terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Maçonaria – Moral e Dogma

Publicado na Edição 11 em Tempo de Estudos 15 de Junho de 2010
A Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num simples ditame: “Proteja os oprimidos dos opressores; e dedique-se à honra e aos interesses de seu País”.
Maçonaria não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática. Ela requer renúncia e autocontrole. Ela apresenta uma face severa aos vícios do homem e interfere em muitos de nossos objetivos e prazeres. Penetra além da região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplêndidas máximas, alcançando as profundezas do coração, repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos vícios.
É uma luta contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde preconceitos admiráveis contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes e pelos cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos. Esse solecismo tem existido por todas as épocas. O sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertado a infidelidade e o vício. A retidão dos protestantes apregoa, frequentemente, a espiritualidade e a fé, mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação do racionalismo ultraliberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos, mas chafurda na lama de suas ações.
Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela está ausente. Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a prática ativa da virtude, da bondade, do altruísmo e da liberalidade. A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes.
Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns. Mas não há o calor vital em seus corações.
Boa parte dos homens tem sentimentos, mas não princípios. Os sentimentos são sensações temporárias, enquanto os princípios são como virtudes permanentemente impressas na alma para seu controle. Os sentimentos são vagos e involuntários; não ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. Mas os princípios são regras de conduta que moldam e controlam nossas ações. Pois é justamente neles que a Maçonaria insiste.
Nós aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; essa é a velha história das deficiências humanas. Ninguém encoraja e aplaude injustiça, fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos dos que condenam essas atitudes são culpados delas, eles mesmos.
Já nos foi dito: “Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque te condenas a ti mesmo, uma vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”
É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração deveria ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.
Os homens podem realmente, de um certo modo, interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em virtudes. Um homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no mundo profano, bom em público e mau para com a família.
Muitos desejam sinceramente ser bons maçons. Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com suas possibilidades e condições.
Quem pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho.
A operosidade jamais é infrutífera. Se não trouxer alegria com o lucro, ao menos, por mantê-lo ocupado, evitará outros males. Tem-se liberdade para fazer qualquer coisa, devemos encará-la como uma dádiva dos Céus; tem-se a predisposição de usar bem essa liberdade, então é uma dádiva da Divindade.
Maçonaria é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seu país e da Humanidade. É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados. Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do progresso e da reforma do que se deliciar nos títulos pomposos e nos autos cargos que ela confere. A Maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores interesses da Humanidade. Ela odeia o poder insolente e a usurpação desavergonhada. Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha para elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados.
A fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos meios que empregar para melhorar as condições dos povos. Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. Uma nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do povo é a grade garantia da liberdade popular. Se isso for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular.
Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. Ela não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos. Ela é o apóstolo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos. Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião. Ela se coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.
A Maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito abstrato e a justiça ideal, devem ter sua participação na elaboração das leis, na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da sociedade. Sabe o quanto a necessidade tem por prioridade nas lidas humanas. A Maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os povos, mesmo os mais retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como todos os males que afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência abjeta não mais existirão. Onde quer que um povo se capacite à liberdade e a governar-se a si próprio, aí residem as simpatias da Maçonaria.
A Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de enfraquecimento moral ou de depravação e brutalização do espírito humano. O medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus compatriotas nem um instrumento de depravação e barbarismo. Onde quer que seja, como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico mordaz para que seja julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defendê-lo, ainda que à vista do cadafalso e das baionetas do tirano.
O maçom prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e ser impedido de realizar o que deve.
Se ele tiver dado o menor impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da dependência ou socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus compatriotas a obter paz, a mais preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção das leis de seu país; se ele fez sua parte, com os melhores e pautou-se pelas mais nobres ações, ele pode descansar, porque não viveu em vão.
A Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo. A resistência ao poder usurpado não é meramente um dever que o homem deve a si próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. O maçom sábio e bem informado dedicar-se-á à Liberdade e à Justiça. Estará sempre pronto a lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. Não será nunca indiferente a ele quando a Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.
O verdadeiro maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. Nada conduz mais à glória e à beleza de um país do que ter a justiça administrada a todos de igual modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.
Não se esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o fraco contra o truculento.

http://www.revistauniversomaconico.com.br/tempo-de-estudos/maconaria-moral-e-dogma/

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CONFRATERNIZAÇÃO DE NATAL E ANO NOVO  

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

“Luz para iluminar as nações”
[Lucas, 2:32]

Ele nunca escreveu um livro, todavia há hoje no mundo mais de cinquenta mil livros escritos sobre Ele.

Nunca frequentou uma faculdade, mas hoje é estudado por professores, escritores, psicólogos, sociólogos, cientistas, reis e rainhas do mundo todo.

Nunca ocupou um trono, ainda assim é o rei da humanidade.

Nunca perseguiu ninguém, no entanto foi perseguido sem tréguas, do nascimento até a morte.

Nunca usou o cajado dos profetas, entretanto é o guia e modelo da humanidade.

Nunca viajou para lugares distantes do país em que nasceu, todavia, todos os anos, milhares de pessoas, das mais diversas nações, viajam milhares de quilômetros para visitar o país em que Ele nasceu e os lugares por onde Ele andou.

Não era médico, mas curou cegos, leprosos e paralíticos.

Não era mágico, mas multiplicou pães e peixes.

Não era juiz, mas absolveu a mulher adúltera.

Não deixou nada escrito, mas sua palavra passou a ser ouvida no mundo inteiro.

Teve inimigos, mas jamais foi inimigo de alguém.

Recusou o título de bom, mas jamais deixou de exercer a bondade.

Rejeitado pelos Seus compatriotas, estendeu Sua mensagem a todos os povos.

Senhor de todo o poder sobre a Terra, depois de Deus, nasceu numa estrebaria, andava descalço e deixou-se crucificar.

Sem finanças, sem cobertura política, sem assessores e sem armas, Ele venceu os séculos e está diante de nós tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor, à humildade.

Seu nome, Jesus de Nazaré.

Se puderes encontrá-Lo, deves segui-Lo para sempre, não importa para onde Ele vá.

Seu poder cresce com os séculos e a Sua mensagem ontem, quanto hoje e sempre, é a esperança da paz e a luz das nações.


[Texto organizado por Adelino da Silveira, composto por trechos de mensagens psicografadas pelo médium Chico Xavier]

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O prazer de envelhecer e morrer

A cada dia, manchas senis vão decorando o dorso de minha mão, como estrelas que vão surgindo no início da noite. O sorriso sendo emolduradas por bem desenhadas rugas, alegres e expressivas. Um vinco insiste em descer a cada lado do nariz em direção aos lábios. A pele vai lentamente se descolando dos músculos como se divorciasse de sua elasticidade. O sono piora e mais pareço um vaqueiro que às 4h da manhã já não cabe na cama.

E dia a dia, mês a mês, vou devolvendo a natureza, aquilo que não é meu: células, proteínas, carbonos, nitrogênios, enfim a matéria! Lenta e continuamente me despeço da juventude, do vigor, das ilusões e sonhos impossíveis. Não há mais lugar para arroubos, impulsividades, revoltas juvenis. Pouco a pouco sou dominado pela moderação, pela compreensão profunda do que vai na minha mente, coração e alma. Observo o mundo que me cerca, munido de curiosidade, sabedoria. Pouca coisa me surpreende, quase nada me incomoda, uma serenidade me acalma mesmo diante dos absurdos que abalam o mundo.

Procuro entender a tecnologia como instrumento e facilitação do cotidiano, mas sem dependência, deslumbramento ou dependência. Continuo anotando em papéis e arquivando, algo que não pega "vírus" nem é alvo de "hackers". Continuo sonhando, construindo sonhos e já consigo morar dentro de alguns deles. Ainda batalho, luto, mas me permito o descanso.

A energia da fé e a energia mental continuam firmemente aumentando, na mesma proporção que minha vitalidade e físico vão decrescendo em direção ao fim. Continuarei todos os dias buscando evoluir ate o "dia" que deixar a vida: um acidente fatal, um infarto fulminante, um câncer devastador - nada me aterroriza. Espero a morte, assim como um passageiro aguarda um trem ou um avião. Um dia chegamos, num outro partimos.

"Morrer é tão natural quanto nascer"...

"Nu viestes a esta vida, tão nu quanto viestes sairás dela, e pelo teu trabalho nada que fizestes louvarás em tuas mãos. Isto é vaidade e vento que sopra"...
 
Como nos ensina Eclesiastes. A vida é meramente um estágio, onde presos em quatro dimensões, a consciência mora num corpo material fadado a ser extinto, após inúteis vaidades, raivas, ódios, ciúmes, ressentimentos, invejas, apegos, medos, angústias e em menor proporção, a alegria, o amor, o carinho, fé, confiança, lealdade e humildade.

Morrerei, espero, serenamente! Afinal, nada nem ninguém me prende à vida material.
Amo, sou amado, sei que poucos têm antipatia, raiva, ódios de mim, mas a recíproca não é verdadeira: o perdão mora em meu coração!

Peço perdão aos que possa ter ofendido. Não sou candidato a nada, nunca fui, nunca serei. Apenas busco com minhas palestras, livros, no exercício da medicina, ser um instrumento de inteligência divina e superiores. Busco CRER e SABER! Alio minha FÉ, ao estudo científico.
Creio que há eternidade e reencontro de almas (ou "consciências não-materiais", se quiserem), daqueles que se amaram na vida terrena. E sei que há "inferno" para os que se viciaram, corromperam, traficaram, assassinaram, se apegaram a uma ilusão absoluta que é a vida terrestre e material.

No mais, cada um busque um sentido de viver, envelhecer, morrer, ser eterno!!!

Coluna Eduardo Andrade Aquino para o Jornal Super Notícias (Belo Horizonte-MG) publicada no dia 29/08/2010.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Crônica do Natal

Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria enfim...
Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.
Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.
Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.
Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma...
E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.
Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesaréia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia... Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.
Tudo era febre de expectação e ansiedade.
Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.
Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite.
Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia... Uma estrela estranha rutila no firmamento.
O Enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz.
Milícias angelicais rejubilam-se em pleno céu...
Mas nem príncipes, nem doutores, nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e sublime.
São pastores humildes que se aproximam, estendendo-lhe os braços.
Camponeses amigos trazem-lhe peles surradas.
Mulheres pobres entregam-lhe gotas de leite alvo.
E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também...
- "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os Homens!..."
Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo...
E o povo com Ele inicia uma nova era...
......................................................
É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.
Lembrando o Rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.
Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.
Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia...
Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.
Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil:
- Jesus nasceu! Jesus nasceu!...
E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente.

Irmão X

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ser ou Estar Maçom


Atualmente podemos afirmar que "Ser ou Estar alguma coisa" está se tornando
uma expressão bastante difundida, que é utilizada para identificar se uma
 
pessoa assumiu ou não seu posicionamento correto com respeito a qualquer
organização da qual participa, como por exemplo - quando desempenha-se um
cargo público ou legislativo, tal qual o de "Estar Ministro", entre outros
exemplos, sendo inclusive utilizado com personagens em programas
humorísticos.
Absorvendo este conceito e aplicando-o no seio de nossa Fraternidade
percebemos que todos nós "Estamos Maçons" ao procedermos nossa
Iniciação. Estamos Maçons ao frequentarmos a Loja e pagarmos as suas
mensalidades e taxas. Estamos Maçons quando participamos de uma atividade
organizada pela loja, uma atividade filantrópica, uma palestra, uma visita a
outra Loja. Ou até mesmo Estamos Maçons quando meditamos sobre o nosso
papel e partimos em busca da meditação interior em busca da verdade.
 
Mas o que é Ser Maçom ? O verbo SER não poderia ser considerado sinônimo
do verbo ESTAR. A caracterização mais expressiva é de que estar é um verbo
que indica um certo estado, portanto, há como que embutido em seu conteúdo
uma certa passividade, enquanto que o verbo ser é ativo, representa ativação.
Ser Maçom é um estado de espírito que deve caracterizar o membro presente
a toda situação em que pode ajudar e cooperar para que o mundo torne-se de
alguma forma melhor. Ser Maçom é compreender que por mais poderosas que
sejam as forças externas elas devem ser dominadas pela energia que tem
sede em sua própria personalidade.
 
Ser Maçom é ter consciência que sua presença discreta pode dar apoio a
novos projetos úteis à comunidade e constituir-se num valoroso pilar de
sustentação de valores mais nobres do indivíduo.
 
Ser Maçom é ser o eterno estudante que busca o ensinamento diário, tirando
de cada situação uma lição, e aplica com êxito os princípios estudados.
 
Desenvolve em toda oportunidade de sua intuição, sua força de vontade, sua
capacidade de ouvir e entender os outros.
 
Temos que considerar que o Ser Maçom deve, como livre pensador, questionar
o porquê de determinados acontecimentos entendendo e vivenciando nos
nosso aprendizado que palmilhamos lentamente, com passos firmes para não
tropeçar nos erros e vícios do passado, mesmo que em momentos saiamos da
trajetória para poder compreender o mundo com uma visão holística de suas
nuances.
 
O Maçom que se limita a ler ou estudar as instruções dos graus ou a literatura
disponível e não procura aplicar em sua vida diária os conceitos que lhe são
transmitidos, na busca do desbaste da Pedra Bruta, e em erigir o Templo
Interno, perde excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de
verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser útil para o seu
bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico.
 
O Ser Maçom é aquele estado em que sem abandonar os hábitos de disciplina
racional, a mente busca uma abrangência do universo, o conhecimento
intrínseco dos fenômenos que estão ocorrendo, procurando desenvolver a
sensibilidade e a compreensão das razões de estudo. O Maçom que
desenvolveu sua mente para estar atenta e acompanhar a evolução dos fatos,
sabe como conhecer as sutilezas que envolvem sua origens, é como um oleiro
que dá formas sutis ao barro bruto, enquanto que o Maçom modela sua própria
consciência num confronto com sua própria personalidade.
 
Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos que pensam e
agem de maneira diversa da nossa. Isto nos propicia excelentes oportunidades
de nos adaptarmos a estas personalidades e, sobretudo, de aprimorarmos as
formas de inter-relacionamento. A sabedoria do bem viver é despertada
quando nos conscientizamos dessas diferenças e procuramos compreender o
indivíduo através de suas particularidades. Ser Maçom é despertar este sentido
de compreensão do indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos
de dificuldades.
 
O exemplo de uma atitude mental moderada, sincera e cooperativa caracteriza
muito o Ser Maçom. E todos notam, que sob muitos aspectos, o Ser Maçom
diferencia-se como indivíduo entre todos os outros. No aprendizado inicial
aprendemos que além dos SS.'. TT.'. e PP.'. o Maçom deve ser reconhecido
pelos atos e posturas dentro da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de
maneira diuturna os nosso aprendizado e a filosofia dos postulados da Arte
Real. Sentimos que temos que desempenhar um papel mais complexo na
sociedade e dar uma contribuição positiva para que ela se torne superior.
 
Ser Maçom implica em alguma renúncias, mas a compensação que advém
deste estado de espírito especial é muito agradável. Sentimo-nos como se
fôssemos os autores da novela e não apenas os personagens passivos,
criados pelos mesmos. Temos uma participação presente e atuante, embora
que, aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado. Já se disse
que nos colocamos muito mais em evidência, quando nos mantemos como
observadores e damos a colaboração somente quando é solicitada pelos
outros, do que aqueles que procuram apresentar-se como os donos da festa.
 
Considerem sobretudo, que encontramos muitas pessoas evoluídas e que
podem ser consideradas possuídas de elevado espírito Maçom. Têm uma
expressiva vivência das coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas
decisões, mesmo se nunca se tornaram Maçons.
 
Nós estamos Maçom ao entrarmos na Ordem e Somos Maçom quando o
espírito dela entrar em nós. A diferença é muito grande, mas facilmente
perceptível.
 
Irmãos unam-nos na trilha que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para
não Estarmos Maçons, para não trilharmos a Maçonaria simplesmente
cumprindo Rituais, envergando a mera condição de um "Profano de Avental".
 
Desejo que todos avaliem como é bom SER MAÇOM!
 
Gabriel Campos de Oliveira
Divinópolis - MG


sábado, 13 de dezembro de 2014


A Viúva Ísis e a Maçonaria

Os maçons são conhecidos como “filhos da viúva” e muitos acreditam que esta denominação guarda relação com os mitos do Antigo Egito. Mas, talvez o que poucos saibam é que as raízes desta expressão e relação são muito mais abrangentes do que se espera.

Muitos maçons identificam a figura do mestre Hiram com Osíris, a Maçonaria e também as Lojas maçônicas com Ísis e os maçons com Hórus.

Em resumo, na mitologia do Antigo Egito era Osíris quem governava soberanamente as regiões produtivas. Ele não estava sozinho, tinha por companheira Ísis, Seth que governava as regiões improdutivas, que por sua vez tinha por companheira Neftis. Os quatro eram irmãos, assim como os quatro elementos (terra-ceticismo-Seth, água-criatividade-Ísis, ar-informação-Neftis e fogo-espiritualidade-Osíris). Uma noite, Neftis muito magoada pelo modo rude com que Seth a tratava, chorando no escuro jardim de Osíris é confundida por ele com Ísis e acabam concebendo uma nova vida que será Anúbis. Anúbis é abandonado à morte, mas Ísis o busca, encontra e o cria como seu próprio filho. No mito, Seth usando a vaidade (inconsciência relacionada à luz) de Osíris o encerra em uma arca (arcano) e a solta no rio Nilo (símbolo da vida sublunar, do mundo de Maya e dos reflexos, da Manifestação). Ísis então sai à procura do corpo de seu irmão e marido. Ela o encontra sob as raízes de uma enorme árvore (que nos remete à simbologia da Árvore da Vida) e o resgata. Em uma caverna (símbolo do útero da Terra), com a ajuda da magia de Thot e da força de Neftis, Ísis traz novamente Osíris à vida e em um ato de amor o casal concebe uma nova vida que será Hórus. Seth descobre e novamente coloca suas tropas para perseguir Osíris. Ele é encontrado, seu corpo esquartejado em 15 pedaços (veja a simbologia do Arcano 15 do Tarot) que são espalhados pelo Egito (o “mundo” deles). Novamente Ísis sai à procura do amado, encontra 14 (2 x 7) de suas partes, exceto seu “falo criador” que teria sido devorado por um peixe (símbolo do sexo espiritualizado ou tantra ou alquimia). Enquanto isso Hórus é criado entre escorpiões e cobras, escondido no pântano, para fugir da perseguição de Seth.

Posteriormente Hórus irá vingar seu pai Osíris derrotando Seth a custa de perder um olho. Destaca-se que Ísis no Antigo Egito simbolizava a Justiça (como Maát) e também a Abóbada Celeste (como Nuit) e seu filho podia ser considerado um “filho das estrelas” ou então um filho “divino”.

Neste mito Ísis fica viúva não somente uma, mas duas vezes. Apesar do mito egípcio ter de Osíris como ponto central, a figura heroica de toda a saga é Ísis, afinal Osíris logo no início é morto e a protagonista é Ísis, a viúva.

Durante então toda a saga a regência do Egito é de Ísis, muitas vezes usurpada por Seth, isso é verdade. Mas, por direito a Rainha regente do Egito deveria ser Ísis e o rei Hórus.

Herdamos uma cultura e civilização medieval na qual a figura feminina sequer era considerada com alma ou direitos civis (Idade Média). Muito diferentemente do passado quando cultuava o Feminino Universal como Ísis, Ishtar, Inanna ou Vênus. Na obra “O Livro de Hiram”, os maçons Christopher Knigth e Roberto Lomas explanam a relação entre a Maçonaria e o culto a Vênus na antiguidade. Pirâmides por todo o globo, inclusive as egípcias, foram construídas considerando a Geometria Sagrada (presença da Perfeição divina na Natureza) e a passagem do planeta Vênus pelo céu estrelado.

Dizem que no Antigo Egito quando ocorriam as iniciações, um dos primeiros e misteriosos ensinamentos, sussurrado pelo Irmão Iniciador nos ouvidos do neófito era que, assim como o João Batista maçônico, “Osíris é um deus morto!”. Osíris, símbolo do Sol, na verdade, assim como Jesus, rege o mundo dos mortos, o além, o mundo espiritual. Da mesma forma que Deus não tem “corpo” físico entre nós, assim como Ísis o fez, nós O podemos encontrar disperso no “interior” de sua Criação, a Natureza naturada que O concebe, nutre e vivifica o tempo todo. Vênus é exatamente a regente e símbolo da própria Criação, da natureza que hoje tanto está violentada pela humanidade em nome do progresso e da prosperidade.

Sendo a Maçonaria identificada com a Viúva, esta Ordem verdadeiramente iniciática mais do que o título de “regente de um povo” tem a OBRIGAÇÃO e a RESPONSABILIDADE de agir visando tornar feliz a humanidade (como o fazia Osíris em seu mito), lutar contra a tirania (de Seth) em todos os lugares (principalmente dentro de seus próprios templos e relações). A Ordem Maçônica deve honrar sua relação com Ísis e, principalmente, com Osíris, mantendo-se sempre pura e limpa, com foco na luz da Verdade, da Justiça, da Fraternidade, da Solidariedade e do altruísmo simbolizada por Osíris e todos os deuses solares do passado da humanidade.

Aos maçons cabe honrar sua condição de “Filhos da Viúva”, respeitando e vivendo os princípios solares, sustentando valorosamente e com muita dignidade a Viúva que é a Ordem Maçônica e, principalmente, vingando o “Pai” Osíris ao combater o ceticismo, a descrença, a falta de espiritualidade, a falta de amor e de solidariedade.

Os maçons devem honrar a simbologia com Hórus e sua condição de “regentes” lutando contra o que Seth simboliza, dentro de si mesmos, de suas próprias almas e vidas, sendo um verdadeiro exemplo vivo (à semelhança do “Pai” distante) a ser seguido. Os maçons devem merecer a condição de “regentes de um povo” conquistando pelos próprios méritos a chamada Coroa Sefirótica (ver conceito na Cabala Hebraica). Quando isso conquistarem, compreenderão que a razão de suas existências é o serviço a este seu povo, que suas questões pessoais devem ficar em segundo plano e que o Sol irradia luz, vida e calor indistintamente, sem nada cobrar ou esperar em termos de honra, crédito ou mesmo louvor ou reconhecimento. O reconhecimento só ocorre na presença da luz, da consciência que nos proporciona a possibilidade de definir contornos, cores, detalhes, etc. Na escuridão da alma nada é distinguido ou reconhecido. Somente uma alma iluminada pode conhecer e reconhecer a verdade presente em tudo. O reconhecimento então só pode ocorrer entre almas iluminadas que se identificam entre si como iluminadas, francas, verdadeiras, justas, fraternas, amorosas, altruístas e divinas.

A porta de entrada e condição inequívoca para esta condição de “reinado” é o respeito e o aprendizado com a Viúva, Ísis, Vênus, Ishtar, Inanna, ou com a Maçonaria Universal. Lembremos que o sábio rei Salomão, um dos Três Mestres que outorgavam o mestrado maçônico, reverenciou a belíssima e virgem Rainha de Sabá. Este nome significa “portal” ou “ponte”). Ela era a grande sacerdotisa de Vênus, também conhecida como “Rainha das Estrelas” que venerava o Sol. Destaca-se que o historiador Flávio Josefo, identificou a nobre visitante de Salomão como sendo a "Rainha do Egito e da Etiópia".

Em outra correlação, pode-se entender que a alma do maçom se identifica com Ísis que busca a luz da verdade de Osíris para tomar consciência de sua condição de filho das estrelas ou de sua origem e missão divina.

Juarez de Fausto Prestupa

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Beleza

Reserva um breve espaço de tempo entre os teus deveres para a beleza.


Desperta cedo, a fim de acompanhar o nascer do dia, embriagando-te com a pujança da luz.


Caminha por um bosque, silenciosamente, aspirando o ar da Natureza.


Movimenta-te numa praia deserta e reflexiona em torno da grandiosidade do mar.


Contempla uma noite estrelada e faze mudas interrogações.


Contempla uma rosa em pleno desabrochar...


Detém-te ao lado de uma criança inocente...


Conversa com um ancião tranquilo...


Abre-te à beleza que há em tudo e adorna-te com ela.

Joanna de Ângelis

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Conto
 
Um conhecido conto popular retrata que um ladrão foi surpreendido pelas palavras de Rui Barbosa ao tentar roubar galinhas em seu quintal:
— Não o interpelo pelos bicos de bípedes palmípedes, nem pelo valor intrínseco dos retrocitados galináceos, mas por ousares transpor os umbrais de minha residência. Se foi por mera ignorância, perdôo-te, mas se foi para abusar da minha alma prosopopéia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tamanha bordoada no alto da tua sinagoga que transformarei sua massa encefálica em cinzas cadavéricas.


O ladrão, todo sem graça, perguntou:

— Mas como é, seu Rui, eu posso levar o frango ou não??

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Faça-se luz


No início da maçonaria podia haver - e havia! - diferentes correntes de cristianismo na maçonaria, mas todos os maçons eram cristãos. Ao longo do tempo, com a abertura das mentalidades, foi sendo possível admitir membros de outras religiões. Nos nossos dias, a maçonaria regular apenas exige a crença no "Grande Arquiteto do Universo", explicando que este nome não é o de uma "divindade maçónica", mas um novo nome a dar a essa mesma Entidade em que cada um crê; é Aquele a quem os cristãos chamam Deus, os muçulmanos chamam  الله [Allah], os judeus  יהוה [YHWH], os Hindus chamam  ब्रह्मा [Brahmā], e por aí adiante. Deste modo, quando os maçons se pretendem referir a essa Entidade, fazem-no todos através do mesmo nome, ficando assim atenuadas as diferenças decorrentes das diferenças de crença que possam verificar-se, e reforçado o sentido de identidade entre eles, pois, afinal, até todos creem no mesmo Ser Supremo - mesmo que cada um à sua maneira.

Uma vez que a maçonaria é assumidamente uma invenção humana, tem a liberdade de se reinventar e renovar sempre que tal se revele necessário e oportuno. É assim que, se bem que alguns dos símbolos a que a maçonaria recorre sejam da sua própria criação, a simbologia maçónica é, na sua maioria, "tomada de empréstimo" - umas vezes de forma mais discreta e outras nem por isso - de outras simbologias já existentes. Ao longo da história da maçonaria tem-se assistido a um cuidado cada vez maior com a procura de uma certa neutralidade, do não favorecimento de uma fé em detrimento das demais, e isso consegue-se, frequentemente, através do recurso a símbolos de religiões já desaparecidas mas cuja carga simbólica permanece entre nós por via literária, filosófica ou mitológica.

A referência aos planetas, ao Sol, às estações do ano e a antigas figuras mitológicas pretende apenas constituir ilustração dos princípios morais que se pretende transmitir. Os solstícios, por exemplo, ao serem os momentos em que os raios solares estão mais próximos da perpendicular (no solstício do verão) ou da horizontal (no solstício do inverno) em relação à superfície da Terra, simbolizam respetivamente a retidão moral (verticalidade) e a fraternidade (estar ao mesmo nível). Alertar uma adolescente para os perigos dos predadores sexuais pode ser complicado de fazer; no entanto, recordar-lhe a "história do lobo mau" e, subtilmente, estabelecer um paralelo, pode ser muito mais eficaz do que uma longa e desajeitada conversa. A maioria dos chamados "contos infantis" pretende, precisamente, estabelecer uma base simbólica a revisitar mais tarde, uma vez já absorvidos os princípios, mas sob uma nova realidade: a das circunstâncias da vida real de cada um.

Uma das primeiras estranhezas que se sente quando se ouve, pela primeira vez, uma ata numa sessão, é a da data: "aos vinte dias do mês de janeiro do ano maçónico de seis mil e doze(...)". Porquê "seis mil e doze" se estamos no ano de dois mil e doze? Recordemos o que é que constitui o primeiro ano nossa era: o ano em que terá ocorrido o nascimento de Cristo; por isso se dizia "AC" (Antes de Cristo) e DC (Depois de Cristo), que também se escrevia "AD" (Anno Domini, "Ano do Senhor"). Hoje em dia dizemos estar no ano 2012 EC ("Era Cristã" ou, ainda mais politicamente correto, "Era Comum"). Outros calendários há, cujo início se deu há mais ou há menos tempo. Mede-se o tempo decorrido desde a fundação de Roma (753 AEC) ou do Japão (660 AEC), desde a viagem de Maomé de Meca a Medina (622 EC) ou, de acordo com o calendário judaico, desde a criação do mundo (3761 AEC).

Não era desejável que um calendário - e respetiva bagagem cultural - se impusesse sobre os demais no seio de uma fraternidade em que se pretendia que todos se sentissem iguais. A solução encontrada foi estabelecer-se o "Anno Lucis" - o Ano da Luz - como aquele em que, aproximadamente, o Criador terá, pela primeira vez, feito surgir a Luz. Se recordarmos que a maçonaria é filha do Iluminismo, não faz senão sentido medir-se o tempo desde esse instante. É por isso que, simbolicamente, se soma 4000 anos (número distinto de qualquer calendário existente) ao ano atual e se lhe chama "ano da era maçónica". E, de cada vez que isso se faz, os maçons são recordados de que a fé e a crença de cada um devem ser respeitadas, e que a busca da Luz (ou seja, do conhecimento) deve ser levada a cabo por todos os maçons, independentemente da sua crença, fé ou convicção religiosa.

Paulo M.
 
Fonte: A PARTIR PEDRA

domingo, 7 de dezembro de 2014


Comportamento Ético de um Maçom

A reunião maçônica é sem dúvida um dos atos mais significativos e importantes na Maçonaria, e isso nos faz crer que, antes de dirigirmos a esta reunião, necessário se faz nos prepararmos física – psíquica e emocionalmente para que tudo aconteça dentro da nossa expectativa.

Esse preparo se assemelha ao mesmo que fazemos quando vamos a uma festa na vida profana, ou seja, com o coração e a mente receptivos aos acontecimentos alegres, interessantes e no nosso caso específico, esclarecedores.


Do mesmo modo que cuidamos do nosso interior, devemos dar atenção à nossa vestimenta, evitando o uso de tênis, alpargatas e valorizando o uso do sapato preto, que é sem dúvida o mais adequado.

A partir do momento em que nos encontramos em Loja, unidos em pensamento e com nossa intenção voltada para o mesmo objetivo, fazemos uma corrente positiva, e, logicamente atraímos do Mais Alto inspirações que nos levam a nos unir cada vez mais para o bom andamento do nosso trabalho; propiciando um ambiente leve, saudável e uma perfeita união de amor fraternal.

Todos nós seres humanos comuns, somos frágeis, sensíveis, mas temos forte em nosso coração a fraternidade que é um dos nossos lemas; por essa razão meus Irmãos é de suma importância passarmos nossas palavras pelo crivo da razão e da generosidade, pois, as palavras salutares elevam aqueles que a ouvem, entretanto, quando proferidas impensadamente, com inflexão agressiva, sem o raciocínio e a devida prudência magoam e ferem como lâminas afiadas.

A Maçonaria é uma instituição filantrópica, filosófica, que tem o objetivo de agrupar seres humanos que possuem planos futuros que se coadunam aos demais Irmãos. São homens de todas as formações profissionais, científicas, liberais, braçais, em suma, engloba todas as atividades exercidas pelo homem. O trabalho tem como meta beneficiar a todos e tem seu fundamento na amizade, na boa intenção de quem o fez, razão pela qual necessita-se abster-se de comentários não éticos.

Esse fato, no meu entender, é o mais importante e explico por quê.

São apresentados trabalhos de todos os quilates. Ao apresentarmos um trabalho que tem em mente apenas a nossa contribuição em relação à nossa vivência e com nossos conhecimentos aguardamos comentários a respeito do trabalho apresentado, comentário esse que nos oriente e que nos incentive.

Cada um de nós possui seu pensamento e sua maneira própria de agir e interpretar. Somos diferentes; alguns possuem facilidades de expressão; outros de escrita e, os mais sábios, que conseguem tirar proveito de todos os conhecimentos apresentados.

Não raros os trabalhos apresentados são longos, o que nos impossibilita de podermos tirar todos os ensinamentos apresentados. Isso é natural, porém devemos em nosso próprio lar examiná-lo e absorver na íntegra as questões nele inseridas.

No meu modo de ver somos modernistas e não donos da verdade; de tudo o que nos é oferecido, devemos aproveitar ao máximo o conteúdo desse; dar uma palavra otimista sobre o trabalho apresentado é de suma importância, pois, dessa maneira, creio eu, o apresentador terá mais motivação para apresentar outros tantos trabalhos.

Essa é minha maneira de ver as coisas, o meu modo de pensar, sentir e agir; não fazer perguntas capciosas; se a dúvida aparecer falar in off com o Irmão ou então estudar a respeito.

É óbvio que todos nós precisamos ler e estudar as bases da filosofia maçônica para possuir conteúdo quando abordar algum ensinamento. Temos Irmãos que apresentam brilhantes trabalhos e sempre procuram nos indicar o norte, com a finalidade de adquirirmos uma orientação segura. Nossa Sublime Ordem é a única organização que transforma em Irmãos pessoas de crenças religiosas diferentes, pois nela convivem harmonicamente espíritas, católicos, protestantes, budistas, maometanos, judeus e etc.

Deus, nosso Pai, sempre Se lembra de nós, suas criaturas e nos proporciona direção segura por meio de pequenas estórias que nos indicam o caminho do bem; como esta que passo a narrar-lhes.

–”Existia um maçom ilustre que sempre ministrava palestras, ilustrando-as com palavras bonitas, sábias e com muito exemplo de vida. Como seu ouvinte assíduo havia um Irmão que em silêncio assistia a suas palestras e nenhum comentário fazia. Permanecia sempre quieto em seu lugar, com sua atenção voltada para os ensinamentos que eram passados.

Alguns anos se passaram e chegou o dia do retorno de ambos para o oriente eterno.

Nosso Pai os recebeu.

O palestrante famoso, falante, foi recebido de maneira simples, entretanto, na sala ao lado aquele que apenas ouvia as palestras era recebido com grande alegria e muita festa. O orador famoso reivindicou seus direitos, pois fora ele quem ensinara tudo a todos que o ouvia. Deus apenas respondeu: ‘– Meu filho, enquanto você pregava, ele ouvia com atenção, e, no dia seguinte enquanto você não se lembrava mais do que dissera, ele os colocava em prática.'”

Nós, maçons, temos a mania de criticar a Maçonaria, que não trabalha mais como antigamente; será que estamos certos? Vamos nos basear nessa estória acima descrita, ou seja, falar menos e trabalhar mais, sem cair no saudosismo, pensar e agir no hoje tendo consciência de que tudo depende de nós, e somos nós que faremos da Maçonaria o que achamos que deve ser feito. Se adequarmos as realizações atuais de muitos Irmãos, trabalhando juntos, lado a lado, atentos ao que podemos fazer o que é necessário realizar para que nossos Irmãos tenham no futuro boas recordações de nossas realizações, acredito que tudo será como antes.

Temos em Loja aprendizes brilhantes, é nosso dever fazer o máximo para encaminhá-los adequadamente; se conseguirmos que esses Irmãos tenham em seus corações a Maçonaria, continuando com esse amor e interesse por ela, com certeza sentiremo-nos felizes e realizados.

Nossos aprendizes possuem, além de seus interesses e competências pelas questões da Maçonaria, um excelente orientador que é o Irmão Segundo Vigilante.

Essa é a minha palavra e que Deus continue iluminando nossos caminhos.

Autor

Enviado pelo Ir.’. Antonio Claudino • Loja Formosa União

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Origem e primórdios do Rito Escocês Antigo e Aceite

- o Discurso do Chevalier Ramsay
Escrito por Rui Bandeira 
 
ramsayAndrew Michael Ramsay (1686-1743), também conhecido por Chevalier Ramsay, foi um teólogo e escritor escocês que viveu a maior parte da sua vida adulta em França, como jacobita exilado. Estudou teologia nas Universidades de Glasgow e Edimburgo, tendo-se graduado em 1707. Em 1708, foi viver para Londres, tendo-se relacionado com Isaac Newton, Jean (ou John) Desaguliers e David Hume.
Em 1710, estudou sob a orientação do filósofo místico François Fénelon, tendo-se, por influência deste, convertido ao catolicismo. Após a morte de Fénelon, em 1715, foi viver para Paris, onde se tornou amigo do Príncipe Regente de França, Philippe d'Orléans, que o fez, em 1723, Cavaleiro da Ordem de S.Lázaro de Jerusalém - o que motivou a sua futura designação por Chevalier Ramsay.
Defensor das pretensões jacobitas (de James Stuart) aos tronos de Inglaterra e Escócia, chegou a desempenhar, embora por breve espaço de tempo, as funções de tutor dos filhos de James Stuart, Charles Edward e Henry. Entre 1725 e 1728, viveu como hóspede convidado no Hotel de Sully, sob o patrocínio do Duque de Sully, e frequentou o clube literário parisiense Club de l'Entresol, onde se relacionou, entre outros, com Montesquieu.
Em 1727, publicou as Viagens de Ciro, que foi um grande êxito (um verdadeiro best-seller na época) e o tornou célebre na sociedade (o que, na época, equivalia a dizer: entre a nobreza) francesa.
Desde a introdução em França (através dos exilados jacobitas) da maçonaria que Ramsay nela se integrou.
Em 1737, sendo então Grande Orador em França, escreveu e proferiu, perante uma assembleia de nobres, o seu célebre Discurso pronunciado na receção de Maçons por Monsieur de Ramsay, Grand Orador da Ordem.
Neste discurso, Ramsay efetua uma ligação da Maçonaria às cruzadas. Veio a ser um dos discursos maçónicos mais divulgados e discutidos da História da Maçonaria. Nenhum outro recebeu alguma vez mais atenção. Nenhum outro teve, até agora, maior efeito no desenvolvimento dos eventos relativos à Maçonaria.
No entanto - e tal é hoje pacífico entre os historiadores da maçonaria - o que ele relatou não corresponde à realidade histórica. A Maçonaria não deriva dos Templários nem das Cruzadas e Ramsay sabia-o bem. Na ocasião, o seu propósito foi dar aos recém-iniciados uma razão para terem orgulho na Ordem. A sua Oração, por consequência, não foi um resumo histórico factual, antes uma narrativa alegórica sobre as suas origens. Foi essencialmente o discurso do idealista que ele era.
Assim, ele falou de uma ligação entre os Cruzados e os Maçons, afirmando que, depois das Cruzadas, o Príncipe Eduardo, filho de Henrique III de Inglaterra, tinha trazido de volta àquele país as suas tropas, que tomaram o nome de... Maçons. Acrescentou que, das Ilhas Britânicas, a Arte Real estava então a passar para França, que iria passar a ser a sede da Ordem (!) e continuou dizendo:
" As obrigações que vos foram impostas pela Ordem são as de proteger os vossos irmãos pela vossa autoridade, de os iluminar pelo vosso conhecimento, de os edificar pelas vossas virtudes, de lhes acudir nas suas necessidades, de renunciar a todo o ressentimento pessoal e de favorecer tudo o que possa contribuir para a paz e a unidade da sociedade."
Ramsay ligou a Maçonaria aos Cruzados, designadamente ingleses. Mas, ao contrário do que é correntemente afirmado, não é exato que tenha feito qualquer referência aos Templários. Este mito sobre um mito nasceu de um erro de Mackey, que tal afirmou na entrada dedicada à "Origem Templária da Maçonaria" na sua Enciclopédia da Maçonaria. Os grandes também se enganam, Mas os erros dos grandes acabam por ser divulgados como verdades...
Em nenhuma passagem do Discurso Ramsay sugeriu a criação de um novo rito, mas dele foi isso que veio a resultar. A Maçonaria tinha sido introduzida em França poucos anos antes, mas a nobreza francesa (o Povo, esse, simplesmente sobrevivia e só com a sua sobrevivência se preocupava), embora de algum forma fascinada, não acreditava que fosse possível que o ideário maçónico fosse originário de trabalhadores comuns, de mãos calejadas pelo trabalho de construção. Ramsay proporcionou-lhe uma resposta a essa desconfiança e um pretexto para que vissem a Maçonaria como digna de si: providenciou-lhe, à Maçonaria, nobres ancestrais!
Quase que de um dia para o outro, a nobreza e a intelectualidade francesa dedicaram-se a esta novidade, reformulando-a a seu gosto: em pouco tempo, mais de 1.100 graus foram inventados, agrupados em mais de cem ritos. A maior parte deles teve uma existência efémera, mas, entre os que sobreviveram, contavam-se os 25 graus do Rito de Perfeição, antecessor direto do Rito Escocês Antigo e Aceite.
O maçom Andrew Michael Ramsay, com o seu famoso Discurso, inadvertidamente mudou o curso da História da Maçonaria, ao inspirar a criação dos Altos Graus, daí vindo a ocorrer uma evolução que veio a culminar no Rito Escocês Antigo e Aceite.
Fontes:
In Blog "A Partir Pedra" - Texto de Rui Bandeira (07.11.2011)