segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O ALTAR DOS INCENSOS NO REAA


 
O ALTAR DOS INCENSOS NO REAA

Antes de mais nada, pediria aos irmãos que me reclamam pelo fato de escrever extensas linhas, que nem abram, ou se atenham a ler doravante o que venha a escrever.

Acostumamo-nos as facilidades da internet, onde em alguns cliques, informações sem origem, pesquisa ou autoria, chegam as telas e delas, às nossas vidas, como as maiores verdades do mundo. Somado a isso, existem aqueles que vão receber graus e instruções em suas oficinas  (ainda que com ouvidos mocos ), no intuito único com o passar de alguns anos, buscar sua medalha e patente de gr. 33, a exemplo daqueles que 'empurrando com a barriga' na faculdade, se deformam, ao invés de formarem-se.

Mas vamos ao que interessa...O Chefe do Tabernáculo: Comentamos em outra exposição, que existem alguns graus no Brasil, que são passados por comunicação. Essa prática visa a facilitar e encurtar o interstício, dos graus que compõem o Rito Escocês Antigo e Aceito .

Infelizmente, nossos irmãos, cansados da labuta diária, onde além da Loja Simbólica, em sua maioria com reuniões semanais e e n f a d o n h a s , t e n t a m encontrar tempo para fazer os graus ditos “filosóficos”.

Na divisão que temos no Brasil, o grau de Chefe do Tabernáculo, encontra-se no Conselho de Kadosh, que comporta do 19° Grau – Grande Pontífice, ao 30° grau – Cavaleiro Kadosh, ou também chamado de Cavaleiro da Águia Branca e Negra. Tentando sintetizar ao extremo, vemos neste grau, a hierarquia sacerdotal israelita, onde os Cohanim – Sacerdotes, trabalhando junto dos Leviim – Levitas, nos trabalhos sagrados do Templo, ainda assim, viram-se atormentados, pelos reclamos de Korach, que mesmo sendo Levita, queria pra si e para os seus, o s e r v i ç o s a c e r d o t a l .

Corroborado em suas r e c l a m a ç õ e s , p e l o s problemáticos de sempre, Dathan e Aviram, e outros príncipes de Israel, foi responsável pela rebelião, q u e questionava a autoridade de Moises. Assim, em Números 16, através da oferta de incenso, D-us distinguiria quem teria aqui razão ou não. Ao final desta história, a terra se abriu e engoliu Korach, seus filhos, os já anteriormente mencionados, além de mais de 250 líderes de Israel.

Vemos assim, que o devotamento ao serviço divino, através da oferenda de incensos, foi ponto crucial no imbróglio criado por Korach, e acabou ele mesmo, sofrendo as consequências de sua injusta querela.

Neste grau, serão ensinados ainda, que a fé pura, ainda é mais importante do que a vã filosofia. Neste degrau do Rito Escocês, teremos lincado ao outro grau mais adiante – 28° Cavaleiro do Sol, a relação do Oriente, com o Arcanjo Tzadquiel ( para outros seria Miquel ), o Sol como planeta e o Ouro como Metal, mesmo ouro que serviu para construir o Altar dos Incensos, que veremos a seguir, importante ressaltar que toda essa correlação dá-se na concepção de Albert Pike, em 'Morals and Dogma'.

O Altar dos Perfumes e sua relação com o REAA. Sem sombra de dúvidas, o Altar dos Incensos ou Perfumes, no Rito Escocês encontrado no Oriente do Templo, foi legado do que poderíamos quase chamar de Rito Mãe, de nossas tradições, digo, o Rito Adhoniramita.  Ainda que sejam muitas as diferenças e contextos, de inúmeros instrumentos litúrgicos, utilizados no REAA, veremos sempre que a nuance experimentada tende a ser inclinada mais para uma mensagem subjetiva, do que uma imposição esotérica ou espiritual, como alguns insistem em interpretar.

Noutro trabalho anterior, onde abordamos sobre o “Altar dos Sacrifícios”, contextualizando com o Altar dos Juramentos, e qual deveria ser sua correta posição, citamos 'en passant', o Altar dos Perfumes, ou também chamado 'dos Incensos'.

Porém, antes de tratarmos do Altar, precisamos entender para que servia e o que compunha o Ketoret (˙ ¯Ë˜ ( incenso ? Qual a sua finalidade, e por qual m o t i v o, e x i s t i a m 'elementos impuros' em sua composição? O que intenta o Rito Escocês Antigo e Aceito, ao deixa-lo no Templo desde o primeiro de seus graus ?

Meus Irmãos, apesar dos 'achistas' e inventores de p l a n t ã o, nada em Maçonaria está ali por acaso! Entretanto, para melhor responder tais questões, busquemos no Antigo Testamento, ou mais especificamente, no Pentateuco, a Torah para nós judeus, considerada a “Lei Escrita”, mas trazendo também, o estudo da lei oral, através da Mishnah, e sua expressão dialética, a Guemarah. Em Êxodos 30, vemos que Deus disse à Moisés, antes de ordenar a feitura do Incenso, que fizesse um Altar em madeira de acácia e envolvesse em ouro, mais adiante, para que tomasse para ele especiarias, dentre estas encontramos; 'Seiva de Bálsamo, Cravo, Gálbano e “especiarias”, além de olíbano puro ' .

Somente a Torah Oral, digo, a guemarah, iráesmiuçar melhor mais adiante. Cabe uma observação aqui, o Altar dos Incensos, se aproximava assim, da Arca da Aliança, que ficava no recinto mais sagrado, o Kadosh HaKadoshim ( Ì Èƒ ? „»Ã?‰ « ? „Æ…˜ ( (– Santos dos Santos.

Diferentemente do Altar dos Sacrifícios, também chamado Altar de Cobre, que era cheio de terra, o Altar dos Perfumes, era feito na madeira que dentre outros simbolismos, lembra-nos a imputrescibilidade da matéria, através do espírito que vive, daí o revestimento em Ouro. Lembremos também que o Altar que tratamos ficava na Tenda da Reunião, quando na época do Tabernáculo móvel, e nos templos posteriores também, no prédio principal, na antecâmara do Santo dos Santos. Só pelo fato da distinção em coloca-lo em lugar tão nobre, podemos ver quão importante era pra Divindade. Importante salientar, que tanto na época que os Templos de Jerusalém existiram como nos dias atuais, é proibida sua composição para uso particular.

Constituindo uma aberração, p u n í v e l c o m K a r e t – excomunhão de sua alma dentre o povo de Israel. Consideram os sábios sua recitação nos dias atuais, como se tal oferta e serviço, estivesse sendo realizado no Templo. Incenso )˙ ¯Ë˜( e sua composição, entendendo a Lei Oral: No Tratado Talmúdico de Kereitot – Amud 6, relatam os sábios, e faço transliterado aqui pois acredito que poucos são os que leem em hebraico. “Tanum Rabanam: pitum haketôret kêtsad? Shelosh meot veshishim ushmoná manim hayu váh. Shelosh meot veshishim vachamishá keminyan yemot hachamá, m a n ê b e c h o l y o m . . . ” “ Ensinaram nossos sábios: a preparação do incenso, como era (feita )? Trezentos e sessenta e oito 'manim'( plural de manê ), ele continha, trezentos e sessenta e cinco são correspondentes ao número de dias do ano solar, um manê a cada dia “ Aqui já temos algumas indagações!

No judaísmo todo o calendário e suas festividades, são baseados no calendário lunar.

O Sol é literalmente associado, aos assuntos de “Avodah Zarah” – Idolatria, algo abominável no judaísmo.

Como entender algo no serviço do Templo, com conotações ou proximidade com idolatria?

Continuando;“... machatsitô baboker umachatsitô baêrev. Ushloshá manim yeterim shemehem machnis Cohen Gadol venotel mehem melo chofnav Beyom HaKipurim.
““… metade dele ( oferecia ) pela manhã e metade dele, à tarde. E os três manim restantes, dos quais trazia pra dentro ( do Santo dos Santos ), o S u m o S a c e r d o t e , a quantidade que cabia em seus dois punhos, no Dia de Kipur.

“Aqui podemos ver que sua oferenda era ligada ao Ciclo Solar. Mais adiante a Guemarah, tratará das sobras do incenso, ao longo dos anos, uma vez que os punhos do Sumo Sacerdote, não eram bastante para conter os 3 manim acima relatados.

Continua a Guemarah; “ Veachad assar samanim háyu váh, veêlu heh: 1. Hatsori 2. vehatsipôren  3. Vehachelbená  4. vehalevoná, mishcal shiv'im shiv'im manê, 5. mor, 6. uctsiá, 7. veshibôlet nerd  8. vecharcom, mishcal shishá assar shishá assar manê, 9. cosht shenem assar, 10. Kilufá sheloshá, 11. kinamon tish'á, borit carshiná tish'á cabin.“

“ E onze especiarias havia nele, e estas são : 1. Bálsamo 2. E o cravo 3. e o gálbano 4. e o olíbano, cada uma pesando setenta manê, 5. Mirra 6. E cássia 7. E espicanardo 8. E açafrão, cada uma delas pesando dezesseis manê. 9. Costo, doze manê, 10. “a casca” ( de uma das mais importantes plantas aromáticas de Israel ), três manê, 11. canela, nove, e  trazia-se também ) sabão de Carshina, nove cabin. “

Assim somava-se um total de 368 manim. Apesar de um destes componentes, ser considerado “impuro”, e além disso a Guemarah explicita a necessidade de outros elementos, que eram necessários para a perfeita consecução do Ketoret, que eram : Vinho do Chipre, Sal de Sodoma, uma erva chamada “maalê ashan”, e salientava-se que era proibido o acréscimo de mel, pois se assim fosse feito, mesmo na mais diminuta quantia, não só invalidava tudo, como ainda tornava passível de morte, o executor de tal ato. Peço aos irmãos, que não confundam o Ketoret com as “ervas da jurema”(não desmerecendo aqui a cabocla ) e nem a proibição de acrescentar mel, à alguma 'quizila' com oxóssi, e ou, outras deidades africanas avessas a tal ingrediente. Irmãos, não quero aqui dar uma aula de Torah, mas alçar à compreensão dos senhores pela observação e estudo, que podemos ver claramente no serviço do Templo através do Ketoret, na mais nobre das oferendas, dentre seus ingredientes, encontrávamos elementos impuros, e que separadamente não podiam sequer adentrar ao Templo. Acredito que a mensagem do rito, ao contrário da ideia má concebida que tenta ver religiosidade em tudo, não é senão outra, do que ensinar-nos todos, que mesmo elementos ruins podem se purificar quando no meio de uma maioria melhor.

O b s e r v a n d o a proporcionalidade e a justa medida, mesmo o elemento 'ruim', somado aos melhores pode ascender, no serviço nobre, não só da santidade, mas de toda ordem. O Tratado Talmúdico de Yomá, diz sobre o Incenso:“ Kedê lecayem mitsvat dacá min hadacá. “ “ (moídos e bem misturados) Para cumprir o preceito de extremamente fino.”Fino de tal forma, que não se possa distinguir um e l e m e n t o d o o u t r o .

Assim da palavra Ketoret ( ˙ ¯Ë ˜ ( e suas letras h e b r a i c a s , t e r e m o s aprendido que do serviço do altar dos perfumes, tiramos a seguinte lição: ˜ – Kaf, de O Tratado Talmúdico de Yomá, Esperança Quepossamos ter sucesso como Mestres concebendo a esperança de, trabalhando em pureza e santidade para à Glória do Gr. Arq.·. do Universo, poder esperar a Misericórdia do Altíssimo, dando-nos força e inteligência de fazer de todos os nossos irmãos, obreiros úteis e dedicados à Grande Obra, sendo assim, como um perfume agradável para seu Trono.

Max R. Pereira Hager, 33°

V.·. M.·. ARLS GM Alberto

Fonte: Jornal do Aprendiz EDIÇÃO FEVEREIRO DE 2014

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário