O Fermento Espiritual
Numa cozinha da modesta casinha de Nazaré, onde Maria preparava a massa de farinha para pão do dia seguinte; e o jovem carpinteiro acompanhava, interessado e curioso, todo o processo. Durante a noite, um punhadinho de fermento vivo levedou grande massa de farinha, fazendo-a crescer, crescer - até que toda a massa compacta se transformasse na massa leve e porosa para o pão do dia seguinte.
E logo surgiu na alma intuitiva de Jesus o simbolizado espiritual correspondente a esse símbolo material. Não era isso mesmo que aconteceria com o fermento sagrado do Reino de Deus que ele ia lançar na massa da humanidade profana?
O fermento atua lentamente, silenciosamente, constantemente, de dentro para fora. Ninguém vê a causa invisível dos efeitos visíveis. A qualidade permeia totalmente as quantidades. Do invisível vem o visível.
O fermento é o elemento divino no homem que os hindus chamam de Atman, os livros sacros Alma, a filosofia designa pelo Eu Central, e Jesus denomina o "Reino de Deus no homem".
As três medidas de farinha citadas no Evangelho de Mateus (13, 33) simbolizam os três aspectos do ego humano: material, mental e emocional.
Para que haja transformação do ego pelo Eu, do homem profano pelo homem sacro, deve haver contato direto entre esses invólucros periféricos da natureza humana e seu conteúdo central; deve haver uma interpenetração entre o seu Eu divino e seus egos humanos. O homem profano, que só conhece o ego e ignora o Eu, não pode levedar-se por si mesmo. O homem místico, que aceita o Eu e rejeita o ego, não pode transformar este, pr falta de contato; pode intensificar o fermento espiritual, mas não transforma os elementos do ego hominal. O homem cósmico, porém , permeia as três medidas do ego humano pelo fermento do Eu divino; verificará uma paulatina transformação da vida externa pela vitalidade da essência interna. Em vez de um resignado conformismo, ou de um fugitivo escapismo, realiza o homem crístico uma total transformação da sua natureza.
Quando falamos na necessidade de contato entre o fermento e a massa da farinha, não nos referimos a um contato material ou social. Por via de regra, o contato externo é inversamente proporcional ao contato interno; um homem social e sociável é, geralmente, incapaz de carregar devidamente a sua bateria espiritual, enquanto ele não cortar os fios-terra da sua permanente dispersividade, não acumulará energia espiritual e não beneficiará o homens. Somente um homem solitário em Deus pode ser proveitosamente solidário com os homens.
É ilusão de muitos profanos pensar que um místico, vivendo em longíqua e ignota solidão, não tenha contato real com humanidade. As invisíveis auras espirituais de um verdadeiro místico, mesmo que ninguém saiba de sua existência, atuam poderosamente sobre outros homens, suposto que estes sejam receptíveis para esse recebimento de fluidos espirituais. E esses fluidos invisíveis atuam a qualquer distância. O contato real não é necessariamente material nem social. Aliás, nossa própria ciência já não identifica o real com o material; muitas vezes o real é totalmente imaterial, como a voz humana, morre a pouca distância, ao passo que uma vibração eletrônica, totalmente imperceptível, atravessa espaços imensos, vai até a Lua e muito além.
Basta que o homem eleve à mais alta voltagem o fermento de sua espiritualidade - e beneficiará todos os beneficiáveis. Um receptor de rádio não tem necessidade de saber onde se acha a estação emissora; esta lança as suas ondas eletrônicas em todas as direções, e qualquer receptor devidamente afinado pela frequência do emissor receberá a irradiação.
É importante que haja estações de alta voltagem espiritual na humanidade - e todos os homens devidamente afinados serão beneficiados por esses emissores místicos, embora totalmente desconhecidos.
Neste sentido escreveu Mahtma Gandhi:"Quando um único homem chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões".
No mundo da metafísica e da mística vale a mesma lei que a ciência conhece no mundo da física. Nenhuma energia se perde - todas as energias se transformam.
Paz Profunda e Boa Semana
Marcelo Moreira
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