quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sigilo Maçônico
Escrito por A Jorge
Em todas as religiões orientais herméticas, desde as praticadas na China, Índia, Egipto, Grécia e outras, o processo de ensinamento consta de duas vertentes: a primeira, é o discurso livre, exotérico, para o conhecimento de todos, do povo em geral, sem reservas, em que pese o seu singelo estado cultural. O outro, é o processo esotérico, reservado aos homens rigorosamente selecionados, segundo o seu maior potencial e mais adiantado estado cultural, para a "iniciação" nos mistérios religiosos. Esses serão preparados devidamente para entrar na posse do conhecimento da verdade. Neste último ensinamento é que reside a exigência do "Sigilo", para que os mistérios religiosos não sejam divulgados àqueles que não estão preparados para conhecê-los.
Como teria surgido nas religiões antigas a necessidade de se manter sigilo?
Presume-se que nos idos do pós Dilúvio, quando prevalecia na terra as religiões na forma de idolatria, os judeus decidiram formar uma ordem religiosa distinta, a qual acolheria não somente os filhos de Israel mas, também, os gentios que tradicionalmente professavam a fé no mesmo Deus. Num dado momento em que a prática da religião tornou-se perigosa, para fugir à perseguição, para preservar os seus segredos, tiveram que lançar mão do artifício de ministrar os seus ensinamentos religiosos através de símbolos. Dentre os povos idólatras, os segredos religiosos sempre estiveram somente nas mãos dos sacerdotes, os quais praticavam a iniciação de adeptos sob o maior segredo. Mais tarde, a mesma prática foi adotada pelos devotos de outras religiões herméticas, chegando no correr dos tempos até à Maçonaria.
Dentre as práticas das religiões antigas o "Sigilo" foi um dos subsídios absorvidos pela nossa Sublime Ordem, conservados que foram os mesmos conceitos, até hoje.
A Maçonaria Universal, a nossa Sublime Ordem, na sua milenar sabedoria, ministra os seus mistérios através de um processo gradual de ensinamento, o processo esotérico, absorvido das religiões antigas, o qual é dado a conhecer aos seus membros ao longo de todos os seus graus. Dentre as recomendações transmitidas, duas delas merecem especial destaque neste trabalho. Em primeiro lugar, a recomendação da Moral Maçônica, que é o comportamento que os membros deverão observar, não somente nos templos maçônicos mas, o que é mais importante, nas suas atividades profanas, como homens livres e de bons costumes, para contribuírem como paradigmas na construção do bem estar social da Humanidade A segunda recomendação está inserida na primeira, é a do Sigilo Maçônico, o qual já é exigido do neófito no seu primeiro contacto com a Maçonaria, no juramento que presta na sua Iniciação, como de resto é, também, exigido de todos os membros permanentemente no encerramento dos trabalhos das Lojas
O Sigilo é, senão o mais importante, pelo menos um dos conceitos mais atacados pelos opositores da Maçonaria. Essa oposição teve início depois da Constituição de 1723, a conhecida Constituição de Anderson, o qual, coadjuvado por Desagulliers, modificou os rituais da Ordem, já, então, começando esta a ser dominada. pelos intelectuais, pelos aristocratas e pelos dissidentes religiosos. Começou aí a maçonaria especulativa. A partir de então teve início o confronto com as igrejas anglicana e católica. Isso aconteceu provavelmente porque a Constituição de Anderson não considerou o aspecto cristológico das Old Charges, as quais eram o esteio da Maçonaria Operativa desde o século XIV.
Nessa ocasião, no correr dos séculos XVIII e XIX, a Maçonaria, como ordem dita secreta, tornou-se muito poderosa, tendo sido responsável pelos movimentos revolucionários que eclodiram no mundo todo, dos quais fez parte os ocorridos no Brasil, sendo o mais conhecido o movimento contra o jugo português, o da Inconfidência Mineira.
No que respeita ao significado do vocábulo "sigilo", se nos valermos do Dicionário Aurélio verificaremos que os verbetes relacionados em seguida querem significar, em suas raízes a mesma coisa. São praticamente sinônimos, encontram-se entrelaçados em seus mais diversos significados. São eles Mistério, Secreto, Reserva, Cautela, Precaução, Confidencial, Sigilo, Segredo, Enigma, Oculto.
Para os leigos e de um modo geral para o grande público, esses termos passam a tomar significados diferentes, na medida em que tocam mais ou menos as emoções de cada um. Assim, alguns desses vocábulos, tais como Reserva, Cautela e Precaução, transmitem idéias normais, sem grande rigor na sua observância. Todavia, outros como Mistério, Secreto, Oculto e Enigma, representam idéias muito fortes e estremadas, de atividades pagãs, anti-cristãs, demoníacas, ligadas ao sobrenatural e que extrapolam os sentidos humanos. Esses vocábulos levam o homem a relacioná-los mais ao ocultismo, no seu sentido mais de feitiçaria, magia, adivinhação, quiromancia etc. Outros, ainda, como Sigilo e Segredo transmitem idéias medianas, cuja observância, entretanto, fica determinada, fica exigida.
Assim é que a adjetivação usada pelos inimigos da Maçonaria, rotulando-a de religião ou organização secreta, objetiva impactar os sentimentos, as emoções do grande público incauto, transmitindo-lhe sempre o sentido "negro" do ocultismo.
Como pode ser secreta a Maçonaria, quando as suas Constituições são registradas em cartório? Como pode ser secreta a Maçonaria, quando ela dispõe de CGC? Como pode ser secreta a Maçonaria, quando você, meu caro Irmão, eventualmente paga os seus compromissos com a sua Loja, em banco, através de Ficha de Compensação nominal? Como pode ser secreta a Maçonaria quando o seu endereço, através dos templos maçônicos, são notoriamente conhecidos? Esses templos pagam os seus impostos (IPTU) e as taxa de consumo de água e luz. A Maçonaria é, portanto, conhecida dos povos e de todos os governos onde ela é praticada livremente.
Ao contrario de nossa Sublime Ordem, as organizações secretas operam na clandestinidade, na ilegalidade, sem paradeiros, sem endereços, em locais "subterrâneos", desconhecidos e não sabidos. E mais, reúnem-se com fins escusos.
Vejamos o sentido figurado do vocábulo "subterrâneo", segundo o Dicionário do mestre Aurélio:
Verbete: subterrâneo [Do lat. subterraneu.]
Adj.
3. Fig. Feito clandestinamente; secreto, ilegal:
4. Fig. Feito às ocultas com o fim de solapar, comprometer ou destruir alguém ou algo:
5. Fig. Obscuro; misterioso: ~V. drenagem -a, lençol - e lençol de água -a.
~V. subterrâneos.
A Maçonaria já esteve na clandestinidade mais de uma vez, principalmente em países totalitários. Mesmo no Brasil, pelas mãos do Imperador D. Pedro I, a Maçonaria, que o elevou ao alto cargo de Grão-Mestre da Loja Grande Oriente do Brasil, em 1822, foi fechada, por problemas políticos. O movimento maçônico estava procurando a liberdade do povo, não mais que isso.
Dizer-se que a Maçonaria é uma organização secreta, dentro desse conceito ocultista usado pelos seus detratores que sofismam na sua argumentação é realmente mera especulação.
Como pode ser secreta uma organização que promove solenidades "brancas", trazendo para os seus templos autoridades dos três poderes do governo, como convidados ou como palestrantes e, até mesmo, como homenageados?
Como pode ser secreta uma organização que não tem um poder central, como as praticadas por àquelas marginais e herméticas e por muitas organizações religiosas, inclusive as suas inimigas?
Como se sabe, muitos livros escritos por Irmãos de nossos quadros, por Irmãos que deixaram nossas colunas e, até mesmo, por leigos estudiosos da Maçonaria, estão aí enchendo as prateleiras das livrarias, à disposição de quem queira adquiri-los. Esses livros contam tudo? Sim, quando se trata de Irmãos descontentes. Contam; contam quase tudo, quando se trata de autores verdadeiros e justos maçons. Neste caso, só não contam o essencial, aquilo que só aos iniciados cabe conhecer e que são os nossos mistérios, guardados do grande público, através da prática do sigilo.
Mas a segurança da Maçonaria é frágil. Ela pode e tem sido facilmente penetrada. Como poderemos, então, guardar os nossos segredos? A porta de penetração é a seleção de profanos para tomarem lugar entre nós. Por isso que a infidelidade maçônica começa na má indicação de candidatos, passando pela sindicância mal feita. Esse é o ponto Aqueles que foram mal selecionados, certamente não permanecerão por muito tempo na nossa Sublime Ordem. Esses, via de regra, são potencialmente os que mais provavelmente não titubearão em dar a público o pouco conhecimento que chegaram a ter acesso. São esses maus maçons que até mesmo nos "passos perdidos" aproveitam a oportunidade para solapar a Maçonaria. Como deveremos reagir contra esses que, através da ignorância, da inveja, da insatisfação e do ciúme, denigrem a nossa Sublime Ordem?
Entendo que a fórmula certa para evitar essas desastrosas atitudes de homens não preparados para integrar a nossa Sublime Ordem é, realmente, aumentar a segurança, apertar o cerco da escolha. É depurar rigorosamente na seleção, inclusive divulgando e submetendo as propostas às outras Lojas, tal como já o fazem as Lojas coligadas da Baixada Santista. Propor somente àqueles de boa formação moral, espiritual, justos, honestos, livres de consciência, de bons costumes, àqueles que já nasceram "maçons". Essa é talvez a maneira de enobrecermos nossa colunas, a maneira de preservarmos e mantermos a intimidade de nossa Sublime Ordem. Não será com quantidade que haveremos de fortalecer nossas colunas. Precisamos nos libertar desses intrigantes.
Veja-se, em I Co 15:33, o que o apóstolo Paulo, a propósito do "diz que me disse", recomenda aos Coríntios:
33 Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.
Foi num trabalho de um nosso Irmão norte americano que encontrei uma sábia resposta. A de que os verdadeiros segredos da Maçonaria são intangíveis.
A Maçonaria tem sim os seus segredos, não há o que negar. Mas longe está de ser uma organização secreta. A exigência de sigilo de seus segredos começa no juramento do recipiendário, do profano que está sendo iniciado nos mistérios da Maçonaria, o qual segue, resumido: "... jurais e prometeis, ... em presença do Grande Arquiteto do Universo: e de todos os Maçons ... nunca revelar os Mistérios da Maçonaria que vos forem confiados...?
Bem, mas o que há de extraordinário nisso? Qual a organização, seja ela religiosa, comercial, intelectual ou familiar, que não tenha segredos ou não pratica reservas ou sigilo de algumas coisas ou fatos? Isso começa a ser praticado na célula social, a família. Todas, inclusive a nossa, evidentemente, mantém no recôndito de sua intimidade fatos, negócios, particularidades físicas e espirituais de seus membros. Esse é o sigilo. É o recatamento natural, inerente ao ser humano. Todos os governos têm os seus assim chamados "segredos de estado" e nem por isso são de caráter ocultista. E, no mundo dos negócios a "alma" é o segredo.
Os nossos segredos maçônicos sujeitam até mesmo os nossos Irmãos. São segredos de câmaras, tratados em níveis diferentes, especificamente nas Loja de cada grau. A Maçonaria proclama o cuidado que se deve ter no trato dos assuntos, sejam eles filosóficos, morais, ritualísticos, administrativos e, o que é muito comum e particularmente importante, os assuntos pessoais de Irmãos, cuja câmara específica para analisar e decidir sobre os mesmos é o Conselho de Família. Por isso que, para resguardar o sigilo da Ordem, não se encontram segredos escritos em nossos rituais. A sua transmissão é oral. É de boca para ouvido. É o sigilo de "confessionário"! De resto é isso que nos permite reconhecermo-nos discretamente.
Não seria demais citarmos que o próprio Jesus Cristo, o nosso amantíssimo Redentor, no seu ministério aqui na terra usava as duas formas, a exotérica e a esotérica, nos seus ensinamentos ao povo e aos discípulos, respectivamente. Quando falava aos discípulos, pedia-lhes sigilo daquilo que ensinava. Entre tantas citações que se encontram na Bíblia a esse respeito, vale mencionar pelo menos a que se encontra em Mt. 17: 9, a qual regista as palavras de Jesus a Pedro, Tiago e João, depois da transfiguração:
9 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos.
A prática do sigilo é permanentemente lembrada nas Lojas. Por exemplo, nas Lojas vinculadas a Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, e cujo rito praticado é o Escocês Antigo e Aceito (REAA), qualquer que seja o grau trabalhado, o encerramento dá-se sempre pelo Venerável Mestre pronunciando as seguintes palavras, que resumimos: "... Antes, porém. de nos retirarmos, juremos o mais profundo silêncio sobre tudo quanto aqui se passou!"
Já, em outra potência, o Grande Oriente do Brasil, por exemplo, essa preocupação não é tão grande. Os manuais omitem esse juramento.
Se nos reportarmos aos graus filosóficos, particularmente no REAA, o Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, encontraremos lá, sistematicamente, em todos os graus, a mesma preocupação, mas, não tão forte.. Quando do encerramento, o presidente da Loja pede o juramento dos Irmãos, com uma, também, pequena diferença,: no lugar de "o mais profundo" usado pela Maçonaria Simbólica é dito "o mais conveniente".
Como vimos, nos três casos acima citados, há três maneiras diferentes de tratar o sigilo na Maçonaria.
Provavelmente em razão de modificações dos rituais, ao longo do tempo. Em que pese a validade de suas diferentes colocações, entendemos que o "sobre tudo" não pode ser tomado ao pé da letra, pois nem tudo o que é tratado em Loja é segredo. Essa colocação não deve transpor os limites de uma força de expressão! Trata-se, como entendo, de um princípio, no sentido de um axioma e não de uma regra, no sentido de lei. Entretanto, já tenho percebido Irmãos que tratam o assunto sob forte emoção.
Isso me faz lembrar de algumas pessoas que exacerbam o sentido das palavras do apóstolo Paulo na sua primeira epístola aos Tessalonicenses, em I Ts 5:16-18. Só para citar um exemplo de como é necessário manter-se o bom senso, transcrevemos abaixo apenas o versículo 17:
17 orai sem cessar;
Como pode alguém orar sem cessar? E, então, como isso deve ser entendido? Deve ser entendido como princípio e nunca como prática permanente ou como costume, como regra, como lei. Mas a nossa alma deve viver o clima da oração, valendo-nos dela sempre que oportuno ou necessário.
O cuidado de preservar os nossos segredos, o nosso sigilo, é muito importante e deve merecer de todos Irmãos uma grande e firme atenção, para assegurar à nossa Sublime Ordem uma eficiente, tranquilizadora e cada vez maior segurança. Isso é parte indispensável do comportamento maçônico. Como no caso da oração, devemos estar sempre alertas, para preservar o "sigilo maçônico".
Fonte: Loja Maçonica Mestre Affonso Domingues Portugal
 

terça-feira, 29 de maio de 2012


 

Primeira Loja Maçônica
O FUTURO DA MAÇONARIA: DESAFIOS E RESPOSTAS

Do MASONIC PAPER[1] de R.W.Bro.Leon Zeldis Membro Fundador e Mestre Instalado[2] da
Montefiore Lodge 78 da Grande Loja do Estado de Israel.
Tradução Livre a cargo do M.’.M.’. RANVIER FEITOSA ARAGÃO[3]
Membro da ARLS CLÓVIS BEVILÁQUA do GOCE





Esta é uma matéria que nos remete à reflexão. Atualíssima, o autor só se engana quando pensa que o que está acontecendo nos EUA, Inglaterra e Israel não acontece no Brasil, por exemplo.
O ponto interessante é que a solução apresentada passa pela retomada dos valores filosóficos e esotéricos. O problema é o mesmo de sempre: geriatrificação da Ordem, recrutamento ruim e evasão.


O Tradutor.




Nos círculos maçônicos através do mundo, particularmente nos países de língua inglesa, a questão do futuro da Ordem tornou-se um assunto urgente. Os últimos quinze anos foram marcados por uma gradual erosão do número de maçons no mundo. Nos Estados Unidos, para dar um exemplo, dos anos 50 até o fim do século passado, os membros das 50 Grandes Lojas diminuíram mais do que quinze por cento. Esses números são motivos para uma séria reflexão. Algumas lojas tiveram que fechar, outras desapareceram e, em todos os lugares, a manutenção dos bonitos templos maçônicos, que eram nossa janela de orgulho para o mundo, tornou-se um peso, uma carga quase insuportável.
Têm sido feito tentativas para se encontrar a causa dessa situação. Obviamente, há uma combinação de fatores. Alguns observadores, nos Estados Unidos, alegam que isso é o retorno à dimensão normal da Fraternidade depois da incomum expansão que teve lugar após a Segunda Guerra Mundial; outros pontos são as mudanças experimentadas pela sociedade no último século, e particularmente nas últimas décadas. Percebemos a crescente auto preocupação das gerações mais jovens, a síndrome de “tampa de metal de motor de avião”[4], a influência da televisão e agora da internet, fazendo com que as pessoas fiquem mais sedentárias e menos gregárias.
Esta situação, que também é sentida no nosso país, não parece ter o mesmo efeito em outras regiões do mundo, tais como a América Latina, França e Turquia, para dar alguns exemplos onde a Maçonaria segue as regras tradicionais de rigorosa seleção dos candidatos, lenta progressão nos graus – um ou dois anos entre um grau e o próximo – pequenas lojas, exigência da presença de cada irmão em loja.
Se quisermos mudar o curso da presente tendência, acredito que nosso problema tem que ser analisado porque ele é composto de dois fatores igualmente importantes: aquisição e retenção.
A primeira questão é como fazer nossas lojas atrativas para as gerações jovens. Aquisição, este é o primeiro passo fundamental. Vamos pensar um pouco. O que podemos oferecer para um jovem com seus trinta ou quarenta, o que faria ele querer participar de uma loja? Naturalmente, um amigo ou um parente. Talvez esta seja a mais comum fonte de recrutamento. Entretanto, está longe de ser a coisa certa. Quanto dos familiares na sua própria loja tem sido bem sucedido com a prole? Eu me pergunto se você precisa das duas mãos para contar os dedos.
Somos uma associação voluntária. Não fazemos publicidade e geralmente não pedimos as pessoas para se tornarem maçons, o que seria contra uma de nossas regras. “De você possuir livre arbítrio e vontade própria”[5], e assim por diante. Então, ao contrário do comerciante vendedor de rosquinhas ou roupas, que pode fazer propaganda e ofertas especiais, liquidações e queima de estoque, devemos oferecer alguma coisa que nossos “cliente” – aquele inocente provável candidato – será enfeitiçado para comprar por sua própria vontade. Pela sua própria vontade e escolha.
Permitam-me divagar. Alguns de vós podeis estar tentando segurar seus cavalos com todas as forças para não pular prá cima é gritar: “Mas isso vem sendo feito nos Estados Unidos”. Sim, é verdade, mestre maçom de um dia – chamam isso de Grande Classe de Mestres: Iniciação, Passagem e Elevação[6] de umas poucas centenas de candidatos em um dia. Certamente, esta linha de montagem maçônica tem divergido das barganhas de vendas de porão. Mas, no comércio, liquidações geralmente terminam com o fechamento do negócio. Vamos torcer para que isso não ocorra conosco.
Alguns críticos, ironicamente, chamam esses “maçons formados no atacado” de McMasons[7], duvidando que eles possam perceber o real significado das cerimônias das quais participam como mero espectador. Ainda não mensuraram a eficiência desse procedimento. Alguns observadores alegam que não há diferenças entre os mestres tradicionais e aqueles promovidos em dois meses. Essas diferenças não emergem com muita ênfase nas lojas hemorrágicas, as quais continuam perdendo dois ou três por centro de seus membros a cada ano.
Então, pergunto novamente, o que podemos oferecer? Alguma coisa que é única em nossa organização, a qual não se pode encontrar no Rotary ou no Lyons ou num London Club.
Fraternidade? Sim, certamente. Mas similar conexão de irmandade existe entre graduados de uma mesma universidade, membros de uma mesma sinagoga, entre veteranos de uma organização militar.
O que nós temos diferentes dos outros é uma tradição esotérica. Uma filosofia, não uma religião, mais tolerante que todas as religiões. Uma tradição de ensinamentos por símbolos. Somos uma academia como nenhuma outra, com um currículo que traz junto a essência das melhores idéias filosóficas que orientaram a educação da civilização ocidental.
E nos temos um segredo. Sim, o segredo da Maçonaria. Acordem, confrades, porque agora eu vou revelar nosso segredo para que todos possam ouvir! Nosso segredo é – tamborilhar dando voltas no quintal – nós podemos melhorar as palavras, por favor.
Grande segredo! Grandes palavras! E agora, como propomos alcançar esta monumental tarefa? Vencendo o mundo com aço e fogo? Encontrando um meio de converter água em óleo? Fazendo o mundo inteiro falar hebreu?
De jeito nenhum. Simplesmente isso: melhorando a nós próprios.
Todo ser humano é capaz de polir as suas imperfeições, conter os seus impulsos, desenvolver inclinações positivas, que nós chamamos polir a pedra bruta. Se nós realmente quisermos, poderemos ser melhores.
Podemos fazer isso e ninguém pode fazê-lo por nós. Nem mesmo a Maçonaria. Recebemos ferramentas simbólicas: o malho e o cinzel, e talvez uma régua de 24 polegadas. Ferramentas que devemos manusear sozinhos.
E nossa esperança é que se nós próprios nos tornarmos homens melhores, nossa família se torna melhor, o ambiente a nosso volta melhora e, eventualmente, a sociedade em geral se torna mais tolerante, um lugar mais iluminado para viver.
Outra coisa, única na nossa organização, é que somos uma grande família, razão pela qual nos chamamos uns aos outros de irmãos, não é mesmo? Como em toda família, algumas vezes temos as nossas discordâncias. Vamos encarar isso, não é incomum os irmãos não se amarem uns aos outros, mas o sentimento básico é que os laços de irmandade permanecem fortes. São incontáveis as histórias de como um maçom socorreu outro. Homens que se encontraram pela primeira vez nas mais adversas circunstâncias, e que nunca mais vão se encontrar, tais quais velhos amigos, ligaram-se através dos laços fraternos da Maçonaria.
Então, vamos supor que tivemos sucesso na aquisição de um novo irmão para a Ordem. Ele é jovem, inteligente e bem educado. Como posso mantê-lo em loja? Este é nosso segundo problema. Retenção.
Camaradas, tenho visitado bastante poucas lojas americanas e também algumas na Inglaterra, não muitas, admito. Sempre, em todos esses lugares, eu fui muito bem recebido, mas, para ser honesto, repito-lhes o que senti, frequentemente, fiquei aborrecido.
Abertura ritualística, minutas, boas-vindas ao visitante, relatório do tesoureiro, informações sobre doença de irmãos, aprovação de despesas (que é uma contra-senha americana) e, então, do lado de fora, vamos comer. Alguns lugares que visitei, pararam a cerimônia no meio para jantar e depois continuavam. Em algumas lojas, a “comida” foi uma xícara de café e um pedaço de bolo.
E então, se queixam dos membros que não vêm para a reunião. Penso que aqueles que vêm deveriam receber uma medalha pela persistência no cumprimento do dever[8].
Mas não vamos discutir o que eles fazem no exterior. Vamos pensar no que podemos fazer aqui, na nossa casa.
Primeiro que tudo, vir para a loja deveria ser divertido. Deveria ser uma experiência prazerosa que você gostasse de repetir para que se deliciasse novamente.
Afora a convivialidade[9], deveria ser uma estimulação mental. Faça disso uma ocasião para pensar, para trocar idéias, para ensinar e aprender. Há um velho ditado que diz que se duas pessoas têm um dólar cada uma, se elas os trocarem, cada um deles ainda terá um dólar. Mas, se cada uma delas tem uma idéia e se as trocarem, agora cada uma delas terá duas idéias.
Alguns dirão, não somos autores ou estudantes, não temos tempo para fazer pesquisa ou para escrever artigos. Verdade, em parte. Tenho visto jovens muito ocupados em suas vidas profissionais que encontram tempo para fazem alguma coisa que gostam, como visitar livrarias e pesquisar material na internet. Eles produziram maravilhosos artigos, alguns dos quais fiquei feliz por ter publicado enquanto era editor do Haboneh Hahofshi.
E se a loja não for capaz de produzir seu próprio material para discussão, há um mundo de literatura maçônica disponível para formulação de perguntas. Pegue um jornal ou um livro e peça a alguém para ler algumas páginas. Depois discuta. Converse com cada um. A conversa é a argamassa da amizade.
Outra idéia é envolver a loja com uma sociedade de pesquisa, como o Quatuor Coronati Correspondence Circle, o Philalethes ou a Southern California Research Lodge. São centenas de fontes de onde você pode receber interessantes materiais, próprios para leitura e discussão.
Por favor, não me interprete mal; não estou alegando que a loja deveria ser uma sociedade de debates. Mas ela deveria ser um lugar para nos afastarmos das preocupações diárias, onde pudéssemos se afastar dos negócios, preocupações, ansiedades e devotar duas horas ao prazer, ao entretenimento e ao diálogo estimulante.
Alguns de vós podeis estar perguntando por que eu não falei uma palavra sequer sobre ritual? Como você pode acreditar, o ritual é o coração da Maçonaria. Bem, não exatamente. Eu diria que o ritual é o esqueleto, a espinha dorsal da loja, sem a qual esta poderia desmoronar. Mas não é suficiente. Precisa de corpo e de sangue de participação ativa. Deixe-me perguntar, porque temos rituais em loja? Por que o mestre não pode apenas bater o martelo e anunciar que a loja está aberta para os assuntos[10]?
Porque o tempo perdido na ritualística da loja tem dois propósitos: o primeiro é nos lembrar de que a nossa loja não é simplesmente outro clube ou uma reunião de conselho. Reunimos-nos num local consagrado, o templo maçônico, que simboliza o centro do universo. Abrindo a loja, também abrimos uma extensão de intervalo de tempo[11]. Em outras cerimônias destacamos que a loja abre ao meio dia e fecha à meia noite. Símbolos, símbolos.
O segundo propósito para o ritual é termos um tempo para sossegar, para pararmos de pensar na desordem e nas batalhas sem fim do mundo lá fora. A loja é uma ilha de paz, de reflexão e de relaxamento. A repetição exaustiva das palavras do ritual permite libertar nossa mente dos problemas diários, deixando-a pronta para o trabalho maçônico.
Agora, o ritual é importante, sendo recomendável que a iniciação[12] maçônica seja levada a efeito com o coração e sem erros. Também nos lembramos que a iniciação não é para nós, é para o candidato. E se um dos oficiantes[13] esqueceu uma palavra ou, ao invés, proferiu outra, não causa nenhum prejuízo. O candidato não a conhece. Então, só haverá prejuízo se um intrometido se apresentar “corrigindo” o erro.
A iniciação bem apresentada é como um jogo. Depois que tiver terminado, se todos foram bem sentiremos a satisfação pela perfeição dos trabalhos. Mas, então, depois da cerimônia, começa a segunda tarefa, não menos importante, que é explicar aos candidatos o que foi feito, porque foi feito e o seu significado simbólico[14].
As instruções maçônicas não são, ou não só, rotina de aprendizagem de uma série de perguntas e respostas, ou repetição do ritual até a perfeita expressão das palavras. Pretendem conscientizar o aprendiz ou do novo artesão da profundidade dos nossos símbolos, da nossa história, nossas tradições, nossos inimigos e vitórias. Assim, eles sentirão orgulho de serem maçons.
É como ir à ópera pela primeira vez cantando em húngaro. Gostamos da música mas não captamos muito coisa do libreto[15]. Somente se viermos por uma segunda vez e havermos lido a tradução conseguiremos entender completamente o drama musical. E os nossos dramas são mais velhos do que todas as óperas do mundo.
Agora venho com um assunto que até não muito tempo atrás foi um tabu em nossas lojas: a participação das mulheres na maçonaria. Nesse momento, o assunto está fora de questão[16]. Não podemos ignorar que nossas mulheres não são aquelas senhoras da literatura do século XIX, prontas para desmaiar na primeira onda do ventilador. Elas são bem educadas, bem informadas[17], muitas seguem carreiras de sucesso e grande parte delas ganham mais dinheiro do que nós! Se elas estão interessadas em Maçonaria, encoraje-as por todos os meios, conte a elas o que nós fazemos, consintamos que leiam nossa literatura. O que quer que tenha sido impresso não é mais segredo.
O mais importante, as lojas, como um conjunto, devem incorporar as mulheres, nossas esposas, na vida da loja. As esposas dos maçons não devem se sentir do lado de fora.
Deixe-me-lhes contar um exemplo de sucesso: com freqüência, na minha própria loja realizamos jantares (os chamamos de “mesas brancas”) juntamente com nossas esposas. Especialmente, depois de cada iniciação, nos asseguramos de que a esposa do candidato seja calorosamente recebida e isso a faz sentir-se bem-vinda. Há, naturalmente, o banquete anual de instalação. E, comumente, a loja tem muitos encontros festivos antes do pesar, e no dia da independência. Uma vez por ano, apresentamos a cerimônia do dia das rosas, seguindo o ritual oficial da Grande Loja. Uma vez por ano promovemos um fraternal fim de semana num hotel de estação[18] para a família inteira, incluindo um Seminário Maçônico na manhã de sábado, o qual tem melhorado ano após ano.
Camaradas, temos conseguido fazer da loja um assunto de família e o resultado é que temos perdido muito poucos obreiros.
É esta a fórmula válida para todas as lojas? Provavelmente não. Talvez em uma loja os membros estejam mais interessados em arte, em música ou teatro. O princípio é o mesmo, manterem-se juntos, não somente dentro do templo mas fora dele, onde toda a família possa participar.
A nossa não é a única experiência. Há duas semanas, recebi uma carta da Grand Lodge of South Australia. Eles fizeram um detalhado artigo intitulado “O Novo Milênio, Maçonaria e Mulher”[19]. E quais foram as conclusões: certo, exatamente o que descrevi, acrescentando outras recomendações interessantes, como a dispensa dos discursos maçônicos e brindes de sempre num festival de pranchas, e minimizar as horas em loja a fim de que os homens não cheguem muito tarde em casa.
Entretanto, o mais interessante aspecto do artigo é a atitude positiva, refletindo na direção da Maçonaria Feminina, incluindo a recomendação de desenvolver políticas de relações com as mulheres, e formar o “Programa de Relações da Mulher com a Maçonaria”[20]. Uma Sugestão posterior é permitir a Ordem das Mulheres utilizar o nosso templo e desenvolver conjuntamente atividades sociais, cerimoniais e intelectuais.
A nossa organização é singular. Forma uma assembléia de homens que se encontram regularmente, não para ganhar dinheiro, não para promover seus negócios, mas para aprender a se tornar melhores homens e melhores irmãos um para o outro.
Comecei com um comentário que pode ter soado pessimista. Esta não é minha crença. Acredito que a Maçonaria, uma sociedade que existe há centenas de anos, sobreviverá por muito mais séculos porque preenche uma necessidade. Talvez nossas lojas sejam poucas, talvez sejam pequenas, mas haverá Maçonaria em todos os países onde os homens são livres para pensar sobre eles mesmos, livres para se reunirem pacificamente para suas próprias alegrias e a melhoria da sociedade na qual vivem.
Isso me traz para o último assunto que eu quero abordar nessa oportunidade, a ação do maçom e da Maçonaria como um corpo, nos assuntos mundanos.
Nos últimos séculos, os maçons foram os lideres dos movimentos de libertação contra o colonialismo no século XIX. Foram os líderes contra a intolerância religiosa e o controle clerical em muitos países ao longo do século XX. Lutou contra os males da escravidão e do colonialismo. Com a separação da igreja do estado, levantamos bandeiras a favor de muitas coisas que hoje acreditamos sejam parte integrante de uma nação iluminada.
Foi o que fizemos? Vamos nós, os maçons do mundo de hoje, descansar sobre nossos lauréis, regozijar-se repetidas vezes com as glórias do passado? Quantos homens como Washington, Bolívar, Marti e Garibaldi lutaram pela liberdade dos seus países? Somos uma geração de folgazões, de homens com os olhos no passado, ou estamos olhando para a frente na direção do nosso futuro, rivalizando-se com os nossos predecessores, mas de outra forma, apropriada para o mundo no qual vivemos agora?
Há muito o que nós podemos fazer. O mundo está assediado pela moral perigosa do fanatismo, intolerância religiosa, superstição, assolado pela superpopulação, esgotamento de recursos naturais, poluição, doenças e fome.
Se nós procurarmos encontrar um denominador comum para todos esses males, acredito que o que chama a atenção, entre todas as possibilidades, é esta: ignorância!
E é contra ela que nossa futura contribuição deve ser focalizada: educação. E isso já está sendo feito. Foi feito no passado, deve ser feito agora e no futuro. Os maçons foram e são envolvidos com educação em todos os níveis. Criaram universidades: Girard College nos Estados Unidos, a Free University of Brussels, Universid de La República de Chile, são alguns exemplos. Filantropia é louvável, mas a mais alta forma de filantropia é a educação.
Se nós como maçons pudermos inculcar nas nossas instituições educacionais nosso espírito de tolerância, democracia e respeito à pessoa, estaremos fazendo agora o equivalente ao que nossos libertadores fizeram dois séculos atrás.
Acredito que os maçons têm coragem e encontrarão vontade para se levantar e mostrar o caminho da luta contra a ignorância, a base de todos os males que ameaçam o futuro da raça humana.
Podemos começar agora, podemos começar aqui.
“Eem eyn any li, me li? Veh-eem lo achshav, matei?”

Fortaleza/CE, 22.3.2010

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[1] HTTP://www.freemasons-freemasonry.com/zeldis05.html


[2] Past Master


[3] perito.ranvier@gmail.com


[4] Bowling alone syndrome


[5] “Of you own free Will and accord”


[6] “Initiation, Passing and Raising”. Salvo melhor juízo, são os graus simbólicos no Rito de York e no de Schröder.


[7] Sem equivalência no nosso idioma, o termo, na opinião do tradutor, parece designar um “meio-maçom”, e não um maçom propriamente dito.


[8] I think those who do come should get a medal, for endurance beyond the call of duty.


[9] conviviality


[10] For business


[11] ... we also open a stretch of time out of time.


[12] Masonic ceremony


[13] officer


[14] It is supposed to accomplish.


[15] Texto da ópera


[16] Now It’s out in the open.


[17] well read


[18] Holliday resort


[19] “The New Millennium, Freemasonry and Womem”.


[20] “Freemasonry and Women Relations Program”

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Jose Castellani

O BODE NA MAÇONARIA
Dentro da nossa organização, muitos desconhecem o nosso apelido de bode. A origem desta denominação data do ano de 1808. Porém, para saber do seu significado temos necessidade de voltarmos no tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o mundo a fim de divulgar o cristianismo. Alguns foram para o lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal muito comum naquela região. Procurando saber o porquê daquele monologo foi difícil obter resposta. Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda mais a curiosidade dos representantes cristãos, em relação aquele fato. Até que Paulo, o Apóstolo, conversando com um Rabino de uma aldeia, foram informados que aquele ritual era usado para expiação dos erros. Fazia parte da cultura daquele povo, contar alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo escondido, as suas faltas, ficaria mais aliviado junto a sua consciência, pois estaria dividindo o sentimento ou problema.
Mas por que bode? Quis saber Paulo. É por¬que o bode é seu confidente. Como o bode nada fala, o confesso fica ainda mais seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o Rabino. A Igreja, trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio por parte do padre confessor - nesse ponto a história não conta se foi o Apóstolo que levou a idéia aos seus superiores da Igreja, o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao voto de silêncio, 0 povo passou a contar as suas faltas.
Voltemos em 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumários, se apresentava como novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas as instituições que não governo ou a Igreja. Assim a Maçonaria que era um fator pensante, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país. Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições. Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizerem a seguinte frase a seu superior: - “Senhor este pessoal (Maçons) parece BODE, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”. Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta denominação: “BODE” - aquele que não fala, sabe guardar segredo.
 Ir.'. José Castellani

domingo, 27 de maio de 2012


PRECE DO MAÇOM
Oh! Supremo Arquiteto do Universo.

Faça que minhas decisões, meus dias, meus pensamentos, sejam os exatos reflexos dos seus ensinamentos. E eu possa, assim, caminhar com integridade... Quando fizer algo em favor dos outros, que meu nome seja simplesmente, como os demais citado. Sendo em tempo algum, jamais exaltado, pois, apenas estarei cumprindo minha obrigação de Maçom.
Supremo Arquiteto do Universo.

Fazei com que eu não me sinta inebriado por nada, que minhas palavras brotem do fundo do meu coração e não sejam, simples arranjos de letras fabricados em meu cérebro e transmitidos, apenas para causar comoção!!!

Não permita que meu ego aprenda a conjugar somente a primeira pessoa do singular. Incute em meu ser, o sentido do “nós”!!!

E que muitas ações sejam corretas e se difundam, brandamente. Por intermédio da minha voz. Se um dia detiver o poder em minha vida profana, que seja ele manso, digno, algo que não se ufana, posto que é efêmero! Que eu não imponha regras quando ajudar a um irmão, pois deverei fazê-lo com carinho, desprendimento, empolgação, não permita que eu não aprenda a julgar... Ensina-me a perdoar, a não guardar ódio em meu coração, pois se assim não for, serei apenas mais um na multidão.

Sentimentos como a pedra cúbica e a vaidade, afaste-os do meu caminho, pois, caso contrário é certo que um dia estarei sozinho.

E assim, quando limite máximo me for imposto, que a serenidade esteja presente em meu rosto, que a alegria do dever cumprido esteja presente. Aí então, os amigos haverão de lembrar que pela repetição dos meus atos, colecionei e emoldurei todos os fatos, se não fiz melhor, ao menos tentei. Não importa que eu seja, aprendiz, companheiro, mestre ou venerável, devo trazer o rosto sempre afável, pois esta é a verdadeira razão...

Gestos, sinais, simbologias, para dar sentido às nossas vidas, muitas vezes, vazias. É por isso que nos reunimos... Para tratarmos de assuntos que elevam o espírito, para polirmos nossas pedras brutas, para vivermos em paz, para vencermos nossas lutas...

Combater o despotismo, a tirania, os vícios humanos, referimo-nos aos de fora como profanos, e muitas vezes, cometemos as mesmas e velhas falhas!!!

Supremo Arquiteto, obrigado pela oportunidade que eu tive, obrigado pelos irmãos que ganhei, e, especialmente, por esta vida que passei!!! Se outra oportunidade me fosse dada, se outra vida pudesse ser vivida, se tivesse opção de escolher, seria eu novamente um membro dessa Loja, onde se aplicam normas de consciência e retidão, e, assim, teria eu novamente a chance de poder dizer que fui um verdadeiro Maçom!!!

Autor desconhecido

 

sábado, 26 de maio de 2012

Templo maçônico

SIMBOLOGIA POUCO SECRETA
A grande força da Maçonaria sempre esteve no fato de ser uma sociedade secreta. Embora não se possa falar, rigorosamente, em sociedade secreta quando o seu endereço está nas listas telefônicas, ela deve se primar, pelo menos, pela discrição. Tal fato, no entanto, não se dá. Hoje, os símbolos maçônicos já estão de tal forma vulgarizados que somente o fato do maçom ter uma necessidade premente de se declarar como tal perante à sociedade é que justifica o seu uso.

A Maçonaria têm formas de identificação para os maçons. Essas formas que nós maçons bem sabemos quais são, já não se justificam, exceto em raras ocasiões. Os símbolos maçons estão nos pára-brisas dos carros, estão na lapela do paletó ou da camisa, na caneta, no anel, no cordão, em toda parte e das mais variadas formas. Até mesmo a tradicional identificação através da assinatura, já está por demais vulgarizada. Tão logo você coloca três pontinhos na assinatura, alguém lhe pergunta se você é maçom. Como dizer que não o é, se você é um bazar ambulante com todos os símbolos maçônicos.
Os maçons do passado, aqueles que introduziram tais coisas na Maçonaria, sabiam o que estavam fazendo, mas hoje, tudo isso vulgarizou e é utilizado porque o maçom tem uma necessidade premente de ostentar a sua condição de maçom, não para os maçons, como deveria, mas para os profanos, para a sociedade.Numa cidade do interior, todos sabem quem é maçom e quem não é. Mas não deveria ser assim. É preciso que o Maçom saiba que se deseja status social, o local não é a Maçonaria; o trabalho maçom tem que primar pela discrição e não pela ostentação.
É fácil notar que muitas lojas têm uma grande preocupação em sair no noticiário, dizer que a Loja fez e aconteceu em tal evento. Isso, no meu modesto entender, revela um total desconhecimento dos objetivos da Maçonaria e, o que é pior, revela também o desconhecimento do maçom sobre o seu papel. Digamos que o maçom esteja precisando dos préstimos de outro maçom, mas se esse atende, logo surgirá a contestação daqueles que foram preteridos que irão gritar aos quatro ventos que aquilo se deu porque ambos são maçons. Então, até por uma questão de bom senso, o maçom não poderá atendê-lo. E se ele não o atende, esse ficará contrariado e decepcionado.
Portanto, essa vulgarização ou profanidade da Ordem está abortando seus princípios e tornando-a inoperante. É preciso que nos conscientizemos disso e passemos a abolir a ostentação dos símbolos maçônicos, nós temos que nos identificar é para os nossos irmãos, mas hoje em dia nos identificamos muito mais para os profanos.
Antônio Amâncio de Oliveira
M.:M.:

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Grande Templo maçônico na França. 

Torre Eiffel - Paris FRANÇA

Causes et conséquences de l'antimaçonnerie

Deuxième partie
Juste avant, à la fin de 1904 explose l’affaire des fiches. Cette affaire peut se résumer brièvement comme suit. Dès les années 1890, les jésuites ont pris en main l’enseignement des officiers et leur insufflent des idées conservatrices et pro catholiques. Désireux de « républicaniser » l'armée en la laïcisant (à l’époque la majorité des officiers et officiers supérieurs étaient aristocrates et catholiques pratiquants), le Ministre de la Guerre, le général André fait appel aux loges maçonniques du Grand Orient pour établir au total 25 000 fiches sur les opinions politiques et religieuses des officiers. Les fiches sont d'abord centralisées au secrétariat de la rue Cadet avant d’être envoyées au cabinet du ministre. Pris de scrupules devant l’énormité de la chose, le secrétaire adjoint du Grand Orient entre en relation avec un député et lui vend quelques exemples de fiches. Devant l’Assemblée Nationale, celui-ci interpelle le Gouvernement qui nie être au courant de la chose.
Quoi qu’il en soit, le scandale éclate au grand jour. Le Conseil des Ministres est forcé de démissionner. Une équipe radicale est mise en place et la laïcisation de l’administration se poursuit en même temps que des lois nouvelles sur la protection des informations sont votées. Par contre l’armée est fragilisée et démoralisée.
Le colonel Pétain, directeur de l'école de Saint-Cyr, connu à l'époque pour son athéisme et ses sympathies républicaines et dreyfusardes, avait été abordé pour collaborer au fichage de ses subordonnés et étudiants, et peut-être aussi pour intégrer la loge Alsace-Lorraine, la loge de prestige, d'ailleurs très modérée, du Grand Orient. Son refus brutal et assez méprisant avait été sanctionné par une fiche transmise par l’obédience au ministère de la guerre. Désormais Pétain reprochera durablement la stagnation de sa carrière à la maçonnerie, qu'il considère comme une association néfaste de lobbyistes fanatiques et douteux. Alors qu’en réalité son avancement était retardé par le fait qu’il n’avait jamais servi dans les colonies.
La France est bouleversée par l’affaire et le sentiment antimaçonnique s’accroît d’autant plus qu’il est poussé par l’Action Française qui proclame publiquement sa haine des francs-maçons, des juifs et des protestants, ainsi que par un personnage comme Monseigneur Jouin, curé de Saint-Augustin qui fait paraître entre 1912 et 1939 la Revue Internationale des Sociétés Secrètes dans laquelle il révèle dans les moindres détails les événements maçonniques et l’appartenance maçonnique de beaucoup de français.
En 1914, Augustin Cochin, un historien et sociologue conservateur reprend la théorie de l’abbé Barruel mais en la basant sur une analyse factuelle des origines de la révolution et non plus sur la thèse du complot. Sa mort prématurée pendant le conflit l’empêche de développer plus avant cette vue mais sa famille se charge de diffuser ses écrits et sa pensée dès la fin de la guerre.
La franc-maçonnerie française, pacifiste, reste discrète pendant la première guerre mondiale. Elle se réunit à deux reprises avec les obédiences des puissances neutres pour lancer les bases d’une future Société des Nations (devenue en 1945 l’ONU). Dès le début du conflit, le Général Joffre, Frère du Grand Orient, écarte des postes importants de l'armée et du front les officiers qu’il considère comme réactionnaires et cléricaux – généralement issus de familles traditionalistes – pour les envoyer à Limoges, d’où le terme « limoger »…
La période entre deux guerres voit l’accession au pouvoir de régimes totalitaires et de dictateurs à travers le monde1. Ceux-ci ne supportent pas la maçonnerie qui met en avant la réflexion personnelle, l’ouverture, la tolérance, la fraternité et la paix. De plus le secret juré dès l’initiation leur est intolérable. A travers une propagande bien organisée, cette aversion est transmise aux populations.
A partir de 1928 Henri Coston attise le sentiment anti-maçonnique entretenu par Mgr Jouin en publiant une revue dans laquelle il attaque pêle-mêle les juifs, les communistes et les francs-maçons. Certains ex-maçons comme Jean Marquès-Rivière le soutiennent dès le début des années 1930 en accusant les francs-maçons d’être les suppôts du parti communiste. De Bucarest, Mircéa Eliade, un historien des religions célèbre fustige les francs-maçons en les jugeant aussi monovalents et abstraits que les communistes. Un autre anti-maçon tout aussi virulent, Bernard Faÿ, professeur au Collège de France et administrateur général de la Bibliothèque Nationale, entre dans la danse en reprenant les attaques de Barruel, accusant les francs-maçons d’hypocrisie et les traitants de propagateurs d’idéologies dévastatrices pour la prospérité du pays.
En 1934, sous la présidence de Camille Chautemps2, connu comme franc-maçon, l’affaire Stavisky implique certains milieux affairistes maçonniques et politiques, ce qui sert de tremplin à la droite pour clamer haut et fort que le complot maçonnique compromet la république. Le 6 février 1934, une importante manifestation mêlant la droite et l’extrême droite assiège l’Assemblée Nationale et réclame la fin du parlementarisme et l’interdiction de la franc-maçonnerie. Elle est réprimée dans le sang et du coup le vieux mythe du complot judéo-maçonnique est remis d’actualité…
Comme cela a été le cas en Italie, en Espagne, au Portugal et en Hongrie lors de la prise de pouvoir par un dictateur, la franc-maçonnerie est interdit en Allemagne dès l’arrivée d’Hitler au gouvernement et les francs-maçons sont poursuivis. En France, il n’en est rien pour les quelques 60 ou 65 000 maçons jusqu’à l’armistice de juin 40. Toutefois dès le début des hostilités, la maçonnerie est montrée du doigt par les conservateurs comme étant la cause de la guerre et, paradoxalement, en même temps de la défaite…
En prenant le pouvoir, le Maréchal Pétain fait de la lutte anti-maçonnique une priorité car il les accuse de tous les malheurs de la France. Ainsi, deux mois après l’instauration du régime de Vichy, la franc-maçonnerie est dissoute par la loi du 13 août et interdite par le décret du 19 août 1940.

1 - Salazar au Portugal, Franco en Espagne, le Régent Horty en Hongrie, Mussolini en Italie, Staline en URSS, au Japon, en Turquie, en Amérique du Sud, etc.
2 - Président du Conseil des Ministres (actuellement Premier Ministre)
Première partie
Il faut revenir plus de 200 ans en arrière pour découvrir la naissance de l’anti-maçonnerie.
Un an après la déclaration de Louis XV disant, par l’intermédiaire de son Ministre Fleury, que les « frimassons déplaisent au roi », le pape Clément XII fulmine une bulle en décembre 1738 condamnant la franc-maçonnerie en général. Cette bulle peut être suspectée de nullité car elle n’a jamais été signée de la main du pape qui était grabataire et aveugle. En France, le Parlement ne l’avait pas entérinée, ce qui fait qu’elle n’y était pas applicable. Ceci explique que la franc-maçonnerie s’y installe et s’y développe rapidement.
De la fin du 18e siècle à la fin du 19e siècle, deux obédiences occupent le terrain en France : un certain nombre de Loges groupées sous le vocable de Grande Loge de France à partir des années 1740-50, dont la plupart des loges rejoignent le Grand Orient de France créé en 1773. Ce qui reste de la Grande Loge de France s’agrège dès 1804 au Suprême Conseil de France pour le Rite Ecossais Ancien et Accepté qui groupe sous son autorité les loges bleues et les hauts grades jusqu’en 1894.
Au moment de la révolution, les francs-maçons sont connus et reconnus. La grande majorité d’entre eux appartient à la grande noblesse. Ils ont juré fidélité au gouvernement de leur pays et sont sincèrement attachés au pouvoir royal. D’ailleurs Louis XVI et ses deux frères, les futurs Louis XVIII et Charles X, avaient été initiés à la loge Militaire des Trois Frères Unis à l’Orient de la Cour à Versailles et Philippe d’Orléans, cousin et adversaire du roi, était le Grand Maître du Grand Orient. Ce qui explique qu’en 1789 la plupart des maçons ont émigré.
Dès 1791, l’abbé Lefranc, imagine que la franc-maçonnerie – en raison de son idéal de liberté de pensée – a comploté contre la monarchie. Il publie deux livres sur le sujet qui ont un retentissement au-delà des frontières mais son assassinat au cours des massacres de septembre 1792 met fin à ses attaques. Sa théorie est aussitôt reprise par Galart de Montjoie et Cadet de Gassicourt. De son côté, le jésuite Augustin Barruel qui s’est réfugié en Angleterre développe la même idée. De Londres il fustige les maçons français, les accusant de déviance politique et de propagation d’idées de libertés et d’égalité. En 1797 Barruel réussit à retourner les maçons prussiens qui, bien que protestants, s’allient à l’église de Rome qui avait définitivement condamné la franc-maçonnerie en 1738. Depuis cette date elle puise les plus ardents opposants aux maçons parmi les dominicains et les jésuites.
Napoléon voit dans la franc-maçonnerie un bon soutien à son pouvoir et il y place ses frères et son excellent mentor Cambacérès. Tant bien que mal, la maçonnerie se reconstitue au début du 19e siècle et prospère ou végète au gré des multiples changements de régime. Dès 1860 elle s’implique de plus en plus activement dans les bouillonnements sociaux de la seconde moitié du siècle. Surveillé étroitement sous le Second Empire, le Grand Orient finit par privilégier totalement le politique, le social et l’anti-clérical au détriment des règles et anciens landmarks.
En 1873 un amalgame sulfureux naît d’un anathème du pape Pie IX qui traite la franc-maçonnerie de « synagogue de Satan ». Ces propos exacerbent une confusion qui durera trois quart de siècle : le complot judéo-maçonnique.
En 1877, sous prétexte que le président de la république, le Maréchal Mac-Mahon, catholique conservateur, a fait fermer 20 de ses loges, le Grand Orient se laïcise radicalement en abandonnant les anciens Landmarks, le GADLU et la bible ouverte en loge. De ce fait, la Grande Loge Unie d’Angleterre rompt définitivement ses relations avec lui.
La lutte pour la laïcité de l’Etat s’accentue au cours des dernières années du siècle et le Grand Orient est en première ligne dans la lutte contre l’église et la congrégation des jésuites qui ont quasiment le monopole de l’enseignement en France. Puis, à partir de 1885, un falsificateur mythomane nommé Léo Taxil fait des pseudos révélations contre les francs maçons, les accusant de satanisme. Il est soutenu par l’église qu’il avait combattue quelques années auparavant. Mais en 1897 il est forcé d’avouer que toute l’affaire n’est qu’un gigantesque canular.
L’affaire Dreyfus éclate en 1894. Comme certains francs-maçons ont pris ouvertement parti pour l’officier contre les éléments conservateurs de l’armée, cela entretient cette idée des maçons pro-juifs et responsables des malheurs de la république. De ce fait, dans une France profondément antisémite, s’impose la confusion entre les juifs, les protestants et les francs-maçons. En Allemagne, un prêcheur pousse même l’amalgame au ridicule en affirmant que les juifs responsables de la mort de Jésus étaient francs-maçons !
Dans les dernières années du 19e siècle un faux célèbre consacre cette assimilation : le Protocole des Sages de Sion. Ce document, soi-disant rédigé à la suite d’un congrès sioniste à Bâle révèle que la franc-maçonnerie est infiltrée par les juifs et, de ce fait, qu’elle sert la cause des juifs dans la conquête du monde. Certains l’ont tout de suite considéré comme un faux alors que le Times de Londres le certifie authentique encore en 1920. Ce n’est que vers la fin du 20e siècle que la preuve est établie par les recoupements dans les archives russes. En fait, ce faux était destiné à déstabiliser l’état Russe et accélérer la chute du Tsar qui voulait abroger les lois anti-juives.
La lutte entre le Grand Orient et l’église atteint son comble en 1905 avec le vote de la loi de séparation des églises et de l’état, dont le principal artisan est le Grand Orient. Du haut de leur chaire, les prêtres de France fustigent tous les maçons sans distinction et les accusent de tous les maux de la terre. Les dominicains publient dans La Croix des listes de francs-maçons. Ces accusations resteront gravées dans la mémoire commune. Sur les murs, les affiches dénonçant ou attaquant les francs-maçons fleurissent jusqu’à la déclaration de guerre.
Fonte:
LA GRANDE LOGE DE FRANCE