domingo, 9 de março de 2014

O TEMPO




O TEMPO



 

Todas as criaturas gozam o tempo – raras aproveitam-no.
Corre a oportunidade – espalhando bênçãos.
Arrasta-se o homem – estragando as dádivas recebidas.
Cada dia é um país – de vinte e quatro províncias.
Cada hora é uma província – de sessenta unidades.
O homem, contudo é o semeador – que não despertou ainda.
Distraído cultivador – pergunta: “que farei”?

E o tempo silencioso responde – com ensejos benditos:
De servir – ganhando autoridade.
De obedecer – conquistando o mundo.
De lutar – escalando os céus.
O homem, todavia, – voluntariamente cego,
Roga sempre mais tempo – para zombar da vida,
Porque, se obedece – revolta-se, orgulhoso,
Se sofre – injuria e blasfema,
Se chamado a acertar as contas – lavra reclamações descabidas.

Cientistas – fogem da verdadeira ciência.
Filósofos – ausentam-se dos próprios ensinos.
Religiosos – negam a religião.
Administradores – retiram-se da responsabilidade.
Médicos – subtraem-se à Medicina.
Literatos – furtam-se à divina verdade.
Estadistas – centralizam a dominação.
Servidores do povo – buscam interesses privados.
Lavradores – abandonam a terra.
Trabalhadores – escapam do serviço.
Gozadores temporários – entronizam ilusões.

Ao invés de suar no trabalho – apanham borboletas da fantasia.
Desfrutam a existência – assassinando-a em si próprios.
Possuem os bens da Terra – acabando possuídos.
Reclamam liberdade – submetendo-se à escravidão.

Mas chega um dia – porque há sempre um dia mais claro que os outros,
Em que a morte – surge – reclamando trapos velhos…
O Tempo  recolhe, então – apressado – as oportunidades que pareciam sem fim…
E o homem reconhece – tardiamente preocupado -
Que a Eternidade Infinita – pede conta do minuto.

André Luiz

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