terça-feira, 27 de dezembro de 2011

PRINCÍPIOS MAÇÔNICOS - Tornar feliz a humanidade


PRINCÍPIOS MAÇÔNICOS: Tornar feliz a humanidade.
Exemplo dos maçons gauchos, sob à égide do Grande Arquiteto do Universo, em perseverar no bem, na justiça, no Amor e na Caridade.

"Aqui e no mundo, maçons ou não, lutemos pela Ética, Justiça e Respeito!"

#Balaústre nº 67

Aos 18 dias do mês de setembro de 1835 E.’. V.’. e 5835 V.’. L.’., reunidos em sua sede, sito à Rua da Igreja, nº 67, em lugar Claríssimo, Forte e Terrível aos tiranos, situado abaixo da abóbada celeste do Zenith, aos 30º sul e 5º de latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande, dependências do Gabinete de Leituras, onde, neste momento, funciona a Loj.’. Maç .’. Philantropia e Liberdade, com o fim de, especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário, com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e a dignidade do povo Riograndense, se reuniram IIr.’. da LOJA.

 
A sessão foi aberta pelo Ven .’. Mestre, Ir.’. Bento Gonçalves da Silva. Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças de nossos IIr.’. José Mariano de Mattos, nosso ex - Ven .’. , Ir.’. José Gomes de Vasconcellos Jardim, Ir.’. Pedro Boticário, Ir.’. Vicente da Fontoura, Ir.’. Paulino da Fontoura, Ir.’. Antônio de Souza Neto e deste Ir.’. Domingos José de Almeida, que serviu como Secretário, lavrando o presente Balaústre.

 
Logo de início, o Ven .’. Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião, de caráter extraordinário, informou que o nosso movimento revolucionário estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida, é dia vinte de setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do nosso Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no País.

Na ocasião, ficou acertada a tomada da Capital da Província pelas tropas dos IIr.’. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto o Ir.’. Vasconcellos Jardim como o Ir.’. Onofre Pires, ao serem informados, responderam que estariam a postos, aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Ir.’. Vicente da Fontoura, o qual sugeriu que tomássemos o máximo cuidado, pois que, certamente, Braga, o Presidente da Província, seria avisado do nosso movimento.

 
O Tronco de Beneficência fez a sua circulação e rendeu a medalha cunhada de 421$000, contados pelo Ir.’. Tes.’. Pedro Boticário. Por proposição do Ir.’. José Mariano Mattos, o Tronco de Beneficência foi destinado à compra de uma Carta da Alforria de um escravo de meia idade,no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade.



Foi depois realizada uma poderosa Cadeia de União, pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo Riograndense, lutaríamos pela Liberdade, Igualdade e Humanidade, pedindo a força e proteção do G.’. A.’. D.’. U.’. para todos os IIr.’. e aos seus companheiros, que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven.’. Mestre que todos deveriam confiar nas LL .’. do G.’. A.’. D.’. U.’. e depois, como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados nossos trabalhos, do que eu, Ir.’. Domingos José de Almeida, como Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que nossa História, através dos tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens “livres e de bons costumes”, empenhou-se com o risco da sua própria vida, para restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo sul de nossa querida Pátria.
Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 da E.’. V.’., 18º dia do sexto mês, Tirsi, da V.’. L.’. do ano de 5835.
Ir .’. Domingos José de Almeida
Secretário



OBSERVAÇÕES MINHAS: ( como bom gaucho...)
Realmente, como previa aquela ata da Loja “Philantropia e Liberdade”, uma grande Revolução, (conhecida depois como “Farroupilha”), eclodiria 2 dias depois da reunião da Loja , em 20 de Setembro de 1835. O Ven:. Mestre da Loja, Ir:. Bento Gonçalves da Silva, foi o líder inconteste do movimento, de caráter federalista e republicano que durou 10 longos anos, deixando todos os combatentes em “farrapos”. Foi um verdadeiro drama no qual figuras históricas de primeira grandeza foram protagonistas, como por exemplo o Ir.’. italiano Giuseppe Garibaldi e o Ir.’. Duque de Caxias (este do lado do Império).



No período da Regência os gaúchos estavam divididos, irreconciliáveis, Conservadores (chimangos) de um lado e Liberais (maragatos) de outro lado; estes, com um maior apoio nas camadas populares – daí, também, derivou o nome da Revolução “ Farrapos” - que foi feita, principalmente por motivos econômicos, contra a pesada taxação que caía sobre o charque e o couro do Rio Grande do Sul.



Bento Gonçalves, Presidente da Província, havia sido chamado à Corte. Denunciado como rebelde e acusado de promover a separação da Província do Rio Grande do resto do Brasil, defendeu-se com brilhantismo e voltou em triunfo ao Rio Grande, mas ainda assim, ele foi destituído pelos Conservadores, o que foi a causa imediata da Revolução.



A Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, foi uma das páginas mais fabulosas da História do Brasil, cheia de acontecimentos maçônicos, que merecem ser contados.

Terminou após 10 (dez) anos de luta intensa, um verdadeiro fratricídi . E pasmem... ao final, na hora da rendição dos gaúchos, atuou em nome do Império Central do Brasil, o nosso Irmão Duque de Caxias: 2 maçons assinaram a paz Duque de Caxias de um lado e Bento Gonçalves do outro lado. Não foi rendição incondicional!!... algumas condições foram negociadas, por exemplo: na bandeira do Rio Grande do Sul - até hoje!! – está lá escrito : ”República do Piratini – Liberdade, Igualdade e Humanidade – 1835”.





Ir.’. Artur O. T. Costa

Piracicaba / SP

SETº / 2003

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA: a íntegra deste Balaustre, (Ata), foi publicada na Revista Maçônica “Engenho & Arte” nº 3/99, página 96.



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