segunda-feira, 20 de março de 2017


PUREZA DE CORAÇÃO


Não te prendas tão somente aos imperativos da pureza exterior.

Aparência, muita vez, é contraste e ilusão.

Há pessoas que trajam linho alvo, carregando lodo na consciência.

Há sacerdotes envergando hábitos irrepreensíveis trazendo consigo impiedade e negação.

Há juízes de mãos corretamente lavadas, cujo espírito é um espinheiro de venalidade cruel.

Há tribunos de frases perfeitas na sagração do bem, cujos sentimentos se nutrem com as venenosas raízes do mal.

Há crentes que reverenciam a caridade nos templos em que se aproximam das bênçãos do Céu, mal dissimulando o chavascal de ódio e exclusivismo em que se comprazem.

Não basta a feição externa da vida para que os problemas do mundo se resolvam.

A beleza vitoriosa, no campo físico, quase sempre pode ser simplesmente máscara que o tempo arrebata e consome.

A impecabilidade do traje, em muitas ocasiões, pode reduzir-se a dourado esconderijo dos interesses inferiores.

Lembremo-nos de que o Senhor se referia à pureza de coração e procuremos cultivá-la conosco, em primeiro lugar.

O coração limpo clareia os olhos e os ouvidos que, inspirados nele, não conseguem ver e ouvir senão o bem por onde caminham.

Do coração puro sobe a Luz Celeste ao cérebro que raciona, sublimando no espírito os pensamentos que arroja de si mesmo, na modelagem do destino que lhe cabe realizar.

Esforcemo-nos por encontrar a “parte melhor” onde estivermos.

O Sopro Divino alenta na Criação todas as coisas as criaturas.

Não vale reprovar, criticar, condenar ou destruir.

Em todos os lugares, surpreenderemos o apelo do Todo Misericordioso, induzindo-nos a cooperar na exaltação de seu Amor Infinito.

Busquemos auxiliar a todos, totalizando em nossa fraternidade, os velhos e os jovens, os bons e os menos bons, os felizes e os infelizes, os sábios e os ignorantes, os ricos de Luz e os podre de entendimento, e, nessa faina bendita de louvar o bem, lavaremos o tecido sutil de nossas almas para que o nosso coração se faça puro, nele erguendo o santuário em que contemplaremos, um dia, em Espírito e Verdade, a Divina Presença de Deus.
 
Emmanuel

Extraído do livro "REFÚGIO"

Francisco Cândido Xavier

 

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