O
CANDELABRO MÍSTICO
A maioria dos Graus que compõem à
Loja de Perfeição pertence à classe também denominada Graus israelitas,
bíblicos, judaicos, salomônicos, principalmente por estarem baseados na Bíblia
e constituírem um desdobramento da Lenda do 3º Grau. Por isso, estão recheados
de passagens, lendas, símbolos, extraídos do Livro Sagrado, particularmente da
Torá ou Pentateuco, ou seja: os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênese,
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
Não é de estranhar, portanto, que o Candelabro de Sete Braços – o Menorá dos
hebreus -- esteja presente na decoração da Loja de Mestre Secreto, bem como na
de Perfeito e Sublime Maçom, nesta última denominado de CANDELABRO MÍSTICO.
O Menorá, que significa Candelabro, de tão importante para a civilização
hebraico-judaica, é considerado um dos principais símbolos da religião mosaica.
Tanto é assim que hoje o Menorá é usado como brasão do Estado de Israel, o qual
foi estabelecido no século passado, em 1948.
Ele já estava presente entre os
hebreus desde a construção do Tabernáculo, determinada por Moisés, por ordem de
Javé, quando este conduzia seu povo pelo deserto, fugindo do Egito em direção à
Palestina. Era no Tabernáculo que os israelitas oficiavam seus cultos, até que
o Rei Salomão mandasse construir o famoso Templo de Jerusalém, o primeiro, já
que dois outros foram construídos posteriormente. Melhores detalhes sobre a
construção do Tabernáculo e seu mobiliário -- dentre os quais o Menorá -- são
encontrados no Livro de Êxodo, capítulo 25, versículos 10 a 22.
O Menorá ou “Candelabro de Sete Braços” também foi construído por ordem de
Javé, segundo o que consta nos versículos 31 a 39 do mesmo capítulo do livro de
Êxodo, como aqui transcrito:
“Farás
um Candelabro de ouro puro; e o farás de ouro batido, com o seu Pedestal e a
sua haste; seus cálices, seus botões e suas flores formarão uma só peça com
ele. Seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três de outro. Num
braço haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma
flor; noutro haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e
uma flor; e assim por diante, para os seis braços do Candelabro. No Candelabro
mesmo haverá quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com seus botões e
suas flores: um botão sob os dois primeiros braços do Candelabro, um botão sob
os dois braços seguintes e um botão sob os dois últimos: e assim será com
os seis braços que saem do Candelabro. Estes botões e estes braços formarão um
todo com o Candelabro, tudo formando uma só peça de ouro puro batido. Farás
sete lâmpadas que serão colocadas em cima, de modo a alumiar a frente. Seus
espevitadores e seus cinzeiros serão de ouro puro. Empregar-se-á um
talento de ouro puro para confeccionar o Candelabro e seus acessórios”.
Segundo Nicola Aslan um dos nossos maiores escritores maçônicos, tanto Flavio
Josefo como Filon, e também Clemente, bispo de Alexandria, pretendem que o
Candelabro de sete braços representava os sete planetas conhecidos da
antiguidade:
“De cada lado partem três braços, suportando cada um uma lâmpada, diz este
último; no meio estava a lâmpada do Sol, centralizando os seus braços, porque
este astro, colocado no meio do sistema planetário, comunica sua luz aos
planetas que estão abaixo e acima, segundo as leis de sua ação divina e
harmônica”.
POSIÇÃO DO
CANDELABRO MÍSTICO DE SETE BRAÇOS
NO TABERNÁCULO
No Tabernáculo, ou tenda, o Menorá era colocado ao norte, no
local denominado Santos dos Santos
(em hebraico: Kodesh ha Kodashim), simbolizando não só a luz dos sete
“planetas” conhecidos na antiguidade (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter
e Saturno), como também os ventos setentrionais, que traziam a chuva,
estimulando o desenvolvimento das plantações. É preciso, no entanto, salientar
que nem todos eram planetas, pois o Sol é uma estrela e a Lua, um satélite.
NO PRIMEIRO TEMPLO DE JERUSALÉM
Por ocasião da construção do primeiro Templo, em Jerusalém, tanto o Menorá como
os demais utensílios utilizados no Tabernáculo seguiram a mesma disposição.
NA LOJA DE MESTRE SECRETO
Na Loja de Mestre Secreto o Candelabro Místico de Sete
Luzes é posicionado a frente da Arca da Aliança, sendo certo que esta fica ao
lado direito do Trono.
NA LOJA DE PERFEITO E SUBLIME MAÇOM
É posicionado igualmente no Oriente, no ângulo direito do Trono, representando
o Sol com os Planetas, como era o entendimento dos antigos.
O número sete (sete braços ou sete luzes) constante do Candelabro Místico não
foi escolhido aleatoriamente, pois se trata de um número considerado sagrado
para os antigos povos, que lhe atribuíam um valor mágico e astrológico. Os
hebreus não ficaram imunes às inúmeras influências herdadas de outros povos e
daí que é possível ver o número sete em várias passagens bíblicas.
Na Maçonaria, o número sete também tem uma importância vital. Sete são as
ciências que o maçom deve conhecer: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética,
Geometria, Música e Astronomia. É o número místico do Mestre e simboliza a
perfeição alcançada na evolução espiritual.
O Candelabro Místico de Sete Braços está presente nas Lojas de Mestre Secreto e
de Perfeito e Sublime Maçom porque era um dos principais utensílios do
Tabernáculo e, posteriormente, também do Templo de Jerusalém. A Maçonaria do
século XVIII pegou emprestado este e outros objetos da Religião Hebraica, dado
o elevado valor histórico e simbólico, em especial para os chamados Altos
Graus.
Irm. Robson Rodrigues da Silva
BIBLIOGRAFIA:
ASLAN, Nicola, Instruções Para Lojas
de Perfeição, Editora Maçônica “A Trolha”, 3ª edição, Londrina – PR – 2004.
_____ , Grande dicionário
enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, vol. I, Editora Maçônica “A Trolha”,
Londrina – PR – 1996.
CAMINO, Rizzardo da, Os Graus
Inefáveis – Loja de Perfeição, Editora Aurora, Rio de Janeiro.
CASTELLANI, José, Dicionário
Etimológico Maçônico, ABC, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR, 1990.
XICO TROLHA e CASTELLANI, José, O
Mestre Secreto, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina, PR – 3ª edição, 2002.
RITUAIS dos Graus 4 e 14.
Fonte: ARTE REAL – Trabalhos Maçônicos.
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