sábado, 11 de março de 2017


 

 Caridade, Prática do Amor ao Próximo

 

Charles Evaldo Boller

 

O maçom está obrigado a praticar a Caridade como parte de sua formação moral, porque pratica-la não lhe é livre. Neste mundo cheio de maldade, tirania e opressão a Caridade não é facultativa ao franco-maçom, semelhante à Justiça, ela é obrigatória. Principalmente depois que ele se dispôs por juramento a pratica-la. Enquanto Justiça é aplicada pela força, porque justiça sem força não existe, a Caridade deve emanar das fibras mais íntimas do coração, de um fogo aceso lá por característica de projeto, idealizado pelo Grande Arquiteto do Universo.

 

Dicotomizando sobre o tema a partir da Caridade como a predisposição da alma em distribuir o bem sem olhar a quem nem buscar recompensa, esta deve ser praticada com o coração sem constranger ao beneficiário, senão, ao invés de ser considerado ato de amor o mesmo não passa de mera expressão da vaidade e uma espécie de massagem no ego. Caridade não pode destruir a liberdade do outro, convertendo-o em dependente ficando o autor da Caridade com uma espécie de tutela sobre o beneficiado. Caridade tem grande possibilidade de gerar ódio no coração do beneficiado se feita de forma a constranger. Por isso é melhor que o receptor da Caridade ignore de onde vem o benefício. Se a Caridade for objeto de projeção pessoal do doador, o beneficiado, ao invés de gratidão desenvolverá ódio, ficando o ato da Caridade como simples obrigação moral ou dever de consciência do doador. Para a maioria dos que recebem Caridade composta de bens materiais diversos, até de dinheiro, o ato de Caridade não passa de mera obrigação do doador, isto porque para o mesquinho, o doador o faz por obrigação, porque tem demais e o pouco que cai de sua mesa não lhe faz falta.

 

 

 

Então é habitual os receptores contumazes desenvolverem, além de apatia e preguiça para irem à luta pela sobrevivência, um sentimento de ódio pelo doador, o que fazem surgir ideologias políticas como o Comunismo e Anarquia. No mínimo o doador é presenteado de volta com indiferença: o que constitui o contrário do amor. De onde se pode deduzir que a Caridade pode desenvolver sentimentos e vícios se não for aplicada com sabedoria.

Lendo a Caridade como objeto filosófico da Maçonaria, ela sustenta a loja como base de três colunas herméticas junto à fé e esperança. Caridade é a que mais robustece a prática maçônica porque sua prática humaniza o francomaçom e lhe possibilita o desenvolvimento e manutenção da esperança e fé. Por isso Caridade é algo imposto ao obreiro diligente com sua construção e desconstrução, onde fé e esperança lhe fornecem a força motriz e perseverança para continuar na jornada. É primeiro e último dever do francomaçom.

 

A Caridade pode ser praticada sem que se empenhem valores financeiros, pois Caridade material sempre acaba no dia seguinte. O melhor da Caridade é ensinar aos outros os meios para que suas necessidades básicas de subsistência sejam sempre atendidas de modo que não se torne submisso aos poderosos.

 

Outra forma de Caridade é conviver: simplesmente ouvir ao que os aflitos têm a dizer é uma forma de Caridade superior.

 

A Caridade moral é outra forma de prática que não prejudica ao beneficiado e tem como resultado o amor do Grande Arquiteto do Universo, pois expressa apenas aquilo que já existe dentro de cada um: o amor ao próximo. Dizem que o homem é o único animal que desenvolve compaixão e que esta vem da inclinação natural de praticar a Caridade. É o que distingue o homem e lhe oferece a possibilidade de evoluir como ser consciente e racional. Inclusive sua fé deve ser raciocinada para não enveredar ao fundamentalismo e fanatismo de modo que possa persistir em praticar a Caridade alimentada pelo coração. Caridade é o doar-se para os outros sem que os beneficiados o peçam e independente do fato de os oportunistas dela se valham para tirar vantagens do doador. Doar-se, ouvir, estar presente não exige aporte de valor monetário algum, é apenas deixar fluir o companheirismo, a fraternidade que conduzem a bons pastos e paz duradoura.

 

Fazer aplicação da Caridade, em virtude de sua diversificação é uma arte, uma ciência do bom viver. Ela pavimenta o caminho do homem em permanente evolução no conhecimento de si mesmo. Caridade é característica desenvolvida que humaniza, a mais pujante demonstração de amor ao próximo que existe latente em cada coração.

O píncaro da glória para o praticante da Caridade vem da possibilidade dada a cada ser humano de velar por sua família em todas as situações. Esta é o suprassumo das Caridades! A Francomaçonaria mostra isso ao declarar que apenas através da fraternidade é possível construir uma sociedade sadia onde se colocam diversas pessoas das mais variadas origens debaixo de um mesmo teto vivendo em paz. Isto serve de modelo para o francomaçom levar em sua mochila para casa onde coloca a Caridade em prática para com os seus mais chegados: avós, pais, filhos, esposa. Todos podem ser objeto de Caridade, mesmo que não lhes falte o essencial das necessidades básicas de vida esquematizadas por Maslow. O homem que pratica a Caridade dentro da própria casa já está de bom tamanho para atingir o objetivo escrito de forma indelével no coração pelo Grande Arquiteto do Universo.

 

A virtude teologal da Caridade não carece de miseráveis e pobres para ser praticada. Ouvir ao pai ou à mãe quando estes se queixam é uma forma de Caridade e não custa nada. Ouvir as queixas do irmão na loja é Caridade igualmente. Ouvir a esposa, filhos, barbeiro, faxineira, ou qualquer um é uma forma de Caridade. Agora, se o ato de ouvir vier acompanhado de conselhos proativos e até de ações que demandem desembolsos que impliquem em sacrifícios, então o efeito é multiplicado.

 

Não há necessidade de afirmar que a Caridade é uma predisposição da alma para o bem: isto já está lá dentro de cada um. E o homem é uma alma vivente, que possui vibrando dentro de si energias que desconhece e que o identificam e assemelham ao gerador da vida que é o Criador. Caridade não é apenas para dar esmolas aos miseráveis, trata-se de um tesouro que é acumulado para si mesmo e esta riqueza o ladrão não leva. É parte daqueles tesouros guardados na alma, torna-se parte intrínseca do ser como valores eternos gravados na alma. É a perfeição das virtudes do homem que lustra sua pedra para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

 

Biblioteca Charles Evaldo Boller Caridade, Prática do Amor ao Próximo.

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