sexta-feira, 9 de julho de 2010

Diálogos com Têmis


Diálogos com Têmis



Denival Francisco da Silva *



Têmis, o que temes, em tempos de tamanho destemor?




- Temo a arrogância que aporta o coração dos que ascendem ao poder.

- Temo a perda da virtude, como a cupidez de estribilho.


- Temo o falso encanto, pura ilusão que entorpece corações vazios.

- Temo o engodo, quimeras a abrasar o espírito desprovido.

- Temo a epopéia de discursos inflamados com seus sons distorcidos.


- Temo a fraqueza dos fracos e a valentia dos fortes a sucumbi-los.

- Temo a algazarra da fama, lantejoulas que se apagam a falta de luz.

- Temo a ausência de contrapesos nos pratos da balança que sustento.

- Temo o afoito, o incauto, o antiético, o desleal, e o de coração duro.


- Temo a ignorância daqueles que podiam, mas não querem dela se livrar.

- Temo o silencia e quem em muito a dizer, mas não tem como soltar a voz.

- Temo a miséria que é desvelada aos olhos dos homens, mas encoberta aos seus sentimentos.


- Temo a alegria de quem se ilude com pouco, porque vive do nada que se tem.

- Temo a avareza e o desperdício, e tudo que se poderia melhor aproveitar.


- Temo a mim, de olhos por outros vendados e que a muito quero enxergar.


* Juiz de Direito em Goiânia (GO) e autor do livro Poemas iniciais em forma de Contestação. Editora Kelps. (www.kelps.com.br)
Gravura: Têmis Chorando, texto e gravura copiado do Blog Gerivaldo Neiva.

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