quinta-feira, 31 de março de 2016


 

 

BREVIÁRIO MAÇÔNICO

 

- RECEBER A LUZ

 

Luz, aqui, tem vários significados: o esclarecimento, a divindade, a evolução e o ingresso no universo interior. O Iniciado na Maçonaria, quando na cerimônia iniciatica lhe é retirada a venda dos olhos, “recebe a Luz”. Isso simboliza a revelação de todos os mistérios e o primeiro passo dado em direção ao misticismo. A cerimônia da Iniciação, com seus símbolos, provas, questionamentos, suporia entregar ao iniciando todas as informações sobre a Arte Real, ou seja, sobre a Maçonaria. O candidato é submetido à cerimônia com os olhos vendados porque as provas simbólicas devem aparentar mistérios; a escuridão faz supor “perigos” e provoca interrogações. Por exemplo, durante as provas, há uma que encena uma batalha entre o bem e mal, com o ruído característico de luta com arma branca; caso o candidato não estivesse vendado, como poderia ele imaginar o curso daquela batalha? Findas as provas, os olhos são desvendados e, então, ele passa a enxergar, o que equivale a “receber a Luz”. O maçom e todos nós, permanentemente, estamos na escuridão e ansiamos pela Luz. Essa ansiedade é salutar porque conduz ao conhecimento.

 

Ir.·.RIZZARDO DA CAMINO.

quarta-feira, 30 de março de 2016


Aula  Viva

Narcisa Amália

 

Contemplo-te, roseira, em vagas de perfume...

A exaltação da cor resplandece e domina...

Pétalas de rubis na touca esmeraldina,

Toda beleza em ti como que se resume!...

 

Surge o Homem, porém... Lâmina em fino gume,

Decepa a veste em luz que te guarda e acetina...

Relegada à nudez, mutilada e mofina,

Suporta na raiz nova carga de estrume!...

 

No entanto, estranha ao lodo e aos podões agressores,

Recobres-te de verde e lança novas flores,

Leal à vida em si que te nutre e socorre!...

 

Alma, fita a roseira humilde, atenta e boa,

Embora o fel do mundo, ama, serve, abençoa

E encontrarás com Deus o amor que nunca morre.

 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Um auspicioso começo
Cardeal Gianfranco Ravasi

No passado dia 14 de fevereiro, na página 29 do jornal italiano Il Sole 24 Ore, o Cardeal Gianfranco Ravasi publicou, sob o título Cari fratelli massoni  (Queridos Irmãos Maçons) um texto no qual convida ao diálogo entre a Igreja Católica e a Maçonaria. O Cardeal Ravasi é o Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, um organismo da Cúria Romana, o que nos deve alertar para o peso institucional que esta iniciativa terá.

No seu texto, o Cardeal Ravasi invoca os valores comuns entre as duas instituições, a dimensão comunitária, a beneficência, a dignidade humana e a luta contra o materialismo, e invoca mesmo a necessidade de "superar a atitude de certos setores integristas católicos que - para atacar alguns representantes hierárquicos da Igreja de que eles não gostam - recorrem à arma da acusação de uma sua apodítica filiação maçónica" (tradução minha).

No primeiro parágrafo, está o atalho para o texto original, em italiano. Pode também ler-se o referido texto numa tradução para castelhano, efetuada por um elemento da Loja espanhola Manuel Iradier,  da cidade de Vitoria - Gasteiz, que aqui fica disponível através do atalho 
https://logiamanueliradier.wordpress.com/2016/02/24/queridos-hermanos-masones/

Esta posição pública do Cardeal Ravasi certamente terá uma adequada e ponderada resposta por parte dos responsáveis da Maçonaria, no sentido da correspondência ao convite efetuado. Para já, o Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália, Irmão Stefano Bisi, logo no dia imediato enviou uma carta ao Il Sole 24 Ore, manifestando o seu apreço pela iniciativa e confirmando a disponibilidade para o diálogo também por parte da Maçonaria.

Designadamente,  refere o Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália que ficou "satisfeito ao saber que, sem preconceito e com a ampla visão cultural que o distingue, (o Cardeal Ravasi) falou sem ideias preconcebidas da Maçonaria indo para além dos esclarecimentos e posições oficiais e escritos da Igreja, amplamente conhecidos, e reconhecido que entre as duas instituições existem também valores comuns que as unem, sem que isso anule as visões diversas e a demarcação das claras diferenças" (tradução minha).

A terminar, frisou que "a Maçonaria não é inimiga da Igreja, de nenhuma igreja, e tem sido sempre a casa do diálogo e da tolerância. Não se opõe a qualquer religião e deixa os irmãos livres de seguir a sua fé. Mas os tempos mudam e a Humanidade está ameaçada por grandes perigos, como o terrorismo fundamentalista, a decadência de valores, a globalização desenfreada. A grandeza das instituições seculares, espirituais e religiosas a que o homem adere, procurando vias pessoais de melhoria e elevação, está em saber lidar com estes desafios delicados, participando na e partilhando a resolução das necessidades e dos problemas que surgem. E igualmente em ter a coragem de ir além de "hostilidade, insultos, preconceitos recíprocos", como no caso da Igreja e Maçonaria" (tradução minha).

Pode ler-se o texto original da resposta em http://www.grandeoriente.it/wp-content/uploads/2016/02/Agenparl-22.06.2016.pdf .

Toda a longa viagem começa com um primeiro e, por vezes pequeno, passo. Espero que o passo dado pelo Cardeal Ravasi, e logo acompanhado pelo Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália seja efetivamente o início da longa viagem que ponha termo às mencionadas "hostilidade, insultos, preconceitos recíprocos" e permita inaugurar uma era de cooperação entre as duas instituições, não  especialmente em benefício de nenhuma delas, mas a bem da Humanidade.

Rui Bandeira
 
Fonte: A PARTIR PEDRA

quarta-feira, 23 de março de 2016








A Ordem Maçônica Moderna e suas características




Existem três critérios que devem ser levados em consideração ao analisar-se uma ordem secreta: o esotérico, o ocultista, e o místico.


Por esotérico entendo o caráter de sigilo que envolve estas agremiações, onde seus membros são obrigados a prestar juramento de segredo sobre suas atividades e se comprometem a receber sanções, algumas extremamente graves, caso quebrem este compromisso.



Por ocultismo, considero o conjunto das práticas, comumente estudadas no século XVIII e XIX, ligadas a magia e a teurgia, sendo a magia o conjunto de técnicas ligadas ao domínio através de encantamentos e vocalizações das coisas da terra e a teurgia, o mesmo processo ligado às coisas e criaturas do céu (principalmente os Anjos de Deus).



E por último, entendo por Misticismo, a prática dirigida a comunhão interna com Deus, sem intermediários, que busca a integração e a fusão com a vontade divina em nosso próprio coração, e não fora de nós.



Há escolas que são mais esotéricas que místicas, mais místicas que esotéricas, ou mais ocultistas que místicas.



A ordem Maçônica já teve momentos históricos diferentes.


Do ano mil até o evento dos maçons aceitos (a partir da diminuição de prestígio e dos recursos financeiros da corporação dos pedreiros de Londres com o incêndio da cidade e a perda do monopólio da construção de catedrais, conseqüência da instauração da república protestante de Oliver Cromwell, com a conseqüente diminuição do tamanho das igrejas) a maçonaria tinha um caráter altamente esotérico, pouco ocultista e nada místico.



Com a instauração da maçonaria aristocrática, por volta de 1717 até 1789, quando se transforma em especulativa, a ordem maçônica vive um período ainda altamente esotérico, francamente ocultista com algumas pinceladas de misticismo.


De 1789 para cá, o que se viu foi o desaparecimento progressivo do aspecto esotérico, com a publicação aceita e aplaudida pelos líderes maçônicos de vários textos sobre maçonaria, dando detalhes precisos de seu funcionamento interno (haja visto, como exemplo, existir uma editora especializada nestas publicações) livros os quais são encontrados em qualquer livraria profana, em qualquer shopping, em qualquer banca de jornal.


Existem irmãos de maçonaria que inclusive tornaram-se especializados nestas publicações , como é o caso de Rizzardo Del Camino, se não me engano, autor gaúcho.



Nem por isso tiveram a garganta cortada ou foram expulsos por terem violado o sigilo que juraram preservar.



Além de perder seu caráter esotérico, a maçonaria abandonou as práticas ocultistas quase totalmente, por não serem mais compatíveis com a racionalidade moderna ou com os objetivos modernos da Ordem.



Por último, a Ordem maçônica também não tem mais um caráter místico. A referência ao GADU, que norteia nossas reuniões revestem-se mais de um aspecto quase religioso, de respeito a algo externo a nós, do que a busca de algo interior.



Atualmente, ao ir a Loja, o maçon vai em busca da fraternidade, da igualdade e da liberdade do convívio entre irmãos, mas não em busca da espiritualidade relacionada, por exemplo, à busca do sufista ou do monge.



Nada impede que um ou outro membro da Ordem tenha características espirituais mais exaltadas, ou interesses em ocultismo ao estilo dos trabalhos de Eliphas Levi, mas deverá trilhar um caminho individual e nada na prática coletiva maçônica moderna o ajudará neste caminho.



Talvez por isto mesmo, pela progressiva perda de interesse dos próprios membros da ordem, os símbolos do templo, principalmente aqueles de mais alto caráter ocultista, tornem-se aos poucos mais e mais ilegíveis para os irmãos que vão aos rituais e mesmo invisíveis, para a maioria.



Isto tudo para minha tristeza como de nobres irmãos já no Oriente Eterno, como Nicolas Aslan, minha referência constante.


Ir:. Mario Sales


Suzano 25 de fevereiro de 2009

domingo, 20 de março de 2016


O DESEJO DO MESTRE


 


João de Deus

 

 

“— Minha mãe, que hei de fazer

Para me unir com Jesus?...”

Dizia uma pequenina

Num halo doce de luz.

 

“— Filhinha, — dizia a voz

Do carinho maternal —

 Jesus estará contigo

Se evitares todo o mal.”

 

“— Mamãe, — insistia ainda

A pequena a perguntar —

Que quer o Mestre de mim

 P’ra que eu possa lhe agradar?”

 

“— Jesus quer de todos nós —

Disse a materna afeição —

 O amor, a humildade e o bem

 No livro do coração!...”

quarta-feira, 16 de março de 2016


A ENCRUZILHADA DA MAÇONARIA

                                                                                                                              José Maurício Guimarães

Para reencontrarmos nosso caminho é necessário o convencimento de que nossa Ordem, a Maçonaria, é forte por si mesma: livre, independente e autônoma.

Se deixamos de fazer uso dessas características é porque outros "valores" se intrometeram em nossa dinâmica pelas mãos dos eternos caciques que tentam controlar tudo, e daqueles que, sob o disfarce de servirem a Maçonaria, vão construindo suas "candidaturas" (a palavra vem de "cândido, isto é, puro) ou garantindo um lugar ao sol dentro das Potências.

O único lugar ao sol existente na Maçonaria fica nos assentos entre as colunas, no Oriente ou nos altares, para aqueles capazes de contemplar a luz maior do Conhecimento simbolizada pelo Astro Rei, o bom e velho Sol. Os demais pertencem à classe dos satélites aventureiros.

Fazer Maçonaria não é falar grosso. É amar a sabedoria e buscar conhece-se a si mesmo. Maçonaria é caminho e maneira de vida e ensina melhor quem coloca o exemplo de vida acima do palavrório.

Pertencer à Maçonaria consiste num permanente vontade de saber e não na constante vontade de poder. A postura do maçom é a de respeito intelectual pela verdade e não na reverência cega diante dos políticos profissionais – as raposas – estejam elas entre nós ou no mundo profano.

Aprendizes e Companheiros: despertem para este fato, pois cada um de nós pode contemplar a realidade tal qual ela é, mesmo dentro das atuais limitações de conhecimento. O subjetivismo dos que tentam nos enganar acaba por deformar a instituição para atender aos interesses pessoais. Se não reagirmos, em breve teremos que reformar toda a Ordem para que o espírito da Maçonaria seja preservado puro e imaculado. É isso que desejamos?

Felizmente essa reação já se esboça entre as novas gerações de maçons que identificam tais manobras e resistem contra elas, seja apoiando as direções das Lojas e das Potências quando alinhadas com os objetivos da verdadeira Maçonaria.

Alguém poderá perguntar: MAS QUAIS SÃO OS VERDADEIROS OBJETIVOS DA MAÇONARIA? E eu só poderia responder: "Se você pergunta quais são, é porque ainda não aprendeu o suficiente sobre Maçonaria (ou talvez nem devesse ter se afiliado...)." – desculpem minha franqueza.

Eu é que não entendo essa necessidade urgente que alguns apontam para que a Maçonaria se curve diante dos (maus) representantes do povo ou busque se justificar perante a sociedade bajulando essa ou aquela religião.

As religiões têm força em si mesmas e não precisam do aval da Maçonaria; nem a Maçonaria carece da aprovação delas. Deve prevalecer o respeito mútuo. Nossa Ordem não é uma religião, e como tal respeita todas e reconhece o bom trabalho que estão realizando; mas somos reciprocamente livres, independentes e autônomos.

O mesmo se dá com a política: devemos votar conscientemente e eleger representantes dignos do mandato popular. Mas a Maçonaria não deve interferir na administração pública, assim como a política partidária não pode interferir na vida das Lojas e das Potências. Nossa aliança preferencial deve ser com o povo, com os cientistas sociais, as universidades e as instituições que apresentem um projeto ético e válido para "o bem estar da Pátria e da humanidade". Esta sim, é a boa política maçônica e profana para o século XXI.

Estou falando de uma nação e de uma instituição milenar, não de uma coisa transitória como um partido político e suas frágeis alianças. Nesse aspecto, nossa vista tem que se voltar vigilante para os ambiciosos caçadores de assentos na administração pública e – pior ainda – na administração da Maçonaria, vestindo a pele de cordeiro com a qual disfarçam sua fome voraz de lobos de avental. Prefiro os bodes.

O ano de 2016 coloca nossa Ordem à prova. Não só no país como no âmbito da Maçonaria muitos acontecimentos haverão de demonstrar de que lado estão os protagonistas que pretendem ser lembrados no futuro – e o futuro é agora.

O objetivo das democracias é que vivamos juntos, ajudando-nos mutuamente e sempre dizendo NÃO aos preconceitos e aos fatores que distanciam o povo maçônico de suas autênticas lideranças.

Não precisamos de cargos nem de posições elevadas para sermos dignos e respeitados.

Olhemos primeiro, para a vida profissional, social e familiar dos que pretendem falar "em nome da Ordem".

Esta é a lição do NÍVEL que devemos exercitar em 2016, pois a Maçonaria não será mais a mesma após decorrer este ano. 

Quem tem ouvidos ouça; quem tiver olhos, veja.

segunda-feira, 14 de março de 2016


Política

 

“E quem governa seja como quem serve”

- Jesus - Lucas, 22:26.

 

O Evangelho apresenta, igualmente, a mais elevada fórmula de vida político-administrativa aos povos da Terra.

 

Quem afirma que semelhantes serviços não se compadecem com os labores do Mestre não penetrou ainda toda a verdade de suas Lições Divinas.

 

A magna questão é encontrar o elemento humano disposto à execução do sublime princípio.

 

Os ideais democráticos do mundo não derivam senão do próprio ensinamento do Salvador.

 

Poderá encontrar algum sociólogo do planeta, plataforma superior além da gloriosa síntese que reclama o governante as legítimas qualidades do servidor fiel?

 

As revoluções, que custaram tanto sangue, não foram senão uma ânsia de obtenção da fórmula sagrada na realidade política das nações.

 

Nem, por isso, entretanto, deixaram de ser movimentos criminosos e desleais, como infiéis e perversos têm sido os falsos políticos na atuação do governo comum.

 

O ensinamento de Jesus, nesse particular, ainda está acima da compreensão vulgar das criaturas.

 

Quase todos os homens se atiram à conquista dos postos de autoridade e evidência, mas geralmente se encontram excessivamente interessados com as suas próprias vantagens no imediatismo do mundo.

 

Ignoram que o Cristo aí conta com eles, não como quem governa tirânica ou arbitrariamente, mas como quem serve com alegria, não como quem administra a golpes de força, mas como quem obedece ao Esquema Divino, junto dos seres e cousas da vida.

 

Jesus é o Supremo Governador da Terra e, ao mesmo tempo, o Supremo Servidor das criaturas humanas.

 

Alma e luz, de Emmanuel

domingo, 13 de março de 2016

Orientações
 


O fato é autêntico e sabido, mas é justo registrá-lo, de nossa parte.


Alguns ministros da fé se reuniram, a fim de se entenderem quanto às melhores orientações na tradução do Evangelho de Jesus.


Um deles destacou antiga publicação da latinidade, outro se referiu a inspirado escritor de assuntos religiosos, e ainda outros salientaram os tradutores que se lhes faziam favoritos.


Um deles, porém, que se mantinha em silêncio, foi chamado a opinar.


A melhor tradução do Evangelho que conheço - disse ele - é a de minha mãe.


Não sabíamos que sua genitora se dedicava às letras sagradas - falou um dos maiorais. Onde o livro dela para que possamos fazer a aquisição.


O interpelado respondeu, com simplicidade:


Minha mãe nada escreveu. Ela traduziu as lições de Jesus para nós, o seus filhos, em atos de amor e sacrifício, com tanta grandeza de humildade e trabalho que não será nos possível esquecer-lhe o devotamento. Nesse ponto das apreciações gerais, a reunião foi encerrada.
 
Emmanuel

sábado, 12 de março de 2016



A resposta da árvore


 


Certo pomicultor surpreendeu-se lamentando ao pé


de grande laranjeira:


-E meus prejuízos? Meu dinheiro?!...


Como recuperá-lo? Quem fará isso por mim?


Assombrado, notou que a árvore lhe respondeu:


-Até hoje meu senhor, nunca soube quem me


apanhou os frutos e me talou as flores, quem me


decepou os ramos e levou para longe as minhas


essências, mas sei que:


- Alguém me renova todas as forças, auxiliando-me a


produzir.
 
 
O Livro de Respostas
Emmanuel, Chico Xavier

domingo, 6 de março de 2016


Sentidos Humanos e Espiritualidade

 

Desligamento dos cinco sentidos naturais e desenvolvimento da espiritualidade para efeito de mudanças duradouras.

 

Os sentidos humanos existem para possibilitar os relacionamentos com outras pessoas e a realidade por eles perceptível. As sensações de tato, paladar, audição, olfato e visão são utilizadas de forma limitada na orientação das criaturas reclusas ao planeta Terra.

 

O homem, devido a sua capacidade racional mais desenvolvida, tem a capacidade de atingir a plenitude do sentir. Para tal, há necessidade de desligar os cinco sentidos, possível ao retirar-se para um local sem ruído e luz. E na escuridão e silêncio que os cinco sentidos humanos ficam sem alimento. Movimentos paralisam. Ficam apenas os pensamentos; é a meditação. Com a meditação é possível esvaziar a mente. Tal ação intencional e racional faz com que a percepção se volte para dentro de si. E é lá, neste mundo artificial criado pela mente, que se abrem os olhos. São outros olhos e outro despertar. Ver esta luz desperta para realidades mais profundas. Percebe-se a espiritualidade, uma forma de energia que pode ser percebida e controlada.

 

O homem evolui, num maior ou menor grau, para os conhecimentos intelectual e espiritual: O conhecimento intelectual é tudo o que é possível de ser medido, aferido, possuído ou disponibilizado mediante alguma técnica.

Normalmente são operações de identificação da criação que o sujeito faz do objeto, da consciência e da linguagem; o conhecimento espiritual, em sentido lato, é a relação interna da consciência para consigo mesmo. Basicamente o resultado do conhecimento que o sujeito tem de si mesmo. Em sentido íntimo é o único conhecimento possível para as próprias verdades metafísicas. Algo como a visão que o espírito tem de si mesmo. É a percepção de que existe sempre em um dado objeto inseparável de si mesmo que a consciência tem de suas próprias vivências. O espírito é a constatação material de uma forma de energia que está encarnada no sujeito.

 

Toda vez que a razão bloqueia o funcionamento dos sensores materiais, esvaziando a mente, a energia denominada alma, espírito, sopro de vida ou alento, conforme traduzido das mais diversas linhas de pensamento e culturas, penetra cada vez mais na matéria. Mistura-se. Forma unidade com ela. Com o exercício de esvaziamento o sujeito adentra a estados cada vez mais aprofundados de consciência. A manifestação física da substância sólida é outra forma de energia, só que hipoteticamente congelada devido a sua freqüência ondulatória manifestar-se em freqüência tal que a torna perceptível aos sensores naturais. Bloquear os sensores naturais tem a função de afastar o sujeito da ilusão. A substância sólida é uma ilusão percebida pelos sensores naturais. Em sendo energia, a pessoa encontra dentro de si um vasto espaço, um universo em miniatura, semelhante ao grande universo que, de sua parte, também é energia. Tudo é energia e está energeticamente interligado! Tudo está amarrado por linhas de força. Tudo é, em essência, formado de espaço vazio. O nada!

 

A realidade é coiistituída de átomos esféricos e de vazio; não existe nada além de átomos e espaços vazios. O resto não passa de opinião. (Demócrito de Abdera), filósofo de nacionalidade grega.

 

A afirmação que tudo é energia já foi intuída e é parte dos usos e costumes das culturas do sul da Ásia, onde, para indicar respeito e até veneração, as pessoas cumprimentam-se com as mãos postas em frente à testa, como se curvassem diante de um Deus ou pessoa santa, pronunciando a palavra “namastê”; significando: “o Deus que habita meu coração saúda o Deus que habita teu coração”. Traduzindo para a presente finalidade: a força ativa que anima meu coração saúda o alento que habita em teu coração. Estou em você como você está em mim. Energeticamente somos um.

 

Em Maçonaria, os adeptos são levados a reconstruir o Templo que foi destruído, numa referência lendária a Zorobabel. O Templo em verdade não é o histórico lugar misterioso e respeitável onde os judeus praticavam a adoração ao seu Deus Jeová, mas refere-se a um Templo feito de carne e ossos: o próprio adepto. Interpretar literalmente a lenda histórica de Zorobabel de nada serve para alçar o homem a estados espirituais mais elevados. A razão do não entendimento subliminar da lenda reside na forma de organização e exploração definida pelo sistema humano de coisas, dada à alienação que consta da:

• Consciência, que passa a considerar-se coisa;

• Pessoa tornar-se estranha para si mesma;

• Obrigatoriedade do trabalho;

• Influência das tecnologias;

• Frivolidade de entregar-se aos prazeres do instinto;

• Fantasia;

• Regra ou lei imposta que, de alguma forma, afasta o sujeito da vida natural.

 

Submissos ao sistema criado pelo homem, os Templos de carne ficam ao chão, ao Nível do Esquadro, na materialidade.

 

A reconstrução do Templo do Maçom acontece a cada Grau e está repleta de tensão e desespero. Implica em perigos. O pior inimigo está em si quando este se sabota e embota a coragem de mudar e de ser diferente. A busca da sabedoria para reconstruir implica em coragem para enfrentar a mudança. É precaver-se contra os inimigos internos e externos. Os agentes inimigos sabotam a capacidade e o incentivo às mudanças como: valor, firmeza e perseverança.

 

Há necessidade do uso da Espada com maestria. O órgão mais parecido com uma Espada de dois gumes é a língua. Uma língua afiada corta em dois sentidos; é arma que serve tanto para o ataque quanto para a defesa. Defende o conhecimento intelectual de fazer frente às mudanças e ataca o pensamento aviltante de terceiros que visam escravizar as pessoas a dogmas; verdades impostas por decreto e longe da Iluminação. Com a Trollia o Maçom constrói a espiritualidade. Como a espiritualidade é encarnada, é internamente que a ferramenta tem a capacidade de aplainar rugosidades, preencher os vazios da mente que é o próprio processo da vida. Na medida em que a mente evolui pelo uso da Espada e da Trolha, cresce a consciência espiritual.

 

No passado considerava-se a mente como o aspecto da alma imaterial, ou espírito, sopro de vida, alento. Hoje, na visão da Teoria dos Sistemas Vivos, a mente deixou de ser coisa e passou a ser considerada um processo; comparável ao software que roda num hardware. A mente, o intelecto, corresponde a um conjunto de funções superiores da alma e da vontade. E o que é importante: é modificável! É esta capacidade que o Maçorn usa para modificar-se a cada Grau que sobe e que introduz na mente novos conhecimentos. Quando aumenta seu conhecimento intelectual, aplicado pelo uso da Espada, cresce também o seu conhecimento espiritual na aplicação da Trolha. Por isso, todo Maçorn, para perseverar nas mudanças que resolveu em sua mente, tem a Espada numa das mãos e a Trolha noutra.

 

São muitas as considerações que permitem afirmar e aceitar a existência da energia interna que muda a forma de ver o mundo e de relacionar-se com ele, de perceber que o mundo é como um imenso campo energético. Pode-se

especular que o Templo de carne é parte de um todo que funciona em sincronia de oscilações energéticas, algumas visíveis, mas em sua maioria invisíveis aos sentidos naturais. Daí a necessidade de desenvolver novas capacidades de percepção pela anulação dos sentidos naturais. Onde o esvaziar da mente promove a percepção daquilo que tem a capacidade de efetuar mudanças no mais íntimo do ser: a espiritualidade.

 

O contato com energias desconhecidas e imperceptíveis aos sensores naturais leva à constituição de nova identidade# Um novo homem a cada mudança, a cada Grau. É um processo que não tem fim. Depois de treinar a capacidade de reagir favoravelmente ao que cada Grau que a Maçonaria pretende de seus adeptos, estes, treinados e suscetíveis a caminhar sozinhos, iniciam novas ligações mentais. Mesmo depois de alcançar o maior Grau, o processo de multiplicação dos degraus da Escada que ascende à espiritualidade continua. A mente está treinada. A Escada propicia infinitas associações no caminho da Iluminação, vista pela primeira vez na Cerimônia de Iniciação do primeiro Grau. Ritual e Símbolo são sempre os mesmos, mas as suas interpretações evoluem de tempos em tempos dependendo apenas de perseverança no seu exercício.

 

O objetivo central de todos os Graus da Maçonaria é o exercício de fortalecimento da espiritualidade. Da penetração da energia, do sopro da vida, cada vez mais fundo no campo energético que a pessoa é. Fortalece a capacidade de mudança na busca de contato com a essência daquilo que cada homem é. A espiritualidade pavimenta "o caminho à religação com o divino ensinado pela religião que cada adepto segue. Justifica o fato de o Maçorn referir-se à divindade que existe dentro de seus Irmãos por algo assemelhado a “namastê”, o conceito Grande Arquiteto do Universo, o inominado, a energia com a qual cada criatura que pensa deseja religar-se.

 

Irm.-. Charles Evaldo Boller

Or.'. Curitiba PR

 

Bibliografia

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Filosofia. Dizionario di Filosofia, tradução:

Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, 5a

ed.. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil ,

2009.

ANATALINO, João. Conhecendo a Arte

Real, A Maçonaria e Suas Influências

Históricas e Filosóficas. 1 ed. São Paulo:

Madras, 2007.

ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni.

História da Filosofia, Antiguidade e Idade

Média. I a ed. São Paulo: Paulus, 1990. v. 1.

BLASCHKE, Jorge. Somos Energia, o Segredo

Quântico e o Despertar das Energia.

tradução: Flávia Busato Delgado. I a ed. São

Paulo: Madras, 2009.

GUIMARÃES, João Francisco. Maçonaria,

A Filosofia do Conhecimento. I a ed. São

Paulo: Madras, 2003.

HILL, Clive; BURNHAM, Douglas; BUCKINGHAN,

Will. O Livro da Filosofia. Tradução:

Rosemarie Ziegelmaier. Ia ed. São

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