domingo, 9 de junho de 2013

Abóbada no Templo Maçônico - Origem e Simbologia



 
Abóbada no Templo Maçônico - Origem e Simbologia



A anatomia do templos maçônicos foi derivada de diversas correntes místicas e filosóficas diferentes como a astrologia, alquimia, caballah hebraica e o rosacrucianismo, que, acrescentaram decoração preliminar a símbolos medievais esotéricos de antigas civilizações.

A influência marcante da mística egípcia, por exemplo, referente ao culto solar e a astrologia, se destaca com a decoração do teto do templo com constelações, planetas, Sol e Lua, lembrando o teto do Templo de Luxor, que apresentava o firmamento todo estrelado – era a chamada ABÓBADA CELESTE.

O templo maçônico representa a oficina de nosso interior, com seus pontos cardiais e seu firmamento que se estende de norte a sul e, do oriente ao ocidente. É o macrocosmo igual ao microcosmo. O que está encima é igual ao que está embaixo. As duas colunas J:. e B:. situadas na entrada do templo, segundo CASTELLANI, parecem simbolizar a representação dos trópicos de Câncer e Capricórnio, sendo a linha imaginária entre elas o Equador de nosso Planeta, cortando o quadrilongo. Não se olvidando das doze colunas zodiacais, que além de representar as doze constelações pelas quais o Sol atravessa em sua passagem anual, representa também, em sua origem egípcia, as hastes dos papiros crescendo em direção ao céu.



A presença do Sol resplandecente na parte oriental da abóbada celeste, e a Lua em quarto crescente, entre as nuvens e as trevas do ocidente, obriga o adepto meditar no início de seu caminho iniciático das trevas em direção à Luz que vem do Leste. Quando o neófito penetra no templo para ser iniciado, o faz pelo ocidente, onde simbolicamente não há luz (representado no teto pelas nuvens escuras). Em sua caminhada mística, purificar-se-á pelas viagens ( ar, água, fogo e terra) e irá passar pela parte menos atingida pelos raios solares (hemisfério norte – aprendizes) e, posteriormente, receberá mais luz (hemisfério sul – companheiros) até chegar ao Oriente. A matéria ainda prevalece na loja de aprendiz, daí a razão do esquadro estar sempre sobreposto ao compasso, símbolo da espiritualidade ainda latente.



O teto dos templos maçônicos, representando simbolicamente o firmamento, apresenta além de várias constelações, os sete “planetas” conhecidos da antigüidade. Os principais cargos das dignidades da loja maçônica, também, estão ligados de forma geral[1] ao misticismo greco-romano através da representação dos astros a saber:



- Venerável Mestre – representa o maior dos planetas: Júpiter (romano), ou Zeus (grego), principal deus pagão soberano do mundo e que reinava no Monte Olimpo. Era o senhor do Universo e dos fenômenos atmosféricos. Representa a figura do pai, do patriarca e porisso, simboliza e dirige a coluna da sabedoria (Oriente);

- 1o. Vigilante – representa Marte, deus romano da agricultura e da guerra. O planeta da força, da energia edificante, da força criadora do espírito. Simboliza e dirige a Coluna da Força (Norte). Representa também o lado masculino;



- 2o. Vigilante – representa Vênus, deusa romana do amor e da beleza. Simboliza e dirige a Coluna da Beleza (Sul). Representa o lado feminino;



- Orador – representa Apolo, deus do sol. Simboliza a luz do Direito, da Lei e da Justiça, sendo ela a luz que esclarece e orienta os obreiros. Responsável pela guarda da lei e pelas peças de oratória;



- Secretário – corresponde à deusa Artemis, deusa da lua. O oficial reflete nas atas, a Luz que vem do Orador;



- Mestre de Cerimônias – corresponde ao planeta Mercúrio, deus veloz e astuto. O oficial circula rapidamente pelo templo como elemento de ligação, recepção e condução pois, imita o planeta que mais rapidamente circula em torno do sol (venerável);



- Tesoureiro – corresponde ao planeta Saturno que com seus inúmeros anéis, simboliza a riqueza;



- Hospitaleiro – simbolizado por Vênus, e representando o amor ao próximo, ajudando e assistindo os irmãos necessitados;



Com relação às estrelas, devemos considerar a presença do grande triângulo da verdade cósmica representado no céu do templo pela estrela Régulus (constelação de Leão), pela estrela Spica (constelação de Virgem) pela estrela Arcturus (constelação de Bootes – pastor de ovelhas). Este triângulo caracteriza a divina eternidade da Virgem Maria, escolhida por Deus para gerir Yeshuah – o filho de Deus, simbolizada pela pureza da lâ branca das ovelhas, no sincretismo católico, apostólico romano.



Acredita-se que a disposição estelar na abóbada represente o céu do dia 21 de março quando o Sol cruza o equador celeste no chamado equinócio da primavera no hemisfério norte. É também o dia em que começa o calendário religioso hebraico.



Os trabalhos de uma Loja, simbolicamente, se iniciam ao meio-dia e se encerram à meia-noite. Meio-dia é a hora simbólica quando o Sol está culminante e os objetos não fazem sombra, portanto, é o momento da mais pura igualdade, pois, ninguém faz sombra a ninguém, concretizando um dos pilares da Maçonaria, a Igualdade. Doze horas existem entre o meio-dia e meia-noite representados pelos doze signos zodiacais nas doze colunas do templo, cada um com sua simbologia e que, representam o caminhar dos aprendizes em direção ao desbaste da pedra bruta, das trevas da ignorância para a luz da sabedoria que vem do oriente.



A influência das fases lunares que se renovam a cada sete dias nos recordam que a cada sessão maçônica semanal recebemos a energia necessária para vencer mais uma fase lunar, recarregando nossas baterias de forma esotérica, saindo ainda mais fortalecidos através da Egrégora que potencializa nossa reintegração à Consciência Cósmica Universal.



Neste Universo recriado no templo maçônico, e, no qual participamos da marcha divina do Sol, da passagem noturna das estrelas, dos períodos da Lua, dos equinócios e dos solstícios, onde estabelecemos uma reunião harmônica mágica entre esta pequena parcela terrestre e a imensidão celeste, interpenetrando o microscosmo com o macrocosmo, o aprendiz despoja-se das ilusões da personalidade, busca na Fé, na Esperança e na Caridade para com seus semelhantes o combustível da vida. Encontra na reflexão a vida da alma, fortificando o ressurgimento espiritual, fugindo ao passo escorregadio da vida sensitiva, afasta o mal, do eixo de sua existência, e como uma larva, que para chegar ao seu completo desenvolvimento, passa por sucessivas transformações, o aprendiz aguarda, sereno no setentrião o discernimento de espírito para continuar sua marcha.



Que a Paz Profunda a todos invada.


E Que assim Seja.

Marcelo Moreira



Bibliografia Consultada



A Maçonaria e sua Herança Hebraica O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica


José Castellani – Editora A Trolha Alex Horne – Editora Pensamento

Maçonaria e Astrologia A Herança Espiritual do Egito Antigo
José Castellani – Editora Madras Christian Larré – Ed. Biblioteca Rosacruz



Origens do Misticismo na Maçonaria Ministério do Homem-Espírito
José Castellani – Traço Editora Louis Claude Saint Martin - Ed. Biblioteca Rosacruz



O Esoterismo na Ritualística Maçônica
Eduardo Carvalho Monteiro – Editora Madras



A Corrente da Fraternidade


Rizzardo Da Camino – Ícone Editora



[1] Há variações na interpretação astrológica envolvendo os sete planetas e os cargos em loja.

Fonte: Amphitheatrum Sapientiae Aeternae


















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