quarta-feira, 30 de setembro de 2020

 

Breve Nota

 

É importante caminhar.

Mais é muito mais saber para onde.

É importante enxergar.

Mais é muito mais saber para que.

É importante falar.

Mais é muito saber como.

É importante escutar.

Mas é muito mais saber discernir.

É importante vencer

Mas é muito mais saber estender as mãos a quem perdeu.

É importante viver.

Mas é muito mais saber conviver.

Tudo o que for bom é importante, mas para Deus o que mais importa é que sejas realmente bom.

 

 Albino Teixeira

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 CARIDADE


"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".
 

"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."

"E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria".

"A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; não trata com leviandade; não se ensoberbece".

"Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade".

"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade." 

 

(Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 ao 13).

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

 


MATURIDADE

 

 Albino Teixeira

 

Se já prestamos serviço sem perguntar se a criatura está precisando...

Se já auxiliamos nas boas obras sem aguardar recompensa...

Se procuramos o trabalho que nos compete sem rogar que outros nos substituam nas próprias obrigações...

Se não registramos ressentimentos...

Se cooperamos espontaneamente em favor do próximo...

Se buscamos a própria renovação sem esperar que os outros bitolem emoções e ideias pelo nosso coração ou pela nossa cabeça...

Se estudamos os problemas da existência e do Espírito sem que ninguém nos obrigue a isso...

Se amamos sem cogitar se os outros nos amam...

Se reconhecemos que a nossa liberdade unicamente é válida pelo dever que cumprimos...

Se já sabemos esquecer o mal, para valorizar o bem...

Se já conseguimos calar todos os assuntos que induzam à intranquilidade e ao pessimismo...

Então estaremos atingindo as faixas benditas da maturidade com a Via Superior.

 

(Anotações: Ao nos respondermos com ‘uma’ confirmação a qualquer uma das indagações acima; estaremos caminhando! Caso seja para ‘mais de uma’; já caminhamos um trecho da estrada! Eventualmente poderemos nos confundir e responder ‘todas’, e certamente estaremos enganados, pois somente ao fim da estrada é que será possível dizer ‘sim’ para todas as indagações...)

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

 

VIOLÊNCIA

 Hilário Silva

 

Não se queixe da vida.

Trabalhe e conserve bondade e paciência para com todos:

Um humano irritado visitava extenso pomar, descarregando o próprio azedume nas árvores, sacudindo-as intempestivamente.

Muitos troncos amigos aceitaram a injúria com serenidade. Uma jaqueira, porém, ao ser rudemente agitada, sem querer, deixou cair um de seus frutos sobre a cabeça do agressor, causando-lhe o hematoma que lhe precedeu a morte.

 

 

(Anotações: O irmão Hilário Silva nos apresenta um exemplo material e suas consequências, e nós devemos transportar esse exemplo para ser de valor espiritual. Dá para avaliar os problemas que o Espírito terá ao acordar no mundo espiritual...)

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

 


O ESPÍRITO DE SISTEMA E AS NOVAS VERDADES

 

“Veio João não comendo nem bebendo, e dizem: Ele tem demônio. Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis um homem glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! E contudo a sabedoria é justificada pelas suas obras.”

(Mateus, XI, 18-19.)

 

“Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mundo falava e via. E toda a multidão, admirada, dizia: É este porventura, o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expele os demônios senão por Belzebu, chefe dos demônios.”

(Mateus, XII, 22-24.)

 

O mundo não tem progredido senão à custa de lutas e sofrimentos. Todas, as novas descobertas, todas as grandes verdades, todos os grandes homens não têm conseguido exercer a sua missão no nosso planeta senão com grandes sacrifícios e depois de uma luta terrível contra o espírito de ignorância, que ensombra todas as camadas sociais!

Percorrendo atentamente as páginas dos Evangelhos, vemos a luta incessante que Jesus sustentou contra o espírito de sistema que compunha, não só a classe sacerdotal, mas também a classe doutoral do seu tempo.

Nos Atos dos Apóstolos acham-se narradas as perseguições que sofreram os discípulos do Mestre Nazareno, que também enfrentaram não menores lutas com os “sábios” daquela época.

Mas não foram só eles que se sacrificaram neste mundo em que os grandes são os depositários das crenças avoengas.

Cada jato de luz que vibra na mansão das trevas agita os ignorantes sistemáticos, assim como os lampejos do Sol alvoroça os morcegos e as corujas que só se comprazem com a noite.

A árvore secular das idéias sistemáticas e preconcebidas dos nossos avós não pode cair com um ligeiro sopro, assim como a árvore dos bosques não cai ao primeiro golpe do machado; é preciso muitas “machadadas” e grande trabalho para arrasar a floresta inculta das concepções humanas. E o progresso não se faz de uma vez; vem paulatina, gradativamente, presenteando-nos com suas generosas dádivas, para que, ofertando aos poucos seus inestimáveis dons, nos tornemos afeitos ao trabalho e ao es tudo, fonte principal de todo o entendimento humano.

Que tem sido a vida de todos os grandes homens que nos têm legado o bem-estar que agora possuímos? Aí está a História, de cujas páginas não se poderá excluir uma só letra, e que demonstra o quanto pode o espírito de classe, os conservadores de rotina unidos aos poderes conjugados do papado.

Disse um sábio contemporâneo, falando de Allan Kardec: “Aquele que se adiantou cem anos a seus contemporâneos, precisa de mais cem anos para ser compreendido”.

Esta verdade se reflete em todas as épocas históricas.

Antes do Cristo, Sócrates havia sido consumado pela sicuta, por causa da sua doutrina, precursora do Cristianismo. E depois do Cristo, quantos suplícios infligiram aos Apóstolos, quer no ramo da Ciência, quer no ramo da Religião! É quase incalculável o número de mártires que passaram pelo batismo da perseguição.

Galileu teve de reparar a “insólita pretensão” que teve de ver a Terra girar em torno de seu eixo, fato este ensinado atualmente no mundo todo e abraçado pela Congregação Papalina, que, afinal, abjurou a crença antiga de “parada do Sol por ordem de Josué”.

Giordano Bruno foi queimado vivo por afirmar a existência de outros mundos.

Bailly, o célebre astrônomo francês, e Lavoisier, o grande químico, foram guilhotinados durante a Revolução Francesa; Priestley, Pai da Química Moderna, viu incendiada a sua casa e destruída a sua biblioteca, entre exclamações da populaça inconsciente: “Não queremos mais filósofos!”

Com grande dificuldade lutou Cristóvão Colombo para nos deixar este grande legado, a América, onde nascemos, donde tiramos o pão cotidiano, e onde atualmente vivemos!

Quando Arago apresentou à Academia o seu trabalho sobre a navegação a vapor, levantou-se uma tempestade tão grande que quase a sua descoberta naufragou entre apupos e maldições da gente sábia!

A Lei da Gravitação foi considerada uma heresia, uma blasfêmia contra os ensinos ortodoxos, e Newton não pode escapar ao desprezo de grande número dos seus contemporâneos.

Os estudos da eletricidade dinâmica, feitos por Galvani, foram repelidos pelo mundo; entretanto, todos nós hoje gozamos, não só desta descoberta, como também de todas as que nos proporcionam comodidade e bem-estar. É que a Verdade termina sempre pelo triunfo, e quando ela começa a iluminar, os obstáculos não conseguem senão retardar-lhe a marcha, mas chegado o termo, vem a vitória!

Quanto tempo levou em lutas o magnetismo, antes que os sábios lhe abrissem as portas das academias?

Mas os fatos se impunham e a verdade conseguiu triunfar na luta que lhe moviam seus perseguidores.

Pois bem; todas essas lutas, essas perseguições, esses trabalhos que sofreram as grandes verdades e seus defensores, se têm repetido em relação ao Espiritismo e aos seus seguidores.

Uns acoimam-no de diabólico; outros dizem que ele produz loucura; outros que é contrário à Religião. São as mil bocas da ignorância falando do que não estudaram!

São as investidas do espírito de sistema contra as novas idéias, que vêm desenraizar erros, decepar a árvore secular da ignorância, causa de todos os sofrimentos na Terra.

Enfim, o mundo não se transforma sem lutas; é da luta que vem a vitória e, então, a verdade aparece.

Nos tempos antigos, como hoje, a luz não pode ser trevas. O argumento demoníaco está ainda muito valorizado pelos sectários. Mas estão próximos os tempos em que a Verdade dominará, guiando os homens para os seus destinos imortais!

 

Cairbar Schutel

 

Parábolas e Ensinos de Jesus

 

(1ª Edição -1928)

 Energia e Brandura

 

No caminho da vida, há que se aprender com a própria vida.

 

Na marcha do dia-a-dia, urge harmonizar as manifestações de nossas qualidades com o espírito de proporção e proveito, a fim de que o extremismo não nos imponha acidentes, no trânsito de nossas tarefas e relações.

Energia na fé; não demais que tombe em fanatismo.

Brandura na bondade; não demais que entremostre relaxamento.

Energia na convicção; não demais que se transforme em teimosia.

Brandura na humildade; não demais que degenere em servilismo.

Energia na justiça; não demais que seja crueldade.

Brandura na gentileza; não demais que denuncie bajulação.

Energia na sinceridade; não demais que descambe no desrespeito.

Brandura na paz; não demais que se acomode em preguiça.

Energia na coragem; não demais que se faça temeridade.

Brandura na prudência; não demais que se recolha ao comodismo.

No caminho da vida, há que se aprender com a própria vida.

Vejamos o carro moderno nas viagens de hoje: nem passo a passo, porque isso seria ignorar o progresso, diante do motor, e nem velocidade além dos limites justos, o que seria abusar do motor para descer ao desastre e à morte prematura.

Em tudo equilíbrio, porque, se tivermos equilíbrio, asseguraremos, em toda parte e em qualquer tempo, a presença da caridade e da paciência, em nós mesmos, as duas guardiãs capazes de garantir-nos trajeto seguro e chegada feliz.

 

EMMANUEL


domingo, 20 de setembro de 2020

 

PERGUNTA NO AR


Em tempo algum, ser-nos-ia lícito subestimar a importância da Ciência na Terra, fonte de conhecimento superior e de segurança para o reconforto e progresso da Civilização.

- O –

Entretanto, anotemos:

Se a inteligência humana estabelecesse, de inesperado, o intercâmbio do Plano Terrestre com outros mundos da nossa galáxia...

Se aproveitasse, de momento, todo o poder das forças cósmicas que a rodeiam...

Se empregasse, de improviso, a totalidade das energias solares...

Se conseguisse meios para curar qualquer tipo de moléstias que afligem a Humanidade...

Se penetrasse as complexidades da embriologia, comandando com segurança as ocorrências mais íntimas da gênese do corpo físico...

Se dominasse a velocidade, sem sacrifícios, a ponto de transportar-se, em alguns minutos, de pólo à pólo do mundo...

Se recebesse repentinamente a visita de seres materializados de outros orbes...

Se governasse os recursos telepáticos e mediúnicos da personalidade, criando a comunicação clara e fácil entre pessoas e nações, unicamente na base da transmissão pura e simples...

Se obtivesse demonstrações matemáticas da sobrevivência da alma, após a morte, tão-somente manobrando pesquisas e instrumentos de abordagem sutil da matéria, em outras modalidades vibratórias...

Se dispusesse de todos os prodígios a que nos referimos, sem a prática das lições que o Cristo nos legou, através da própria exemplificação, ensinando-nos a viver, compreendendo-nos e auxiliando-nos uns aos outros, quem poderá dizer que o problema da paz e da felicidade entre as criaturas estaria resolvido?

Emmanuel

Livro "Tocando o Barco" - Psicografia Francisco Candido Xavier.

sábado, 19 de setembro de 2020

 

Caridade e Jesus

Emmanuel

 

A história do Bom Samaritano, ainda hoje, compele-nos a reconhecer na caridade o caminho aberto por Jesus à união e à paz, entre as criaturas, e não antes dele.

 

Os papiros do Egito ancião não se reportam a qualquer sentimento, qual o da Parábola, capaz de reunir corações estranhos uns aos outros.

 

Os documentários de Roma Imperial não evidenciam qualquer vestígio de semelhante demonstração de calor humano.

 

As páginas da Grécia antiga, conquanto se definam, até agora, por ápices da cultura filosófica de todos os tempos, não nos revelam indícios desse amor ao próximo, desacompanhado de indagações.

 

Arquivos de povos outros que passaram na Terra, antes do Cristo, não revelam qualquer sinal desse imperativo de amparo imediato a necessitados que se desconheça.

 

Jesus, porém, com a história do Samaritano generoso, inaugura um mundo novo no campo emotivo da Humanidade, com base na assistência a qualquer irmão do caminho terrestre, que se veja em calamidade e penúria, sem distinção de credo e raça.

 

Caridade, onde esteja, é a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Sempre que te detenhas a contemplar um hospital ou um lar consagrado aos desprotegidos, uma instituição de auxílio social ou de socorro fraterno, eleva o pensamento à Bondade Divina em sinal de louvor e colabora, quanto puderes, em benefício dos outros.

 

Através do ensinamento do Senhor, todas as criaturas válidas são naturalmente chamadas pelas Leis de Deus, à sustentação possível daquelas outras que estejam caídas em provação.

 

E sempre que te observes, à frente de quaisquer dessas obras dedicadas à compreensão e ao amor, recorda que te achas, perante a irradiação da Luz Divina, ou mais propriamente, ante a Caridade e Jesus.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

 

UMA INVESTIGAÇÃO CONSTANTE DA VERDADE

UMA INVESTIGAÇÃO CONSTANTE DA VERDADE

Por Pedro Campos de Miranda



Os sábios antigos criam em que o homem não possuía a Verdade, senão quando esta se tornava parte do seu íntimo, um ato espontâneo de sua alma. (Edouard Schuré)

Um dos maiores postulados da Maçonaria é garantir ao homem o direito de investigação constante da Verdade. Mas o que é a Verdade, afinal? Quando nos encontramos com o dono da verdade, vemo-nos numa situação desagradável. Felizmente, nossa Instituição ensina-nos igualmente o exercício do tolerância. Ao deparamos com alguém assim, ao invés de discutir com o homem que tem certeza, que afirma saber muito mais do que todos; que pensa que os outros não têm inteligência, só nos resta elevar nossos pensamentos ao Grande Arquiteto do Universo, pedindo-Lhe iluminar a mente de quem procura a Verdade na estrada errada, viajando em companhia da arrogância e do desrespeito a quem o ouve. Quem ama realmente a humanidade não tem outro sentimento com relação a tal pessoa senão o da compaixão, pois a Verdade é uma realidade multifacial e haverá sempre uma face dela a ser descoberta por nós. Por isso, serem os maçons sempre estimulados à sua investigação constante.

Se pudéssemos conversar com um elefante e lhe pedíssemos que nos descrevesse uma formiga, certamente que o paquiderme nos diria que a formiga é um inseto bem pequeno. Mas se nos fosse permitido inverter a situação e nos dirigíssemos a uma bactéria com o mesmo pedido, ela nos diria que a formiga tem um corpo imenso. Ambos estão sendo absolutamente sinceros, pelo que lhes foi possível perceber. Da mesma forma, haverá sempre alguém que nos poderá mostrar uma face da Verdade que lhe foi dado observar ou descobrir. A prudência e a humildade poderão ajudar-nos a reconhecer nos outros o direito de interpretação do que experimentaram. Reunindo-se entre pessoas de níveis culturais e de experiências de vida diferentes e podendo expressar livremente seus pensamentos, o maçom tem muito mais oportunidade de avançar no conhecimento de outras faces da Verdade.

Jesus Cristo disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará!” O Divino Mestre não se referiu àquela verdade de conveniência, própria de um político. O importante não é o fato. É a sua versão! Jesus quis nos falar da verdade alimentada pela pureza de intenções, pelo.amor verdadeiro, pela sinceridade. No plano da Justiça Divina, como nos alerta a Maçonaria, nossas intenções e nossos esforços vão ser apropriadamente considerados na confrontação dos débitos e créditos. Então temos que nos preocupar com a auto-realização. Daí, ser importante para os maçons procurarem a Verdade na intenção do nosso aperfeiçoamento, captando bem uma das lições que Sidharta Gautama, o Buda, nos legou: “O conhecimento da verdade elimina todo o mal!”

A primeira verdade que o maçom procura conhecer é sobre si mesmo, examinando cuidadosamente seus hábitos, sua escala de valores, seus defeitos. Conhecê-los e dominá-los dá-nos o direito de prosseguirmos investigando a verdade. De maneira serena, de modo incansável, consciente de que a escada que nos leva à verdadeira sabedoria é infindável; pois quando chegarmos onde imaginamos ser seu fim, descobriremos que há muitos outros lances de degraus mais acima.

Nunca devemos nos utilizar do conhecimento de uma face da Verdade que possuirmos para afrontar a quem quer que seja. Nossa tarefa não está terminada com o pouco que aprendemos. A eternidade espera-nos para conhecermos muito mais. A verdade está num estado consciente e constante de observação e na janela que o tempo nos abre. Carl Gustav Jung ensinou-nos que há coisas que ainda não são verdadeiras, que ainda não adquiriram o direito de ser verdadeiras, mas que um dia poderão ser verdadeiras!

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

domingo, 6 de setembro de 2020

 

HISTÓRIA DE UM CÃO

 

 Falávamos de amor, de heroísmo e ternura,

 Nos caminhos da Terra, em lutas naturais,

Quando um amigo lembrou: “não se deve esquecer

O amor dos animais”.

 

E contou comovido:

- Quando na Terra, um pobre cão rafeiro

Que eu nunca soube de onde vinha,

Fez-se meu companheiro

Na tapera isolada que eu mantinha.

Era um cão vagabundo, um desses cães,

Cujo medo de banho desconsola,

Vendo-lhe a boca enorme e as bochechas caídas,

As crianças chamavam-no Beiçola.

Bernento e preguiçoso, muitas vezes,

Procurei desterrá-lo,

Mas Beiçola voltava e me seguia

Estivesse eu a pé ou trotando a cavalo.

Já não sabia o que fazer do cão,

Que já me habituara a suportar

Num misto de amizade e de aversão.

Certa manhã de Sábado, eu devia,

Ir do campo à cidade,

A fim de resgatar antiga conta

Cujo prazo vencia.

Montei no meu pequira muito cedo

De merenda robusta na sacola,

E pus-me alegremente no caminho

Acompanhado por Beiçola.

Desmontei-me às dez horas para o almoço,

Transportando a merenda para baixo,

Ao pé de velha ponte que cobria Um pequeno riacho...

Alimentei-me à farta e dei ao cão

Tudo que me sobrou da refeição...

Tomei de novo a montaria

Açoitei o animal para seguir depressa,

O débito a pagar daquele dia,

Mas uma cena estranha então começa.

Beiçola, de ordinário, pachorrento,

Intentava correr, de lado a lado,

Em uivos e latidos...

Depois correu à frente,

Como a querer parar o pequira assustado.

O cão dependurava-se nos freios,

 Enquanto eu lhe gritava nomes feios;

Espanquei-o a chicote, mas em vão...

E cansado de vê-lo a pular, doidamente,

Concluir, de repente,

Que a doença da raiva atacara meu cão...

Agi sem medo, rápido e seguro,

Dei-lhe um tiro com o fim de elimina-lo,

De modo a defender-me e a livrar meu cavalo.

Beiçola então soltou doloroso gemido,

Caminhou para trás, claramente ferido,

Enquanto fui em frente...

Mas atingindo o banco e buscando o gerente,

A fim de resgatar a minha conta inteira,

Debalde procurei minha carteira...

No assombro que me toma,

Notei que me faltava grande soma...

Decerto que perdera o dinheiro em caminho

Pois saíra com ele da fazenda...

Deliberei voltar ao local da merenda,

Pedi ao chefe amigo aguardar mais um pouco

E aflito, semi louco,

Remontei o cavalo e voltei de corrida...

Regressando ao lugar em que estivera...

E o amigo rematou, emocionado:

- Só então compreendi quão ingrato que eu era...

 Sabem o que encontrei?

Após seguir pequeno espaço

Todo ele marcado em sangue, traço a traço,

Achei Beiçola já sem vida...

E ao arrasta-lo para um canto,

Vi, sob o corpo dele, a estremecer de espanto,

A carteira perdida...

Ah! Como me doeu o coração De susto e de emoção!...

Não sei dizer tudo o que sinto,

Por muito que lhes conte,

Meu pobre cão rafeiro,

Cuja lembrança está sempre comigo,

Arrastou-se ferido e, após ganhar a ponte,

Morreu fiel e amigo, Guardando o meu dinheiro.

 

Maria Dolores

sábado, 5 de setembro de 2020

 


A arte de não adoecer

Dr. Dráuzio Varella


Se não quiser adoecer ..."Fale de seus sentimentos"

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.


Se não quiser adoecer..."Tome decisão"

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.


Se não quiser adoecer... "Busque soluções"

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.


Se não quiser adoecer... "Não viva de aparências"

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.


Se não quiser adoecer... "Aceite-se"

A rejeição a si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.


Se não quiser adoecer..."Confie"

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.


Se não quiser adoecer... "Não viva sempre triste"

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

 

Recebeste a luz?


“Recebestes o Espírito Santo quando crestes?” – (Atos, 19:2.)


O católico recolhe o sacramento do batismo e ganha um selo para identificação pessoal na estatística da Igreja a que pertence.

O reformista das letras evangélicas entra no mesmo cerimonial e conquista um número no cadastro religioso do templo a que se filia.

O espiritista incorpora-se a essa ou àquela entidade consagrada à nossa Doutrina Consoladora e participa verbalmente do trabalho renovador.

Todos esses aprendizes da escola cristã se reconfortam e se rejubilam.

Uns partilham o contentamento da mesa eucarística que lhes aviva a esperança no Céu; outros cantam, em conjunto, exaltando a Divina Bondade, aliciando largo material de estímulo na jornada santificante; outros, ainda, se reúnem, ao redor da prece ardente, e recebem mensagens luminosas e reveladoras de emissários celestiais, que lhes consolidam a convicção na imortalidade, além...

Todas essas posições, contudo, são de proveito, consolação e vantagem.

É imperioso reconhecer, porém, que se a semente é auxiliada pela adubação, pela água e pelo sol, é obrigada a trabalhar, dentro de si mesma, a fim de produzir.

Medita, pois, na sublimidade da indagação apostólica: “Recebeste o Espírito Santo quando creste?”

Vale-te da revelação com que a fé te beneficia e santifica o teu caminho, espalhando o bem.

Tua vida pode converter-se num manancial de bênçãos para os outros e para tua alma, se te aplicares, em verdade, ao Mestre do Amor. Lembra-te de que não és tu quem espera pela Divina Luz. É a Divina Luz, força do Céu ao teu lado, que permanece esperando por ti.

 

Emmanuel

 

Do livro Fonte Viva, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

 

CAMINHO DA PAZ

 

Dizem que um homem de fé se aproximou de Jesus e indagou, após externar-se em manifestações de júbilo e reverência:

 

 - Senhor, onde o caminho da paz? que fazer de meu filho que me arrasa a tranquilidade, atolado na rebeldia?

 

- Abençoá-lo-ás sempre - respondeu o Divino Mestre - procurando socorrê-lo com mais amor.

 

– E como agir, à frente de meu tio, aquele que me furtou a herança dos avós?

 

- Buscarás perdoá-lo, usando compaixão e esquecimento.

 

- E meu antigo sócio? de que modo proceder com esse homem que tanto me prejudicou e injuriou?

 

- Desculpa-lo-ás, orando em favor dele.

 

- Tenho quatro empregados ignorantes...

De que maneira harmonizar-me com esses companheiros problemas, se me afligem com as maiores dificuldades, dia por dia?

 

 - Saberás instruí-los.

 

 - Minha existência está repleta de perseguidores... Que fazer com essa gente cruel? –

 

Esquecerás qualquer agravo e auxiliarás em benefício de cada um, tanto quanto puderes.

 

O devoto baixou a cabeça, sentindo-se na presença da verdade, e considerou timidamente:

 

- Senhor, estou satisfeito.

 

Conta-se que Jesus afagou-lhe  a cabeça dolorida e rematou, ao despedir-se:

 

 - Então, vai, serve sempre e não perguntes mais.

 

Meimei