A INGRATIDÃO
(Decassílabos Brancos)
Irmão Moysés Augusto Torres, 33º
A Ingratidão é algo mui terrível
E mais cruel ainda se apresenta,
Quando surgida de onde não se espera.
A Ingratidão dói mais que a própria dor:
A dor a gente sofre, aceita e esquece,
Pois não maltrata quando vai embora...
A Ingratidão destrói a confiança
E cheira mal e cria tal ambiente
Deixando a gente, assim, desnorteado.
A Ingratidão é mais que simples erro
Nega a Amizade, destruindo a Fé
E desconhece a Solidariedade.
A Ingratidão alia-se a mentira,
Finge amizade sem a conhecer,
Nega a Pureza e traz um gosto amargo.
A Ingratidão - difícil descrevê-la:
Só quem a sofre sabe quanto dói
Ver no parceiro falsa identidade.
A Ingratidão em si caracteriza
A falsa imagem pretendida dar
De quem outrora se dizia amigo.
A Ingratidão maltrata e deprime
Por que se sente e sofre muito mais
Ao ver desmoronar uma Amizade.
A Ingratidão nos mostra o aventureiro
Que foge sempre em face a tempestade
Sem recordar que já fora atendido...
A Ingratidão iguala-se à traição:
Sempre nos pega, assim, desprevenido
Ferindo mais que a flecha do inimigo.
A Ingratidão é, pois, na realidade,
A ausência do Supremo Criador
Harmonizando a nossa convivência!...
O pecado da Ingratidão
Conta uma lenda Judia, que certa vez um homem foi condenado à morte. Na prisão, este homem foi acertado por muitas vezes com grandes pedras atiradas por carrascos. O réu suportou em silêncio o terrível castigo. Nenhum grito se ouviu dele. Na sua condição, compreendia que a desgraça havia caído sobre ele e que seus gritos de nada serviriam.
Passou por ali um homem que havia sido seu amigo. Pegou uma pequena pedra e atirou na direção do condenado. Somente para demonstrar que não era do seu partido. O pobre condenado, atingido pela diminuta pedra, deu um grito estridente.
O rei, que assistia tudo, ordenou que um dos seus lacaios perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pequena pedra, depois de haver suportado sem se perturbar as grandes.
O condenado respondeu: as pedras grandes foram atiradas por homens que não me conhecem, por isso me calei. Mas o pequeno seixo foi jogado por um homem que foi meu companheiro e amigo. Por isso gritei. Lembrei de sua amizade nos tempos de minha felicidade. E agora vi sua felicidade quando me encontro em desgraça.
O rei compadeceu-se e ordenou que o pusessem em liberdade, dizendo: solte-o, mais culpado do que ele era aquele que abandonara na desgraça.
Fonte: Jeremias Antonio de Carvalho
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