quarta-feira, 23 de março de 2016








A Ordem Maçônica Moderna e suas características




Existem três critérios que devem ser levados em consideração ao analisar-se uma ordem secreta: o esotérico, o ocultista, e o místico.


Por esotérico entendo o caráter de sigilo que envolve estas agremiações, onde seus membros são obrigados a prestar juramento de segredo sobre suas atividades e se comprometem a receber sanções, algumas extremamente graves, caso quebrem este compromisso.



Por ocultismo, considero o conjunto das práticas, comumente estudadas no século XVIII e XIX, ligadas a magia e a teurgia, sendo a magia o conjunto de técnicas ligadas ao domínio através de encantamentos e vocalizações das coisas da terra e a teurgia, o mesmo processo ligado às coisas e criaturas do céu (principalmente os Anjos de Deus).



E por último, entendo por Misticismo, a prática dirigida a comunhão interna com Deus, sem intermediários, que busca a integração e a fusão com a vontade divina em nosso próprio coração, e não fora de nós.



Há escolas que são mais esotéricas que místicas, mais místicas que esotéricas, ou mais ocultistas que místicas.



A ordem Maçônica já teve momentos históricos diferentes.


Do ano mil até o evento dos maçons aceitos (a partir da diminuição de prestígio e dos recursos financeiros da corporação dos pedreiros de Londres com o incêndio da cidade e a perda do monopólio da construção de catedrais, conseqüência da instauração da república protestante de Oliver Cromwell, com a conseqüente diminuição do tamanho das igrejas) a maçonaria tinha um caráter altamente esotérico, pouco ocultista e nada místico.



Com a instauração da maçonaria aristocrática, por volta de 1717 até 1789, quando se transforma em especulativa, a ordem maçônica vive um período ainda altamente esotérico, francamente ocultista com algumas pinceladas de misticismo.


De 1789 para cá, o que se viu foi o desaparecimento progressivo do aspecto esotérico, com a publicação aceita e aplaudida pelos líderes maçônicos de vários textos sobre maçonaria, dando detalhes precisos de seu funcionamento interno (haja visto, como exemplo, existir uma editora especializada nestas publicações) livros os quais são encontrados em qualquer livraria profana, em qualquer shopping, em qualquer banca de jornal.


Existem irmãos de maçonaria que inclusive tornaram-se especializados nestas publicações , como é o caso de Rizzardo Del Camino, se não me engano, autor gaúcho.



Nem por isso tiveram a garganta cortada ou foram expulsos por terem violado o sigilo que juraram preservar.



Além de perder seu caráter esotérico, a maçonaria abandonou as práticas ocultistas quase totalmente, por não serem mais compatíveis com a racionalidade moderna ou com os objetivos modernos da Ordem.



Por último, a Ordem maçônica também não tem mais um caráter místico. A referência ao GADU, que norteia nossas reuniões revestem-se mais de um aspecto quase religioso, de respeito a algo externo a nós, do que a busca de algo interior.



Atualmente, ao ir a Loja, o maçon vai em busca da fraternidade, da igualdade e da liberdade do convívio entre irmãos, mas não em busca da espiritualidade relacionada, por exemplo, à busca do sufista ou do monge.



Nada impede que um ou outro membro da Ordem tenha características espirituais mais exaltadas, ou interesses em ocultismo ao estilo dos trabalhos de Eliphas Levi, mas deverá trilhar um caminho individual e nada na prática coletiva maçônica moderna o ajudará neste caminho.



Talvez por isto mesmo, pela progressiva perda de interesse dos próprios membros da ordem, os símbolos do templo, principalmente aqueles de mais alto caráter ocultista, tornem-se aos poucos mais e mais ilegíveis para os irmãos que vão aos rituais e mesmo invisíveis, para a maioria.



Isto tudo para minha tristeza como de nobres irmãos já no Oriente Eterno, como Nicolas Aslan, minha referência constante.


Ir:. Mario Sales


Suzano 25 de fevereiro de 2009

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