segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sócrates

Sócrates

Sócrates

Nasceu em 470 a.C., em Atenas, filho de Sofrônico, um escultor, e de Fenáreta.

Nos primeiros anos, aprendeu Sócrates a arte do pai e enquanto esculpia, meditava e estudava; através da reflexão pessoal, buscava na elite de Atenas o conhecimento filosófico da época.

Seu casamento com Xantipa em nada alterou o seu modo de vida.

Ingressou na política, tornando-se funcionário público e magistrado, mantendo-se porém rígido em seu modo de pensar; foi soldado valoroso e a política não conseguiu deturpar a sua formação, o seu temperamento crítico; servia a pátria, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos e temperados, divergindo nisto dos sofistas que agiam para o próprio proveito.

O seu modo rígido de vida, criou-lhe inimizades e descontentamento geral, hostilidade popular.

Com aparência de chefe de uma aristocracia intelectual, teve contra si acusações sérias partidas de Mileto, Anito e Licon de corruptor da mocidade e de negar os deuses da pátria, introduzindo outros.

Sua defesa foi frágil, preferindo o juízo eterno da razão.

Foi condenado à pena capital; deram-lhe de beber cicuta, uma infusão de ervas venenosas.

A característica de sua filosofia é a introspeção e exprime-se no célebre lema:

“conhece-te a ti mesmo”, isto é, “torna-te consciente de tua ignorância”, como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência mediante a virtude.

Sócrates não deixou nada escrito; foram os seus discípulos, Xenofonte e Platão, os responsáveis pelo registro dos ensinamentos e da biografia do grande mestre.

Toda filosofia de Sócrates volta-se para o mundo humano, espiritual, com finalidades práticas e morais.

Mostra-se cético a respeito da Cosmologia e da metafísica, um ceticismo de fato e não de direito; dedica-se a uma ciência da prática dirigida para os valores universais.

O fim da filosofia é a moral; no entanto, para realizar o próprio fim, torna-se preciso conhecê-lo; para construir uma ética é necessária uma teoria; a “gnosiologia” deve preceder logicamente, a moral. Se o fim de filosofia é prático, o prático depende, por sua vez, inteiramente, do “teorético”, no sentido de que o homem tanto opera quanto conhece; virtuoso é o sábio, malvado o ignorante.

O moralismo socrático é equilibrado pelo mais radical intelectualismo, racionalismo, que se coloca contra todo voluntarismo, sentimentalismo, pragmatismo, ativismo, etc.

A filosofia socrática resume-se na gnosiologia e na ética, sem metafísica.

A gnosiologia de Sócrates, que se concretiza no seu ensinamento dialógico, donde deve ser extraída e se esquematizada nos seguintes pontos fundamentais: ironia, maiêutica, introspecção, ignorância, indução, definição.

 
Antes de tudo, cumpre desembaraçar o espírito dos conhecimentos errados, dos preconceitos, das opiniões; este é o momento da ironia, ou seja, da crítica.

Sócrates, como os sofistas, posto como finalidade diversa, reivindica a independência da autoridade e da tradição, a favor da reflexão livre e da convicção racional.

Logo, será possível realizar o conhecimento verdadeiro, a ciência, mediante a razão.

Isto significa que a instrução não deve consistir na imposição extrínseca de uma doutrina ao discípulo, mas o Mestre deve tirá-la da mente do discípulo, deve seduzi-la pela razão imanente e constitutiva do espírito humano, o que é um valor universal.

É a famosa “maiêutica” de Sócrates, que declara auxiliar os “partos” do espírito. Há aqui uma certa influência da genitora de Sócrates que era parteira.

Esta interioridade do saber, esta intimidade da ciência, fixa-se no famoso dito socrático e muito usado na linguagem maçônica: “Conhece-te a ti mesmo”, que no pensamento, do filósofo significa, precisamente, consciência racional de si mesmo, para organizar racionalmente a própria vida.

Entretanto, consciência de si mesmo quer dizer, antes de tudo, consciência da “própria ignorância” inicial e, portanto, necessidade de superá-la pela aquisição da ciência.

Esta ignorância não é ceticismo sistemático, mas apenas, metódico, um poderoso impulso para o saber, embora o pensamento socrático fique no agnosticismo filosófico por falta de uma metafísica, pois, Sócrates achou, apenas, a forma conceptual da ciência, não seu conteúdo.

Por ciência, naturalmente, Sócrates não limitou o conhecimento da época, mas sim, quis referir-se à necessidade da investigação, do estudo.

O procedimento lógico para realizar o conhecimento verdadeiro, científico, a indução ou melhor, remontar do particular ao universal, da opinião à ciência, da experiência ao conceito.

Como Sócrates é o fundador da ciência em geral, mediante a doutrina do conceito, assim é o fundador, em particular, da ciência moral, mediante a doutrina de que eticidade significa racionalidade, ação racional.

Virtude é inteligência, razão, ciência, não sentimento, rotina, costume, tradição, lei positiva, opinião comum.

Tudo isto tem que ser criticado, superado, subindo até à razão, não descendo até à animalidade.

Sócrates levava a importância da razão para a ação moral até aquele intelectualismo que, identificando conhecimento e virtude, bem como ignorância e vício, tornava impossível o livre-arbítrio.

Sócrates não exauriu a problemática levantada, mas deixou para Platão e Aristóteles o início do estudo da metafísica e o complemento de sua obra.

Nas lições maçônicas, os conceitos socráticos são repetidos ainda hoje, pois o itinerário traçado por Sócrates é diuturnamente percorrido pelos maçons que não esgotaram a ciência da moral.

A filosofia socrática constitui uma das pedras angulares do grande Edifício da filosofia maçônica.



Rizzardo da Camino
O Companheirismo Maçônico





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