sábado, 20 de outubro de 2018

SINAL DE CONTENTAMENTO

SINAL DE CONTENTAMENTO
(republicação)

Questão que faz o Respeitável Irmão Alberto Antonio Terrabuio, Loja Coronel William H. Norris, 151, sem declinar o nome do Rito, Grande Loja do Estado de São Paulo, Oriente de Americana, Estado de São Paulo.
terrabuio@uol.com.br

Tenho vinte três anos de Ordem, Past Venerável (duas vezes) e gosto muito de pesquisar Maçonaria. Assim, gostaria se possível e se o Irmão souber, esclarecimento sobre o assunto abaixo, o qual, aliás, já pesquisei em inúmeras literaturas, sem sucesso, ou melhor, encontrando muito pouco ou quase nada na “A Simbólica Maçônica” de Jules Boucher, mais especificamente nas páginas 348/349, embora não tenha entendido.

Trata-se de uma prática nos Rituais da GLESP, onde na fase de encerramento dos trabalhos, o Ven∴ pergunta ao primeiro Vigilante:- E os OObr∴ estão satisfeitos? (EXCETO AS LUZES, TODOS BATEM COM A PALMA DA MÃO DIREITA NO AVENTAL). E o primeiro vigilante responde:- Eles assim o afirmam V∴M∴

Minha dúvida:- Por que do gesto ou sinal? Qual a base litúrgica disso? Se é uso e costume, onde se baseia?

CONSIDERAÇÕES: 

Primeiramente devo salientar que esse procedimento não é generalizado e não é prática da vertente latina da Maçonaria e muito particularmente ao REAA.

Esse costume, geralmente praticado por alguns costumes ingleses é haurido das antigas corporações da Maçonaria Operativa, quando no encerramento das etapas da obra, o Primeiro Vigilante pagava e despedia os obreiros até que se reunissem novamente para a próxima fase dos trabalhos. 

Naquela oportunidade era costume de os obreiros baterem com as mãos sobre os seus aventais operativos (como para bater o pó) em sinal de agradecimento e contentamento. Daí o termo “contentes e satisfeitos”.

O costume de fechar a Loja pelo Primeiro Vigilante acabou ingressando como modo de tradição na Maçonaria Especulativa e por extensão nos rituais da Moderna Maçonaria – note no Ritual que quem fecha a Loja é o Primeiro Vigilante.

Como enxerto o costume de se bater nos aventais acabaria por pegar carona nessa oportunidade indistintamente, inclusive na vertente latina da Maçonaria que não se aprofunda e nem exerce essa prática originária da vertente inglesa.

Como infelizmente muitos ritualistas “acham” tudo bonito, acabam por misturar costumes sem dar qualquer explicação lógica. Daí, provavelmente, alguns rituais de vertente latina, receberiam o dito enxerto. No andamento da dança, não ficaria de fora o Rito Escocês Antigo e Aceito que sabidamente é de origem francesa.

Talvez por costumes oriundos do Craft norte-americano (vertente inglesa) por maçons americanos no início do Século XIX na França esse procedimento tenha aparecido.

Como todos acham - mas não explicam - tudo muito bonito os fatos acabam acontecendo sem qualquer explicação, inclusive sem a observação da doutrina do Rito.

Assim a prática é apenas um gesto que alude ao contentamento do final da jornada no costume inglês, nunca no francês. Do mesmo modo a prática não é considerada um sinal maçônico.

Antes de finalizar devo salientar que os meus apontamentos se prendem à tradição e a pureza do Rito Escocês, sem que com isso esteja eu recomendando desrespeito aos rituais em vigência e legalmente aprovados. Ritual em vigor, mesmo equivocado, deve se rigorosamente cumprido - mesmo que ninguém consiga explicar a razão de um ato ritualístico.

Por fim o gesto de “contentamento” não é original no Rito Escocês, senão à prática em alguns costumes do Craft (inglês).

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.250 Florianópolis (SC) - domingo 2 de fevereiro de 2014

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