A MAÇONARIA, ESSENCIA FILOSÓFICA DO PENSAMENTO HUMANO
Helio P. Leite
16.12.2010
É possível descobri-la entre os filósofos gregos, dos períodos romano
e helenístico.
Sua identificação fica mais clara ainda, quase que em sua totalidade,
junto às escolas filosóficas modernas: Renascimento, Racionalismo e
Iluminismo.
O grande objetivo das escolas modernas, era a liberação da consciência
humana.
Além da prática do livre pensamento, a filosofia moderna traz
impregnada em sua estrutura, um programa que vai desde a valorização da vida
natural, passando pela ciência e investigação científica, até o
reconhecimento dos valores e direitos individuais.
A Maçonaria é uma instituição universal, fundamentalmente filosófica,
trabalha pelo advento da justiça, da solidariedade e da paz entre os homens.
De acordo com o grande professor, Irmão Moisés Mussa Battal, da Grande
Loja Maçônica do Chile, a Maçonaria não é uma escola filosófica, mas uma
escola do filosofar.
"A tarefa essencial da filosofia maçônica é irradiar a luz de
nossos princípios e de nossos hábitos para melhorar a condição humana. Mais
que monovalente, ou seja, de uma só linha, de uma só raiz, ela é polivalente.
Tem vertentes, então, que a alimentam e ela se reparte como um delta
no mundo profano.
É tradicionalista e às vezes progressista; isto parece um paradoxo,
mas não o é; tradição é conservar o melhor do passado para utiliza-lo em
compreender mais o presente e preparar um porvir melhor que o presente.
Ela não é o ensinamento de um conjunto de normas e princípios; nem um
pensar exclusivo e excludente; é uma reflexão da vida e para a vida".
Em "Lições de Filosofia e Maçônica" o Irmão Moisés Mussa
Battal, traz diversas e importantes definições sobre o tema.
"A filosofia maçônica separa o valioso do sem valor nas doutrinas
e sistemas que a História conheceu; o permanente, constante, do arcaico, e o
proveitoso para o homem e a sociedade do inútil para ele.
A filosofia maçônica coloca o homem no centro de sua preocupação e
trabalha pela crescente melhora de suas condições vitais.
A filosofia maçônica nos incita a procurar para o homem a dignidade, o
decoro, a consideração e o respeito a sua personalidade, cinzelada nas
contingências da vida, enquanto ela se desenrola em torno de um temperamento,
de uma vontade, uma inteligência e uma vocação.
A filosofia maçônica deseja que o ser e a existência do homem girem em
torno de três valores superiores que a História destacou como as maiores
conquistas da humanidade: liberdade, igualdade e fraternidade. Ela pondera
mais que nenhuma outra, dentre as três, a fraternidade, pela transcendência e
os benefícios que implica e abarca tanto na esfera do individual como no
coletivo.
A filosofia maçônica quer defender o homem da ignorância e da
incultura, dos temores e das necessidades, da exploração e das injustiças, do
fanatismo do dogma, dos tabus, sobretudo da opressão e das tiranias
interiores e exteriores de qualquer classe.
A filosofia maçônica deseja situar o homem numa sociedade onde reine a
ordem e o trabalho, a igualdade de possibilidades e de oportunidades, a paz e
o progresso, a competência não bastarda, mas que desenvolva as capacidades e
as iniciativas, e a cooperação e a solidariedade contidas em seu ser.
Quer prepara-lo para viver e atuar inteligente e construtivamente num
regime democrático e conseguir a melhora e o aperfeiçoamento deste seu
regime, de maneira que alcance o que ele ofereça nos campos econômico,
social, cultural e político.
E defende o regime democrático porque, até agora, é o que melhor se
apresentou.
E o quer total e não parcial.
A filosofia maçônica quer faze-lo sentir e segurar e incorporar a seu
ser e existência esta noção da independência, da interação, da
intercomunicação dos indivíduos e dos grupos e dos povos da humanidade.
Ao procurar-lhe esta consciência está fundamentando a fraternidade
humana, a paz e a solidariedade.
A filosofia maçônica mostra ao homem o incalculável valor da arte de
pensar bem e do domínio humano, pelo saber, sobre a natureza e a sociedade.
Ela lhe mostra, também, o valor incalculável do livre exame e da
dúvida metódica e o domínio sobre os meios e instrumentos que reclamam uma
ação sábia, prudente e eficaz.
Evidencia e demonstra-lhe que a ciência e a lógica, em que pese sua
eficiência e utilidade, não satisfazem toda a ânsia humana de saber nem
sobrepujam nem superpassam as contingências na existência humana.
Demonstra a ele que o concerto harmônico de cérebro, mão e coração é
superior a todo intelectualismo enfermiço, a todo falso ou aparatoso
romantismo, a todo predomínio controlado da técnica desumanizada.
Procura fazer que sua vida se deslize dentro do triângulo áureo da
verdade, do bem e da beleza.
E que uma vez organizada e afinada sua vida, ela se ponha ao serviço
do bem comum. Forma homens, forma dirigentes, forma combatentes pela verdade
e o bem.
Acende no homem sua fé e seu entusiasmo em torno das possibilidades de
superação que há em todos os indivíduos e em todos os povos.
Consolida sua crença em que o superior emerge do inferior e em que um
transformismo meliorativo, que melhora a condição humana, é factível não somente
na condição humana, mas em toda ordem de coisas.
Trata de dissipar nele toda burla e perda do sentido de
universalidade, todo resto de cepticismo infecundo e, sobretudo toda mostra
de dúvida constante e cega, pirrônica.
Sustenta no homem sua adesão insubornável aos poderes do entendimento
e da razão, mas sem menosprezar os aportamentos empíricos da experiência.
Leva-o a apoiar-se num positivismo científico e não estacar-se no
exercício da meditação e das lucubrações nos campos metafísicos da ontologia,
da gnoseologia e da axiologia.
Reforça suas preocupações e seus estudos comparados em torno das
religiões para retemperar nela a tolerância; respeitar a inata religiosidade
e abraçar um deísmo ou um gnosticismo eqüidistante do ateísmo estéril e do
teísmo anticientífico e antirracional, sempre eivado de sectarismo e de
proselitismo anacrônicos.
Ele é levado a assumir uma atitude tolerante frente ao magismo, ou
seja, à magia e à parapsicologia; mas também evitar que se entregue com entusiasmo
infundado estas ocupações; logo verá, diz, a luz pelo caminho da investigação
nestes casos em particular.
A filosofia maçônica está ao lado do espiritualismo, sem deixar de
considerar e ponderar o que houver de valioso e provado nas correntes materialistas.
Adere ao postulado que está acima do individualismo e do coletivismo
obsecado e segundo o qual o indivíduo existe em, por e para a sociedade e
esta, ou seja, a sociedade, existe por e para o indivíduo.
Exalta a preocupação pela existência humana, seus problemas, suas
preocupações, suas esperanças, mas sem cair nas garras do existencialismo,
sobretudo do pessimista tétrico e aniquilador.
Confirma no homem a necessidade da organização e da hierarquia, da
direção, da subordinação, dos regulamentos; da consequente seleção no
ingresso e na ascenção, até a formação de um agrupamento humano de elite.
Da disciplina consciente e aceita; da divisão do trabalho e da
cooperação e da solidariedade institucionais.
Recorre aos continentes constantes, símbolos, números, alegorias,
rituais etc., para moldar neles os conteúdos circunstanciais das épocas
históricas e manter assim a persistência das doutrinas e dos costumes,
conforme à lei de constante mudança e do vaivém ideológico e das modas
imperantes.
Reforça o caráter prospectivo do homem e a vantagem de que se fixem
metas e fins preestabelecidos em sua existência, objetivos e fins que possa
alcançar, utilizando o poder, o saber, a estabilidade emocional e a
serenidade.
Aproxima-se a filosofia maçônica do socratismo e do aristotelismo e
mais, ainda, do estoicismo e do senequismo, às posições renascentistas e
racionalistas; inviolavelmente adicta a Ilustração ou Iluminismo; ligada
estreitamente ao criticismo kantiano; ao espiritualismo; ao positivismo e,
particularmente, ao evolucionismo e à filosofia da vida; ela se retira certa
e efetivamente da órbita de Nietzsche e de Marx, de Sartre e de Camus que
atentam contra a personalidade humana; e tem contatos, em compensação, à
distância, com o intuicionismo e os movimentos fenomenológicos prospectivos e
axiológicos.
Esta é, numa síntese abreviada, muito reduzida e quase esquemática, a
relação de como a filosofia maçônica enquadrou-se na filosofia geral e
extraiu estas posições e destas tendências".
A Maçonaria é uma Ordem Universal, formada por homens de todas as
raças, credos e nacionalidades, acolhidos por iniciação e congregados em
Lojas, nas quais, por métodos ou meios racionais, auxiliados por símbolos e
alegorias, estudam e trabalham para a construção da Sociedade Humana.
É fundada no Amor Fraternal, na esperança de que com Amor a Deus, à
Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria, com a
constante e livre investigação da Verdade, com o progresso do Conhecimento
Humano, das Ciências e das Artes, sob a tríade - Liberdade, Igualdade e
Fraternidade - dentro dos princípios da Razão e da Justiça, o mundo alcance a
Felicidade Geral e a Paz Universal.
Desse enunciado, deduzem-se os seguintes corolários:
a. A Maçonaria proclama, desde a sua
origem, a existência de um PRINCÍPIO CRIADOR, ao qual, em respeito a
todas a religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo;
b. A Maçonaria não impõe limites à
livre investigação da Verdade e, para garantir essa liberdade, exige de todos
a maior tolerância;
c. A Maçonaria é acessível aos homens
de todas as classes, crenças religiosas e opiniões políticas, excetuando
aquelas que privem o homem da liberdade de consciência, restrinjam os
direitos e a dignidade da pessoa humana, ou que exijam submissão
incondicional aos seus chefes, ou façam deles - direta ou indiretamente -
instrumento de destruição, ou ainda, privem o homem da liberdade de
manifestação do pensamento;
d. A Maçonaria Simbólica se divide em
três Graus, universalmente Reconhecidos e adotados: Aprendiz, Companheiro e
Mestre;
e. A Maçonaria, cujo objetivo é combater a ignorância em todas as suas
Modalidades, constitui-se numa escola mútua, impondo o seguinte Programa:
- obedecer às leis democráticas do País; - viver segundo os ditames da Honra; - praticar a Justiça; - amar ao Próximo; - trabalhar pela felicidade do Gênero Humano, até conseguir sua emancipação progressiva e pacífica.
f. A Maçonaria proíbe, expressamente,
toda discussão religiosa-sectária ou político-partidária em seus Templos;
g. A Maçonaria adota o Livro da Lei, o
Esquadro e o Compasso, como suas Três Grandes Luzes Emblemáticas. Durante os
trabalhos, em Loja, deverão estar sempre sobre o Altar dos Juramentos, na
forma determinada nos Rituais;
A par desta Definição de Princípios Fundamentais, e da declaração
formal de aceitação dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, a
Maçonaria proclama, também, os seguintes postulados:
I - Amar a Deus, à Pátria, à Família e à Humanidade;
II - Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e
familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes;
III - Lutar pelo princípio da Eqüidade, dando a cada um o que for justo,
de acordo com sua capacidade, obras e méritos;
IV - Combater o fanatismo e as paixões que acarretam o obscurantismo;
V - Praticar a Caridade e a Benemerência de modo sigiloso, sem
humilhar o necessitado, incentivando o Solidarismo, o Mutualismo, o Cooperativismo,
o Seguro Social e outros meios de Ação Social;
VI - Combater todos os vícios;
VII - Considerar o trabalho lícito e digno como dever primordial do
Homem;
VIII - Defender os direitos e as garantias individuais;
IX - Exigir tolerância para com toda e qualquer forma de manifestação
de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de
conquistar a Verdade, a Moral, a Paz e o Bem Estar Social;
X - Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a se dedicarem à
felicidade de seus semelhantes, não somente porque a Razão e a Moral lhes
impõem tal obrigação, mas porque esse sentimento de solidariedade os fez
Filhos Comuns do Universo e amigos de todos os Seres Humanos.
ITAMAR GONÇALVES FRANCO
|
Fonte: formadoresdeopinião.com.br
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