Simplifica
Clamas que o tempo está curto;
Contudo, o tempo replica:
— “Não me gastes sem proveito,
Simplifica, simplifica.”
É muita conta a buscar-te. . .
Armazém, loja, botica. . .
Aprende a viver com pouco,
Simplifica, simplifica.
Incompreensões, chicotadas?
Calúnia, miséria, trica?
Não carregues fardo inútil,
Simplifica, simplifica.
Encontras no próprio lar
Parente que fere e implica?
Desculpa sem reclamar,
Simplifica, simplifica.
Se alguém te injuria em rosto,
Se te espanca ou sacrifica,
Olvida a loucura e segue. . .
Simplifica, simplifica.
Recebes dos mais amados
Ofensa que não se explica?
Esquece a lama da estrada,
Simplifica, simplifica.
Alegas duro cansaço,
Queres casa imensa e rica;
Foge disso enquanto é tempo,
Simplifica, simplifica.
Crês amparar a família
Pelo vintém que se estica?
Excesso cria ambição.
Simplifica, simplifica.
Dizes que o mundo é de pedra,
Que as provas chegam em bica;
Não deites limão nos olhos,
Simplifica, simplifica.
Recorres, em pranto, ao Mestre,
Na luta que te complica,
E Jesus pede em silêncio:
Simplifica, simplifica.
Casimiro Cunha
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