sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Maçonaria Moderna e as Constituições de Anderson


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A Maçonaria, em seu aspecto tradicional, antecedeu à criação da Grande Loja da Inglaterra em 1717. Quando, em 1723, foram publicadas as Constituições de Anderson, os ingleses tiveram que reconhecer a existência de pelo menos trinta e seis Lojas anteriores à célebre reunião da noite de São João do ano 1717, para a qual foram convidadas apenas quatro dessas corporações. Na reclassificação cronológica das Lojas, a Grande Loja da Escócia colocou a “St. Mary's Chapel” como Loja nº 1, pois seus membros conseguiram provar a posse de registros escritos mais antigos do que a Loja de Kilwinning. Assim, ao contrário do que muitos pensam, a mais antiga loja maçônica do mundo é a “St. Mary's Chapel”.

PARA ENTENDERMOS UMA QUESTÃO HISTÓRICA: Os laços maçônicos entre a Escócia e a França e sua inimiga tradicional, a Inglaterra, culminariam por volta de 1730 com a criação do Rito Escocês numa cidade do nordeste da França, Bar-le-Duc, situada na região Lorraine (1). Durante a Guerra dos Cem Anos entre a Inglaterra e a França, iniciada em 1337, a Escócia era independente e aliou-se à França. Mesmo sendo chamada "dos Cem Anos", essa guerra só terminou, de fato, com a assinatura de um tratado de paz, em 1453. Mesmo com a entrega de Joana D'Arc aos ingleses, em 1430, a presença britânica no norte da França foi desbaratada. Desde então as questões diplomáticas entre França e Inglaterra direcionaram a orientação da política externa da Escócia e, apesar dos solenes compromissos de 1502, para por fim à aliança franco-escocesa, a Escócia prosseguiu em estreito relacionamento político e diplomático com a França. Esse preâmbulo serve para dar uma ideia do mal-estar (ainda existente) entre aqueles três povos: de um lado, autoritária, imperialista e monarquista, a Inglaterra; de outro, a Escócia e a o pensamento libertário da França ? cuja filosofia se espelha no Rito Escocês (2).

Pois bem (ou "pois mal"), os 563 quilômetros do Canal da Mancha, que separam a França da ilha britânica, e as duas horas de viagem, de carro, entre Dover e Londres, permanecem como anos-luz para uma reconciliação das duas correntes do pensamento maçônico. Imaginem o desalento dos tradicionalistas quando têm que admitir que a Maçonaria inglesa nasceu pelas mãos de um de um francês (Jean Théophile Desaguliers) e de um escocês (James Anderson).
Isso mesmo: a iniciativa dos ingleses nos parece reduzida à promoção daquele encontro, "ou ruidoso ágape", regado a muita cerveja, numa noite de São João do ano de 1717, nas tabernas "The Goose and Gridiron" (o ganso e a grelha), "The Crown Ale House" (cervejaria da coroa), "The Apple Tree Tavern" (taberna da macieira), "The Rummer and Grapes" (copo grande e uvas) e sabe-se lá quantas outras jeropigas e bagaceiras (3). Quanto ao aspecto parte pensante ? ou intelectual, como queiram ? os ingleses deixaram para o pastor escocês presbiteriano James Anderson e Jean Théophile Desaguliers, membro da academia de ciências Royal Society, filósofo e naturalista francês, filho de pastor calvinista refugiado na Inglaterra.

O paradoxo entre as tabernas e a moral protestante persistiu apesar de tudo. James Anderson não se conteve e deixou claro um recado nas Constituições: "...diverti-vos com júbilo, porém evitando todos os excessos ou evitando forçar qualquer irmão a comer ou beber além de sua inclinação ou impedindo-o de ir-se quando seus motivos o chamarem a isso" [...] o maçom deverá considerar também a sua saúde, não continuando a se demorar longe do lar depois que as sessões da Loja se findem; devereis evitar a gula ou embriaguez; e que suas famílias não sejam negligenciadas ou injuriadas, nem vós incapacitados de trabalhar... (You may enjoy yourselves with innocent mirth... avoiding all excess, or forcing any brother to eat or drink beyond his inclination, or hindering him from going when his occasions call him"... etc.) Depois dessa azáfama toda, Jean-Theophile Desaguliers reuniu as Lojas metropolitanas de Londres e tratou de elaborar um projeto para a estrutura maçônica. Elegeram Anthony Sayer para Grão-Mestre.

Em 1720, Jorge Payne, segundo Grão-Mestre, esboçou um regulamento que confiou a James Anderson para dar um "bom acabamento". Desaguliers foi o terceiro Grão-Mestre e a ideia de uma Constituição ganhou força e contornos protestantes apesar de a religião da Inglaterra ser, desde 1534 (com Henrique VIII) vinculada à Igreja Anglicana (4).

PARA VOLTARMOS À VACA FRIA (let us return to the cold cow): Como todos sabem, o terceiro grau (Mestre Maçom) não existia até que a Maçonaria deixou de ser operativa (profissão de pedreiro) passando a ser especulativa. Até então, entre os operativos, só havia Aprendizes e Companheiros, sendo as Lojas dirigidas pelo Companheiro: o "noble chief" ou "lodge captain", literalmente: nobre capitão ou chefe da loja (5). Não existia também, antes da redação das Constituições, a figura do Grão-Mestre, pois as Lojas não estavam associadas num organismo maior. Tampouco havia legislativo, judiciário, tribunais ou câmaras legislativas, pois: "A Grande Loja consiste e é composta pelos Mestres e Vigilantes de todas as Lojas específicas, o Grão-Mestre em sua governança e seu Grão-Mestre Adjunto, e os Grandes Vigilantes, Secretário e Tesoureiro..." (§61, James Anderson ? Constituições).

Esta é a estrutura da primeira Grande Loja que ficou a cargo de James Anderson, elaborada em tempo aparentemente recorde, cujo texto pronto, e impresso em 1723, levava o título: "The Constitutions of The Free-Masons containing the History, Charges, Regulations, &c. of the most Ancient and Right Worshipful Fraternity" (Constituições dos Pedreiros-Livres contendo a História, Deveres, Regulamentos, etc. da mais Antiga e Justa Venerável Fraternidade), sendo a obra dedicada ao Duque de Wharton, sexto Grão-Mestre. Apesar do esforço de Anderson e Desaguliers para moralizar os costumes entre os ingleses, as Constituições acabaram com essa bizarra dedicatória ao infeliz Philip Wharton cuja vida curta vida, cheia de controvérsias e escândalos, envolvimentos com os "Hellfire Club" (6), blasfêmias, profanação e casas de jogo, levaram-no à morte com pouco mais de 30 anos, em 31 de maio de 1731, num mosteiro de Poblet, com sérios problemas de álcool e na completa miséria. Apesar de tudo, e em defesa de uma causa, a Obra Prima da Maçonaria, que são essas Constituições, sobreviveram ao tempo e a todo tipo de mutilação que pretenderam e ainda pretendem cometer contra ela.

A estrutura do texto é a seguinte: Introdução ? § 1 a 48 ? história bíblica e narrativas sobre as corporações europeias; Os deveres de um pedreiro-livre (free-mason) § 49 a 91: I- Deus e Religião; II- Das Autoridades Civis; III- Das Lojas; IV- Dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes; V- Da condução das Lojas quando em atividade; VI- De Comportamento, a saber: 1) Da Loja enquanto constituída; 2) Após a Loja fechada e com os Irmãos ainda presentes; 3) No encontro entre Irmãos sem estranhos, mas fora da Loja; 4) Na presença de estranhos não Maçons; 5) No lar e na vizinhança; 6) Com respeito a Irmãos estranhos.

Notas:

(1) Lorraine ou Lorena é o nome do símbolo "Cruz de Lorena", que os maçons do Grau 33 do REAA ostentam em suas lapelas, muitas vezes desconhecendo seu significado. O símbolo é uma cruz cuja linha vertical é cruzada por duas linhas horizontais menores. Lorena é uma região que preserva vestígios dos reinos merovíngio (ano 450) e carolíngio (anos 800 a 987), consequentemente escolhido pelos escoceses exilados na França como berço do Rito Escocês (ler "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada", de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira).
(2) Hoje denominado Rito Escocês Antigo e Aceito, cuja potência territorial é acentuada nos Estados Unidos com dois Supremos Conselhos (Scottish Rite of Freemasonry, South Jurisdiction e Scottish Rite of Freemasonry, Northern Masonic Jurisdiction), mas estrutura e filosofia e ideário de origem essencialmente francesa: liberal, democrático e republicano.
(3) Portanto, em defesa de uma causa, nunca nos espantemos com o saudável "hábito de beber socialmente", tão festejado em nosso meio. A palavra latina liber tem o significado de livro, mas também se refere ao nome da divindade Liber Pater (ou libertinus), consagrada aos prazeres e à bebida. Daí "libação", ato que consiste na aspersão de vinho em intenção de uma divindade: libatìo, libatìónis. Entre o livro e a libação, uns preferem aquele, outros dependem desta. Ou vice-versa;... ou muito pelo contrário..., pois cada um sabe de si.
(4) Fato que não transformou a Inglaterra num país verdadeiramente protestante, pois a Igreja Anglicana permaneceu católica quanto à doutrina.
(5) Ainda hoje ouvimos Irmãos apregoarem que são "maçons operativos" porque fazem beneficência, arregaçam as mangas e tudo mais. Todavia, "maçom operativo" não existe mais, a não ser entre aqueles Irmãos que exercem a profissão de pedreiro. Hoje todos somos maçons especulativos ou "maçons aceitos", isto é, estudiosos que desde o Século XVIII foram aceitos entre os pedreiros para, mediante o simbolismo da alvenaria, construírem a busca do conhecimento. Quanto aos nobres capitães, chefões da Loja, ou manda-chuvas das cerimônias, nunca se espantem com os tais, pois a prática é tão velha quanto a Serra do Curral. Se fazem bem ou mal, só as particularidades de cada grupo poderão definir...

Resumo dos princípios fundamentais que norteiam a observância das Constituições de Anderson.

I - SOBRE DEUS E RELIGIÃO
Um Maçom é obrigado, por dever do ofício, a obedecer a Lei Moral; se ele compreender corretamente a Arte, nunca será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso. Muito embora em antigos tempos os Maçons fossem obrigados a adotar a religião de cada país ou nação, qualquer que ela fosse, hoje será mais acertado somente adotar a religião com a qual todos os homens concordam, guardando suas opiniões particulares para si próprios, ou seja: serem homens bons e leais, homens honestos, qualquer que sejam as denominações ou convicções que os possam distinguir. Por isso, a Maçonaria se torna um centro de união e um meio para conciliar a verdadeira amizade entre pessoas que, de outra forma, permaneceriam em perpétua distância.

II - DAS AUTORIDADES CIVIS
Um maçom é um cidadão pacífico diante do poder civil, onde quer que more ou trabalhe; nunca se envolverá em complôs, conspirações contra a paz ou o bem-estar da nação; nem se comportará irresponsavelmente perante as autoridades ou seus inferiores. Como a Maçonaria sempre foi prejudicada pelas guerras, derramamentos de sangue e desordens, os antigos reis e príncipes se dispuseram a estimular os homens de nossa Fraternidade por sua índole pacífica; pois nós sempre respondemos adequadamente às tramas ardilosas de nossos adversários e promovemos a honra desta Fraternidade que floresce melhor em tempos de paz. Então, se um Irmão se rebelar contra o Estado, ele não deverá ser estimulado em sua rebelião; ele pode ser digno de consideração por ser um homem infeliz; e, se não for condenado por qualquer outro crime, a Fraternidade deve repudiar a rebelião, não deixando margem para quaisquer desconfianças política perante o governo vigente; mas não se deve expulsá-lo da Loja, permanecendo inalienável a sua relação com a mesma.

III - DAS LOJAS
Uma Loja é o lugar onde os Maçons se reúnem para trabalhar. Por conseguinte, a assembleia ou sociedade de Maçons é hierarquicamente organizada. Todo Irmão, enquanto pertencer a uma Loja, estará sujeito ao seu regimento interno e aos regulamentos gerais da Grande Loja. Essa sociedade será melhor entendida através do comparecimento a ela e através dos assembleias da Grande Loja. Nos tempos antigos, nenhum Mestre ou Companheiro poderia estar ausente, especialmente quando solicitado a comparecer; e só não estaria sujeito a severa censura se comparecesse diante do Mestre ou do Vigilante e se justificasse alegando imperiosa necessidade que o impedira. As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem, portanto, ser do sexo masculino, de bons princípios, livres, de idade madura e discretos. Não serão admitidos escravos. Muito menos pessoas imorais ou escandalosos, mas somente homens de excelente reputação.

IV - DOS MESTRES, VIGILANTES, COMPANHEIROS E APRENDIZES.
Toda promoção entre os Maçons será baseada no seu real valor e no mérito pessoal, pois assim serão melhor servidos todos os Irmãos, ninguém se envergonhará, nem a Arte Real ficará menosprezada. Dessa forma, nem o Mestre nem os Vigilantes são escolhidos pela idade, mas sim por seus méritos. Por isso, todo Maçom deve frequentar a Loja e aprender o ofício de acordo com as peculiaridades da Fraternidade. Os candidatos devem ser avisados disso - e que nenhum Mestre deve aceitar um Aprendiz sob seus cuidados a menos que tenha suficiente instrução para ele; e a menos esse Aprendiz seja um jovem perfeito, que não possua deformidade ou defeito em seu corpo que possam incapacitá-lo no aprendizado da Arte; e que ele possa ajudar os Irmãos e seu Mestre; e que, sendo feito um Aprendiz e depois Companheiro no devido tempo, após ter cumprido o interstício dos anos, e devidamente qualificado, poderá ter a honra de se tornar Vigilante; depois Mestre de Loja; depois, Grande Vigilante, até chegar a Grão-Mestre de todas as Lojas, de acordo com seus méritos. Nenhum Irmão pode se tornar Vigilante antes de ter sido um Companheiro, nem Mestre antes de ter sido Vigilante; nem Grande Vigilante antes de ter sido Mestre de Loja; nem Grão-Mestre, a não ser que tenha sido Companheiro antes de sua eleição. Também deve ter educação de berço, ou ser um cavalheiro da melhor estirpe, ou notável erudito, ou algum singular arquiteto, ou um artista. Mas que seja sem igual quanto ao mérito na opinião das Lojas. Para melhor, mais fácil e honroso desempenho de sua função, o Grão-Mestre tem o poder de escolher o seu Vice Grão-Mestre (ou Grão-Mestre Adjunto), que deve ser, ou ter sido anteriormente, Mestre de outra Loja; ele terá o privilégio de atuar da mesma maneira que o Grão-Mestre, a não ser que este interponha diferentemente e por escrito. Estes administradores e governadores dessa antiga Fraternidade devem ser reconhecidos em seus respectivos cargos por todos os Irmãos, com toda reverência, boa disposição e alegria.

V - DA CONDUÇÃO DAS LOJAS QUANDO EM ATIVIDADE
Todos os Maçons devem trabalhar honestamente nos dias úteis, assim como viver com dignidade e pudor nos dias santos conforme a Lei do país ou confirmado pelo costume. O mais hábil dos Companheiros deverá ser escolhido ou apontado como Mestre ou supervisor dos trabalhos; ele deverá ser chamado Mestre por aqueles que trabalham sob sua supervisão. Os demais obreiros devem evitar qualquer linguagem ofensiva; não se dirigirem uns aos outros por nomes que não sejam Irmão ou Companheiro; conduzirem-se cortesmente dentro ou fora da Loja. O Mestre deve dirigir os trabalhos tão razoavelmente quanto possível e gerir os bens da Loja com o mesmo cuidado que administra os seus, não devendo dar melhor paga a qualquer Irmão sem que este o mereça. Ambos, o Mestre e os maçons, ao receberem sua justa paga, devem permanecer fiéis no trabalho e honestamente conduzirem suas tarefas. Ninguém deve mostrar inveja pela prosperidade ou avançamento de um Irmão, nem pretender suplantá-lo ou desviá-lo de seu trabalho - mesmo se for capaz de realizá-lo - pois nenhum homem pode realizar o trabalho de outro para obter glória.

Quando um Companheiro é escolhido Vigilante sob a orientação do Mestre, ele deve ser leal frente ao Mestre e aos demais Companheiros; deve supervisionar cuidadosamente o trabalho na ausência do Mestre e os Irmãos deverão honrá-lo. Todos os Maçons devem receber sua paga sem murmúrio ou revolta, sem desertarem se forem Mestres, até que o trabalho seja concluído. Um Irmão mais jovem deve ser instruído no trabalho para prevenir o desperdício dos materiais ou falta de critério - isto para que aprenda a promover o crescimento e continuidade do amor fraternal. Todos os instrumentos usados no trabalho devem ser aprovados pela Grande Loja. Nenhum trabalhador deve ser empregado em trabalho impróprio da Maçonaria; nem maçons livres devem trabalhar com homens que não gozam de liberdade; nem devem ensinar a trabalhadores não admitidos, da mesma forma como deveriam instruir um Irmão.

VI - DO COMPORTAMENTO, a saber:

1. Da Loja enquanto constituída
Não se deverão constituir comitês particulares ou conversações paralelas sem permissão dos Mestres; nem falar inoportuna ou inconvenientemente; nem interromper o Mestre, os Vigilantes ou qualquer outro Irmão que esteja falando; nem se comportar jocosa ou zombeteiramente enquanto a Loja estiver envolvida com o que é sério e solene; nem usar de linguagem imprópria na presença de quem quer que seja. Todos devem prestar a devida consideração e deferência ao Mestre, Vigilantes e Companheiros. Se qualquer queixa vier à tona, o Irmão considerado culpado deverá aceitar a sentença e determinação da Loja - a não ser que apele à Grande Loja, que é competente foro de toda e qualquer controvérsia, e à qual os Irmãos devem se dirigir - a não ser que o trabalho seja obstruído - e mesmo em tais casos uma referência deve ser feita. Mas nunca se deverá dirigir à Lei naquilo que concerne à Maçonaria sem necessidade aparente, mas à Loja.

2- Após a Loja fechada e com os Irmãos ainda presentes
Podereis regozijar-vos com inocente alegria, tratando uns aos outros de acordo com suas habilidades, mas evitando todos os excessos, ou compelindo qualquer Irmão a comer ou beber além de sua inclinação; ou impedindo-o de retirar- se quando suas obrigações assim o chamarem; evitando dizer o que quer que seja ofensivo ou o que possa desviar de uma conversa franca e livre, pois tais procedimentos poderiam quebrar nossa harmonia e frustrar nossos esforços. Devereis afastar quaisquer pendências ou querelas acerca de religião e cidadania. Assuntos políticos não devem ser levadas para dentro das portas das Lojas; pois sendo Maçons, de religião acima mencionada, também somos de todas as nações, idiomas e famílias, e posicionamos contra quaisquer políticas que não contribuam para o bem- estar da Loja, como de fato nunca contribuíram. Esta Obrigação tem sido estritamente prescrita e observada, especialmente após a reforma na Bretanha, ou da dissensão e secessão destas nações da comunhão com a Igreja de Roma.

3- Quando os Irmãos se encontram sem estranhos, mas não na Loja.
Os Irmãos se saudarão uns aos outros de maneira cortês, conforme instruídos, chamando-se de Irmãos, livremente passando as instruções, sem, no entanto, serem vigiados ou observados; e sem ultrapassarem os limites alheios ou traírem o respeito que devido a todos os homens, mesmo que não forem maçons. A Maçonaria não usurpa a honra do homem antes de sua Iniciação, nem acrescenta algo a esta, especialmente se tal homem tenha merecido respeito pela Fraternidade. Deve- se honrar aquele que é merecedor e que evita comportamento impróprio.

4 - Na presença de estranhos não Maçons.
Devereis ser cautelosos com as palavras e comportamento na presença de estranhos a fim de que o mais perspicaz estranho não seja capaz de descobrir ou perceber o que não deve ser revelado. Algumas vezes devereis ter uma conversa descontraída, conduzindo-a prudentemente para a honra da Venerável Fraternidade.

5 - No lar e na vizinhança.
Deverá o maçom agir como convém a um bom esposo e um homem de moral. Particularmente não deixareis a família, amigos ou vizinhos saberem a respeito dos interesses da Loja. Mas sabiamente levareis em conta sua própria honra e a da antiga Fraternidade, por razões que não serão aqui mencionadas. O maçom deverá considerar também a sua saúde, não continuando a se demorar longe do lar depois que as sessões da Loja se findem; devereis evitar a gula ou embriaguez; e que suas famílias não sejam negligenciadas ou injuriadas, nem vós impedidos de trabalhar.

6 - Com respeito a Irmãos desconhecidos.
Devereis cautelosamente examiná-los, com o método que a prudência apontar; e que não sejais iludidos pelos ignorantes e embusteiros aos quais devereis rejeitar. Devereis cuidar de não passar a estes nenhuma alusão a respeito do conhecimento. Mas se descobrirdes que entre eles há um verdadeiro e genuíno Irmão, devereis respeitá-lo e, se este necessitar de ajuda, devereis aliviá-lo como puderdes. Ou então dizer-lhe como poderá ser aliviado: podereis empregá-lo por um período de alguns dias, ou recomendá-lo a um emprego. Mas não sereis obrigado a fazê-lo além de suas habilidades. Dareis preferência a um pobre Irmão que seja um verdadeiro homem, antes de quaisquer outras pessoas pobres nas mesmas circunstâncias. Finalmente, todas essas obrigações devereis observar, e todas aquelas que serão comunicadas de outra maneira. Deveis cultivar o amor fraternal, a fundação e a pedra fundamental; a união e a glória desta antiga Fraternidade; evitareis toda disputa e querela, toda difamação e calúnia. Não permitireis que outros caluniem qualquer Irmão, mas defendereis seu caráter e oferecereis ao caluniado todos os préstimos, contanto que seja de acordo com a honra e a segurança. E se algum deles vos prejudicar, devereis apelar à Loja; e então podereis apelar à Grande Loja na comunicação trimestral, ou anual como tem sido a antiga e louvável conduta de nossos ancestrais em todas as nações.

Nunca se deve buscar o caminho da Lei, só quando o caso não puder ser de outra maneira decidido. Pacientemente deveis ouvir o honesto e amigável conselho do Mestre e Companheiros quando tentaram preveni-lo de fazer consultas à Lei como estranhos. A Maçonaria estimula estes a porem a termo todo e qualquer processo e então se dedicarem à Maçonaria com mais alegria. Com respeito aos Irmãos e Companheiros envolvidos em tais processos, o Mestre e os Irmãos deverão cortesmente oferecer-lhes mediação que deverá ser apreciada pelos Irmãos contendores; e se esta apreciação for impraticável, estes deverão conduzir o processo sem ira ou rancor; sem dizer ou fazer algo que prejudique o amor fraternal. E que o Divino ofício seja contínuo e renovado; e que todos vejam a benigna influência da Maçonaria, assim como todos os bons Maçons têm feito desde o começo do mundo, o que farão até o fim dos tempos.

Ir.'. José Maurício Guimarães

https://luizsergiocastro.files.wordpress.com/2015/10/o-malhete-nc2ba-78.pdf (Jornal O Malhete)

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