sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A Franco-Maçonaria antes da Revolução


 
A Franco-Maçonaria antes da Revolução
De 1773 a 1789, a Maçonaria tomou em França uma imensa importância. Ela estava então em voga. Era de bom-tom fazer parte dela.
Seus mistérios excitavam a curiosidade geral, tanto mais quanto se lhe pedia a chave de todos os enigmas. As novas idéias pareciam não poder melhor se acreditar senão que pelo favor das fórmulas maçônicas. Foi assim que a Maçonaria serviu às propagandas mais diversas. As iniciações secretas conferiam um incitante às mais árduas abstrações
filosóficas; elas obrigavam a refletir sobre problemas científicos, quando não conferiam um ensinamento velado, mas tanto mais temível em matéria política.
A influência que as Lojas exerceram sob esse último aspecto foi trazida à luz por Louis Blanc nos seguintes termos:
“Importa, diz ele, introduzir o leitor na mina que cavaram então sob os tronos, sob os altares, revolucionários muito mais profundos e ativos que os Enciclopedistas”
31.
Depois ele mostra como a queda do antigo regime foi preparada pelas Lojas, sem que, todavia, houvesse complô de sua parte. Os Maçons da época não eram nem conspiradores nem energúmenos se consumindo em vãs declarações contra os abusos, dos quais havia do que se queixar.
Eram unicamente homens sinceros que se contentavam em pôr em prática nas Lojas as idéias de Liberdade, de Igualdade e de Fraternidade. Mas a Franco-Maçonaria apresentava, em seus usos, a imagem de uma sociedade fundada sobre princípios contrários àqueles do meio ambiente:
“Nas Lojas maçônicas, as pretensões do orgulho hereditário estavam proscritas, e os privilégios de nascimento, eliminados... Na câmara de reflexões, o prfano lia esta
inscrição característica: ‘se te aténs às distinções humanas, sai: não se as reconhece
31

Histoire de la Révolution française (Les Révolutionnaires Mystiques), p. 37.
aqui!’ Pelo discurso do Orador, o recipiendário aprendia que o objetivo da Franco-Maçonaria era apagar as distinções de cor, de classe, de pátria; aniquilar o fanatismo; extirpar os ódios nacionais; e eis aí aquilo que se exprimia sob a alegoria de um templo imaterial elevado ao Grande Arquiteto do Universo pelos sábios de diversos climas, templo augusto cujas colunas, símbolos de força e de sabedoria, eram coroadas com romãs da amizade”.
“Assim, pelo único fato das bases constitutivas de sua existência, a Franco-Maçonaria tendia a desacreditar as instituições e as idéias do mundo exterior que a envolvia. É verdade que as instruções maçônicas apontavam submissão às leis, observação das formas e usos admitidos pela sociedade exterior, respeito aos soberanos. É verdade que, reunidos à mesa, os Maçons bebiam ao rei nos Estados monárquicos, e ao magistrado supremo nas repúblicas. Mas semelhantes reservas, comandadas pela prudência de uma associação que ameaçavam tantos governos suspeitosos, não eram suficientes para anular as influências naturalmente revolucionárias, ainda que, em geral, pacíficas, da Franco-Maçonaria. Aqueles que dela faziam parte continuavam bem a ser, na sociedade profana, ricos ou pobres, nobres ou plebeus; mas, no seio das Lojas, templo aberto à prática de uma vida superior, ricos, pobres, nobres ou plebeus deviam reconhecer-se iguais e chamar-se de irmãos. Estava aí uma denúncia indireta, real, todavia, e contínua, das iniqüidades, das misérias da ordem social; estava aí uma propaganda em ação, uma exortação viva”
32.
32
Louis Blanc, loc. cit.
Extraído do livro O Livro do Aprendiz, de Oswald Wirth
A Franco-Maçonaria
Tornada Inteligível aos seus Adeptos. 

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