quinta-feira, 31 de julho de 2014

A flor da miosótis

 
A flor da miosótis
 
Escrito por Jorge C.
 
A profusão de irmãos, nos quais me incluo, que actualmente ornamentam a sua lapela com a flor da miosótis, também conhecida por - Forget - me not - despertou-me a curiosidade de saber mais alguma coisa acerca do seu simbolismo, dado que a minha idade simbólica de três anos apenas me permite a percepção de singelos aspectos maçónicos.
No que se refere à curiosidade, a explicação para a alargada utilização da miosótis pelos irmãos maçons, em espaços sagrados ou profanos, é bastante simples. É exactamente a mesma que me levou a adquirir esse símbolo e a usá-lo assiduamente. O “fenómeno”, deve-se simplesmente ao facto deste símbolo ter surgido e começado a ser comercializado, com maior assiduidade, no balcão existente no hall das instalações da Grande Loja Regular de Portugal.
No entanto o mais importante era obter mais conhecimento acerca do porquê do uso dessa flor, porque certamente algo mais forte seria do que a sua beleza. Isso levou-me, como não poderia deixar de ser, a pesquisar sobre a flor em geral e sobre a simbologia maçónica da mesma, em particular.
O processo de pesquisa não foi de grande relevância dado que a matéria ou bibliografia existente – ou pelo menos a que consegui obter - não é extensa nem diversificada, designadamente a de maior interesse e credibilidade. Os textos e autores encontrados referem, basicamente, o mesmo conteúdo, com diversos pontos de encontro, embora tenha anotado algumas divergências importantes.
Relativamente a fontes de investigação, gostaria de partilhar convosco um aspecto que considero de alguma relevância. Refiro-me concretamente à importância que teria a existência de um centro de estudos ou biblioteca de assuntos maçónicos a nível da Grande Loja, onde qualquer de nós possa efectuar pesquisas e investigações.
Entrando no tema da prancha, numa exígua abordagem, referirei três aspectos acerca desta flor; o botânico e a origem, as lendas a ela coladas e a ligação simbólica à maçonaria. Claro que esta é a parte que mais interessa neste momento.
Contrariamente ao que julgamos, esta pequena flor são inflorescências terminais, parecidas com a forma de espiga longa da qual emergem formações de flores muito curtas e azuis. Floresce na primavera. A sua origem aponta para a Rússia, embora esteja disseminada por todos os continentes. Gosta de temperaturas baixas e de ambientes de altitude, daí ser muito comum em todos os Andes. A pequena flor amplifica a sua beleza quando se encontra em bouquet.
Quanto às lendas associadas, são elas diversificadas, sendo que algumas recuam à Criação, a Adão, que a baptizou de não-me-esqueças –– para que nunca se esquecesse do nome da pequena flor à qual não havia dado nome quando nomeou todas as plantas do Paraíso.
Outra lenda ancestral coloca a pequena flor na margem de um rio, na qual passeava um cavaleiro medieval acompanhado da sua amada. Ao tentar apanhar a flor para presentear a dama caiu ao rio, afundando-se com alguma rapidez devido ao peso da pesada armadura. No seu infortúnio ainda teve tempo para gritar à mulher amada; “ não-me-esqueças”.
Deixando a curta introdução de enquadramento, falemos de seguida acerca da ligação simbólica desta pequena e bonita flor que adorna as nossas lapelas.
Qualquer experiente maçon se surpreende com a diversidade e número de símbolos associados à Ordem. Esta pequena flor é no entanto um dos mais novos símbolos maçónicos, com perto de seis ou sete décadas e, pelo que se sabe, nem sequer aparece em nenhum ritual. É um símbolo pungente que adquire a sua expansão e força simbólica devido ao que representa de coragem perante a tirania.
Nos anos1925/1926, bastante antes de Adolfo Hitler se tornar chanceler da Alemanha, a miosótis surge pela primeira vez associada à maçonaria, numa convenção anual em Bremen, na Alemanha. A florzinha foi entregue aos participantes com o objectivo de os mobilizar em torno das necessidades de milhares de desemparados devido à grave crise económica que o país atravessava na época.
De igual forma antes da sua ascensão ao poder, já Hitler, no seu livro “Minha Luta”, num dos seus muitos delírios, deixava um primeiro aviso aos maçons alemães, ao afirmar “a maçonaria sucumbiu aos judeus e converteu-se num excelente instrumento para combater pelos seus interesses […]”.
Com a ascensão de Hitler ao poder, que acontece em 1934, a maçonaria alemã anteviu que estava em perigo e em causa a sua sobrevivência, dada a politica, mistura de anti-semitismo e anti maçonismo, seguida pelo ditador, de confiscar e se apropriar os bens dos maçons bem como das Lojas Maçónicas.
A ameaça que a governação nazi preconizava, levou as Lojas a iniciarem um processo de passagem à clandestinidade ou auto liquidação, sem que haja indícios que o mesmo tenha sido determinado por qualquer autoridade maçónica, o que leva a acreditar que o fizeram de mote próprio, protegendo-se individualmente.
A ditadura nazi, em 1937, apoda a maçonaria como “inimiga do estado”, doutrina que se consolidou em 1940 com a proibição de sociedades “secretas”, abrangendo a Augusta Ordem, quer na Alemanha quer nos países ocupados pelos germânicos, onde foram fechadas Lojas lhes foi retirado o direito de propriedade.
Neste percurso, há defensores da hipótese de que a intensão do ditador nazi era acabar com a maçonaria existente, para criar uma maçonaria ariana livre da presença judia. Há ainda quem defenda que o ódio à maçonaria dos ditadores, Hitler e Franco, bem como qualquer outro cabecilha de governos musculados, estava ligado ao facto de não suportarem o espirito livre dos maçons e de considerarem o livre pensamento como uma ameaça.
No que se refere aos dois ditadores atrás nomeados, há quem aponte que a sua aversão partia do facto de lhes ter sido recusada a iniciação na Ordem. Não é um facto esta última afirmação, é sim uma conjectura que não sabemos se está documentada, muito em especial no que se refere a Hitler.
É possível afirmar, segundo bibliografia existente, nomeadamente no trabalho produzido pelo Professor Andreej Karpowicz, incluído em “in The Masonic Collection of the Universiy Library in Poznan”, que ocorreram pilhagens, deliberadamente organizadas, aos maçons e lojas maçónicas e que grande parte do espólio – livros e arte maçónica – de Grandes Lojas de vários países – tais como Holanda, Noruega, Áustria e mesmo França e Bélgica - foram roubados, com intensão de levar à extinção da maçonaria.
Nestas condições adversas e perante tão brutal perseguição, que levou inúmeros II:. a serem enclausurados nos campos de concentração, fez acentuar o instinto de preservação e sobrevivência. Isto obrigou os maçons a adoptarem uma marca de reconhecimento, sem ligação conhecida ao perceptível Compasso e Esquadro, que eram, para os nazis, tão ou mais desprezíveis do que estrela amarela usada pelos judeus. A escolha foi a pequena e discreta flor da miosótis.
A preferência não ocorreu por mera simpatia pela flor, mas com um objectivo óbvio. Este símbolo era já usado anteriormente quer por profanos, quer por maçons, ligados aos movimentos de solidariedade e caridade.
Deste modo, os II:. alemães atribuíram à miosótis um sentido de “escondido” ou secreto tornando-se conhecido só deles, o qual pela sua dupla simbologia – profana e maçónica - seria mais discreta, deixando os maçons a coberto. A miosótis tornou-se então um símbolo de grande utilidade e de reconhecimento dos II:. durante todo o tempo de duração da escuridão nazi, não permitindo que a Luz se extinguisse. A miosótis identificava os irmãos que continuavam a trabalhar na Ordem, em liberdade mas em condições extremamente perigosas, bem como os que se encontravam confinados e sujeitos às maiores sevicias nos campos de extermínio.

No texto de Rosa Maria González Chávez, em “ Hitler y la Masonaria”, confirmam-se muitos dos factos atrás referidos, reforçando que nesse período de obscurantismo muitos maçons foram assassinados indiscriminadamente enquanto muitos outros passaram à clandestinidade. Milhares foram levados para os campos de concentração, onde foram eliminados, à semelhança do que viria a acontecer a milhões de judeus.

Enquanto permaneciam enclausurados nos campos da morte eram identificados com um triângulo vermelho, o que os diferenciava dos portadores da tristemente célebre estrela amarela.
No pós-guerra, em 1947, foi reaberta a Grande Loja do Sol, em Bayreuth, na Alemanha e o pequeno pin em forma de “não me esqueças”, consolidou-se como um símbolo dos Irmãos que sobreviveram àqueles anos negros, para perpetuar a Luz da Maçonaria. Tornou-se de igual forma num símbolo de homenagem aos que foram exterminados pela bestialidade nazi.
No ano seguinte, na primeira convenção anual das Grandes Lojas Unidas Alemãs em 1948, o pin foi adoptado como emblema oficial. (verifico aqui uma divergência de datas relativamente a esta abertura: há duas datas referidas em vários textos, 1947 e Junho de 1954. Inclino-me a aceitar a primeira data, tendo em conta que as tropas vitoriosas integravam militares maçons dos vários continentes, em vários graus e qualidades, logo o apoio ao “renascimento” ou revigoramento das Lojas alemãs seria certamente uma das prioridades dos irmãos que integravam os exércitos vitoriosos. Não me parece credível que a Ordem esperasse mais de uma década para voltar a tomar o vigor anterior.)
Apoiando-me ainda no já citado Professor Andreej Karpowicz, refiro como elemento interessante o facto de a flor da miosótis se encontrar também associada às forças britânicas que serviram na zona do rio Reno no pós-guerra. Reforçando este facto é a constatação da existência de uma Loja, a Forget-me-not número 9035, em Wiltshire, pertencente à Grande Loja Unida da Inglaterra, que adoptou a miosótis para o seu estandarte. Para além disso encontrámos também referências à existência de uma loja na Alemanha com o mesmo nome.
Muito haveria a dizer das vicissitudes vividas pela maçonaria na Alemanha durante o nazismo, mas o objectivo é unicamente a pequena abordagem da simbólica flor da miosótis.
Antes de terminar, apenas mais umas palavras para altear a importância que esta pequena flor tem para a Ordem. Uma simples flor, também conhecida como verónica, representa os melhores ideais e bandeira da maçonaria, como divisa de fraternidade e solidariedade frente à opressão, tornando-se, talvez no pin mais amplamente utilizado pelos Maçons.
Não-me-esqueças: É um apelo e é bom que o tenhamos sempre presente para que, efectivamente, não esqueçamos os mais desvalidos, que necessitam do nosso apoio, nem tão pouco dos que já não estão entre nós e nos aguardam no Oriente Eterno.

Jorge C.
Aprendiz Maçom
10-04-6014

Bibliografia.
http://quenosocultan.wordpress.com/2013/11/13/hitler-y-la-masoneria-parte-1-de-2/
(consultado em 02-04-2014)
http://masoneriaparatodos.blogspot.pt/2007/03/persecuciones.html
(consultado em 02-04-2014)
https://pt-br.facebook.com/permalink.php?story_fbid...id..
(Consultado em 31-03-2014)
www.deldebbio.com.br/index.php/2010/03/11/a-miosotis-e-a-maconaria/‎

(Consultado em 5-04-2014)
BOYD, David G. “Das Vergissmeinnicht”. In Philalethes, Abril de 1987.
http://www.tntpc.com/252/philalethes/p87apr.html#Das Vergissmeinnicht
(consultado em 10-04-2014)
GONZÁLEZ CHÁVEZ, Rosa Maria. “Hitler y la Masonaria”.
KARPOWICZ, Andrzeij . “The Masonic Collection of the University in Poznan”, editora Kilo 1992.
LARAN, Eric. “Le Myosotis”. Grande Loge Nationale Française. s/d
RODRIGUES, Felisberto S. “ Para não esquecer! (Hitler e a Maçonaria)”, revista Engenho&Arte, nº 10, Outubro de 2002.


  • Fonte: Loja Maçônica Mestre Afonso Domingues

quarta-feira, 30 de julho de 2014

AS QUATRO LEIS DA ESPIRITUALIDADE


 
AS QUATRO LEIS DA ESPIRITUALIDADE
(Ensinadas na Índia)

A Primeira Lei diz:



"A Pessoa que chega é a pessoa certa."



Significa que nada ocorre em nossas vidas por acaso. Todas as
pessoas que nos rodeiam, que integram conosco, estão ali por
uma razão, para que possamos aprender e evoluir em cada situação.

A Segunda lei diz:


"O que aconteceu é a única coisa que poderia ter acontecido."

Nada, absolutamente nada que ocorre em nossas vidas poderia ter
sido de outra maneira.
Nem mesmo o detalhe mais insignificante!
Não existe: se acontecesse tal coisa, talvez pudesse ter sido diferente...!


Não! O que aconteceu foi a única coisa que poderia ter ocorrido e teve
que ser assim para que pudéssemos aprender a lição e seguir adiante.

Todas e cada uma das situações que ocorrem em nossas vidas são
perfeitas, mesmo que nossa mente e nosso ego resistam em aceitá-las.



A Terceira Lei  diz:



"Qualquer momento que algo se inicia é o momento certo."



"Tudo começa num momento determinado.


Nem antes, nem depois.


Quando estamos preparados para que algo novo aconteça em
nossas vidas, então será aí que terá o início!"



A Quarta e Última Lei diz:


"Quando algo termina, termina!”



"Simplesmente assim!

Se algo terminou em nossas vidas é para
a nossa evolução!
Portanto, é melhor desapegar, erguer a
cabeça e seguir adiante, enriquecidos
com mais essa experiência!"

(autor desconhecido)

terça-feira, 29 de julho de 2014

A arte de não adoecer


            
   

"A arte de não adoecer"

Dr. Dráuzio Varella

 

Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

 

Se não quiser adoecer - "Tome decisão"

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

 

Se não quiser adoecer - "Busque soluções"

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

 

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

 

Se não quiser adoecer - "Aceite-se"

A rejeição de si próprio, a ausência de auto estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

 

Se não quiser adoecer - "Confie"

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

 

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.
 
Dr. Dráuzio Varella 

domingo, 27 de julho de 2014

É Proibido


 
 
É Proibido

 

É proibido chorar sem aprender,

Levantar-se um dia sem saber o que fazer

Ter medo de suas lembranças.

 

É proibido não rir dos problemas

Não lutar pelo que se quer,

Abandonar tudo por medo,

 

Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor

Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos

 

Não tentar compreender o que viveram juntos

Chamá-los somente quando necessita deles.

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,

Fingir que elas não te importam,

 

Ser gentil só para que se lembrem de você,

Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,

Não crer em Deus e fazer seu destino,

 

Ter medo da vida e de seus compromissos,

Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

 

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se

desencontraram,

Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas,

Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

 

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,

Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

 

Não ter um momento para quem necessita de você,

Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,

 

Não viver sua vida com uma atitude positiva,

Não pensar que podemos ser melhores,

Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

 

Pablo Neruda

sábado, 26 de julho de 2014

Poemas


 
Via Láctea (trecho XIII)

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

 
Olavo Bilac

 
 

Se eu fosse um padre

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições…
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
a um belo poema – ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O Volume da Lei Sagrada
Nota de Abertura: Neste Blog de vez em quando convidamos um Maçom de outra Loja ou de outro Oriente ou País a publicar textos de sua autoria, tal como acontece com o que agora aqui se publica e que vai devidamente assinado.





21º Landmark da lista de Albert Gallatin Mackey- é indispensável a existência, no Altar, de um Livro da Lei, o Livro que, conforme a crença, se supõe conter a Verdade revelada pelo Grande Arquitecto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus membros, esses Livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este landmark, que um "Livro da Lei" seja parte indispensável dos utensílios da Loja.

Como se infere do landmark citado, não há um livro da lei recomendado ou que tenha preponderância sobre os outros. Porque para o maçom do R\E\A\A\, que é o nosso, nenhuma religião é melhor que outra ou mais digna de respeito que outra. Todas são dignas de respeito, todas são de igual importância. Porque para um homem se tornar maçom no R\E\A\A\ apenas lhe é perguntado se é crente. Qual a sua confissão religiosa, se professando alguma, não é assunto nosso. Ao R\E\A\A\ basta que o homem seja crente e entenda o conceito do G\A\D\U\. O que isso significa no coração de cada um de nós, não interessa nem é para aqui chamado. Nós aqui abordamos todas as questões, sejam elas de que índole for, quando nos encontramos na linha em que todos somos irmãos, sitio esse onde podemos abordar todos os assuntos sem colocar em perigo a harmonia entre os II\. Essa linha existe, um dia chegarão lá todos os que aqui estão se trabalharem para isso e tem um nome, chama-se Nível, e é a Jóia que identifica o I\1º V\. E é o emblema da Igualdade. O Nível maçónico é formado por um Esquadro de hastes iguais, de cujo ângulo desce uma Perpendicular. O Nível simboliza a Igualdade, base do Direito Natural e a Perpendicular significa que o maçom deve e precisa possuir uma retidão de julgamento que nenhuma afeição – de interesse ou de família – deve impedir. O que pode distinguir os maçons e conduzi-los ao seu lugar na comunidade é o mérito e também as virtudes e o talento. O Nível lembra ao maçom que todas as coisas devem ser consideradas com serenidade igual e que o seu simbolismo tem como corolário noções de Medida, Imparcialidade, Tolerância e Igualdade, bem como o correto emprego dos conhecimentos.
Partindo desta premissa, não há assunto que não possa ser discutido entre nós, pois será sempre uma discussão leal e iluminada.
Assim, concluo que nenhum maçom do R\E\A\A\ se pode ofender com um símbolo religioso, pois entende que todas as opções de crença são legítimas e são escolhas pessoais, que a ninguém dizem respeito. Nós trabalhamos A\G\D\G\A\D\U\ e chega. Esse é o nome que lhe damos e não outro, apesar de existirem sempre tentativas de forças estranhas de introduzir na nossa Augusta Ordem formas de colocar em perigo a Harmonia entre os maçons, minando a Ordem e a sua Força progressista e humanista. Tenho até para mim que a Maçonaria existe hoje muito mais influenciada pelo Renascimento, a descoberta do Mundo e do Homem do século XVI em diante e o Humanismo deísta do século XVIII,  do que às confederações de pedreiros-livres medievais. O nosso ideal é a Verdade, sendo a sua indagação um Dever para todos os maçons.
O R\E\A\A\ respeita todas as religiões, todos os símbolos religiosos, sem nunca se identificar ou se opor a qualquer uma delas, ou mesmo a qualquer governo ou escola filosófica, mantendo sempre como base dos seus ensinamentos a Liberdade de Pensamento, a indagação da Verdade e a busca, constante e pacifica, de uma vida melhor.
A introspecção espiritual potenciada pelo ritual não conduz num determinado sentido religioso, dá espaço a que todos, independentemente do seu credo, confessional ou não, se sintam integrados nesta comunhão espiritual em que a Verdade e a Fraternidade são o cimento que une todas as pedras que fazem parte deste Templo que é a R\L\ Alengarbe.
Disse.

José Eduardo Sousa, V\M\ da R\L\ Alengarbe, a Or\ de Albufeira
 
6014 A\L
 
Fonte:
  • Grande Loja Legal de Portugal / GLRP

  •