sábado, 28 de setembro de 2019

O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA MAÇONARIA


Não é costume discutir a doutrina Maçônica fora dos seus templos, porém, sintonizado com a necessidade de maior aproximação com o mundo que nos rodeia, aos quais todos nós pertencemos, levou-me a tomar a decisão de expor um pouco da nossa filosofia, do nosso pensamento.

Permita-me, que num esforço de síntese, provavelmente superior à minha capacidade intelectual, possa trazer-lhes algumas considerações sobre nossa filosofia de pensamento, nosso simbolismo.

No inicio do século XVIII apareceu em Londres uma sociedade, provavelmente já existente antes (há passagens bíblicas superponíveis ao seu simbolismo), ao qual ninguém sabe dizer de onde vinha, o que era e o que procurava. Expandiu com incrível rapidez pela Europa Cristã, principalmente na França e Alemanha, chegando até a América. Homens de todas as classes sociais, étnicas e religiosas entraram para o seu circulo – chamavam-se, mutuamente, de Irmãos.

Esta sociedade, intitulada Associação dos Pedreiros Livres, atraiu a atenção dos governos; foi perseguida; foi excomungada por dois Pontífices; suas ações levantavam suspeitas odiosas. No entanto ela resistiu a todas estas tempestades, difundindo-se, cada vez mais, até chegar aos nossos dias.

Podemos dizer que basicamente existem três correntes de pensamento maçônico:

- Maçonaria inglesa, de cunho tradicionalista, observadora e seguidora dos rituais; mantém-se imutável nos seus três séculos de existência documentada. É estática e conservadora.

- Maçonaria francesa, embora originária da Britânica, sofreu alterações através dos tempos, ditadas pelas condições do meio em que se desenvolveu, adquirindo feição mais latina, tornando-se conhecida pela ação exercida por seus membros, como cidadãos, nas áreas política, social e religiosa.

- A maçonaria brasileira e dos demais países hispano-americanos são, filosoficamente, a ela filiados. Formada no meio hostil e intolerante à liberdade de pensamento, partiu para a luta que visava transformar estas condições adversas. São muito vivas e documentadas as lembranças de sua participação na Revolução Francesa, quando sobressaíram grandes maçons como Danton, Robespierre e Diderot; na independência de quase todos os países da América Latrina, com a participação efetiva de notáveis maçons, como Simon Bolívar, San Martim, Sucre e Francisco Miranda; na independência do Brasil e na proclamação da republica, para citar alguns irmãos da Ordem, como Dom Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva, dentre outros.

- Maçonaria Alemã, voltada para os estudos filosóficos de alta indagação: Goethe, Kant e Fichte são exemplos de filósofos e literatos que honraram nossa Instituição com suas adesões.

A maçonaria resistiu à prova do tempo, enquanto muitas outras organizações, aparentemente similares, desapareceram. Isto aconteceu porque ela é, por principio, uma Instituição com propósitos universalistas. A “sociedade separada dos maçons” se distingue da “grande sociedade humana” porque ela se isola para impedir a visão unilateral da divisão de trabalho, atingindo, com isto, a síntese da cultura humana.

A Igreja se opõe a outras Igrejas, o Estado a outros Estados, a Maçonaria não; ela toca no santuário do espírito, o problema ético individual; ela atua sobre a república dos espíritos, administra o pluralismo de opiniões.

Esta Instituição exalta tudo o que une e aproxima as pessoas e repudia tudo aquilo que divide e as isola. Isto acontece porque ela aspira, por principio, fazer da humanidade uma grande família de Irmãos e para atingir este desiderato, se põe sempre a serviço dos movimentos moralizadores e dos bons costumes.

Ela prepara o terreno onde florescerão a justiça e a paz. Sua única arma é a espada da inteligência; sabe que o único modo de produzir, mesmo socialmente, uma mudança profunda e durável de uma sociedade, é trabalhar para modificar a sua mentalidade.

Os pilares que sustentam esta vontade indomável de transformar, primeiro o homem e, por corolário, todo o universo dos homens, são três palavras mágicas: liberdade, igualdade e fraternidade.

“O amor à liberdade foi-nos dado juntamente com a vida e dos presentes do céu, o de menos valor é a vida” afirmou Goethe, o famoso literato alemão e nosso Irmão de Ordem; afirmo eu, corroborado pelos registros da história, que em nenhuma parte do mundo, jamais houve um grito de liberdade para um povo que não houvesse sido apoiado pela Maçonaria.

A liberdade é a essência intima e supremo desejo do homem e os indivíduos, pela sua colaboração mútua, visam criar uma alma coletiva; embalados pelo sopro do vento que libera os grilhões do obscurantismo, “A filosofia verdadeira, no dizer do grande filósofo e irmão de Ordem, o alemão Fichte, considera o pensamento livre como a fonte de toda a verdade independente”.

No que diz respeito à igualdade, a maçonaria reconhece que todos os homens nascem iguais e as únicas distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho.

Para dizer o pensamento da Ordem sobre a fraternidade, peço licença para repetir o que disse outro maçom, o imortal Victor Hugo: “A civilização tem suas frases, estas frases são séculos. A lógica das frases, expressão da idéia Divina, se condensam na palavra Fraternidade”.

HÉLIO MOREIRA
Membro da Loja Maçônica Asilo da Acácia 1248
Academia Goiana de Letras, Academia Goiana Maçônica de Letras

Fonte: ARTE REAL TRABALHOS MAÇÔNICOS

quarta-feira, 25 de setembro de 2019


ÚNICA MEDIDA.

A carteira de identidade presta informações de sua pessoa humana.

O calendário fala de sua idade física.

O relógio marca o seu tempo.

O metro especifica as dimensões do seu corpo.

A altitude revela a sua localização transitória sobre o nível do oceano.

A tinta grava as suas impressões digitais.

O trabalho demonstra a sua vocação.

A radiografia faculta o exame dos seus órgãos.

O eletrocardiógrafo determina as oscilações do seu músculo cardíaco.

Todos os seus estados e condições, realizações e necessidades podem ser definidos por máquinas, engenhos, instrumentos, aparelhos, laboratórios e fichários da Terra, entretanto, não se esqueça você de que o serviço ao próximo é a única medida que fornece exata notícia do seu merecimento espiritual.

ANDRÉ LUIZ.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

O CONFLITO DE RELIGIÕES



Como pode a Maçonaria, no seu Universalismo e Tolerância, contribuir para o Amor, a Fraternidade e a Paz entre os Homens, no respeito de cada um pelo seu Deus e pelo Deus dos outros?
No mote para esta sessão aparecem algumas noções que, em minha opinião, merecem ser clarificadas e com isso tentarei expressar a minha opinião enquanto Homem de fé Judaica.

O conflito de religiões é na minha perspectiva um falso problema. É certo que a fé é usada como argumento para o conflito, mas a fé não está no centro do problema. Não pelo menos nos tempos que correm.

Os conflitos em nome de Deus, têm sempre como motivo fundamental questões econômicas, sociais, demográficas e políticas. Muito pouco de religião.

No entanto o Marketing é tudo. Quem daria a primeira página a um conflito que não se arvore como em Nome de Deus. Quem conseguiria levar para frente de batalha homens sem os motivar em Nome de Deus.

Difícil aceitar, para nós verdadeiros crentes, que pseudo Crentes manipulem o conceito de Deus para prosseguirem os seus objetivos comezinhos e terrenos.

A segunda noção é “Seu Deus e o Deus dos outros”. Deixando de lado outras fés que não as comumente chamadas Monoteístas, então esta afirmação não faz sentido.

As três religiões do Livro, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, quando se referem a Deus referem-se claramente a UM e Único Deus, o mesmo.

Isto leva-nos a que uma ofensa ao “Deus dos outros” seja uma ofensa ao nosso próprio Deus, pois Ele é Um e Único, pelo que o não respeito do “Deus dos outros” é uma falta de respeito ao “seu Deus”.

A terceira noção presente é a Tolerância. A tolerância tão apregoada pela Maçonaria é em minha opinião, um conceito perigoso.

Perigoso por duas razões essenciais:

Não é paritário; Não é mensurável.

Tolerar alguém, ou algo é uma relação de superioridade para com esse alguém ou esse algo. Numa relação de Tolerância há o Tolerante e o Tolerado, é certo que cada qual pode ser as duas coisas simultaneamente, mas o mais normal é cada um de nós aplicar o conceito de tolerância quando a coisa não correu conforme o esperado.

Não é mensurável, pois não é possível definir até onde se deve ou se pode ser Tolerante. E como dizia Fernando Teixeira “o limite da tolerância é a estupidez“.

Temos então que:

Não havendo Conflito de Religiões mas sim Conflitos por outras causas.

Havendo apenas UM e Único Deus.

Sendo a tolerância um conceito perigoso

O tema aparentemente fica vazio. Mas apenas aparentemente.

No meio de tudo está o Homem.

O Homem é o fator decisivo. Decisivo porque tem a mais poderosa dádiva Divina - O Livre Arbítrio.

O homem tem a possibilidade de Amar ou Odiar, de respeitar ou desrespeitar, de pacificar ou guerrear, de ser fraterno ou inimigo.

O Homem essa criatura perfeita dentro da Imperfeição.

É com os homens que teremos que resolver as nossas diferenças, e com eles que teremos que avançar para a solução dos conflitos.

O respeito pelos outros, essencialmente pela diferença é a chave da questão.

E Então que pode a Maçonaria fazer.

A Maçonaria pretende ser e têm sido uma escola. Usando uma via iniciática que de Per Si não serve para nada, pois se for interpretada Strictu sensu é mais um ritual e nem sequer consegue substituir o religioso.

No entanto a interpretação desse ritual, conjuntamente com a Ação na Sociedade e não apenas com uma caridade aqui ou outra ali, mas com intervenção política e social, coerente e fundamentada, pode permitir aos homens Maçons fazerem progredir a sociedade.

Ao contrário do que se prega pelas lojas da nossa obediência, a Maçonaria não é apolítica. O que não permite é que em sessão ritual se discuta política.

Mas na intervenção na sociedade as Grandes Lojas têm que ser parceiros políticos.

Parceiros políticos, não quer dizer apoiar o partido A ou B ou o candidato X, mas sim pensar a política, acercar-se dos meios políticos e apresentar a Maçonaria como uma Ferramenta de Persecução de fins.

E temos que nos meter em todos os assuntos?

É claro que não, mas temos que ter uma palavra em muitas áreas da política, eventualmente começando pela política social, criando estruturas de apoio ou redes de contactos.

É também evidente que em assuntos de política internacional as Grandes Lojas devem trocar entre elas as informações relevantes para que o seu contributo para o mundo em que vivemos seja tido em conta pelos respectivos Governantes locais.

Termino com dois exemplos:

Um de ação política e outro sobre o primado do homem

Em 1839 / 1840 surge um problema na Síria em que membros de uma confissão religiosa são acusados de assassinar “ritualmente” um sacerdote jesuíta e o seu acólito.

O problema internacionaliza-se e a França e a Inglaterra, potências dominantes na altura tomam o assunto em mãos, enviando para resolver o problema os Sr. Adolphe Cremieux e Sir Moses Montefiore.

Estes dois emissários eram ilustres Maçons no seu tempo, sendo que Montefiore era Embaixador e Cremieux chegou a ser Ministro de França.

E eles com a sabedoria dos Maçons resolveram o problema evitando assim uma crise internacional.

Quanto ao primado do Homem, há uns dias atrás o Papa Bento XVI em visita a Auschwitz – Birkenau perguntou “Onde estava Deus nestes dias?”

O Rabino Henry Sobel de São Paulo no Brasil escreveu então o seguinte:

 “Antes de perguntarmos "onde está Deus", cabe-nos formular a outra pergunta: "Onde está o homem?”O que está fazendo o homem com o mundo que Deus lhe deu?”

Concluindo com a seguinte resposta:

 “Com todo o respeito, permito-me responder ao Sumo Pontífice: Deus estava onde sempre esteve esperando que os homens assumissem o seu dever.”

A Maçonaria como organização de Homens Livres e de Bons Costumes tem um poder imenso na persecução dos desígnios da PAZ, AMOR e RESPEITO dos Homens pelos Homens e conseqüentemente dos Homens por Deus.

Assim nos ajude o Grande Arquiteto do Universo
JoseSR

domingo, 22 de setembro de 2019

O TRABALHO DO APRENDIZ



O Aprendiz, após a sua Iniciação, não tem apenas de se integrar na Loja. Essa integração, se bem que necessária, é apenas instrumental da sua atividade maçônica.
O Aprendiz, logo na sua Iniciação e imediatamente após a mesma, é confrontado com uma panóplia de símbolos variada, complexa e de grande quantidade. Uma das vertentes importantes do método maçônico é o estudo e conhecimento dos símbolos, o esforço da compreensão e apreensão do seu significado.

Aprender a lidar com a linguagem simbólica, a determinar os significados representados pelos inúmeros símbolos com que a Maçonaria trabalha é, sem dúvida, uma vertente importante dos esforços que são pedidos ao Aprendiz. 

É uma vertente tão mais importante quanto ninguém deve “ensinar” o significado de qualquer símbolo ao Aprendiz. Quando muito, cada um pode informá-lo do significado que ele dá a um determinado símbolo. Mas nunca poderá legitimamente dizer ao Aprendiz que esse é o significado correto, que esse é o significado que o Aprendiz deve adotar. 

O Aprendiz pode adotar o significado que o seu interlocutor lhe transmitiu ser a sua interpretação, mas apenas se concordar com ele. Se atribuir acriticamente a um símbolo um significado apenas porque alguém lhe disse entendê-lo assim, está a agir preguiçosamente, não está a trilhar bem o seu caminho.

Não quer isto dizer que o Aprendiz não deva, não possa, atribuir a determinado símbolo o mesmo específico significado que outro ou outros lhe atribuem. Aliás, diversos símbolos são generalizadamente vistos da mesma maneira pela generalidade dos maçons. 

Mas cada um deve meditar sobre o símbolo, procurar entender o que significa, por ele próprio. Pode – não há mal nenhum nisso! – ouvir a opinião de outros, aperceber-se que significado ou significados outros lhe dão. Ao fazê-lo, está a beneficiar do trabalho anteriormente realizado por seus Irmãos e é também para isso que serve a Maçonaria, é também essa a riqueza do método maçônico. Mas deve, é imperioso que o faça analisar, refletir sobre o que lhe é dito, verificar se concorda ou discorda, em quê, em que medida e por que. e então extrair ele próprio a sua conclusão e adaptá-la como a que entende correta. 

Pode ser igual à dos seus Irmãos; pode ser semelhante, mas levemente diferente; ou pode ser muito ou completamente diferente. Não importa! Ninguém lhe dirá ninguém lhe pode legitimamente dizer, que está errado. É a sua interpretação, a que resultou do seu trabalho, da sua análise, é a interpretação correta para ele. E tanto basta! E se porventura mais tarde, com nova análise, com os mesmos ou outros ou mais elementos, vier a modificar a sua interpretação, tudo bem também! 

Isso corresponde a evolução do seu pensamento, que ninguém tem o direito ou legitimidade para contestar!

Ainda que beneficiando da sinergia do grupo, da ajuda do grupo, das contribuições do grupo, o trabalho do maçom é sempre individual e solitário! E também, inegavelmente, difícil. É todo um novo alfabeto que, mais do que aprender, o Aprendiz maçom está a criar e a aprender a criar!

Não é, ainda, porém, esse o principal trabalho do Aprendiz maçon. É um trabalho importante, é sobre ele que deverá, há seu tempo, mostrar a sua evolução, mas ainda assim é apenas um trabalho instrumental.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, afinal, o de se aperfeiçoar a ele próprio. Incessantemente. Incansavelmente. Interminavelmente. Ou melhor, só terminando no exato momento em que deixa esta dimensão do Universo e passa ao Oriente Eterno.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é trabalhar a sua pedra bruta e dar-lhe, pacientemente, diligentemente, a regular forma cúbica que harmoniosamente se integre na grande construção universal projetada pelo Grande Arquiteto do Universo!

A pedra bruta a aparelhar é ele próprio, as asperezas a retirar são as suas muitas imperfeições, os seus defeitos, os seus deméritos, a forma a trabalhar e a tornar regular e harmoniosa é o seu caráter.

Este trabalho nunca está concluído. Por mais lisa que esteja a sua pedra, por mais regular e harmoniosa que esteja a sua forma, nunca está perfeita, pode e deve sempre aprimorá-la, alisá-la ainda um pouco mais, dar-lhe ainda melhor proporção.

Este trabalho é o verdadeiro, o importante, o essencial trabalho do Aprendiz maçom e é-o para toda a sua vida. É, portanto, também o trabalho do Companheiro e do Mestre maçon. Por isso o Mestre maçom que seja realmente digno dessa qualidade só se pode considerar, ainda e sempre, um Aprendiz e continuar, prosseguir, com perseverança, o sempiterno trabalho de se aperfeiçoar, de trabalhar a pedra bruta, que por muito cúbica que esteja, deverá sempre ver como bruta em relação ao que deve estar ao que ele pode que esteja ao que deve aspirar que seja esperando que, chegada a hora, algum préstimo tenha.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, tão só, o trabalho de ontem, de hoje e de sempre, do maçom, qualquer que seja o seu grau e qualidade: melhorar. melhorar e, depois disso, melhorar ainda! Tudo o resto é apenas instrumental!

Rui Bandeira

sábado, 21 de setembro de 2019


DEUS

Eu me lembro! Eu me lembro! – Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E, erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.

E eu disse a minha mãe nesse momento:
“Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver maior do que o oceano,
Ou que seja mais forte do que o vento?! –

Minha mãe a sorrir olhou pr’os céus
E respondeu: - “Um Ser que nós não vemos
É maior do que o mar que nós tememos,
Mais forte que o tufão! Meu filho, é – DEUS!”-

Casimiro de Abreu 
(1839- 1860)

sexta-feira, 20 de setembro de 2019


Sexta feira 13 - A Verdadeira História !!!











"A queda dos Templários"




Madrugada de sexta-feira, 13 de Outubro de 1307:




Cumprindo as ordens do rei Filipe IV, o Belo, também conhecido como Rei de Mármore ou Rei de Ferro, Guillaume de Nogaret ministro do Rei, acompanhado do Inquisidor-mór e do tesoureiro real, apresentou-se na fortaleza do Templo e deu voz de prisão a todos os Templários que aí se encontravam, incluindo o seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, que ainda estava deitado. Os próprios calabouços do Templo serviram para aí se encerrarem alguns dos cavaleiros, mas o Grão-Mestre e os seus principais foram encerrados na prisão do Louvre.




À mesma hora, por todo o Reino de França, os senescais, presidentes das câmaras e os prebostes reais, acompanhados pelos seus soldados, prenderam em massa todos os Templários que encontraram nas Casas da Ordem. Praticamente não houve resistência, mas nalgumas, como em Arras, os soldados degolaram metade das pessoas que lá se encontravam.




Davam assim cumprimento às instruções reais contidas numa carta que todas as autoridades foram recebendo desde Setembro desse ano, com a condição expressa de só ser aberta no dia 12 de Outubro e à mesma hora, em todos os locais do reino, guardando-se o mais rigoroso sigilo da mesma.

Não se sabe com precisão quantos cavaleiros foram presos, mas estima-se que fossem cerca de mil, embora também se fale em 4.000. Grande parte dos cavaleiros fugiu para países que os acolheram ou fixaram-se noutros lugares onde a Igreja os não pudesse alcançar. Gerard de Villiers, perceptor de França, foi um dos cavaleiros franceses que conseguiu escapar.




Todos os imensos bens da Ordem em França foram imediatamente confiscados!




Acusados de heresia (práticas demoníacas, adoração de ídolos e vícios contra a natureza), os interrogatórios começaram logo no dia seguinte, 14 de Outubro, dando-se início a um dos processos mais vergonhosos e sinistros da História, o chamado “Processo dos Templários”, que acabará com a supressão da Ordem, pela bula papal Vox in Excelso, de 22 de Março de 1312 e com a morte de alguns dos seus membros, incluindo o Grão-Mestre, condenado à fogueira a 18 de Março de 1314.









Torturados, alimentados a pão e água, instalados em condições sub-humanas e ainda sujeitos ao pagamento da sua prisão, foram-lhes recusados os sacramentos e o sepultamento em terra da Igreja. Não se sabe ao certo quantos terão morrido na fogueira, ou durante os interrogatórios, ou dos ferimentos recebidos, ou dos que ficaram estropiados para o resto da vida física e moralmente.




Quanto a Filipe IV, assim que soube que as prisões tinham sido feitas, dirigiu-se à Torre do Templo e instalou-se lá, levando consigo o seu “tesouro”, que juntou ao que encontrou no local.




Foram também expedidas cartas aos soberanos europeus para que procedessem de igual modo nos seus reinos, contra a Ordem.









Na Europa a Ordem foi extinta, mas com uma ou outra excepção os cavaleiros não foram molestados, sendo integrados em novas Ordens menos expressivas, como foi o caso da “Ordem de Cristo”, fundada em Portugal pelo rei D. Dinis, com os bens e os efectivos templários residentes no país ou que por cá se refugiaram.




Jacques de Molay esteve sete anos na prisão, antes de morrer aos setenta anos de idade. No dia 12 de Outubro, véspera da sua prisão, tinha-se encontrado com o rei, de quem era compadre (Molay era padrinho do filho mais novo de Felipe IV), no funeral da cunhada do monarca, Catarina de Courtenay, esposa de Carlos de Valois, tendo-lhe sido dada a honra de carregar o féretro, o que torna a perfídia do rei ainda mais ignóbil…




Mas como é que uma Ordem tão poderosa como a dos Templários, carregada de glória e riqueza, com uma tradição de dois séculos de existência e que apenas dependia do Papa, pôde ser aniquilada de um dia para o outro?




Na sua juventude o “Rei de Ferro” tinha pedido para ser admitido a título honorário na Ordem, o que lhe foi recusado, acontecendo-lhe o mesmo quando poucos meses antes do aniquilamento dos Cavaleiros Templários, tinha pedido o ingresso na Ordem para o seu filho mais novo. A sua ideia seria tornar hereditário o cargo de Grão-Mestre, reformar a Ordem e mantê-la na dependência directa dos reis franceses. Também em 1306, durante uma sublevação em Paris, o rei tivera de pedir asilo ao Templo onde ficara alguns dias à espera que o motim acalmasse…Demasiadas humilhações para alguém como ele!




Além de que, do seu palácio, o rei todos os dias avistava a Torre, uma lembrança permanente de um Estado dentro de outro Estado, com as suas liberdades, privilégios, a sua alta, baixa e média justiça e o seu direito de asilo, que nem o Rei se atrevia a quebrar. Portanto, as razões para a queda foram muitas e diversas, mas situam-se principalmente na luta feroz que se desenvolveu entre a França e o Papado, entre Filipe IV e Bonifácio VIII, sem esquecer a aura de imensa riqueza que a Ordem possuía, o chamado “Tesouro dos Templários”, que para um rei sempre esfomeado de dinheiro como o monarca francês, e que tinha uma enorme dívida para com o Templo, se tornava numa tentação irresistível que o não faria recuar perante nada…




Com esta medida, Filipe IV consegue equilibrar as finanças reais, e ao destruir o exército da Igreja, com a ajuda do Papa Clemente V que ele próprio tinha elevado ao trono pontifício, e que se estabelece em 1309 em solo francês na cidade de Avinhão, abandonando Roma (o que dará início ao Cisma de Avinhão, também conhecido como o Cativeiro de Babilónia), o rei consegue tornar-se no senhor absoluto do reino de França.












É a partir deste acontecimento, que tanto o dia 13 como a sexta-feira entraram para a superstição popular como azarentos.




“NON NOBIS DOMINE, NON NOBIS SED NOMINI TUO DA GLORIAM”

“Não a nós Senhor, não a nós mas toda gloria a Teu nome”.




PAX LUX







Edição, Adaptação e Ilustração - Filhos do Arquiteto Brasil

Ir Daniel Martina M.´.M.´. - CIM285520

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

INTERSTÍCIO



Interstício quer dizer solução de continuidade, o intervalo entre duas superfícies da mesma ou diferente natureza.

A Maçonaria utiliza a expressão em termos de tempo. Interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre dois fatos. Designadamente, interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre a Iniciação do Aprendiz e a sua Passagem a Companheiro e também o tempo que se impõe decorra entre essa Passagem e a Elevação do Companheiro a Mestre.

O interstício é uma regra que admite exceção: o Grão-Mestre pode dele dispensar um obreiro e passá-lo ou elevá-lo de grau sem o decurso do tempo regulamentar ou tradicionalmente observado. No limite, a Iniciação, Passagem e Elevação podem ocorrer no mesmo dia. Mas a dispensa de interstícios é rara – deve ser verdadeiramente excepcional – e só por razões muito fortes deve ocorrer.

Assim sucede genericamente na Maçonaria Européia. Já a Maçonaria norte-americana é muito menos exigente neste aspecto, sendo corrente a prática de conferir os três graus da Maçonaria Azul num único dia. Esta é, aliás, uma conseqüência e também uma causa das diferenças entre as práticas e as tradições maçônicas em ambas as latitudes. 

Mas impõem-se observar que algumas franjas da Maçonaria norte-americana, designadamente nas Lojas que se consideram de Observância Tradicional, se aproximam neste como noutros aspectos, da prática européia.

A razão de ser do interstício é intuitiva: a que dar tempo para o obreiro evoluir, para obter e trabalhar os ensinamentos, as noções, transmitidas no grau a que acede, antes de passar ao grau imediato. Em Maçonaria busca-se o aperfeiçoamento e este não é, nem instantâneo (instantâneo é o pudim...), nem automático. Depende de um propósito, de um esforço, de uma prática consciente e perseverante. 

É um processo. E, como processo que é, tem fases, tem uma evolução que se sucede ao longo de uma lógica e de um tempo. Por isso, em Maçonaria não se tem pressa. O tempo de maturação, o tempo de amadurecimento, a própria expectativa, são essenciais para um harmonioso desenvolvimento individual.

Os graus e qualidades maçônicos não constituem nada, apenas ilustram, representam, emulam a realidade do Ser e do Dever Ser. Não se tem mais qualidades por se ser maçom (embora se deva ter qualidades para o ser...). Há muito profano com mais valor e maior desenvolvimento espiritual e pessoal do que muitos maçons, ainda que de altos graus e qualidades. 

Para esses os maçons até criaram uma expressão: maçom sem avental. Mas procura-se ilustrar com a qualidade de maçom a tendência para a excelência, a busca do aperfeiçoamento. 

O Mestre maçom não é, por decreto ou natureza, necessariamente melhor ou mais perfeito do que o Companheiro ou o Aprendiz. Mas com os graus a maçonaria ilustra um Caminho, um Processo, para a melhoria de cada um. Há por aí muito Aprendiz que é mais Mestre de si próprio que muito Mestre de avental com borlas ou dourados. Mas o mero fato de ter de fazer a normal evolução de Aprendiz para Companheiro e de Companheiro para Mestre potencia o que já é bom, faz do bom melhor, do melhor, ótimo e do ótimo excelente.

Assim, em Maçonaria consideramos profícuo e valioso que o profano que pediu para ser maçom aguarde, espere, anseie, pela sua Iniciação. E que o Aprendiz tenha de o ser durante o tempo estipulado e tenha de demonstrar expressamente estar pronto para passar ao grau seguinte, por muito evidente que essa preparação seja aos olhos de todos; e o mesmo para o Companheiro passar a Mestre; e idem para o Mestre começar a ver serem-lhe confiados ofícios; e também para o Oficial progredir na tácita hierarquia de ofícios e um dia chegar a Venerável Mestre.

Tempo. Paciência. Evolução. De tudo isto é tributário o conceito de interstício, tal como é aplicado em Maçonaria.

O interstício pode ser diretamente fixado, regulamentar ou tradicionalmente, ouresultar indiretamente de outras estipulações. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues consideramos que não é o mero decurso do tempo que habilita um obreiro a aceder ao grau seguinte. Mas reconhecemos que o decurso de um tempo razoável é necessário. 

Estipulamos, assim, no nosso Regulamento Interno, que o interstício para que um obreiro possa aceder ao grau seguinte seja constituído pela presença a um determinado número de sessões. 

Com isso, estipulamos que certa assiduidade é condição de acesso ao grau seguinte e, como a Loja reúne duas vezes por mês, onze meses por ano, indiretamente fixamos um período de tempo mínimo de permanência no grau. 

Os nossos Aprendizes, quando passam a Companheiros, merecem-no! E os nossos Companheiros, quando são elevados a Mestres estão em perfeitas condições de garantir a fluente persecução dos objetivos da Loja, incluindo a formação dos Aprendizes e Companheiros. 

Nós não temos pressa...

Rui Bandeira

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Os construtores da Utopia



Desde que, no século XVI, Thomas More inventou a palavra e dela fez título de uma das suas obras que se designa por Utopia a sociedade ideal, perfeita.

Em termos sociais, os maçons procuram contribuir para a construção dessa Utopia. Fazem-no desde logo procurando melhorar a qualidade dos materiais de que se fazem todas as sociedades: os homens, suas ideias e suas ações.

Nenhuma sociedade organizada, qualificada e funcionando com um exigível nível mínimo de organização, qualidade, liberdade e eficiência pode assentar em pessoas desqualificadas, seja em termos de conhecimentos e preparação, seja do ponto de vista da Moral e dos Valores inerentes a uma sã, agradável e produtiva vida em comum.

Não há Valores sociais que se fundem perenemente em homens de baixo caráter e inferiores qualificações pessoais e relacionais. Homens apenas primários, sem capacidade para ver e agir para além dos seus interesses pessoais egoísticos e imediatos não geram nem acalentam valores essenciais a qualquer sociedade eticamente relevante. 

As sociedades são compostas por pessoas. Quanto melhores forem estas, melhores podem ser as Sociedades, os seus valores, os seus níveis de organização e cooperação. Por isso, ao construir-se a si próprio, ao melhorar-se a si mesmo, cada maçom está também a contribuir para a melhoria da sociedade em que se insere, a favorecer um pequeno, quiçá quase insensível, mas sempre significante, avanço da sociedade em que se insere na construção da Utopia.

Mas a Utopia não se constrói apenas com os materiais, as pessoas. Essa construção necessita também de ferramentas, os valores. Neste campo, muito se avançou, na parte mais desenvolvida do Mundo: a Liberdade é reconhecida como indispensável à existência de uma Sociedade digna dos seus cidadãos; a Igualdade é uma aspiração que se busca concretizar mais e mais; a Fraternidade emerge como uma condição indispensável à coesão social; a Tolerância emerge cada vez mais como uma necessidade; a Justiça consolida-se como uma essencialidade; a Solidariedade aparece como um elemento indispensável à reação comum ao infortúnio, ao cataclismo ou simplesmente à adversidade. Paulatinamente, estes e outros essenciais valores adquirem o estatuto da naturalidade e ascendem ao patamar da indispensabilidade. Mas muito ainda há e haverá ainda a fazer, para que esses valores sejam efetivamente para todos tão naturais como o ato de respirar.

Porém, a construção social não se basta apenas com bons materiais e sólidas ferramentas. Há que limpar o espaço, que afastar tudo o que prejudique a edificação que se busca. Há, assim, que lutar com, afastar, remover, os preconceitos que tolhem o avanço comum - mas sem os substituir por novos preconceitos, quiçá de sinal contrário. Também neste campo muito se avançou. Também aqui muito mais há ainda a fazer. O racismo perdeu o estatuto de naturalidade que ainda há cerca de meio século (tão pouco tempo ainda; não mais de duas gerações...) detinha em sociedades tão importantes como, por exemplo, alguns Estados dos Estados Unidos. Mas subsiste teimosamente em muitas mentes e manifesta-se ainda insidiosamente em demasiadas situações e abertamente numas quantas delas! A igualdade entre sexos evoluiu notavelmente no último maio século, mas ainda é, manifestamente, um valor ainda frágil, que muitos afastam sem rebuço à menor dificuldade social (basta ver as diferentes taxas de desemprego e os não coincidentes níveis de remuneração entre os dois sexos). A Igualdade afirmou-se quase universalmente como princípio absoluto na teoria, mas é muito insuficientemente ainda na realidade concretizada na prática, continuando - infelizmente! - ainda a ser válida a frase de O Triunfo dos Porcos, de George Orwell, de que "Todos são iguais... mas há alguns mais iguais do que os outros". Os fundamentalismos existem, estão à vista de todos e não são extirpáveis por decreto.

 Muito se andou, mas muito caminho está ainda por percorrer, se se quiser ficar perto de ver ao longe uma Sociedade que possa aspirar a comparar-se levemente com a Utopia... E esse caminho tem de ser percorrido passo a passo, incansavelmente, inabalavelmente, persistentemente, por cada um que aspira à Utopia.

Ao dedicarem-se ao seu aperfeiçoamento, os maçons fazem esse caminho, dão o seu contributo à Sociedade para a evolução desta. O que cada um dá é ínfimo, quase imensurável, no contexto da imensidão do que é necessário. Mas o conjunto do que todos proporcionam possibilita o avanço, ajuda a que a evolução se torne visível.

Os maçons são, por natureza, construtores da Utopia. Não se afirmam, nem pretendem ser os únicos. Todos não são demais, que a tarefa é enorme e prolongada!

Rui Bandeira 

Fonte: A partir pedra

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Maçonaria Moderna e as Constituições de Anderson


.
A Maçonaria, em seu aspecto tradicional, antecedeu à criação da Grande Loja da Inglaterra em 1717. Quando, em 1723, foram publicadas as Constituições de Anderson, os ingleses tiveram que reconhecer a existência de pelo menos trinta e seis Lojas anteriores à célebre reunião da noite de São João do ano 1717, para a qual foram convidadas apenas quatro dessas corporações. Na reclassificação cronológica das Lojas, a Grande Loja da Escócia colocou a “St. Mary's Chapel” como Loja nº 1, pois seus membros conseguiram provar a posse de registros escritos mais antigos do que a Loja de Kilwinning. Assim, ao contrário do que muitos pensam, a mais antiga loja maçônica do mundo é a “St. Mary's Chapel”.

PARA ENTENDERMOS UMA QUESTÃO HISTÓRICA: Os laços maçônicos entre a Escócia e a França e sua inimiga tradicional, a Inglaterra, culminariam por volta de 1730 com a criação do Rito Escocês numa cidade do nordeste da França, Bar-le-Duc, situada na região Lorraine (1). Durante a Guerra dos Cem Anos entre a Inglaterra e a França, iniciada em 1337, a Escócia era independente e aliou-se à França. Mesmo sendo chamada "dos Cem Anos", essa guerra só terminou, de fato, com a assinatura de um tratado de paz, em 1453. Mesmo com a entrega de Joana D'Arc aos ingleses, em 1430, a presença britânica no norte da França foi desbaratada. Desde então as questões diplomáticas entre França e Inglaterra direcionaram a orientação da política externa da Escócia e, apesar dos solenes compromissos de 1502, para por fim à aliança franco-escocesa, a Escócia prosseguiu em estreito relacionamento político e diplomático com a França. Esse preâmbulo serve para dar uma ideia do mal-estar (ainda existente) entre aqueles três povos: de um lado, autoritária, imperialista e monarquista, a Inglaterra; de outro, a Escócia e a o pensamento libertário da França ? cuja filosofia se espelha no Rito Escocês (2).

Pois bem (ou "pois mal"), os 563 quilômetros do Canal da Mancha, que separam a França da ilha britânica, e as duas horas de viagem, de carro, entre Dover e Londres, permanecem como anos-luz para uma reconciliação das duas correntes do pensamento maçônico. Imaginem o desalento dos tradicionalistas quando têm que admitir que a Maçonaria inglesa nasceu pelas mãos de um de um francês (Jean Théophile Desaguliers) e de um escocês (James Anderson).
Isso mesmo: a iniciativa dos ingleses nos parece reduzida à promoção daquele encontro, "ou ruidoso ágape", regado a muita cerveja, numa noite de São João do ano de 1717, nas tabernas "The Goose and Gridiron" (o ganso e a grelha), "The Crown Ale House" (cervejaria da coroa), "The Apple Tree Tavern" (taberna da macieira), "The Rummer and Grapes" (copo grande e uvas) e sabe-se lá quantas outras jeropigas e bagaceiras (3). Quanto ao aspecto parte pensante ? ou intelectual, como queiram ? os ingleses deixaram para o pastor escocês presbiteriano James Anderson e Jean Théophile Desaguliers, membro da academia de ciências Royal Society, filósofo e naturalista francês, filho de pastor calvinista refugiado na Inglaterra.

O paradoxo entre as tabernas e a moral protestante persistiu apesar de tudo. James Anderson não se conteve e deixou claro um recado nas Constituições: "...diverti-vos com júbilo, porém evitando todos os excessos ou evitando forçar qualquer irmão a comer ou beber além de sua inclinação ou impedindo-o de ir-se quando seus motivos o chamarem a isso" [...] o maçom deverá considerar também a sua saúde, não continuando a se demorar longe do lar depois que as sessões da Loja se findem; devereis evitar a gula ou embriaguez; e que suas famílias não sejam negligenciadas ou injuriadas, nem vós incapacitados de trabalhar... (You may enjoy yourselves with innocent mirth... avoiding all excess, or forcing any brother to eat or drink beyond his inclination, or hindering him from going when his occasions call him"... etc.) Depois dessa azáfama toda, Jean-Theophile Desaguliers reuniu as Lojas metropolitanas de Londres e tratou de elaborar um projeto para a estrutura maçônica. Elegeram Anthony Sayer para Grão-Mestre.

Em 1720, Jorge Payne, segundo Grão-Mestre, esboçou um regulamento que confiou a James Anderson para dar um "bom acabamento". Desaguliers foi o terceiro Grão-Mestre e a ideia de uma Constituição ganhou força e contornos protestantes apesar de a religião da Inglaterra ser, desde 1534 (com Henrique VIII) vinculada à Igreja Anglicana (4).

PARA VOLTARMOS À VACA FRIA (let us return to the cold cow): Como todos sabem, o terceiro grau (Mestre Maçom) não existia até que a Maçonaria deixou de ser operativa (profissão de pedreiro) passando a ser especulativa. Até então, entre os operativos, só havia Aprendizes e Companheiros, sendo as Lojas dirigidas pelo Companheiro: o "noble chief" ou "lodge captain", literalmente: nobre capitão ou chefe da loja (5). Não existia também, antes da redação das Constituições, a figura do Grão-Mestre, pois as Lojas não estavam associadas num organismo maior. Tampouco havia legislativo, judiciário, tribunais ou câmaras legislativas, pois: "A Grande Loja consiste e é composta pelos Mestres e Vigilantes de todas as Lojas específicas, o Grão-Mestre em sua governança e seu Grão-Mestre Adjunto, e os Grandes Vigilantes, Secretário e Tesoureiro..." (§61, James Anderson ? Constituições).

Esta é a estrutura da primeira Grande Loja que ficou a cargo de James Anderson, elaborada em tempo aparentemente recorde, cujo texto pronto, e impresso em 1723, levava o título: "The Constitutions of The Free-Masons containing the History, Charges, Regulations, &c. of the most Ancient and Right Worshipful Fraternity" (Constituições dos Pedreiros-Livres contendo a História, Deveres, Regulamentos, etc. da mais Antiga e Justa Venerável Fraternidade), sendo a obra dedicada ao Duque de Wharton, sexto Grão-Mestre. Apesar do esforço de Anderson e Desaguliers para moralizar os costumes entre os ingleses, as Constituições acabaram com essa bizarra dedicatória ao infeliz Philip Wharton cuja vida curta vida, cheia de controvérsias e escândalos, envolvimentos com os "Hellfire Club" (6), blasfêmias, profanação e casas de jogo, levaram-no à morte com pouco mais de 30 anos, em 31 de maio de 1731, num mosteiro de Poblet, com sérios problemas de álcool e na completa miséria. Apesar de tudo, e em defesa de uma causa, a Obra Prima da Maçonaria, que são essas Constituições, sobreviveram ao tempo e a todo tipo de mutilação que pretenderam e ainda pretendem cometer contra ela.

A estrutura do texto é a seguinte: Introdução ? § 1 a 48 ? história bíblica e narrativas sobre as corporações europeias; Os deveres de um pedreiro-livre (free-mason) § 49 a 91: I- Deus e Religião; II- Das Autoridades Civis; III- Das Lojas; IV- Dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes; V- Da condução das Lojas quando em atividade; VI- De Comportamento, a saber: 1) Da Loja enquanto constituída; 2) Após a Loja fechada e com os Irmãos ainda presentes; 3) No encontro entre Irmãos sem estranhos, mas fora da Loja; 4) Na presença de estranhos não Maçons; 5) No lar e na vizinhança; 6) Com respeito a Irmãos estranhos.

Notas:

(1) Lorraine ou Lorena é o nome do símbolo "Cruz de Lorena", que os maçons do Grau 33 do REAA ostentam em suas lapelas, muitas vezes desconhecendo seu significado. O símbolo é uma cruz cuja linha vertical é cruzada por duas linhas horizontais menores. Lorena é uma região que preserva vestígios dos reinos merovíngio (ano 450) e carolíngio (anos 800 a 987), consequentemente escolhido pelos escoceses exilados na França como berço do Rito Escocês (ler "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada", de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira).
(2) Hoje denominado Rito Escocês Antigo e Aceito, cuja potência territorial é acentuada nos Estados Unidos com dois Supremos Conselhos (Scottish Rite of Freemasonry, South Jurisdiction e Scottish Rite of Freemasonry, Northern Masonic Jurisdiction), mas estrutura e filosofia e ideário de origem essencialmente francesa: liberal, democrático e republicano.
(3) Portanto, em defesa de uma causa, nunca nos espantemos com o saudável "hábito de beber socialmente", tão festejado em nosso meio. A palavra latina liber tem o significado de livro, mas também se refere ao nome da divindade Liber Pater (ou libertinus), consagrada aos prazeres e à bebida. Daí "libação", ato que consiste na aspersão de vinho em intenção de uma divindade: libatìo, libatìónis. Entre o livro e a libação, uns preferem aquele, outros dependem desta. Ou vice-versa;... ou muito pelo contrário..., pois cada um sabe de si.
(4) Fato que não transformou a Inglaterra num país verdadeiramente protestante, pois a Igreja Anglicana permaneceu católica quanto à doutrina.
(5) Ainda hoje ouvimos Irmãos apregoarem que são "maçons operativos" porque fazem beneficência, arregaçam as mangas e tudo mais. Todavia, "maçom operativo" não existe mais, a não ser entre aqueles Irmãos que exercem a profissão de pedreiro. Hoje todos somos maçons especulativos ou "maçons aceitos", isto é, estudiosos que desde o Século XVIII foram aceitos entre os pedreiros para, mediante o simbolismo da alvenaria, construírem a busca do conhecimento. Quanto aos nobres capitães, chefões da Loja, ou manda-chuvas das cerimônias, nunca se espantem com os tais, pois a prática é tão velha quanto a Serra do Curral. Se fazem bem ou mal, só as particularidades de cada grupo poderão definir...

Resumo dos princípios fundamentais que norteiam a observância das Constituições de Anderson.

I - SOBRE DEUS E RELIGIÃO
Um Maçom é obrigado, por dever do ofício, a obedecer a Lei Moral; se ele compreender corretamente a Arte, nunca será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso. Muito embora em antigos tempos os Maçons fossem obrigados a adotar a religião de cada país ou nação, qualquer que ela fosse, hoje será mais acertado somente adotar a religião com a qual todos os homens concordam, guardando suas opiniões particulares para si próprios, ou seja: serem homens bons e leais, homens honestos, qualquer que sejam as denominações ou convicções que os possam distinguir. Por isso, a Maçonaria se torna um centro de união e um meio para conciliar a verdadeira amizade entre pessoas que, de outra forma, permaneceriam em perpétua distância.

II - DAS AUTORIDADES CIVIS
Um maçom é um cidadão pacífico diante do poder civil, onde quer que more ou trabalhe; nunca se envolverá em complôs, conspirações contra a paz ou o bem-estar da nação; nem se comportará irresponsavelmente perante as autoridades ou seus inferiores. Como a Maçonaria sempre foi prejudicada pelas guerras, derramamentos de sangue e desordens, os antigos reis e príncipes se dispuseram a estimular os homens de nossa Fraternidade por sua índole pacífica; pois nós sempre respondemos adequadamente às tramas ardilosas de nossos adversários e promovemos a honra desta Fraternidade que floresce melhor em tempos de paz. Então, se um Irmão se rebelar contra o Estado, ele não deverá ser estimulado em sua rebelião; ele pode ser digno de consideração por ser um homem infeliz; e, se não for condenado por qualquer outro crime, a Fraternidade deve repudiar a rebelião, não deixando margem para quaisquer desconfianças política perante o governo vigente; mas não se deve expulsá-lo da Loja, permanecendo inalienável a sua relação com a mesma.

III - DAS LOJAS
Uma Loja é o lugar onde os Maçons se reúnem para trabalhar. Por conseguinte, a assembleia ou sociedade de Maçons é hierarquicamente organizada. Todo Irmão, enquanto pertencer a uma Loja, estará sujeito ao seu regimento interno e aos regulamentos gerais da Grande Loja. Essa sociedade será melhor entendida através do comparecimento a ela e através dos assembleias da Grande Loja. Nos tempos antigos, nenhum Mestre ou Companheiro poderia estar ausente, especialmente quando solicitado a comparecer; e só não estaria sujeito a severa censura se comparecesse diante do Mestre ou do Vigilante e se justificasse alegando imperiosa necessidade que o impedira. As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem, portanto, ser do sexo masculino, de bons princípios, livres, de idade madura e discretos. Não serão admitidos escravos. Muito menos pessoas imorais ou escandalosos, mas somente homens de excelente reputação.

IV - DOS MESTRES, VIGILANTES, COMPANHEIROS E APRENDIZES.
Toda promoção entre os Maçons será baseada no seu real valor e no mérito pessoal, pois assim serão melhor servidos todos os Irmãos, ninguém se envergonhará, nem a Arte Real ficará menosprezada. Dessa forma, nem o Mestre nem os Vigilantes são escolhidos pela idade, mas sim por seus méritos. Por isso, todo Maçom deve frequentar a Loja e aprender o ofício de acordo com as peculiaridades da Fraternidade. Os candidatos devem ser avisados disso - e que nenhum Mestre deve aceitar um Aprendiz sob seus cuidados a menos que tenha suficiente instrução para ele; e a menos esse Aprendiz seja um jovem perfeito, que não possua deformidade ou defeito em seu corpo que possam incapacitá-lo no aprendizado da Arte; e que ele possa ajudar os Irmãos e seu Mestre; e que, sendo feito um Aprendiz e depois Companheiro no devido tempo, após ter cumprido o interstício dos anos, e devidamente qualificado, poderá ter a honra de se tornar Vigilante; depois Mestre de Loja; depois, Grande Vigilante, até chegar a Grão-Mestre de todas as Lojas, de acordo com seus méritos. Nenhum Irmão pode se tornar Vigilante antes de ter sido um Companheiro, nem Mestre antes de ter sido Vigilante; nem Grande Vigilante antes de ter sido Mestre de Loja; nem Grão-Mestre, a não ser que tenha sido Companheiro antes de sua eleição. Também deve ter educação de berço, ou ser um cavalheiro da melhor estirpe, ou notável erudito, ou algum singular arquiteto, ou um artista. Mas que seja sem igual quanto ao mérito na opinião das Lojas. Para melhor, mais fácil e honroso desempenho de sua função, o Grão-Mestre tem o poder de escolher o seu Vice Grão-Mestre (ou Grão-Mestre Adjunto), que deve ser, ou ter sido anteriormente, Mestre de outra Loja; ele terá o privilégio de atuar da mesma maneira que o Grão-Mestre, a não ser que este interponha diferentemente e por escrito. Estes administradores e governadores dessa antiga Fraternidade devem ser reconhecidos em seus respectivos cargos por todos os Irmãos, com toda reverência, boa disposição e alegria.

V - DA CONDUÇÃO DAS LOJAS QUANDO EM ATIVIDADE
Todos os Maçons devem trabalhar honestamente nos dias úteis, assim como viver com dignidade e pudor nos dias santos conforme a Lei do país ou confirmado pelo costume. O mais hábil dos Companheiros deverá ser escolhido ou apontado como Mestre ou supervisor dos trabalhos; ele deverá ser chamado Mestre por aqueles que trabalham sob sua supervisão. Os demais obreiros devem evitar qualquer linguagem ofensiva; não se dirigirem uns aos outros por nomes que não sejam Irmão ou Companheiro; conduzirem-se cortesmente dentro ou fora da Loja. O Mestre deve dirigir os trabalhos tão razoavelmente quanto possível e gerir os bens da Loja com o mesmo cuidado que administra os seus, não devendo dar melhor paga a qualquer Irmão sem que este o mereça. Ambos, o Mestre e os maçons, ao receberem sua justa paga, devem permanecer fiéis no trabalho e honestamente conduzirem suas tarefas. Ninguém deve mostrar inveja pela prosperidade ou avançamento de um Irmão, nem pretender suplantá-lo ou desviá-lo de seu trabalho - mesmo se for capaz de realizá-lo - pois nenhum homem pode realizar o trabalho de outro para obter glória.

Quando um Companheiro é escolhido Vigilante sob a orientação do Mestre, ele deve ser leal frente ao Mestre e aos demais Companheiros; deve supervisionar cuidadosamente o trabalho na ausência do Mestre e os Irmãos deverão honrá-lo. Todos os Maçons devem receber sua paga sem murmúrio ou revolta, sem desertarem se forem Mestres, até que o trabalho seja concluído. Um Irmão mais jovem deve ser instruído no trabalho para prevenir o desperdício dos materiais ou falta de critério - isto para que aprenda a promover o crescimento e continuidade do amor fraternal. Todos os instrumentos usados no trabalho devem ser aprovados pela Grande Loja. Nenhum trabalhador deve ser empregado em trabalho impróprio da Maçonaria; nem maçons livres devem trabalhar com homens que não gozam de liberdade; nem devem ensinar a trabalhadores não admitidos, da mesma forma como deveriam instruir um Irmão.

VI - DO COMPORTAMENTO, a saber:

1. Da Loja enquanto constituída
Não se deverão constituir comitês particulares ou conversações paralelas sem permissão dos Mestres; nem falar inoportuna ou inconvenientemente; nem interromper o Mestre, os Vigilantes ou qualquer outro Irmão que esteja falando; nem se comportar jocosa ou zombeteiramente enquanto a Loja estiver envolvida com o que é sério e solene; nem usar de linguagem imprópria na presença de quem quer que seja. Todos devem prestar a devida consideração e deferência ao Mestre, Vigilantes e Companheiros. Se qualquer queixa vier à tona, o Irmão considerado culpado deverá aceitar a sentença e determinação da Loja - a não ser que apele à Grande Loja, que é competente foro de toda e qualquer controvérsia, e à qual os Irmãos devem se dirigir - a não ser que o trabalho seja obstruído - e mesmo em tais casos uma referência deve ser feita. Mas nunca se deverá dirigir à Lei naquilo que concerne à Maçonaria sem necessidade aparente, mas à Loja.

2- Após a Loja fechada e com os Irmãos ainda presentes
Podereis regozijar-vos com inocente alegria, tratando uns aos outros de acordo com suas habilidades, mas evitando todos os excessos, ou compelindo qualquer Irmão a comer ou beber além de sua inclinação; ou impedindo-o de retirar- se quando suas obrigações assim o chamarem; evitando dizer o que quer que seja ofensivo ou o que possa desviar de uma conversa franca e livre, pois tais procedimentos poderiam quebrar nossa harmonia e frustrar nossos esforços. Devereis afastar quaisquer pendências ou querelas acerca de religião e cidadania. Assuntos políticos não devem ser levadas para dentro das portas das Lojas; pois sendo Maçons, de religião acima mencionada, também somos de todas as nações, idiomas e famílias, e posicionamos contra quaisquer políticas que não contribuam para o bem- estar da Loja, como de fato nunca contribuíram. Esta Obrigação tem sido estritamente prescrita e observada, especialmente após a reforma na Bretanha, ou da dissensão e secessão destas nações da comunhão com a Igreja de Roma.

3- Quando os Irmãos se encontram sem estranhos, mas não na Loja.
Os Irmãos se saudarão uns aos outros de maneira cortês, conforme instruídos, chamando-se de Irmãos, livremente passando as instruções, sem, no entanto, serem vigiados ou observados; e sem ultrapassarem os limites alheios ou traírem o respeito que devido a todos os homens, mesmo que não forem maçons. A Maçonaria não usurpa a honra do homem antes de sua Iniciação, nem acrescenta algo a esta, especialmente se tal homem tenha merecido respeito pela Fraternidade. Deve- se honrar aquele que é merecedor e que evita comportamento impróprio.

4 - Na presença de estranhos não Maçons.
Devereis ser cautelosos com as palavras e comportamento na presença de estranhos a fim de que o mais perspicaz estranho não seja capaz de descobrir ou perceber o que não deve ser revelado. Algumas vezes devereis ter uma conversa descontraída, conduzindo-a prudentemente para a honra da Venerável Fraternidade.

5 - No lar e na vizinhança.
Deverá o maçom agir como convém a um bom esposo e um homem de moral. Particularmente não deixareis a família, amigos ou vizinhos saberem a respeito dos interesses da Loja. Mas sabiamente levareis em conta sua própria honra e a da antiga Fraternidade, por razões que não serão aqui mencionadas. O maçom deverá considerar também a sua saúde, não continuando a se demorar longe do lar depois que as sessões da Loja se findem; devereis evitar a gula ou embriaguez; e que suas famílias não sejam negligenciadas ou injuriadas, nem vós impedidos de trabalhar.

6 - Com respeito a Irmãos desconhecidos.
Devereis cautelosamente examiná-los, com o método que a prudência apontar; e que não sejais iludidos pelos ignorantes e embusteiros aos quais devereis rejeitar. Devereis cuidar de não passar a estes nenhuma alusão a respeito do conhecimento. Mas se descobrirdes que entre eles há um verdadeiro e genuíno Irmão, devereis respeitá-lo e, se este necessitar de ajuda, devereis aliviá-lo como puderdes. Ou então dizer-lhe como poderá ser aliviado: podereis empregá-lo por um período de alguns dias, ou recomendá-lo a um emprego. Mas não sereis obrigado a fazê-lo além de suas habilidades. Dareis preferência a um pobre Irmão que seja um verdadeiro homem, antes de quaisquer outras pessoas pobres nas mesmas circunstâncias. Finalmente, todas essas obrigações devereis observar, e todas aquelas que serão comunicadas de outra maneira. Deveis cultivar o amor fraternal, a fundação e a pedra fundamental; a união e a glória desta antiga Fraternidade; evitareis toda disputa e querela, toda difamação e calúnia. Não permitireis que outros caluniem qualquer Irmão, mas defendereis seu caráter e oferecereis ao caluniado todos os préstimos, contanto que seja de acordo com a honra e a segurança. E se algum deles vos prejudicar, devereis apelar à Loja; e então podereis apelar à Grande Loja na comunicação trimestral, ou anual como tem sido a antiga e louvável conduta de nossos ancestrais em todas as nações.

Nunca se deve buscar o caminho da Lei, só quando o caso não puder ser de outra maneira decidido. Pacientemente deveis ouvir o honesto e amigável conselho do Mestre e Companheiros quando tentaram preveni-lo de fazer consultas à Lei como estranhos. A Maçonaria estimula estes a porem a termo todo e qualquer processo e então se dedicarem à Maçonaria com mais alegria. Com respeito aos Irmãos e Companheiros envolvidos em tais processos, o Mestre e os Irmãos deverão cortesmente oferecer-lhes mediação que deverá ser apreciada pelos Irmãos contendores; e se esta apreciação for impraticável, estes deverão conduzir o processo sem ira ou rancor; sem dizer ou fazer algo que prejudique o amor fraternal. E que o Divino ofício seja contínuo e renovado; e que todos vejam a benigna influência da Maçonaria, assim como todos os bons Maçons têm feito desde o começo do mundo, o que farão até o fim dos tempos.

Ir.'. José Maurício Guimarães

https://luizsergiocastro.files.wordpress.com/2015/10/o-malhete-nc2ba-78.pdf (Jornal O Malhete)