosso lar; na assistência dos nossos pais, dos nossos irmãos e dos nossos amigos que nos ajudam a vencer as dificuldades do mundo e da vida, e na providência silenciosa, que nos garante a conservação da saúde e da paz espiritual.



Muitos homens de ciência pretendem definir Deus para nós, mas, quando reparamos na proteção do Todo-Poderoso, dispensada aos nossos caminhos e aos nossos trabalhos na Terra, em todos os instantes da vida, somos obrigados a reconhecer que o mais belo nome que podemos dar ao Supremo Senhor é justamente aquele que Jesus nos ensinou em sua divina oração: “Nosso Pai”.


Meimei

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Consciência
Charles Evaldo Boller

Sinopse: Considerações a respeito do treinamento e uso da consciência.

O maçom é sempre obediente? Não! Ele obedece a uma treinada consciência voltada para o bem e baseada em princípios morais.

Consciência é capacidade humana que pode ser treinada e desenvolvida. É o utilitário de segurança mais usado pelo homem sábio com vistas à pureza moral. É ela quem efetua comparações com padrões de moral que freiam o mal. A constante convivência com pessoas detentoras de elevada moral injeta na mente comportamentos, pensamentos, crenças e diretrizes que a treinam. Estudar e filosofar temas morais também contribui na sua boa edificação. Mas não é suficiente! É necessário querer e estar disposto em aceitar mudanças, orientações e advertências. Quando certa ação conflita com o padrão desenvolvido no condicionamento moral, soa o aviso de alerta ao inicio da contenda, empunha-se a consciência como escudo. Ela acusa e defende o homem do proceder que prejudica. Deixa de funcionar se estiver cauterizada, tornada insensível por inúmeros atentados que a desrespeitam. A consciência gera culpa e esta imobiliza a ação errada. A companhia de pessoas promíscuas e praticantes de atos atentatórios à moral prejudica seu bom condicionamento. É semelhante ao arrancar de terminações nervosas da carne que fica destituída de tato. A ação da pessoa passa a ser controlada pelo temor a castigos e não mais ao sentimento de culpa que imobiliza a ação do mal.

No Rito Escocês Antigo e Aceito o adepto recebe de herança cultural a direção que preconiza a obediência de caserna, disciplina marcial e rígida, influência de vetustas ordens de cavalaria e profissionais. A companhia de pessoas boas e disciplinadas auxilia no desenvolvimento de boa consciência. Razão da boa e criteriosa escolha de novos obreiros. Profano que não possui estatura mínima em sentido moral é impedido de entrar na Maçonaria, daí a importância de rigorosas sindicâncias. Uma vez iniciado, a convivência pacífica e amorosa entre os maçons proporciona a sintonia fina da consciência sensível e inteligente. Quem não treina a sua consciência faz de si um animal incapaz de ocupar-se de outra coisa, a não ser daquela do destino próprio dos animais.

Se a consciência do maçom está afinada com a moral, este pode até dispensar o livro da lei no altar dos juramentos. O detentor de boa consciência tem um livro da lei escrito no coração e na mente. Para o cristão, a bíblia judaico-cristã é símbolo da sua consciência. Representa espiritualidade e racionalidade de todo homem bom dotado de consciência voltada ao bem. Aquele que passa por transformação em sentido lato, reunindo em si bons princípios morais, éticos, religiosos, emocionais, físicos e espirituais tem o alicerce de sua consciência construído sobre a rocha. O maçom usa da inteligência para educar-se e afinar a consciência ao que ditam as leis naturais estabelecidas pelo Grande Arquiteto do Universo. Desenvolve e entende a mensagem contida na filosofia da Maçonaria, em cuja escalada peregrina ao interior de si. Trabalha a pedra por dentro nos exercícios de individuação tornando-se consciente do milagre da vida que o anima. E nesse seu mundo interior desenvolve acurada consciência, instrumento que o desculpa e acusa, diferencia entre bem e mal, percebe certo e errado.

Na história da Maçonaria observa-se que quando de parte de maçons ocorreu desobediência civil, aconteceram fatos que promoveram melhorias às sociedades humanas. Treinado a consciência o maçom desobedece tudo o que possa bloquear o exercício da liberdade responsável, o bom uso da liberdade com possibilidades de escolhas. O maçom obedece mais à consciência criada pelo Grande Arquiteto do Universo que às leis, dogmas religiosos e ideologias políticas. Parte do princípio que aceitar de forma passiva às leis injustas as tornam legítimas. A sua espiritualidade associada à sua boa consciência levam-no a caminhar conforme os elementos de seu projeto existencial onde não obedece a ordens que conflitam com a moral guardada pela consciência. Tem o dever juramentado de rebelar-se contra leis e dominações injustas. Cultiva e condiciona sua consciência para a ação orientada ao amor fraterno; aquele sentimento em ação que soluciona a todos os problemas de relacionamento e humaniza o homem. O treinamento da consciência é atividade permanente do maçom e é por isso que ele começa cada tarefa invocando a glória do Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia:
 1. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Sociedade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009;
 2. BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora limitada., 368 páginas, São Paulo, 2004;
 3. CAMINO, Rizzardo da, Reflexões do Aprendiz, Coleção Biblioteca do Maçom, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 157 páginas, Londrina, 1992;
 4. RODRIGUES, Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Coleção Biblioteca do Maçom, Volume 04, ISBN 978-85-7252-233-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 172 páginas, Londrina, 2007.

Data do texto: 08/12/2011.
Sinopse do autor: Charles Evaldo Boller, autor, engenheiro eletricista e maçom de nacionalidade brasileira. Nasceu em 4 de dezembro de 1949 em Corupá, Santa Catarina. Com 62 anos de idade.
Loja Apóstolo da Caridade 21 Grande loja do Paraná.
Rito: Rito Escocês Antigo e Aceito
Local: Curitiba.
Grau do Texto: Aprendiz Maçom.
Área de Estudo: Comportamento, Consciência, Educação, Espiritualidade, Filosofia, História, Liberdade, Maçonaria, Política.

terça-feira, 28 de julho de 2015


A importância que um Padrinho tem na formação de um Maçom...

Escrito por Nuno Raimundo

Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçónica. E padrinho pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. 

O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem, e de apesar de não fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para ingressar na Maçonaria e que com essa admissão possa desenvolver um trabalho correto tanto pela Ordem Maçónica bem como pela sociedade civil na sua generalidade. 

O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário (pois ele será também um eterno aprendiz), o papel que ele deverá representar  para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxílie na sua integração na Loja bem como o de sendo alguém que o ajude na sua formação maçónica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial desempenhado pelo terceiro elemento da  hierárquia de uma loja maçónica) no cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons. 

Compete ao padrinho após identificar no mundo profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias para alguém ser reconhecido maçom, abordar o mesmo da forma como achar que será melhor recebida pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem. 

Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e preferências do seu futuro afilhado bem como dos hábitos e rotinas que ele possa ter  (se não os conhecer anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual num ser humano. Conhece-lo!

E  numa fase posterior, se concluir que o profano detém  as qualidades necessárias para entrar na Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçónico, retirando algumas das dúvidas que possam persisitir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a Ordem Maçónica é e qual o seu papel no mundo. 

Mas mais que isso, na minha opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos maçónicos de cariz aberto (eventos brancos) onde este poderá ter um contato mais alargado com o que é a Ordem, ou seja, frequentar tertúlias e palestras onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem.

No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?! 

Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e  também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja. 

E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente. 

Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.

Mas e apesar de todo o fraternalismo que existe na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida” de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusivé com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, tal pode acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Desta forma, é possível um entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer. Porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar, logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. Também, pelo facto de se terem de relacionar, isso obrigará a que as pessoas se conheçam melhor, e com isso, desfazer alguns preconceitos que poderiam ter anteriormente e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá, manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer. 

- Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a  forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.

E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações,  que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. 

Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro. 

Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de castingou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. 

Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo! 

E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal.

Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão..

Porém, e ainda no âmbito da instrução maçónica do seu afilhado, o padrinho deverá  complementar a formação que será concedida pela loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios, também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é  Sabedoria quando compartilhado-. 

Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma parte importante da sua formação maçónica e concluiu o seu percurso até à mestria. Mas no entanto,  nunca o deverá abandonar, pois apesar de este ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado, logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçónicas. E essa responsabilidade nunca desaparecerá.  

E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à  mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia.  

E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade. 

Assim, alguém que queira apadrinhar a candidatura de um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será irrelevante e que nos seus “ombros” suportará o “peso” de uma Ordem iniciática e de cariz fraternal  como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres  principaisreconhecer, informar, transmitir/formar e acompanhar  quem ele considerar como sendo um válido (futuro) membro da  Maçonaria.
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...


 

domingo, 26 de julho de 2015

GANDHI E O VIAJANTE - História para reflexão




Canta-se que Gandhi, sempre que viajava de trem pela Índia, comprava passagem de terceira classe. Ali os passageiros, não cultivavam hábitos de higiene, nem de boas maneiras.
Certa ocasião, quando empreendia uma das suas viagens, ele chamou a atenção de um rapaz que viajava junto a ele no mesmo vagão, porque de quando em quando cuspia no chão. Diante da advertência recebida, o moço respondeu indelicadamente e repetiu várias outras vezes o gesto. Gandhi calou-se.
Depois de um bom tempo de viagem, o rapaz pegou no seu violão, e começou a tocar e cantar músicas que exaltavam o grande líder e herói GANDHI.
Quando, finalmente, o trem parou na estação desejada, Gandhi levantou-se preparando-se para descer. O jovem, que também ficaria ali, juntou suas coisas para sair. Na estação, ele percebeu que alguém de certa importância e grande respeito estaria chegando, porque havia uma enorme recepção organizada com músicas instrumentais, fogos de artifício e discurso. Parou para ver . . . Era Gandhi quem chegava . . .
Ele então, juntou-se a multidão para recepcionar o ídolo. Só quando avistou o homenageado, é que se deu conta que o passageiro a quem havia respondido de maneira tão descortês e insolente, era exatamente aquele que havia enaltecido com tanta veemência através das suas canções. Ele não conhecia Gandhi, mas certamente entendeu que para ele, de nada significaram suas músicas e cântico.
Essa experiência pode muito bem ser aplicada em relação a Deus.
Pois, muitos procuram apresentar-Lhe honra e louvor superficiais, “honram-Lhe com os lábios; e o coração, porém, está longe Dele.”
 
“Os templos, as igrejas e centros espíritas estão lotados, mas poucos, muito poucos, compreendem e praticam o que se estuda e se ouve, enquanto fora dos círculos religiosos encontramos muitas almas que praticam a reforma íntima trabalhando anonimamente pelo bem e pela caridade.”
(Padre Vítor)

Observação: Podemos seguir qualquer religião e seus cultos exteriores, mas não nos esqueçamos da reforma íntima, educando nossos instintos inferiores, e revendo nossos valores. 

sexta-feira, 24 de julho de 2015


Defenda-se

Não converta seus ouvidos num paiol de boatos.

A intriga é uma víbora que se aninhará em sua alma.

*

Não transforme seus olhos em óculos da maledicência.

As imagens que você corromper viverão corruptas na tela de sua mente.

*

Não faça de suas mãos lanças para lutar sem proveito.

Use-as na sementeira do bem.

*

Não menospreze suas faculdades criadoras, centralizando-as nos prazeres fáceis.

Você responderá pelo que fizer delas.

*

Não condene sua imaginação às excitações permanentes.

Suas criações inferiores atormentarão seu mundo íntimo.

*

Não conduza seus sentimentos à volúpia de sofrer.

Ensine-os a gozar o prazer de servir.

*

Não procure o caminho do paraíso, indicando aos outros a estrada para o inferno.

A senda para o Céu será construída dentro de você mesmo

André Luiz.

quarta-feira, 22 de julho de 2015


Um Quarto de Hora


Quando tiveres um quarto de hora à disposição, reflete nos benefícios que podes espalhar.

*

Recorda o diálogo afetivo com que refaças o bom-ânimo de algum familiar, dentro da própria casa; das palavras de paz e amor que o amigo enfermo espera de tua presença; de auxiliar em alguma tarefa que te aguarde o esforço para a limpeza ou o reconforto do próprio lar; da conversação edificante com uma criança desprotegida que te conduzirá para a frente as sugestões de boa vontade; de estender algum adubo à essa ou aquela planta que se te faz útil; e do encontro amistoso, em que a tua opinião generosa consiga favorecer a solução do problema de alguém.

*

Quinze minutos sem compromisso são quinze opções na construção do bem.

*

Nâo nos esqueçamos de que a floresta se levantou de sementes quase invisíveis, de que o rio se forma das fontes pequeninas e de que a luz do Céu, em nós mesmos, começa de pequeninos raios de amor a se nos irradiarem do coração.

Meimei

terça-feira, 21 de julho de 2015


Compreensão

A compreensão é faculdade que melhor contribui para o êxito do relacionamento humano, por facultar à outra pessoa a vigência dos seus valores positivos e perturbadores. Ela reflete o grande desenvolvimento espiritual pelo que concede a quem lhe busca apoio, orientação, quando em conjunturas difíceis.

A compreensão abre o leque da fraternidade ensejando recursos terapêuticos necessários, conforme o caso que lhe chegue ao conhecimento. Sem anuir a todas as propostas, ou sem rejeição adrede estabelecida, favorece a percepção do que se apresenta, na forma como se manifesta.

Levado pelo instinto gregário, e porque sociável, o ser humano necessita de convívio, intercâmbio saudável, a fim de receber e propiciar estímulos que levam ao desenvolvimento.

Por inúmeros fatores, a compreensão humana em torno das limitações e problemas dos outros diminui, escasseia, tornando-se necessária e sendo rara.

Na imperiosa ânsia de estabelecer comunicação, os indivíduos buscam-se para o relacionamento e anseiam por desvelarem-se uns aos outros. No entanto, grassa nos corações um grande medo de se deixarem identificar. O que são, constitui-lhes tesouro afligente e temem vê-lo atirado fora. A forma de ser difere da imagem que exteriorizam e receiam perdê-la, naturalmente porque não se esperam receber compreensão.

O mundo está repleto de pessoas surdas que conversam; de convivências mudas, que se expressam.

Fala-se muito sobre nada e dialoga-se em demasia sobre coisa nenhuma, resolvendo-se uma larga fatia de problemas, que permanece...

Quando alguém se te acerque e fale, procura ouvi-lo e registrar- lhe a palavra. Talvez não tenhas a forma ideal para dar-lhe, nem disponhas do que ele espera de ti. Muitas vezes, ele não aguarda muito e somente fala por falar.

Concede-lhe atenção e o estimularás, facultando-lhe sentir-se alguém que desperta interesse.

Se ele resolve confiar em ti e se desvela, respeita-lhe a problemática e ajuda-o, caso tenhas como fazê-lo.

Por tua vez, vence o medo de te revelares. Certamente, não abdicarás da prudência nem do equilíbrio; no entanto é saudável dialogar, descerrar painéis escondidos pelo ego ou mascarados para refletirem imagens irreais.

Na tua condição de criatura humana frágil, a convivência honesta com outras pessoas contribuirá eficazmente para a tua harmonização íntima.

Assim, torna-te compreensivo, paciente, um terapeuta fraternal.

Não cries estereótipos, nem fixes pessoas a imagens que resultam de momentos.

Todos estamos em contínuas transformações e nem sempre se é hoje o que ontem se aparentava. Novas experiências e lições vieram juntar-se à pessoa de antes, qual ocorre contigo. É o inexorável imperativo do progresso em ação.

Compreendendo o teu próximo e relacionando-te com ele, serás mais bondoso para contigo; percebendo-lhe a fragilidade, serás mais atencioso para com os teus limites e buscarás crescer, amando e amando-te mais.

Joanna de Ângelis.  

 

segunda-feira, 20 de julho de 2015



Escrito por M:.G:.

Venerável Mestre,


Meus muito queridos Irmãos em todos os seus Graus e Qualidades
Da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues:

Maçonaria e Intervenção na Sociedade

"Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu Mundo", como escreveu Wittgenstein é a epígrafe desta minha primeira prancha, que submeto ao superior juízo dos meus Irmãos da Respeitável Loja de Mestre Affonso Domingues, loja perfeita que me deu a honra de a integrar.

De facto, a minha linguagem, limitada até há pouco ao meu parco mundo profano, é a que consegui, até agora, organizar. Creio vir a ter outra, um dia, bem mais acertada e rica, orientada pelos princípios e sabedoria da Maçonaria, que, perto dos 68 anos, recorrendo aos meus restos de vitalidade, pedi para abraçar.

No seu seio vou reflectir, palavra que significa, afinal, mudar de direcção, isto é, melhor dizendo, procurar estar apto a fazê-lo.

Eu, pedra bruta, com a vossa ajuda, iniciei o meu afeiçoamento e aprenderei a construir. Recorro à alegoria da caverna e digo: de lá saí. Mas foi há pouco e embora já Filho da Luz ainda ao seu resplendor me estou a habituar, para reconhecer muito do que me rodeia e deficientemente identificava.

Lembrar-me-ei, para sempre, do momento em que, na Câmara de Reflexão, perante o enxofre, o sal e o mercúrio, li "visita o interior da terra, e rectificando, descobrirás a pedra oculta"("visita interiora terrae, rectificandoque, invenies occultum lapidem"), bela fórmula de me convidar a conhecer o meu íntimo, dobrar-me sobre o próprio eu e concentrar-me.

A bibliografia maçónica assinala que o verdadeiro Maçon protegerá, mesmo com o perigo da própria vida, os seus Irmãos. Fá-lo-ei, se for caso disso, afirmo-vos solenemente. E é, agora, o momento de vos agradecer terem-me aceite para ficar convosco. Em primeiro lugar, ao meu Venerável Mestre, por quem daria a vida desde que acumulei os anos suficientes para conhecer, ainda na vida profana, a sua dimensão interior, pois sei ter veiculado o meu pedido de iniciação na Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues. Depois, aos meus benévolos Inquiridores; e, obviamente, aos meus Irmãos Mestres, que resolveram conceder-me a oportunidade de com eles partilhar a vida neste Templo – em particular ao Irmão Mestre A:. D:., que me amparou tão carinhosamente, ao Irmão Mestre R:. B:., que me transmitiu as palavras e os toques secretos, corrector rigoroso das minhas faltas rituais e cuja intervenção em Loja observo com muita atenção e ao Irmão Mestre 2º Vigilante, que me incentivou, com enorme envolvimento e cuidados, eu diria ternura, a estar hoje, aqui, a oferecer-vos – pobre oferta! – a minha primeira prancha. Queria agradecer, também como melómano, ao Irmão Organista (e em outras amplas qualidades) J:. R:., que de modo tão sensível nos envolve em ajustadas atmosferas sonoras.

Posto isto, falar-vos-ei de algumas inquietações que de há muito invadem o meu espírito, e se prendem com as atitudes e o comportamento concreto dos Maçons nos tempos que correm, em função do seu obrigatório papel exemplar e orientador. Claro que não tenho dúvidas de não ser nem o primeiro nem o último a abordar esta matéria no quadro da nossa Obediência. Tais inquietações têm a ver, singelamente, com o seu grau de empenhamento como cidadãos, "a priori" superiormente esclarecidos.

Que faz um Maçon perante o evoluir ou o regredir da Sociedade onde se movimenta e como com ela interage?

Recorro ao caso de um histórico Maçon português, que altos desígnios fizeram um dos grandes amigos de meu Pai, e do qual ouvi, pela primeira vez, as palavras Maçon e Maçonaria, um Mestre que acompanhou todo o meu despertar para a complexidade da Vida. Se o Maçon for como ele, terá o atributo da Coragem que vos caracteriza, e o levou ao sacrifício absoluto pela causa da Democracia, por tantos objecto de invocação hipócrita, contra o obscurantismo, pondo a sua vida em risco. Se o Maçon for como ele, fará o exercício resguardado e em Discrição da Bondade, não a sua demonstração pública. Discrição e Bondade que são, devem ser, atributos maçónicos.

Dizia Beethoven, - que a investigação aponta, quase com certeza absoluta, como maçon e o grande ensaísta Hans Keller, citado por George Steiner, defende ser a maior personalidade de que há registo na História do Homem - constituir a Bondade a qualidade que mais o impressionava. Não falava ele, decerto, nem eu falo, de uma bondade esgotada no gesto visível, mas na Bondade que torna possível ao Outro "um fazer" e "um seguimento".

Uma norma bem clarividente da Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal é o impedimento, em trabalhos maçónicos, de discussões políticas ou religiosas, como enfraquecedoras da coesão dos Irmãos nos seus trabalhos em Loja. Mas (e este "mas" não tem, aqui, o sentido de uma contraposição) sabemos que à Maçonaria, nas suas diversas e autênticas Obediências, repugna o silêncio violentador das vozes abafadas; e sabemos, também, que tem de exigir - a História o regista -, sendo Iniciática e Esotérica, um Estado de Direito, que não será inútil, como o fazem e fizeram alguns precavidos juristas, qualificar de Direito Justo. Por este Estado, ou pelo que de mais próximo houve, em cada época, lutaram os nossos maiores.

Por conseguinte, fora do trabalho maçónico, de esforço para a convergência, o Maçon tem de ser, na serenidade e na firmeza, um cidadão vigilante e um adversário dos que corroem, pelo desinteresse e egoísmo, o avanço social. O Maçon tem de estar atento a qualquer sinal denunciador de atentados à Liberdade, pois é a Liberdade condição do Indivíduo Social. O Maçon tem de estar atento às manifestações de autoritarismo intimidatório nos círculos que frequenta, nas sociedades em que participa, para assim defender a autoridade saneadora e a disciplina produtiva. Deste modo, propiciará o progresso das Comunidades como conjuntos solidários.
O Maçon é, por todas as razões que o levaram a essa qualidade, um participante da Polis, agregadora de Cidadãos. Lembro o severo veredicto de Aristóteles: o desinteressado da Política, da organização social é um não homem.

Perante a questão primordial da Liberdade integrante do Estado de Direito, o Maçon tem de ser, por princípio, proactivo, guardando a reactividade para acontecimentos emergentes que o atinjam inesperadamente. De facto, a observação da autoridade constituída não é acto inerte e implica dupla atenção: pode ter deixado de ser legítima e pode ter desmerecido o respeito da Sociedade.

A tolerância dos Maçons, que tanto é invocada, suscita-me um comentário, que advém do aviso contido no significado da palavra: tolerância quer dizer suportar de modo constante. Suportar deste jeito é possível com o fanático? Viajemos à origem desta palavra. Fanático é o que serve um templo de modo delirante, seja em que missão, tarefa, desempenho pessoal ou grupal for. A tolerância não pode transigir com o fanatismo.

Beneficiamos, hoje, do sacrifício, em muitos casos da própria vida, de muitos Maçons contra ignominiosas condições provocadas por humanos contra humanos, por dominadores sobre dominados, por passadista contra progressistas.

Lincoln e Franklin Roosevelt, o Marquês de Pombal, Jean Moulin, Pierre Mendès-France, Salvador Allende são casos de Maçons de excepção; pelas entregas totais às suas missões, pelo que fizeram pelos povos que serviam, podem-nos iluminar caminhos e servir de modelos.

Que o empolgante e belíssimo discurso do genial Chaplin, outro Maçon, no fim do seu filme "O Grande Ditador, realizado em plena força do Nazi-Fascismo, nos possa recordar, sempre, que a nossa luta deve continuar preocupada com a construção de uma sociedade mais justa, alicerçada em Estados de Direito. Estados que nunca mais ponham em causa o contributo maçónico para que o Homem se interprete melhor, conheça melhor o Mundo onde está, e aceite com naturalidade outros Mundos com os quais, estou em absoluto convicto, um dia contactará. Sob o supremo olhar do Grande Arquitecto do Universo, que nos enche o Espírito, os Templos e as casas onde nos abrigamos de Felicidade.

M:.G:. - A:.M:. - R:.L:.M:.A:.D:.