O ALTAR DOS INCENSOS NO REAA
Antes de mais nada, pediria aos
irmãos que me reclamam pelo fato de escrever extensas linhas, que nem abram, ou se
atenham a ler doravante o que venha a escrever.
Acostumamo-nos as facilidades da
internet, onde em alguns cliques, informações sem origem, pesquisa ou autoria,
chegam as telas e delas, às nossas vidas, como as maiores verdades do mundo.
Somado a isso, existem aqueles que vão receber graus e instruções em suas
oficinas (ainda que com ouvidos mocos ),
no intuito único com o passar de alguns anos, buscar sua medalha e patente de
gr. 33, a exemplo daqueles que 'empurrando com a barriga' na faculdade, se
deformam, ao invés de formarem-se.
Mas vamos ao que interessa...O
Chefe do Tabernáculo: Comentamos em outra exposição, que existem alguns graus
no Brasil, que são passados por comunicação. Essa prática visa a facilitar e
encurtar o interstício, dos graus que compõem o Rito Escocês Antigo e Aceito .
Infelizmente, nossos irmãos, cansados
da labuta diária, onde além da Loja Simbólica, em sua maioria com reuniões
semanais e e n f a d o n h a s , t e n t a m encontrar tempo para fazer os
graus ditos “filosóficos”.
Na divisão que temos no Brasil, o
grau de Chefe do Tabernáculo, encontra-se no Conselho de Kadosh, que comporta
do 19° Grau – Grande Pontífice, ao 30° grau – Cavaleiro Kadosh, ou também
chamado de Cavaleiro da Águia Branca e Negra. Tentando sintetizar ao extremo,
vemos neste grau, a hierarquia sacerdotal israelita, onde os Cohanim –
Sacerdotes, trabalhando junto dos Leviim – Levitas, nos trabalhos sagrados do
Templo, ainda assim, viram-se atormentados, pelos reclamos de Korach, que mesmo
sendo Levita, queria pra si e para os seus, o s e r v i ç o s a c e r d o t a l
.
Corroborado em suas r e c l a m a
ç õ e s , p e l o s problemáticos de sempre, Dathan e Aviram, e outros
príncipes de Israel, foi responsável pela rebelião, q u e questionava a
autoridade de Moises. Assim, em Números 16, através da oferta de incenso, D-us
distinguiria quem teria aqui razão ou não. Ao final desta história, a terra se
abriu e engoliu Korach, seus filhos, os já anteriormente mencionados, além de
mais de 250 líderes de Israel.
Vemos assim, que o devotamento ao
serviço divino, através da oferenda de incensos, foi ponto crucial no imbróglio
criado por Korach, e acabou ele mesmo, sofrendo as consequências de sua injusta
querela.
Neste grau, serão ensinados ainda,
que a fé pura, ainda é mais importante do que a vã filosofia. Neste degrau do
Rito Escocês, teremos lincado ao outro grau mais adiante – 28° Cavaleiro do
Sol, a relação do Oriente, com o Arcanjo Tzadquiel ( para outros seria Miquel
), o Sol como planeta e o Ouro como Metal, mesmo ouro que serviu para construir
o Altar dos Incensos, que veremos a seguir, importante ressaltar que toda essa
correlação dá-se na concepção de Albert Pike, em 'Morals and Dogma'.
O Altar dos Perfumes e sua relação
com o REAA. Sem sombra de dúvidas, o Altar dos Incensos ou Perfumes, no Rito
Escocês encontrado no Oriente do Templo, foi legado do que poderíamos quase
chamar de Rito Mãe, de nossas tradições, digo, o Rito Adhoniramita. Ainda que sejam muitas as diferenças e
contextos, de inúmeros instrumentos litúrgicos, utilizados no REAA, veremos
sempre que a nuance experimentada tende a ser inclinada mais para uma mensagem subjetiva,
do que uma imposição esotérica ou espiritual, como alguns insistem em
interpretar.
Noutro trabalho anterior, onde
abordamos sobre o “Altar dos Sacrifícios”, contextualizando com o Altar dos
Juramentos, e qual deveria ser sua correta posição, citamos 'en passant', o
Altar dos Perfumes, ou também chamado 'dos Incensos'.
Porém, antes de tratarmos do
Altar, precisamos entender para que servia e o que compunha o Ketoret (˙ ¯Ë˜ (
incenso ? Qual a sua finalidade, e por qual m o t i v o, e x i s t i a m
'elementos impuros' em sua composição? O que intenta o Rito Escocês Antigo e
Aceito, ao deixa-lo no Templo desde o primeiro de seus graus ?
Meus Irmãos, apesar dos
'achistas' e inventores de p l a n t ã o, nada em Maçonaria está ali por acaso!
Entretanto, para melhor responder tais questões, busquemos no Antigo
Testamento, ou mais especificamente, no Pentateuco, a Torah para nós judeus,
considerada a “Lei Escrita”, mas trazendo também, o estudo da lei oral, através
da Mishnah, e sua expressão dialética, a Guemarah. Em Êxodos 30, vemos que Deus
disse à Moisés, antes de ordenar a feitura do Incenso, que fizesse um Altar em
madeira de acácia e envolvesse em ouro, mais adiante, para que tomasse para ele
especiarias, dentre estas encontramos; 'Seiva de Bálsamo, Cravo, Gálbano e
“especiarias”, além de olíbano puro ' .
Somente a Torah Oral, digo, a
guemarah, iráesmiuçar melhor mais adiante. Cabe uma observação aqui, o Altar
dos Incensos, se aproximava assim, da Arca da Aliança, que ficava no recinto
mais sagrado, o Kadosh HaKadoshim ( Ì Èƒ ? „»Ã?‰ « ? „Æ…˜ ( (– Santos dos
Santos.
Diferentemente do Altar dos
Sacrifícios, também chamado Altar de Cobre, que era cheio de terra, o Altar dos
Perfumes, era feito na madeira que dentre outros simbolismos, lembra-nos a
imputrescibilidade da matéria, através do espírito que vive, daí o revestimento
em Ouro. Lembremos também que o Altar que tratamos ficava na Tenda da Reunião,
quando na época do Tabernáculo móvel, e nos templos posteriores também, no
prédio principal, na antecâmara do Santo dos Santos. Só pelo fato da distinção
em coloca-lo em lugar tão nobre, podemos ver quão importante era pra Divindade.
Importante salientar, que tanto na época que os Templos de Jerusalém existiram
como nos dias atuais, é proibida sua composição para uso particular.
Constituindo uma aberração, p u n
í v e l c o m K a r e t – excomunhão de sua alma dentre o povo de Israel.
Consideram os sábios sua recitação nos dias atuais, como se tal oferta e
serviço, estivesse sendo realizado no Templo. Incenso )˙ ¯Ë˜( e sua composição,
entendendo a Lei Oral: No Tratado Talmúdico de Kereitot – Amud 6, relatam os sábios,
e faço transliterado aqui pois acredito que poucos são os que leem em hebraico.
“Tanum Rabanam: pitum haketôret kêtsad? Shelosh meot veshishim ushmoná manim
hayu váh. Shelosh meot veshishim vachamishá keminyan yemot hachamá, m a n ê b e
c h o l y o m . . . ” “ Ensinaram nossos sábios: a preparação do incenso, como era
(feita )? Trezentos e sessenta e oito 'manim'( plural de manê ), ele continha,
trezentos e sessenta e cinco são correspondentes ao número de dias do ano
solar, um manê a cada dia “ Aqui já temos algumas indagações!
No judaísmo todo o calendário e
suas festividades, são baseados no calendário lunar.
O Sol é literalmente associado,
aos assuntos de “Avodah Zarah” – Idolatria, algo abominável no judaísmo.
Como entender algo no serviço do
Templo, com conotações ou proximidade com idolatria?
Continuando;“... machatsitô
baboker umachatsitô baêrev. Ushloshá manim yeterim shemehem machnis Cohen Gadol
venotel mehem melo chofnav Beyom HaKipurim.
““… metade dele ( oferecia ) pela
manhã e metade dele, à tarde. E os três manim restantes, dos quais trazia pra
dentro ( do Santo dos Santos ), o S u m o S a c e r d o t e , a quantidade que
cabia em seus dois punhos, no Dia de Kipur.
“Aqui podemos ver que sua
oferenda era ligada ao Ciclo Solar. Mais adiante a Guemarah, tratará das sobras
do incenso, ao longo dos anos, uma vez que os punhos do Sumo Sacerdote, não
eram bastante para conter os 3 manim acima relatados.
Continua a Guemarah; “ Veachad
assar samanim háyu váh, veêlu heh: 1. Hatsori 2. vehatsipôren 3. Vehachelbená 4. vehalevoná, mishcal shiv'im shiv'im manê,
5. mor, 6. uctsiá, 7. veshibôlet nerd 8.
vecharcom, mishcal shishá assar shishá assar manê, 9. cosht shenem assar, 10. Kilufá
sheloshá, 11. kinamon tish'á, borit carshiná tish'á cabin.“
“ E onze especiarias havia nele, e
estas são : 1. Bálsamo 2. E o cravo 3. e o gálbano 4. e o olíbano, cada uma
pesando setenta manê, 5. Mirra 6. E cássia 7. E espicanardo 8. E açafrão, cada
uma delas pesando dezesseis manê. 9. Costo, doze manê, 10. “a casca” ( de uma
das mais importantes plantas aromáticas de Israel ), três manê, 11. canela,
nove, e trazia-se também ) sabão de Carshina,
nove cabin. “
Assim somava-se um total de 368
manim. Apesar de um destes componentes, ser considerado “impuro”, e além disso
a Guemarah explicita a necessidade de outros elementos, que eram necessários
para a perfeita consecução do Ketoret, que eram : Vinho do Chipre, Sal de
Sodoma, uma erva chamada “maalê ashan”, e salientava-se que era proibido o
acréscimo de mel, pois se assim fosse feito, mesmo na mais diminuta quantia,
não só invalidava tudo, como ainda tornava passível de morte, o executor de tal
ato. Peço aos irmãos, que não confundam o Ketoret com as “ervas da jurema”(não
desmerecendo aqui a cabocla ) e nem a proibição de acrescentar mel, à alguma
'quizila' com oxóssi, e ou, outras deidades africanas avessas a tal
ingrediente. Irmãos, não quero aqui dar uma aula de Torah, mas alçar à
compreensão dos senhores pela observação e estudo, que podemos ver claramente
no serviço do Templo através do Ketoret, na mais nobre das oferendas, dentre
seus ingredientes, encontrávamos elementos impuros, e que separadamente não
podiam sequer adentrar ao Templo. Acredito que a mensagem do rito, ao contrário
da ideia má concebida que tenta ver religiosidade em tudo, não é senão outra,
do que ensinar-nos todos, que mesmo elementos ruins podem se purificar quando
no meio de uma maioria melhor.
O b s e r v a n d o a
proporcionalidade e a justa medida, mesmo o elemento 'ruim', somado aos
melhores pode ascender, no serviço nobre, não só da santidade, mas de toda ordem.
O Tratado Talmúdico de Yomá, diz sobre o Incenso:“ Kedê lecayem mitsvat dacá
min hadacá. “ “ (moídos e bem misturados) Para cumprir o preceito de
extremamente fino.”Fino de tal forma, que não se possa distinguir um e l e m e
n t o d o o u t r o .
Assim da palavra Ketoret ( ˙ ¯Ë ˜
( e suas letras h e b r a i c a s , t e r e m o s aprendido que do serviço do
altar dos perfumes, tiramos a seguinte lição: ˜ – Kaf, de O Tratado Talmúdico de Yomá,
Esperança Quepossamos ter sucesso como Mestres concebendo a esperança de,
trabalhando em pureza e santidade para à Glória do Gr. Arq.·. do Universo,
poder esperar a Misericórdia do Altíssimo, dando-nos força e inteligência de
fazer de todos os nossos irmãos, obreiros úteis e dedicados à Grande Obra,
sendo assim, como um perfume agradável para seu Trono.
Max R. Pereira Hager, 33°
V.·. M.·. ARLS GM Alberto
Fonte: Jornal do Aprendiz EDIÇÃO FEVEREIRO
DE 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário