sexta-feira, 17 de maio de 2013

Carta do imperador Vespasiano

Carta do imperador Vespasiano para seu filho Tito, em 79 d.C.                  

 

 Foto: WEB
 
 
Onde o povo prefere pousar seu clunis*: numa privada, num banco de escola ou num estádio?


Futebol também é cultura.

Hoje, para júbilo e gáudio dos amantes das letras clássicas, divulgo uma carta escrita pelo imperador romano Vespasiano, em seu leito de morte, ao filho Tito.

Vamos a ela:

22 de junho de 79 d.C.

“Tito, meu filho, estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os jornalistas. De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pare a construção do Colosseum. Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória. Alguns senadores o criticarão, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas. Não dê ouvidos a esses poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu clunis: numa privada, num banco de escola ou num estádio?

Num estádio, é claro.

Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por omnia saecula saeculorum, e sempre que o olharem dirão: ’Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou’.

Outra vantagem do Colosseum: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão. ’Moralistas e loucos dirão, que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas. Vel caeco appareat (Até um cego vê isso).

Portanto, deves construir esse estádio em Roma.

Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: Ad captandum vulgus, panem et circenses (Para seduzir o povo, pão e circo).

Esperarei por ti ao lado de Júpiter”.

ATENÇÃO: Vespasiano morreu no dia seguinte à carta. Tito não inaugurou o Coliseu com um jogo de Copa, mas com cem dias de festa. Tanto o pai quanto o filho foram deificados pelo senado romano.

* Clunis são nádegas em latim.

(FONTE ->

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