quinta-feira, 9 de agosto de 2012

“O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades”.

Renoir - La Grenouillere - 1869

“O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades”. Chico Xavier
Nascido no alto sertão da Paraíba, em meados do século passado e, hoje em pleno século XXI, comentávamos a necessidade de relembramos fatos e pessoas de duas importantes cidades do interior paraibano, Sousa e Cajazeiras, onde alguns filhos de comprovado saber compreendiam a importância da transitoriedade da vida, sabiam de cor e salteado sobre a imortalidade da alma, não obstante, em virtude de seu conhecimento, foram vistos de forma equivocada e descriminada, semelhantes aos criminosos fora do seu habitat natural.
De forma branda e generosa, compreendiam que
o “mau não pode perturbar o que é genuinamente bom“, da mesma forma que, “o diamante perdido no lodo não deixa de ser diamante” e apenas respondiam pela indelicadeza com um bondoso: “Deus te abençoe!”
Um gesto simples define paz e simpatia, permitindo-nos refletir na grandiosidade de, ao invés de agredir, produzir a oportunidade de fazer o bem, pois a felicidade não é deste mundo de provas e expiações.
O homem é o arquiteto, o construtor da própria infelicidade (Lei de Causa e Efeito). Somos, na realidade, os artífices da aproximação (prática do bem) e distanciamento (mal proceder/apego à matéria) da felicidade.
Nesses momentos, percebe-se que não basta admirar o Cristo e explicar as suas lições redentoras. Compete a cada um de nós exemplificarmos os seus ensinamentos, caso contrário tornar-se-á impossível divisar a Luz do Mestre.
Reconhecemos, assim, que não basta impor o Cristo e divulgar-lhe os preceitos. É imprescindível acompanhá-lo para que estejamos na bênção da luz.
“Andai como filhos da luz.” — disse Paulo. (EFÉSIOS, 5:8.)
Essa história da convicção, da vida futura, vem do período neolítico (12.000 a.C. a 4.000 a.C.), bem antes dos antigos egípcios, que já sabiam da existência da vida após a morte. Entretanto, ao observarmos as civilizações antigas da Índia e da Pérsia, encontramos patenteada a idéia de sobrevivência da alma após a morte.
A tão decantada filosofia de Sócrates e Platão enche-nos, sobremaneira, de encantamento em sua concepção fundamentalmente racional, lógica e conclusiva com relação à continuidade da vida após a morte do corpo físico, ou seja, é um assunto já definido, estudado, debatido e concluído, de prego batido e ponta virada, cujas luzes determinam que a imortalidade da alma seja um fato concreto, é uma Lei de Deus, não dos homens.
Respingam em pleno século XXI, dúvidas sobre a imortalidade da alma, persiste um materialismo arraigado ao ego. Em apenas 1/3 da humanidade, certamente roga-se a assistência de Jesus com os lábios, sem abrir o coração à influência divina, sem proporcionar a melhora e qualidade de seus sentimentos íntimos, pois dessa forma, torna-se remota a colaboração espiritual.

Podemos, então, indagar: Por que, sendo a Lei Verdadeira, tão poucos percebem e a compreendem? Daí recordamos que, à época de Jesus, eram poucos os seus seguidores, talvez em função do Cristianismo primitivo, sublime e puro, exigir de cada um mais amor, benevolência e desprendimento das coisas materiais.
Imensa é a responsabilidade daqueles que detém o tesouro do apostolado da redenção, riqueza da Luz, da Verdade, que vai além do dinheiro, da vaidade, do poder e do prestigio, para discernirmos com precisão que os instrumentos precisos são amor e serviço, humildade e paciência, como sendo os maiores pedestais capazes de elevar-nos ou pôr em evidência ante ao Pai, nosso Criador.
Evidentemente, reclamamos muito da vida material de barriga cheia (quantos não possuem o básico/básico, ou seja, comida-remédio-moradia-transporte), do nosso Ter que nunca se satisfaz. Dedicamos a quase totalidade de nosso tempo às nossas aquisições materiais, vícios e paixões. Todavia, como enquadramos os valores eternos do espírito, como compreender (e viver) a sua essência espiritual e única primordial para alcançar a felicidade. Por acaso, não nos sensibilizamos ainda com a dor do próximo.
Na cidade de Sousa, citaremos apenas três nomes da década de trinta, o do engenheiro civil Dr. Ferreira, do professor Virgílio Pinto, conhecido como professor Senhorzinho e de Albino Cordeiro. Homens íntegros, portadores de uma conduta moral ilibada e culto tanto no âmbito do conhecimento acadêmico, quanto no saber Divino.
Na cidade de Cajazeiras, os pioneiros foram os bancários Sr. José Campos Cordeiro (Casa dos Espíritas de Pernambuco Recife-PE) e Zaneli Brito (União Fraternal Espírita Campina Grande-PB), ambos do Banco do Brasil e o advogado Dr. Dutra. Embora, existissem mais algumas dezenas de pessoas conhecedoras das verdades eternas, ficava patente como a grande maioria buscava ignorar a maestria das Leis Universais.
Em nível de Brasil, são inúmeros os pesquisadores da imortalidade da alma, nomes que se dedicaram ao estudo da Lei Divina, especificamente na pequenina Paraíba, em tempos idos, enumeramos o humilde presidente da Federação Espírita da Paraíba, o irmão José Augusto Romero quefundou o Lar da Criança e a Casa das Vovozinhas, em João Pessoa, sem deixarmos de citar alguns países que despontaram nesta pesquisa de análise científica como Inglaterra (Sir Oliver Lodge - Sir William Fletcher Barret), Estados Unidos (Prof. Joseph Banks Rhine - Ian Stevenson), França (Dr. Gabriel Delanne - Camille Flammarion), Alemanha (J.K. Friedrich Zöllner - Barão de Schrenck Notzing), Itália (Cesare Lombroso - Dr. Ernesto Bozzano), dentre outros países.
Acreditamos que o desvairo induzido da busca do Ter, deixando a refletir qual filosofia tem dado ênfase à posse do Ter em detrimento da pureza de consciência e da fé inabalável no futuro. Tem prejudicado e obnubilado a grande maioria dos encarnados, onde buscamos criar necessidades ilusórias, bens materiais supérfluos que na verdade são obstáculos à nossa evolução.
Allan Kardec indaga aos venerandos Espíritos, na questão nº 926, de “O Livro dos Espíritos“, a seguinte pergunta: “A civilização, criando novas necessidades, não é a fonte de novas aflições?”
Na resposta, o Espírito relata sobre o homem e suas “necessidades” ilusórias. Finalizando que, “O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades”.
É elementar (apesar de inconcebível para alguns) a premissa de que todos nós somos irmãos, independente de credo, religião, raça, para tanto é necessário que tenhamos os olhos do Mestre, que a todos amou, demonstrando que o sentido da Vida é a felicidade. Que só seremos felizes fazendo a felicidade alheia.
De fato, relata-nos o respeitável escritor Richard Simonetti, no seu livro “Fugindo da Prisão”, a história de Miller e Moore, que prega o perdão dos algozes e a assistência mútua. Em prece, junto aos presos daquele presídio, com trabalhos forçados e tratamentos rigorosos ao ser humano, dizia:
“Procurei a minha alma e não a encontrei...”
“Procurei o Senhor meu Deus e não o vi...”
“Procurei o meu irmão e encontrei os três.”
Finalmente, está em nós continuar reclamando ou agradecendo pela curta passagem nesta Terra, pois a felicidade é um estado da alma. Plantamos o que desejarmos, entretanto, a colheita é obrigatória, não é permitido nos eximirmos da plantação realizada. Segundo Geraldo Campetti Sobrinho, “Qualquer coisa pode ser razão para reclamar ou agradecer, a depender do ponto de vista.”

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