segunda-feira, 17 de junho de 2013

Egrégora Maçônica - Fenômeno da Força Incógnita



Egrégora Maçônica - Fenômeno da Força Incógnita



Com a vontade pura e a retidão de propósitos deverá estar o Iniciado Maçom revestido ao ingressar junto à soleira do Templo para início de mais uma jornada de trabalho. Exotericamente o fará sempre com o lado esquerdo ligeiramente avançado para que os caminhos do magnetismo destrocêntrico possam se manifestar com maior amplitude já logo de sua chegada para o convívio inicial com seus irmãos que o aguardam.

A primeira limpeza espiritual começa a ser desencadeada nesta hora, quando não por vontade própria, mas por dever anímico, o maçom deverá entrar em um processo de “escaneamento das impurezas profanas”, senão extirpando, pelo menos lutando para cauterizar de seu âmago as amarguras da vida externa.



É nessa hora que o primeiro passo de um fenômeno que adiante será descrito começa a se apontar. Daí temos a importância do sentido de introspecção de que o maçom deve estar imbuído, pois o elo de ligação que nos une como se verdadeiros irmãos fôssemos, começará dentro da mística maçônica a se formar. Os comportamentos profanos nesta hora hão de se cessar para dar lugar senão ao respeito a cerimônia que se inicia ao menos em respeito a ética maçônica de que todos indistintamente devem observar.

Esotericamente antes dos Ir:. adentrarem ao templo, com um único golpe mântrico do bastão no chão mosaico o Augusto Irmão Mestre de Cerimônias ordena que os espíritos se elevem, pois os trabalhos logo se iniciarão. Exotericamente com esse golpe mântrico o som de propaga e atinge o cérebro, já intimamente ligado ao significado egregoral que, - disciplina e ordena a mente - a aug:. sessão irá começar, o sinal foi dado.



Mas é na abertura da loja, com a leitura do salmo 133 do Livro Sagrado Bíblia pelo Irmão Orador que o fenônemo da EGRÉGORA toma força. É quando o salmo 133 acena com a agradabilidade da convivência em união fraterna, e a compara com “o óleo precioso sobre a cabeça o qual desce para a barba, a barba de Aarão... é como o orvalho do Hermon que desce sobre os montes de Sião...ali ordena o Senhor sua benção e a vida para sempre...” o que quer traduzir que o amor fraterno é comparado ao óleo santo de consagração e ao orvalho que umedece Jerusalém dando vida à natureza. Assim deve ser a convivência fraternal, a tudo que permeia e umedece como a fina borrasca de um final de madrugada.



No preciso momento da abertura do livro sagrado e no curso da leitura de uma passagem do Livro da Lei conforme o grau em que se abre a loja, inicia-se a formação da EGRÉGORA, assunto objeto desta modesta peça que começa a ser detalhado cujo campo maçônico se interlaça com o da espiritualidade.



Para se crer e entender o significado da EGRÉGORA impõe-se primeiramente acreditar na existência do espírito. Neste sentido a Constituição de Anderson em seu Landmark (1) de número 20 exige do maçom uma crença na vida futura. E para não incorrer em erro substancial neste assunto de tamanha profundidade por este neófito “que não sabe ler nem escrever” e está longe de dominar, mas podemos ficar com a lição de Aristóteles (Estagira – Grécia 384 AC) e sua sabedoria grandiosa que distingue a alma do espírito: “A alma é o que move o corpo e percebe os objetos sensíveis; caracteriza-se pela auto-nutrição, sensibilidade, pensamento e mobilidade; mas o espírito tem função mais elevada do pensamento que não tem relação com o corpo, nem com os sentidos”.



Para este discípulo de Platão, em sua inteligência universal, o Mundo surgiu de um Primeiro Motor - DEUS – IOD – (TETRAGRAMATON – nome sagrado e impronunciável do Senhor ). È ao mesmo tempo Potência e Ato. A primeira engrenagem do Universo.

Sob outro enfoque podemos dizer que o espírito apesar de não se constituir de matéria bruta é formado da união de um corpo físico, de um corpo mental (vital) e de um corpo astral (perispírito). Deste amálgama que ligado pela saliva divina surge o Homem. O Homem é espírito em movimento. Mas é de uma zona física, perispirítica física, extra-corpórea, que tangencia a cútis, é que partirá uma quantidade de energia, tênue e quase imperceptível, como um fio de névoa, para alguns até um estado quase que plasmático, como um rastro sutil de fumaça, formando um corpo protetor, livre de sua origem dos conceitos físicos de tempo-espaço. Não emulado pela fé ou religião, mas força atômica, material e tangível. Um campo de força material. À saída destes corpos, sempre quando em assembléia reunida e neste caso, em Loja, dá-se o nome de EGRÉGORA.



Quanto à referência à doutrina, pode-se colher no ensinamento de J. Boucher a seguinte lição. “Chama-se egrégora uma entidade, um ser coletivo originado por uma assembléia, cada Loja possui a sua egrégora, cada obediência possui a sua, e a reunião de todas essas egrégoras forma a grande EGRÉGORA MAÇÔNICA”.
Rizzardo Da Camino em seu Grande Dicionário Maçônico ensina que Egrégora deriva do grego `egregorien` com o significado de velar ou vigiar. No Livro de Enoch está escrito que os anjos que haviam jurado velar sobre o Monte Hermon teriam se apaixonado pelas filhas dos homens, ligaram-se a elas.....que será tema de um próximo trabalho deste humilde ir:.
Papus, em seu magnífico “Tratado Elementar da Ciência Oculta” introduz a noção de que as egrégoras seriam imagens astrais geradas por uma coletividade.



Serge Marcotoune, iminente mestre do Martinismo russo, constata que a energia nervosa se manifesta por raios no plano astral. O plano astral estaria cheio de miríades de centelhas, flechas de cores das idéias-força. “Cada pensamento, cada ação a que se mistura um elemento passional de desejo, se transmite em idéia-movimento dinâmica, completamente separada do ser que a forma e a envia, mas seguindo sempre a direção dada. Essas idéias seguem sua curva traçada pelo desejo do remetente”. É por isso que precisamos controlar nossos desejos a fim de que eles não pesem sobre nós, acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura cores diferentes. A meditação e a prece do iniciado regeneram seu ser, permitindo emitir idéias sadias e tranqüilizantes para que no plano astral, os espíritos guias canalizem as idéias-força para zonas determinadas.



Em A Chave da Magia Negra, Stanilas de Guaita afirma que no plano astral as coisas semelhantes aglutinam-se para criar um coletivo, graças às suas vibrações idênticas.
“A egrégora, ser astral, possui seu eixo nesse plano e busca um ponto de apoio terrestre para se assegurar de formas estáveis”.



O maçom pode assim se aproximar dos seres superiores e elevados através somente do seu livre-arbítrio. No astral nascerão os germes das grandes associações, das grandes amizades, das grandes proteções. Mas como as egrégoras estão em constante modificação, por força das variações das idéias-força, não possuem um ponto de apoio. Por isso a necessidade da concentração sem esforço durante a ritualística, para que essa egrégora possa permanecer o maior tempo possível ativa, constante e homogênea.

 



Emanuel Swedenborg diz que viajaremos em grupos unidos, sendo ensinados pelos diversos grupos de anjos que formam sociedades a parte agrupadas em um grande corpo por que segundo ele
“o céu é um grande homem”.



O mestre Yeshuah(2), citado pelo apóstolo Mateus, disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre eles”.
G. Descomier ( Phaneg ) representante do Martinismo(3) Francês, escreveu que “todo coletivo constitui na verdade uma família no plano espiritual. Por isso jamais se deve responder ao ódio com o ódio, porque então as duas egrégoras formariam uma aliança estreita para o mal.



Egrégora é uma forma pensamento que é criada por pensamentos e sentimentos, que adquire vida e que é alimentada pelas mentalizações e energias psíquicas. É uma entidade autônoma que se forma pela persistência e intensidade de correntes emocionais e mentais. Pensamentos e sentimentos fracos criam egrégoras mal definidas e de pouca vida ou duração, porém pensamentos e sentimentos fortes criam egrégoras poderosíssimas e de longa duração.



Existem egrégoras positivas que protegem, atraem boas energias e afastam cargas negativas, e egrégoras negativas que fortalecem o mal, canalizam forças negativas e repelem forças positivas.
Locais sagrados como as localidades de Aparecida do Norte (Brasil), Lourdes (França) e Fátima (Portugal), têm egrégoras poderosíssimas, formadas pela fé e mentalizações dos devotos, que acumulam as energias psíquicas dos fiéis, e quando alguém consegue canalizar para si as energias psíquicas acumuladas na egrégora provoca o conhecido “milagre”. Esta é a explicação oculta da realização de grande parte dos milagres que acontecem. Os locais possuem egrégoras formadas pelas energias psíquicas de seus freqüentadores que as canalizam em seu benefício através da fé.



A origem do termo EGRÉGORA é a mesma de "gregário", do latim gregariu: o que faz parte da grei, ou seja, rebanho, congregação, sociedade, conjunto de pessoas. No plano da espiritualidade usa-se o nome egrégora para designar um grupo vibracional, um campo de energia sutil em que se congregam forças, pensamentos ou vibrações com um determinado objetivo.



A egrégora pessoal é formada pelas energias psíquicas da pessoa e principalmente pelos seus pensamentos. Assim, uma pessoa psiquicamente equilibrada e com pensamentos positivos, cria uma egrégora positiva. Do mesmo modo, uma pessoa desequilibrada emocionalmente e negativa cria uma egrégora negativa. Porque a egrégora é como um filho coletivo que se realimenta das mesmas emoções que a criaram.



O maçom correto deve ter plena convicção de que as suas aspirações e desejos de bem, ainda que em pensamentos, nenhuma se perde. Nossa vida deve produzir idéias-força poderosas. Esse é o segredo da prece dos ditos “fracos”.



A maçonaria aceita a presença da Egrégora em suas sessões litúrgicas. A egrégora é uma “entidade” momentânea que subsiste enquanto o grupo está reunido. Para que ela surja é necessária a preparação ambiental, formada pelo som, pelo perfume do incenso e pelas vibrações dos presentes. Estas vibrações devem ser puras. O maçom deve eliminar, ainda no átrio, todos os pensamentos inapropriados para o culto maçônico. A ritualística e a liturgia(4), preparam o surgimento da egrégora, no exato momento em que o Irmão Orador termina a leitura em voz alta, do trecho do livro sagrado, a egrégora forma-se brotando do altar como tênue fio espiritual para adquirir corpo etéreo com as características humanas. Os mais sensitivos percebem esta entidade, ela se mantém silenciosa mas atua de imediato, em cada maçom presente, dando-lhe a assistência espiritual de que necessita, manipulando as permutas de maçom para maçom, construindo assim a Fraternidade(5). Para cada loja forma-se uma egrégora específica. Os céticos não aceitam esta entidade, porém os estudos aprofundados revelarão a possibilidade de seu surgimento. Porém, esta entidade não deve ser motivo de adoração pois é uma entidade formada pela força mental e pelas vibrações do conjunto.
A egrégora é a materialização da força do maço enquanto em loja.



CONCLUSÕES

A egrégora pode ser associada à consciência de grupo, mas ela é, ao mesmo tempo, algo mais do que isso. Aprendemos que quando dois ou mais se reúnem em um esforço conjunto, é crido algo maior que a soma de seus esforços

pessoais. Daí podemos comparar essa idéia à idéia de que o TODO é maior do que as partes que o compõem. Também não devemos nos esquecer que a egrégora de nossa Ordem inclui todos os maçons vivos e também aqueles que passaram pela transição e hoje vivem no Oriente Eterno. A egrégora é portanto o resultado de nosso pensamento criativo nos planos exotérico e esotérico do pensamento.


A egrégora surge em loja a partir do esforço e da meditação de cada irmão. É um ser diáfano(6), que apesar de compacto deixa transparecer a luz que mesmo emana e absorve. Ela atua equilibrando as desigualdades emocionais e espirituais dos IIr:. em loja. Grande é sua atuação na CADEIA DE UNIÃO. E somente em Loja existe e existe oriunda da formação assemblear, onde todos nós irmãos, somos condôminos deste fenômeno.

Representa na sua forma mais sublime a expressão “ESTAR A COBERTO”. Mais do que um manto protetor(7) configura para o maçom a materialização de sua fraternidade quando um pouco de si é ofertado, por um mecanismo sobrenatural e divino ao Irmão necessitado. Para tanto impõem-se as posturas mentais, espirituais e corpóreas mencionadas, não somente como um exercício de Virtudes Teologais(8)( Fé, Esperança e Caridade) e Cardiais(9)( Prudência, Temperança, Justiça e Coragem ), mas como também na visão Aristotélica de perfilar pelo caminho do justo meio o bem absoluto e teleológico do ser humano: a felicidade; que para nós pode ser simbolizada pelo alcançar do cume da ESCADA DE JACÓ, para que possamos um dia gozar com firme fé da glória do Grande Arquiteto Do Universo e ao seu lado tomarmos assento, para que possamos descobrir em cada Irmão nossos dons espirituais mais acanhados e possamos sempre nos orgulhar dos verdadeiros motivos que nos levam a estar em fraternidade, na esteira do pensamento do filosófo Immanuel Kant(10), em seu imperativo categórico “age de tal modo que a máxima de tua ação possa ser elevada, por sua vontade, à categoria de lei, e de lei de universal observância”. Tudo isso para que possamos sempre contribuir para o crescimento espiritual de nossa loja, alijando o comportamento profano que obscurece a formação da egrégora.



Oportuna ainda a citação das palavras do maçom emérito Rizzardo da Camino em sua obra “O aprendiz maçom”, atinente ao assunto posto em pauta e que diz respeito também a ética maçônica:

“ Aqueles que ´nada vêem`, que ´nada sentem` e que atuam “mecanicamente” que participam da cerimônia porque a isso foram conclamados pelo Venerável Mestre, devem aceitar o desafio de participação efetiva e espiritual. Então, só assim, hão de se dar conta que maçonaria não é um clube social ou recreativo.”
Que a paz profunda a todos invada.



Marcelo Moreira




(1) Os landmarks da Maçonaria são um conjunto de princípios que não podem ser alterados para que se mantenha a unidade maçônica mundial, criado em 1723 por James Anderson.




(2) Yeshua (

ישוע) é considerado por muitos ser o nome hebraico ou aramaico de "Jesus". Este nome é usado principalmente pelos judeus messiânicos - ou por pesquisadores, historiadores e outras pessoas que crêem ser essa a pronúncia original. O nome "Yeshua" deriva-se de uma raiz hebraica formada por quatro letras – ישוע (Yod, Shin, vav e Ain) - que significa “salvar”, sendo muito parecido com a palavra hebraica para “salvação” – ישועה, yeshuah – e é considerado também uma forma reduzida pós-exilio babilônica do nome de Josué em hebraico – יהושע, Yehoshua' – que significa “o Eterno que salva”.



(3) Ordem Esotérica criada por Papus baseada nos escritos de Saint-Martin que hoje faz parte dos Graus Superiores da Ordem Rosa- Cruz.



(4)O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um carácter eminentemente público.

(5) Segundo o apóstolo Pedro era o tipo de união que identifica os verdadeiros cristãos. - 1Pedro 2:17




(6) em que a luz passa parcialmente; translúcido.




(7) Verificar passagem bíblica no II Reis, 2-14, sobre a passagem do manto protetor do profeta Elias.




(8) têm este nome porque são ordenadas directa e imediatamente para Deus como fim último. Têm Deus como origem, motivo e objecto




(9) Elas são derivadas inicialmente do esquema de Platão e foram adaptadas por: Santo Ambrósio, Agostinho de Hipon e Tomás de Aquino.




(10) Fórmula da Lei Universal.



obs. trabalho concluído com a participação e revisão final do Irmão Márcio Moreira.

Um comentário:

  1. Bom dia. Desculpe a ignorância mas me parece que o conteúdo esotérico mencionado diz mais respeito às religiões que o adotam do que à Maçonaria em si, pelo menos as vertentes regulares, pois as redes paralelas imitam e muito a qualquer religião esotérica, mística ou ocultista. O problema é a confusão criada no julgamento que o profano faz ao tratar da questão "Maçonaria e Religião", vinculando ambas, o que em nada ajuda a Maçonaria, embora alguns maçons se sintam privilegiados por pensarem estar participando de uma superestrutura esotérica superior a todas as religiões e depositária da única verdade sobre o Grande Arquiteto do Universo. Da Camino, Raul Silva, Wilmshurst, Coil et alli são peritos em ver "aspectos velados do sagrado" na Maçonaria. Só gostaria de saber de "qual" Maçonaria eles falam e pensam pertencer. Desculpe o longo texto, mas não podia deixar de comentar porque penso que não devemos nos preocupar com dar explicações aos profanos daquilo que ESTUDAMOS na Maçonaria mas convivo com muitos que pensam que PRATICAMOS toda sorte de esoterismo na Ordem e isso, por experiência própria, não ajuda, não nos faz superiores devido à ignorância que neles provocamos e só cria cismas entre as religiões propriamente ditas e Maçonaria tradicional e regular. Maçonaria não existe para propagar esoterismos, nem seus Ritos e Rituais são "mágicos"...

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