sábado, 23 de março de 2019


FILMES E A MAÇONARIA

FILMES E A MAÇONARIA

Magnolia
Este filme, de Paul Thomas Anderson, também contém referências maçônicas. Em uma das cenas, aparece um símbolo maçônico em uma enciclopédia, no instante em que um garoto estuda pela TV através de um game show. Em uma outra cena, um produtor de TV apóia sua mão no ombro do apresentador, mostrando um anel com símbolo maçônico, e dizendo "Nos encontramos entre o nível e o esquadro.". No elenco, Tom Cruise, Jeremy Blackman e Melinda Dillon.

Assassinato por Decreto - (Murder by Decree)
Sherlock Holmes investiga os mais infames casos londrinos de Jack, o Estripador. À medida em que ele investiga, ele descobre que o Estripador tem amigos nas altas classes, envolvendo os Maçons. No elenco, Christopher Plummer e James Mason.

Peggy Sue - O Passado a Espera - (Peggy Sue Married)
O avô de Peggy pertence à loja dos viajantes do tempo, mostrando um altar e um ritual usando a batida de martelo. No elenco Kathleen Turner e Nicolas Cage. Dirigido por Fancis Ford Coppola.

Fim dos Dias - (The End of Days)
Filme de 1999, onde o super astro do cinema Arnold Schwarzenegger enfrenta o maior e mais poderoso inimigo de todos os tempos - o próprio satã. Arnold faz o papel de um oficial de polícia. Em determinado momento ele diz: "Agora este amuleto é da ordem maçônica do antigo sub-heredom dos Cavaleiros do Vaticano, Cavaleiros do Olho Sagrado. Eles aguardam a volta do anjo negro à Terra." Também, logo na abertura do filme, pode-se ver rapidamente, a figura famosa do Baphomet, de Eliphas Levy. No elenco, Gabriel Byrne, Kevin Pollak, Rod Steiger. Direção de Peter Hyams.

Teoria da Conspiração - (Conspiracy Theory)
Neste filme de 1997, Mel Gibson faz o papel de um motorista de táxi (Jerry Fletcher), na cidade de Nova Iorque. Ele acredita que o mundo em que vivemos está repleto de conspirações perigosas. Sua vida é uma loucura completa, sempre está em estado de alerta... sempre pronto para o pior. O emprego como motorista é apenas uma fachada para seu verdadeiro trabalho: reunir informações sobre novas ameaças ao redor do mundo e reuni-las em um informativo chamado "Teoria da Conspiração". Ninguém nunca se importou com as idéias absurdas de Jerry - até hoje. Perseguido por inimigos desconhecidos, Jerry sabe que finalmente desmascarou uma conspiração de verdade. Só não sabe qual delas! Agora sua única chance de sobreviver é contar com a ajuda da advogada Alice Sutton (Julia Roberts), para descobrir qual a verdade que deve ser revelada ao mundo... antes que seja tarde demais! Em uma das cenas, Mel Gibson diz: "Os Maçons estão tentando melhorar o mundo." "George Bush é maçom, grau 33". No elenco, Mel Gibson, Julia Roberts, Patrick Stewart. Direção de Richard Donner.

Do Inferno - (From Hell)
Johnny Depp, Heather Graham (de Boogie Nights - Prazer Sem Limites e Austin Powers, o Agente Bond Cama) e Ian Holm (O Senhor dos Anéis) estão juntos neste filme, baseado na história de Jack, o Estripador. From Hell gira em torno de um investigador da Scotland Yard (Depp) que tenta desvendar os assassinatos do final do século 19 e acaba descobrindo uma série de falcatruas políticas relacionadas à família real. Graham faz o papel de uma prostituta perseguida pelo assassino. Um filme que envolve a Maçonaria como responsável pelos assassinatos. No elenco, Johnny Depp, Heather Graham, Ian Holm. Direção de Albert Hughes.

Horizonte Perdido - (Lost Horizon)
Este filme de 1937 é uma fantasia clássica romântica, dirigido pelo aclamado diretor Frank Capra. A história mostra um corajoso diplomata britânico e um grupo de pessoas que sofrem um acidente no Himalaia. Eles são resgatados pelos misteriosos habitantes do paradisíaco vale de Shangri-la. Edward Everett Horton diz "Eu encontrei um manuscrito que explica o significado oculto por trás de todos os símbolos maçônicos".

Mad Max - Além da Cúpula do Trovão - (Mad Max beyond Thunderdome)
Depois de perder todos os seus pertences para uma gangue, o herói Mad Max (Gibson) vai parar em Bartertown, uma cidade sem-lei governada pela astuciosa Aunty (Tina). Para recuperar o que é seu, Max tem que obedecer às duras leis locais: participar de um a luta que só acaba com a morte de um dos lutadores contra um gigante (Larsson). Destaques: Terceiro e último capítulo das aventuras do herói futurista Mad Max, que traz a participação de Tina Turner, cantando o sucesso We Don't Need Another Hero. Neste filme de 1985, quando o apresentador da luta, entre Mad Max e Blaster, anuncia a entrada dos lutadores, uma imagem de um Esquadro e um Compasso, aparece, um pouco desbotada, na parte da frente de sua camisa. No elenco, Mel Gibson, Tina Turner. Direção de George Millar.

Cine Majestic - (The Majestic)
Sem relação com a história, o símbolo do esquadro e do compasso pode ser visto uma vez no mausoléu na cena do cemitério e uma vez no edifício da avenida principal na segunda metade do filme. Drama. No elenco, Jim Carrey.

O Homem que queria ser rei - (The Man Who Would Be King)
Baseado na história de Rudyard Kipling. Soldados mercenários convencem a população da tribo do Kafiristão que eles são deuses, depois de descobrirem símbolos maçônicos e artefatos religiosos. No elenco Sean Connery, Michael Caine. Dirigido por John Huston. Drama/Ação.

Filhos do deserto - (Sons of the desert)
Ollie finge estar doente e pede para um médico, que na verdade é um veterinário, prescrever uma viagem para o Havaí. Stan e Ollie enganam suas esposas dizendo que vão para um cruzeiro medicinal para irem a uma convenção, mas elas descobrem a verdade. Eles aprendem que a honestidade é o melhor negócio.

A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Gentlemen) - Sugestão do amigo Wenderson
Grandes nomes da literatura mundial são reunidos pela Rainha Vitória para combater um homem que deseja dominar o planeta. Dirigido por Stephen Norrington (Blade) e com Sean Connery no elenco.

Mauá - O Imperador e o Rei
O diretor Sérgio Rezende (Guerra de Canudos) leva às telas a biografia de Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, um dos principais homens de negócios do 2º Reinado. Com Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Antônio Pitanga e Roberto Bomtempo.

Fonte: ESTUDOS

quinta-feira, 21 de março de 2019

Comunicação do Grão Mestre da GLLP/GLRP por ocasião do equinócio da primavera



Meus Queridos Irmãos,

Estamos aqui hoje reunidos para celebrar a Maçonaria Regular neste período que antecede o Equinócio da Primavera.

Foram hoje aprovadas as contas do exercício de 2018 e foram discutidas e aprovadas alterações ao Regulamento da GLLP/GLRP. Foi, sem dúvida uma manhã muito profícua em que foi possível discutir, num ambiente fraterno, as propostas e contributos que algumas Respeitáveis Lojas, com elevado empenho e sentido de responsabilidade, nos fizeram chegar.

Permitam-me, no entanto, que lembre que o nosso Regulamento não é comparável com os estatutos de uma qualquer Associação e que aquele é também o principal garante da nossa regularidade e do nosso reconhecimento internacional, sendo que a Grande Loja, dentro dos limites dos princípios do reconhecimento, ainda que num quadro de independência e autonomia, deve manter a autoridade sobre a maçonaria de base, ou seja, sem partilhar o poder com qualquer outro órgão maçónico.

Por outro lado, fica para mim claro que, independentemente de quem é o Grão Mestre, não devem ser diminuídos os seus poderes e competências e devemos outrossim assumir com muito orgulho que o Grão Mestre é o chefe Supremo da Obediência, de acordo com a Tradição Maçónica e com os nossos juramentos.

A Grande Loja não pode, nem deve ser reduzida a uma mera Associação de Lojas ou a uma Assembleia de Grande Loja.

A Grande Loja tem presentemente cerca de 3.000 obreiros e isso justifica, por si só, o imenso trabalho que todos temos pela frente.

Realizámos no passado dia 23 de março o dia da Lembrança, em Condeixa, numa cerimónia de homenagem sentida, que nos remeteu para a saudade dos nossos Irmãos que partiram para o Oriente Eterno.

Esta cerimónia teve uma enorme mobilização, em especial dos Grandes Oficiais, que responderam com uma significativa presença. Agradeço a todos aqueles que foram nomeados para trabalharem com dedicação, lealdade e orgulho em prol da nossa Augusta Ordem.

Presentemente, temos 145 Lojas das quais só cerca de 125 estão ativas, sendo que muitas vivem no limiar do quórum, que se pretende ver reforçado, para que todas possam trabalhar de forma justa e perfeita.

Temos todos o dever de contribuir para o reforço do quadro de obreiros, convidando todos aqueles que, pelas suas reconhecidas qualidades humanas, éticas, intelectuais e solidárias, a integrar a nossa Ordem, num processo de rigorosa seleção.

Exorto-vos, mais uma vez, a inquietarem-se sobre o contributo que cada um pode dar, no dia-a-dia, para engrandecimento das vossas Lojas e da nossa Grande Loja.

Não devemos temer os fundamentalistas, os extremistas, os ignorantes e todos aqueles que, em movimentos mais ou menos organizados, optam por criticar a maçonaria, numa fobia coletiva e antimaçónica, ou seja, a “maçofobia”, como manifestação primária de um profundo sentimento antimaçónico.

Não devemos falar de política, mas quando se trata de violação dos direitos humanos e da liberdade não podemos ficar indiferentes. Manifestemos, pois, o nosso repúdio pelas ações antissemitas em França e pelos atos, como aqueles ocorridos em Itália, na qual o governo deliberou impedir os maçons de integrarem a administração pública e o executivo ou como na Sicília, exigindo aos funcionários que declarem ser ou não maçons. 

Mas a intolerância não reside só na Europa! Também na América do Sul, num país que já foi um exemplo de democracia, a Venezuela, o Governo terá mandado incendiar Lojas e Templos maçónicos e declarou todos os maçons venezuelanos traidores ao serviço de interesses externos.

No ano passado um jovem Aprendiz Maçon, Óscar Perez, piloto militar de helicópteros, e mais seis camaradas, foram assassinados sem julgamento, com um tiro. Foram eles os primeiros a revoltarem-se. Hoje é Juan Guaidó, também nosso Irmão, que luta pela reposição da democracia, da liberdade e de eleições gerais.

Ser maçon é pertencer a uma Ordem que utiliza a tradição milenar, e que tem como base ideias como a verdade, a virtude, a igualdade e a justiça. Por isso, a nossa força é enorme, pois temos ao nosso dispor, meios que mais ninguém tem, para influenciar a sociedade de forma muito positiva.

Meus Queridos Irmãos,

No próximo dia 20 de março festejamos o Equinócio da Primavera, que é o que define o instante em que o Sol, na sua órbita aparente, atravessa o equador celeste. Teremos, assim, o primeiro dos quatro grandes momentos de interação astronómica entre o Sol e a Terra.

Há muito que deixamos de ser Maçons Operativos para nos tornarmos em Maçons Especulativos. Deixamos o materialismo e passamos a procurar a Igualdade, a Liberdade e a Fraternidade. Sermos especulativos quer dizer observar, pesquisar, refletir e projetar, fazendo teoria. 

As estações do ano, com suas características, regulam toda a vida da natureza e, também, toda a atividade humana. Estaremos 12 horas sob a égide do Sol e 12 horas sob a égide da Lua, astros que decoram os nossos Templos e que devem inspirar-nos ao estudo dos seus significados simbólicos.

A primavera é a estação das grandes mudanças. A chegada da primavera é um evento sempre muito celebrado em todo o mundo, porque marca o fim do inverno, uma estação sempre associada às noites longas, penumbra, mau tempo, desconforto e em termos históricos à escassez de comida. Para além disso, é a celebração do renascimento da natureza, e historicamente, era a altura em que se celebravam os festivais de fertilidade e abundância.

Os reinos animal e vegetal saem da letargia e tornam-se exuberantes. Para nós, maçons, é tempo de crescer e difundir os nossos princípios na sociedade. Na Primavera, as sementes brotam... e é hora então, da Maçonaria recolher “a boa semente” e plantá-la no campo da nossa Sublime Ordem.

Os Equinócios (Outono e Primavera), explicados cientificamente, são uma coisa, em maçonaria especulativa quer dizer que devemos ver acima das aparências e tentar conhecer com a visão interior e por isso é que os equinócios nos remetem para a equidade, ou seja, igualdade.

Que propósito teria o GADU, em toda a sua glória, para fazer as coisas assim?

É necessário ter em conta que a luta entre a luz e as trevas, nunca termina e que teremos sempre de pelejar para nos libertarmos da matéria e assumirmos a condição do espírito.

A Primavera dá início à vida, à prosperidade, à harmonia e ao equilíbrio e nós, que somos os construtores da sociedade “Justa e Perfeita”, passamos a deixar para trás a hibernação o Inverno escuro e lançamo-nos no erguer das colunas que refletem a Luz do GADU.

Porém, em todos os aspetos, este ritual de luz traz sempre, trabalho com a consciência, a alegria, a esperança, a renovação, a harmonia e o equilíbrio. É o momento de agradecer e celebrar a beleza da vida, da natureza, da mãe-terra e de tudo o que o Grande Arquiteto do Universo nos legou.

Meus Queridos Irmãos
,
O universo criado pelo GADU é um vasto e misterioso lugar, abrangendo tudo o que já conhecemos, observamos e ainda o que iremos vir a encontrar. Durante milénios andamos a olhar para o céu, a nossa janela para o cosmos, o que provocava espanto, admiração e uma fascinação para com o desconhecido. 

Graças aos avanços alcançados, entretanto, agora sabemos que os pontos de luz no céu são estrelas, encontradas agrupadas em galáxias que se organizam em escalas maiores e assim sucessivamente.

E nós estamos aqui no nosso planeta, numa pontinha da Via Láctea…

A verdade é que, como maçons, cumpre-nos conhecer a evolução do mundo, o que muitas vezes não sucede.

Este conhecimento é importante para agora, no nosso tempo, intervirmos no mundo em que vivemos e que sabemos estar tão complicado, confuso e perigoso.

Poucos poderão antever o futuro, discorrer sobre as emergências politicas e sociais com que se defronta e defrontará o mundo, seja por questões politicas, económicas, religiosas, militares ou outras, como a sustentabilidade da humanidade enquadrada pelos países, relativamente a problemas como a poluição, a demografia, a produção alimentar, o abastecimento de agua potável, a globalização das pandemias, as alterações climáticas, a militarização das nações, a inteligência artificial, a robotização, etc..

Mas o papel da maçonaria universal é e será sempre o mesmo: defender o homem em todas as suas vertentes dos direitos humanos, da liberdade, da fraternidade, da democracia e do estado de direito.

E neste contexto, embora com as variáveis dos avanços tecnológicos, nunca deveremos ou poderemos fazer cedências. Temos de ser sempre os primeiros, onde estivermos e como estivermos, em sabedoria, nas batalhas dos novos templos de Salomão.

Todavia, hoje como no passado, a maçonaria sempre encontra caminhos para fazer avançar a humanidade e isso assim continuará a ser. 

À maçonaria portuguesa, incumbe em primeiro lugar, olhar para o país e nele cumprir a sua obrigação. Depois, temos de olhar para o mundo da lusofonia, e aí, também, fazer o que lhe compete. Logo a seguir, o nosso espaço europeu, importante por constituir o polo de maior desenvolvimento do planeta. Por último, precisamos de acompanhar o mundo que ajudamos a descobrir desde o século XV - o mundo chamado de novo, onde bem sabemos que apelam pelo nosso contributo.

E o que resta?

Bem, para além da geografia, sobra o ser humano e este não tem fronteiras enquanto ser vivo. Trata-se do nosso irmão, porquanto dúvidas não haverá, que o universo existe e nós nele estamos. Mas para saber que o universo existe, tem de haver uma consciência que dele dê notícias da sua existência. E quem dá esse sinal, somos nós, cada ser humano.

É por isso que a maçonaria é antiga, porque ela é inerente a cada homem desde os primórdios do mundo e é na maçonaria que se consubstancia o progresso da humanidade, pois para que o progresso siga em qualquer direção, torna-se necessário a Luz que a tudo ilumina, o foco que vai adiante.

E se a Luz vem do GADU, fonte de toda a claridade, ela, visa iluminar a mente do homem, se o homem a isso se predispuser.

E só depois o cosmos se alumiará. Afinal, o cosmos só pode ser visto, se for compreendido e para tal nem são precisos os olhos. Para olhar e compreender o cosmos, é necessário apenas que o coração humano seja habitado pelo Grande Arquiteto do Universo.

É isso que peço a todos os Meus Queridos Irmãos: que se deixem visitar pela Luz do GADU.

Obrigado.

Disse.

Armindo Azevedo
Grão Mestre

FONTE: A partir pedra

segunda-feira, 18 de março de 2019

A morte (e a vida)


Em Maçonaria, os símbolos e rituais servem para colocar ao dispor do maçom os conhecimentos, os temas, os valores com significado e importância no ideário maçónico. O que cada maçom aprende ou não aprende, reflete ou não reflete, assimila ou não assimila em face desses símbolos ou rituais é com ele. Cada um é como é e livremente aproveita (ou não) da forma que melhor entende o que lhe é proporcionado. 

Ao longo do seu percurso, o maçom é confrontado, simbólica e ritualmente, com a morte. Desse confronto, fará a reflexão que quiser ou for capaz, tirará a lição que conseguir tirar. Mas é importante que ese confronto exista.

A morte - sabemo-lo, embora mutos o procurem esquecer pelo máximo de tempo possível... - é inevitável. A todos chegará, a cada um na sua hora. Normalmente, quanto mais novos somos, mais afastamos esse tema do nosso pensamento. É uma desagradável questão distante com que esperamos não ser confrontados por décadas - se nos detemos a pensar nisso ainda vamos deprimir e mais vale mas é pensarmos no que vamos fazer hoje e amanhã e esta semana e nas próximas férias...

No entanto, os maçons são confrontados com a morte e assisado é que reflitam sobre esse tema. Desde logo, porque fazendo-o quando a morte não lhes está iminente, tal lhes permite racionalmente fazerem a sua análise e, sem urgências, ficarem em paz com a certeza de que um dia ela os atingirá.

A morte faz parte da vida. O ciclo natural do nascimento, crescimento, maturidade, declínio, morte está presente em todos os seres vivos, é ínsito à Vida. Quanto mais cedo e melhor aceitarmos isso, mais cedo e melhor estaremos em condições de aproveitar e viver plenamente a vida.

Para o crente, a morte não é o fim, mas uma Passagem. Mas, deste lado da mesma, forçoso é reconhecer que é uma Passagem para o Desconhecido...

A morte, o reconhecimento da sua inevitabilidade e, portanto, a sua aceitação, é, desde logo um importante fator de consciência da fundamental Igualdade entre todos nós.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama, logo no seu art. 1.º, que todos os seres humanos nascem livre e iguais em dignidade e em direitos. Mas, ao contrário do que possa parecer, a parte final desta proclamação ("em dignidade e em direitos") restringe o alcance da primeira parte da frase. E fá-lo bem, porque, em bom rigor todos os seres humanos, sendo essencialmente iguais, são individualmente diferentes. Uns nascem em berço de ouro, outros em pobres enxergas. Uns são geneticamente dotados de saúde, outros têm a infelicidade de virem a este mundo com doenças congénitas. Uns são inteligentes, outros nem tanto assim. Uns são belos, outros nem por isso. Pese embora a proclamada igualdade "em dignidade e em direitos", temos que reconhecer que, parafraseando George Orwell em O Triunfo dos Porcos, "uns são mais iguais do que outros". Uns, bafejados pela genética, mas também condições sociais, partem para a jornada da vida com vantagem. Outros terão de superar deficiências, insuficiências, simples acasos como o lugar de nascimento ou de colocação social dos seus genitores para lograrem atingir os mesmos objetivos e patamares muito mais facilmente atingidos pelos bafejados pela sorte na sua conceção e nascimento.

Quer queiramos, quer não, apesar da fundamental Igualdade entre os seres humanos, a verdadeira, a completa, a material Igualdade só existe na morte! A morte é o encerrar do ciclo neste plano de existência para o milionário e para o indigente, para o belo e para o feio, para o inteligente e para o menos dotado. A morte é a Grande Igualizadora!

Entender a nosa finitude e aceitá-la, mas também entender a fundamental Igualdade que a todos junta na morte é essencial para entendermos e fruirmos completamente a Vida.

A essencial Igualdade da morte é que todos, rigorosamente todos, quando chega esse momento tudo deixam para trás: riquezas, estatuto, honras, mas também dívidas, condenações e opróbrios.

Acumular riquezas, obter estatuto, receber honras implicam esforços, escolhas, renúncias. Ter suficientes bens materiais para poder proporcionar a si e aos seus uma vida segura e confortável e fazer sacrifícios para isso é entendível. Prescindir de fruir plenamente a vida só para acumular riquezas muito para além dessa medida e que, chegada a hora da morte, para trás ficarão, não será, para muitos, uma prioridade. O mesmo quanto ao estatuto, que inexoravelmente termina com a morte física, e com as honras, que gradualmente se desvanecem nas memórias dos que ficam até inevitavelmente desaparecerem, ou, quando muito, e em reduzido número de casos, se limitarem a referências nos livros de história ou de uma qualquer especialidade. Mesmo os grandes, celebrados e recordados artistas, heróis e criadores desconhecem, após a sua morte, que permanecem celebrados e recordados...

Portanto, a consciência e a aceitação de que a nossa vida é finita e que, chegada a morte, tudo deixamos para trás, em bom rigor não são pungentes, não são atemorizadora, são libertadoras, porque essa consciência e aceitação nos permitem viver e fruir plenamente a Vida.

A vida á para ser vivida da forma mais livre, mais pujante, mais compensadora, que nos for possível.

A VIDA É BELA! Mas só temos total consciência disso e a plena capacidade de a fruir depois de termos encarado a nossa finitude e de estarmos em paz com a nossa morte.

Rui Bandeira

Fonte: A PARTIR PEDRA        https://a-partir-pedra.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de março de 2019

INDICAÇÃO FRATERNA

 “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu...”  - PEDRO. (I Pedro, 4:10.)

Este o caminho para o necessário burilamento: trabalhar, aprender, sofrer, dar presença e colaboração na Causa do Bem.

O amor encerra em si as leis do Universo e tudo o que fizermos contra o amor é algo que criamos contra nós mesmos. Aceita, desse modo, no sacrifício a mais alta norma de ação.

Não fujas dos encargos que a Sabedoria da Vida te entregou.

Acima de tudo, promove-te, servindo mais.

O suor do trabalho confere experiência.

 A lágrima da aflição acende a luz espiritual.

Quando a dor te visite, reflete-lhe a mensagem. Não há sofrimento sem significação.

Não fosse a prova e ninguém conseguiria entesourar compreensão e discernimento.

Nos dias de desacerto, ainda quando te reconheças na sombra do fracasso, levanta-te, reinicia a tarefa e contempla, de novo, a benção do Sol, na convicção de que o erro superado nos ensina indulgência, amolecendo-nos o coração, a fim de que venhamos a entender e desculpar as faltas possíveis dos semelhantes. Mesmo nas crises que te estrangulam a sensibilidade, sê fiel ao ideal de servir e não esmoreças.

Não espere por descanso eterno, quando não tiveres a paz dentro de ti.

Haja o que houver, não te interrompas, na tarefa da execução, para ouvir sarcasmo ou censura. Oferece o melhor de ti aos que te compartilham a estrada, e, conservando a consciência tranquila, trabalha sempre, lembrando, a cada momento, que, assim como o fruto fala da árvore, o serviço é a testemunha do servidor.

Emmanuel

segunda-feira, 11 de março de 2019


A MESTRA DIVINA

"Estai, pois, firmes..." - PAULO (Efésios, 6:14.).

Arrancando-nos ao reduto da delinquência, e arrebatando-nos ao inferno da culpa, a que descemos pelo desvario da própria vontade, concede-nos o Senhor a mestra divina, que, apoiada no tempo, se converte na enfermeira de nossos males e no anjo infatigável que nos ampara o destino.

Paciente e imperturbável, devolve-nos todos os golpes com que dilaceramos o corpo da vida, para que não persistamos na grade do erro ou nos cárceres do remorso.

Aqui, modela berços entre chagas atrozes com que nos restaura os desequilíbrios do sentimento, ali traça programas reparadoras entre os quais padecemos no próprio corpo as feridas que abrimos no peito dos semelhantes.

Agora, reúne laços do mesmo sangue ferrenhos adversários que se digladiavam no ódio para que se reconciliem por intermédio de prementes obrigações, segundo os ditames da natureza; depois constrange à carência aflitiva, no lar empobrecido e doente, quantos se desmandaram nos abusos da avareza e da ambição sem limites, a fim de que retornem ao culto da verdadeira fraternidade.

Hoje, refaz a inteligência transviada nas sombras, pelo calvário da idiotia, amanhã, recompõe com o buril de moléstias ingratas a beleza do espírito que os nossos desregramentos no corpo transformam tantas vezes em fealdade e ruína.

Aqui corrige, adiante esclarece, além reajusta, mais além aprimora.

 Incansável na marcha, cria e destrói, para reconstruir ante as metas do bem eterno, usando aflição e desgosto, desencanto e amargura, para que a paz e a esperança, a alegria e a vitória nos felicitem mais tarde, no santuário da experiência.

Semelhante gênio invariável e amigo é a dor benemérita, cujo precioso poder sana todos os desequilíbrios e problemas do mal.

 Recordemos: no recinto doméstico ou na estrada maior, ante os amigos e os desafetos, na jornada de cada dia quando visitados pela provação que nos imponha suor e lágrimas, asserenemos o próprio espírito e, sorrindo para o trabalho com que a dor nos favorece, agradecemos a dificuldade, aceitando a lição.

Emmanuel

sábado, 9 de março de 2019


Notícias de Deus
Maria Dolores

Vimos a Caridade,
Um anjo a visitar antiga furna...
Irradiava amor
E, dissipando, em torno, a escuridão noturna,
Fitava o Céu, dizendo ao Supremo Senhor!

- Agradeço, meu Deus, as almas escondidas,
No espinheiral do sofrimento
Que me deste a zelar,
Os corações sem sol, as derradeiras vidas
Nas fileiras da prova, aos arrancos do vento,
Que avançam sem destino, à distância do lar!...

Agradeço o trabalho entre os irmãos do mundo,
Que endereças-te a mim, quando rolaram fundo
Nos precipícios da desilusão...
Porque aprendo com eles quando dói,
A loucura da inércia que destrói
Tudo o que prestigia o coração!...

Agradeço os enfermos das calçadas,
As mães sozinhas e desamparadas,
Em constante aflição para sobreviver,
As crianças sem rumo e os pedintes sem nome,
A imensa multidão que a penúria consome,
Para a qual a existência é sempre o anoitecer...

Agradeço-te, oh! Pai, os braços de carinho
Que me puseste no caminho,
Que se olvidam no bem – no bem que não se cansa –
Que me apóiam a luta dia-a-dia,
Transformando-se em luz para a noite sombria
Em que devo espalhar reconforto e esperança...

Sê louvado, meu Deus, pelos talentos nobres
Da Ciência e da Arte em que te cobres
Para que o mundo cinja o esplendor estelar!...
Mas perante a ampliação da Grandeza Celeste,
Sê bendito, Senhor, porque me deste
A dor da Terra para minorar!...

Nisso, ouvimos alguém de próxima choupana...
Era triste mulher na cruz da prova humana,
A suplicar, em prece, alívio e proteção!...
Calou-se a Caridade e abeirando-se dela,
Envolveu a doente em luz serena e bela,
Dando-lhe paz e fé nas bênçãos da oração...

De imediato,
A dor fez-se esquecida
E entendemos então
Com reverência enternecida,
- Nós que também buscamos
Apoio em devotados cireneus,
Que a Caridade é sempre em nossa vida,
A notícia real da presença de Deus.

sexta-feira, 8 de março de 2019


Respeito Mútuo
Emmanuel

Compadece-te dos que não pensam com as tuas idéias e não lhes encareces a vida em tua própria vida, afastando-os da senda a que foram convocados.
Chamem-se pais ou filhos, cônjuges ou irmãos, amigos ou parentes, companheiros e adversários, diante de ti, cada um daqueles que te compartilham a existência é uma criatura de Deus, evoluindo em degrau diferente daquele em que te vês.
Ensina-lhes o amor ao trabalho, a fidelidade ao dever, o devotamento à compreensão e o cultivo da misericórdia, que isso é dever nosso, de uns para com os outros, entretanto, não lhes cerres a porta de saída para os empreendimentos de que se afirmam necessitados.
Habituamo-nos na Terra a interpretar por ingratos aqueles entes queridos que aspiram a adquirir uma felicidade diferente da nossa, entretanto, na maioria das vezes, aquilo que nos parece ingratidão é mudança do rumo em que lhes cabe marchar para a frente.
Quererias talvez titulá-los com os melhores certificados de competência, nesse ou naquele setor de cultura, no entanto, nem todos vieram ao berço com a estrutura psicológica indispensável aos estudos superiores e devem escolher atividades quase obscuras, não obstante respeitáveis, a fim de levarem adiante a própria elevação ao progresso.
Para outros, estimarias indicar o casamento que se te figura ideal, no campo das afinidades que te falam de perto, no entanto, lembra-te de que as responsabilidades da vida a dois pertencem a eles e não a nós, e saibamos respeitar-lhes as decisões.
Para alguns terás sonhado facilidades econômicas e domínio social, contudo, terão eles rogado à Divina Sabedoria estágios de sofrimento e penúria, nos quais desejem exercitar paciência e humildade.
Para muitos terás idealizado a casa farta de luxuosa apresentação e não consegues vê-los felizes senão em telheiros e habitações modestas, em cujos recintos anseiam obter as aquisições de simplicidade de que se reconhecem carecedores.
Decerto, transmitirás aos corações que amas tudo aquilo que possuis de melhor, no entanto, acata-lhes as escolhas se te propões a vê-los felizes.
Respeita os pensamentos e afinidades de cada um e aprende a esperar.
Todos estamos catalogados nas faixas de evolução em que já estejamos integrados.
Se entes queridos te deixam presença e companhia, não lhes conturbes a vida nem te entregues a reclamações.
Cada um de nós é atraído para as forças com as quais entramos em sintonia.
E se te parece haver sofrido esse ou aquele desgaste afetivo, não te perturbes e continua trabalhando na seara do bem.
Pelo idioma do serviço que produzas, chamarás a ti, sem palavras, novos companheiros que te possam auxiliar e compreender.
Não prendas criatura alguma aos teus pontos de vista e nem sonegues a ninguém o direito da liberdade de eleger os seus próprios caminhos.
Se as tuas afinidades pessoais ainda não chegaram para complementar-te a tranquilidade e a segurança é que estão positivamente a caminho.
E assim acontecerá sempre, porque fomos chamados a amar-nos reciprocamente e não para sermos escravos uns dos outros, porque, em  princípio, compomos uma família só e todos nós somos de Deus.