Atenas |
SENTIDO PARA VIVER: SERVIR
Imaginemos o nosso alto sertão paraibano há 50 anos atrás, sem estradas, sem televisão, sem rádio, e, especialmente, observemos o pensamento de nosso avô paterno Azarias Sarmento de Sá, na década de 50, pois, ao dirigir-se aos netos, assim se expressava:
- Queridos Netos!
Já caminhei por muitas estradas, vivi anos trabalhando nas seringueiras, às margens do rio Juruá, um dos afluentes do rio Amazonas.
Vi muitas coisas na vida, tenho experiência suficiente para demonstrar a minha preocupação com o futuro que os aguarda. Chegará um tempo em que vocês não ficarão sentados na calçada, como nos encontramos nestes instantes, proseando, trocando idéias, e, pior é que terão dinheiro no bolso e faltarão alimentos para adquirir.
Em nossa mente infantil, acreditávamos na suas palavras proféticas, não obstante, pensávamos existir uma pontinha de fantasia e, na medida em que os anos porvindouros chegassem iriam dissipar as nuvens escuras do futuro que vaticinava nosso avô.
Que palavras fortes, firmes e reais, ainda hoje ecoam em nossa alma. Ele estava coberto de razão, o cidadão de hoje não encontra mais segurança nem mesmo em sua residência, imagine ficar até tarde da noite, sentado em cadeiras na sua calçada e receber os amigos para prosear, sob pena de acontecer um assalto, uma agressão física ou verbal.
Como dizia Cecília Meireles: “
Ai palavras, ai palavras, Que estranha potência a vossa!”
Temos esperanças no porvir, basta buscar servir ao irmão, educar os nossos sentimentos, as transições vividas em pleno século XXI, são fundamentais para o nosso aperfeiçoamento moral, não estamos nos queixando, necessitamos agilizar nosso contato com DEUS, nosso Pai, e sentirmos a Sua infinita misericórdia para com os seus filhos.
Lembremo-nos de uma grande dificuldade que Chico Xavier atravessava e já quase sem forças para receber as agressões gratuitas e maldosas, foi necessário a intervenção de Emmanuel, seu espírito protetor que assim falou paternalmente para seu protegido:
“- Chico – Não te aflijas com os que te batem – o martelo que atormenta o prego com pancadas fá-lo mais seguro e mais firme.”
Para um melhor aproveitamento, é bastante seguir o modelo do nosso Mestre e Senhor Jesus, conforme O Evangelho Segundo o Espiritismo,
“Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens.”
Sejamos práticos, imaginemos os erros cometidos em encarnações anteriores e ante nossa pobreza, nos achamos injustiçados, esquecidos por Deus. Que vil filosofia, em verdade, a dor não bate na porta errada.
A nossa sagacidade em querer levar vantagem em tudo, ainda ressoa em nossa alma, a exemplo do Cardeal Richellier, nos longínquos anos de 1500, ao reencarnar na França, o Cardeal nada possuía de lícito e legitimo representante de Jesus, a quem apregoava seguir.
A sua índole era tão inferior, tão perversa, haja vista, sempre afirmar com sagacidade e sem o mínimo pudor:
- “Qualquer cidadão de bem da Nobreza da França que deseje levar a fogueira, apropria-se de bens e tornar a família escrava - enfatizava o Cardeal - precisava de apenas um mês para colocar a corda no pescoço do inocente, tempo mais do que suficiente para arregimentar falsas testemunhas e declarar-lo hereges e inimigos do povo e de Deus.
É aquele velho ditado popular: “Quando desejamos matar o cão, basta só dizer que está com raiva.”
Somos conscientes de que o materialismo animaliza-nos. Viver de aparências, mostrando e forçando que nós somos aquilo que ainda não somos, mas que um dia haveremos de ser. A sinceridade é mostrar o que nós realmente somos e não forjar-nos no verniz da educação. Devemos viver o que nós somos, o nosso falar e o nosso coração devem manter uma sintonia: o bem.
O que irá nos diferencia uns dos outros?
O Amor que emana de forma espontânea de nosso coração. Necessitamos de forma urgente viver o Evangelho, manter o raciocínio claro, propositadamente voltado para o bem, o amor e a caridade.
No livro Estante da Vida, no artigo O anjo e o malfeitor, de irmão X, página 21, encerra o capítulo com discussão de agentes da Justiça Divina, ao não reconhecerem um malfeitor, vindo da Terra, com túnica resplendente, indagou:
“- Venerável Juiz, por que motivo um malfeitor atravessou, antes de nós, as fronteiras do Céu?!...
O magistrado, porém, abençoou-lhe a inquietação com um sorriso e informou, simplesmente:
- Serviu.”
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