sexta-feira, 26 de julho de 2019


Exortação


Procura com cautela a Verdade, onde pensas
que esteja.  Mas, no afã de procurá-la, evita
o orgulho e a presunção que o fanatismo incita
nos que julgam transpor as alturas imensas...


Não combatas ninguém. Luta, sofre e exercita
nalma esse grande amor que tolera outras crenças.
Esforça-te por ser leal, para que venças.
Os sinceros e bons têm a Graça Infinita.


Todos, com a mesma fé, buscam a mesma coisa:
e encontram só – na eterna angústia da existência –
a Esfinge que no umbral dos séculos repousa!


Faze da dor alheia um elo de amizade,
da cólera dos maus  – um culto de indulgência,
e então compreenderás um pouco da Verdade.


Jonny Doin – outubro-1941

quinta-feira, 11 de julho de 2019

MARY’S CHAPEL – A LOJA MAÇÔNICA MAIS ANTIGA DO MUNDO



Quem passa em Hill Street junto à porta nº 19, não deixa de reparar no invulgar do seu aspecto, desde as colunas jônicas laterais até um misterioso emblema gravado por cima da entrada, que tem sido motivo das mais desencontradas leituras por aqueles que desconhecem estar diante da Mary’s Chapel nº 1 de Edimburgo, a mais antiga Loja Maçônica ativa do Mundo.

Este emblema esculpido em pedra sobre a entrada principal portando a data 1893, nasceu de um projeto apresentado pelo Venerável Mestre Dr. Dickson no Lyric Club em 6 de Outubro desse ano e que se destinava a ser colocada aqui. Consiste num hexalfa dentro de um círculo tendo ao centro a letra G resplandecente.

O hexalfa ou estrela de seis pontas com dois triângulos opostos entrelaçados circunscrito pelo círculo designa a Harmonia Universal, a Alma Universal alentada pelo G raiado indicativo de Geômetra, o Grande Arquiteto do Universo, portanto, God ou Deus, que como Espírito (triângulo vertido) elabora a Matéria (triângulo vertido), ambos os princípios não prescindido um do outro (triângulos entrelaçados) para que a Grande Obra do Universo (a sua evolução e expansão incluindo todos os seres viventes dele) seja justa e perfeita, o que se assinala no círculo.

Em linguagem Maçônica, isso quer dizer que os trabalhos de Loja possuem retidão e ordem. Em linguagem hermética ou segundo os princípios de Hermes, o Trismegisto, significa “o que está em cima é como o que está em baixo, e vice-versa, para a realização da Grande Obra”.

Neste emblema aparecem também muitas marcas em forma de runas pictas (isto é, a dos primitivos habitantes da Escócia, os pictos, que estabeleceram o seu próprio reino) e símbolos de graus maçônicos que vêm a designar em cifra, correspondendo à marca Maçônica pessoal, os nomes dos Oficiais da Grande Loja da Escócia e da Loja de Edimburgo nesse ano de 1893 da qual esta Loja de Mary´s Chapel faz parte como número 1.

Com efeito, entre os triângulos e o círculo aparece a sigla LEMC nº1, “Loja (de) Edimburgo Mary´s Chapel nº 1”, e dentro dos triângulos 12 símbolos correspondentes aos 12 Oficiais desta Loja, enquanto os 4 símbolos fora do círculo designam os 4 Oficiais da Grande Loja presentes quando se aprovou esta peça artística. Como exemplo único evitando indiscrições, repara-se no H com o Sol Levante por cima: é a marca pessoal de George Dickson, Venerável Mestre desta Loja de Edimburgo em 1893.

Leva a designação atual de Loja de Edimburgo porque Mary´s Chapel (Capela de Maria), onde a Loja funcionou originalmente, não existe mais.

Ela foi fundada e consagrada à Virgem Maria, no centro de Niddry´s Wynd, por Elizabeth, condessa de Ross (Escócia), em 31 de Dezembro de 1504, sendo confirmada por Carta do rei James IV em 1 de Janeiro de 1505. A capela foi demolida em 1787 para a construção de uma ponte no sul da cidade.

Esta Loja é a número 1 na lista da Grande Loja da Escócia (estabelecida em 30 de Novembro de 1736) por lhe ser muito anterior possuindo a ata de uma sessão Maçônica datada de 31 de Julho de 1599, constituindo o documento maçônico mais antigo do mundo e num tempo de transição entre a Maçonaria Operativa e a Maçonaria Especulativa, posto a existência de esta Ordem poder repartir-se por três períodos distintos:

Maçonaria Primitiva (terminada com os colégios de artífices romanos, os Collegia Fabrorum);

Maçonaria Operativa (terminada em 1523);

Maçonaria Especulativa (iniciada em 1717).

Por este motivo, foi nesta Loja de Mary´s Chapel que William Shaw (c. 1550-1602), Mestre de Obra do James VI da Escócia e Vigilante Geral do Ofício de Construtor, apresentou os seus famosos Estatutos Shaw datados de 28 de Dezembro de 1598, apercebendo-se pelo texto que ele além de pretender regular sob sanções a Arte Real dos artífices, procurava estabelecer uma separação entre os maçons operativos e os cowan, isto é, profanos.

O fato de aqui se redigir uma ata Maçônica em 1599, pressupõe que a Loja é anterior a esse ano e estaria organizada e ativa desde data desconhecida.

Seja como for, esta também foi a primeira Loja Maçônica antes de 1717 a admitir membros que não fossem construtores: Sir Thomas Boswell, Escudeiro de Auschinleck, Escócia, foi nomeado Inspetor de Loja em 1600, o que constitui a primeira informação relativa a um elemento não profissional recebido em Loja de Construtores Livres.

Outros autores dão o nome como John Boswell, Lord de Auschinleck, admitido como Maçom aceito nesta Loja. Este John Boswell é antecessor de James Boswell, que foi Delegado do Grão-Mestre da Escócia entre 1776 e 1778.

As atas de 1641 desta Loja Mary´s Chapel igualmente indicam que maçons especulativos foram iniciados nela. Nesse ano foram iniciados Robert Moray (1609-1673), general do Exército Escocês e filósofo naturalista, Henry Mainwaring (1587-1653), coronel do Exército Escocês, e Elias Ashmole (1617-1692), sábio astrólogo e alquimista.

Reconheceu-se aos três novos membros o título de maçons, mas como não gozavam dos privilégios dos autênticos obreiros, pois o cargo era somente honorário, foram denominados como accepted masons.

Ainda sobre Robert Moray, Roger Dache, do Institut Maçonnique de France, informa que quando da sua iniciação Moray recebeu como marca Maçônica pessoal o pentagrama ou estrela de cinco pontas, muito comum na tradição dos antigos construtores, com a qual se identificou bastante e a utilizou nas assinaturas de diversos documentos.

Ainda sobre Elias Ashmole, G. Findel, na sua História da Maçonaria, diz que há uma confusão nas datas sobre a sua iniciação Maçônica: Ashmole terá sido iniciado em 16 de Outubro de 1646 numa Loja de Warrington, Inglaterra, mas o fato é que o próprio escreve no seu Diário ter sido iniciado em Edimburgo em oito de Junho de 1641.

Em 1720, o artista italiano Giovanni Francesco Barbieri apresentou na Loja Mary´s Chapel um trabalho lavrado, reproduzindo com muita fidelidade a Lenda de Hiram, ou seja, o fenício Hiram Abiff que era o chefe dos construtores do primitivo Templo de Salomão, em Jerusalém. Sabendo-se que esta Lenda foi incorporada ao ritualismo maçônico, cerca de 1725, conjectura-se que Giovanni possa ter sido um dos maçons aceites da época e que a Lenda já era parte da ritualística Maçônica em Mary´s Chapel desde muito antes.

Há ainda o registro da visita de Jean-Theophile Désaguliers (1683-1744) à Loja Mary´s Chapel em 1721, visita estranha do filósofo francês Vice-Grão-Mestre (em 1723 e 1725) da recém-formada Grande Loja de Inglaterra.

Os maçons escoceses duvidaram do seu estatuto e sujeitaram-no a rigoroso inquérito em 24 de Agosto de 1721, até finalmente acreditarem nele e aceitarem-no com as regalias do cargo. Seja como for, não parece que as pretensões de Désaguliers tenham obtido o êxito que procurava, talvez por motivos de recusa de sujeição dos maçons escoceses aos maçons ingleses, o que recambia para a antiga questão independentista.

Foram ainda iniciados nesta Loja de Edimburgo o príncipe de Gales, depois rei Eduardo VII (1841-1910), e o rei Eduardo VIII (1894-1972), que abdicaria do trono britânico para poder casar com a americana Bessie Wallis Warfield.

A caneta com que assinaram o documento da sua iniciação é conservada no museu desta Loja, que o visitante pode ver entre outros objetos relacionados com a longa história dos maçons de Mary´s Chapel.

Aqui fica, em síntese simplificada para o leitor não familiarizado com estes assuntos, a história da Lodge of Edinburgh nº 1 (Mary´s Chapel), aliás, desconhecida de muitos maçons apesar de ser a mais antiga da Escócia e do Mundo.

Vitor Manoel Adrião

Fonte: arte real 

sexta-feira, 5 de julho de 2019


CANTEIRO DE IDÉIAS


Caridade verdadeira,
Em todos os seus caminhos,
Quando oferece uma rosa
Sabe tirar os espinhos.
Auta de Souza


Amor é solidariedade.
Progresso é intercâmbio.
Auxilia e auxiliar-se-te-á.

Ajuda-te sempre, especialmente ajudando aos outros, e o Céu te ajudará.

Não percas tempo com atividades inúteis.

Considera por vitória o desempenho dos próprios compromissos.
Emmanuel


Avalia as bênçãos que te marcam os dias e as vitórias íntimas que entesouraste no campo das próprias experiências e nunca te acomodes com o desespero.

Receber agressões
Desculpando-as sem queixas.

Nunca desanimar
Na prática do bem.

Eis alguns sinais
da presença de Deus.
Emmanuel


Preste um favor, especialmente aquele favor que você está adiando.

Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as suas.
André Luiz

terça-feira, 2 de julho de 2019


PARA REFLETIR

Nele estava a vida
E a vida
Era a luz dos homens;
E a luz Resplandece nas trevas,
E as trevas
Não a compreenderam!
(João 1:45)


P. Courty em “Penseés et pensées:

“L´homme ne sait blen qu´il a éte hereux que borsquíl erre les ruine de son bonheur écrou-lé”!
O homem não percebe que foi feliz até que começa a vagar entre as ruínas de sua felicidade desmoronada.


François de La Rochefoucauld, em "Maximes 227", assegura que:

 "Les gens hereux ne se corrigent quère; ils croient toujours avoir raison quand la fortune soutient leurs mauvaises conduite.
As pessoas felizes jamais se corrigem; elas sempre crêem ter razão quando a fortuna material sustenta-lhes a conduta deplorável.

Tomemos "Maximes et anecdotes" de Chamfort para ouvi-lo exclamar:

"Le plaisir peu s'appuyer sur I'illusion, mais le bonheur repose sur la vérite".
O prazer pode se apoiar sobre a ilusão, mas a felicidade repousa sobre a verdade.

E aqui está o "Social Staticts" de Herbert Spencer. No capítulo XXX:

"No one can be perfectly happy til all are".
Ninguém pode ser perfeitamente feliz enquanto todos os homens não sejam perfeitamente felizes.

O mesmo se poderia dizer de Edouard Pailleron que, em "Noel", assim se exprime:

"Le seul bonheur qu'on a , vient du bonheur qu'on donne".
A única felicidade que temos, advém da felicidade que damos aos outros.

Johan W. Goethe, “Gotz von Berlinchingen, 1”:

So gewiss ist der allein glücklich und gross, der wieder zu herrschen noch zu gehorchen braucht, um etwa zu sein!
Só é feliz e grande aquele que não necessita mandar nem obedecer para chegar a ser alguém.

Fonte: Do livro ESCRÍNIO DE LUZ, de Emmanuel.

segunda-feira, 1 de julho de 2019


Perante a Vida

A riqueza é lição.
A pobreza é prova.
A lição informa.
A provação corrige.
***
A riqueza é possibilidade.
A pobreza é necessidade.
A possibilidade permite.
A necessidade dificulta.
***
A riqueza é malho.
A pobreza é bigorna.
O malho educa.
A bigorna ampara.
***
A riqueza é fonte.
A pobreza é solo.
A fonte fecunda.
O solo produz.
***
Todavia, se a lição não se estende, é orgulho enquistado.
Se a provação não aperfeiçoa, é azorrague do desespero.
***
Se a possibilidade não auxilia à vitória do bem, é caminho ao império do mal.
Se a necessidade não aproveita, é porta à rebelião.
Se o malho comanda em excesso, é martelo destruidor.
Se a bigorna foge ao serviço, a obra em formação não atende aos seus fins.
***
Se a fonte não desfila, é charco perigoso.
Se a gleba é preguiçosa, faz-se imenso deserto.
***
Reconheçamos que riqueza e pobreza são simples condições do progresso comum e ajustadas em ordem, no trabalho constante, serão por toda parte como força divina, levantando a alma humana, da Terra para o Céu, em sublime ascensão.

Emmanuel