sexta-feira, 12 de outubro de 2018


SEM OSTENTAÇÃO



A Maçonaria é uma instituição humanitária de caráter fraternal e filosófico. Logo, torna-se desnecessário ponderar que ninguém poderá conhecer filosofia sem estudar, sem ler muito. 

O verdadeiro Maçom deve ser devotado à leitura de livros Maçônicos e não um simples repetidor de coisas, nas Sessões Maçônicas, nem sempre proferidas com acerto. Por vezes, elas são ditas também por quem ouviu de outrem, de fonte pouco merecedora de crédito. 

A Maçonaria não se limita a despertar o pensamento e a incentivar o sentimento. Seu fim é agir sobre a conduta real do homem, impondo-lhe a fiscalização de si próprio. 

O homem está exposto a agir mal, pensando estar fazendo o bem. O sentimentalismo confessional protege a ignorância e engendra o vício. O rigorismo protestante exalta a fé, mas, muitas vezes, é falho de sinceridade e de generosidade. Há homens políticos que, sonhando com a perfeição, se enxovalham na lama da vaidade e da concupiscência. 

Existe, também, um sentimentalismo Maçônico. Para muitos Maçons, o desinteresse é um princípio abstrato ou a liberalidade não influi em seus atos; sua virtude é um ideal sem vida; tem, como o poeta, transportes viris, mas são luzes fugazes que iluminam, por instantes, sua imaginação e nada mais. Para esses, não há vitória nem progresso sobre si mesmos. Assim, ficam toda a vida ocupando um lugar nos banquetes das Lojas, mas nunca serão Maçons melhores do que no dia de sua iniciação de aprendiz. Para esses, o mundo verdadeiro não passa de um espetáculo, sua vida é inconsciente e a Verdade é um jogo de palavras. Todos têm sentimentos; poucos possuem princípios. O sentimento é uma impressão passageira, banal, facilmente refletida, raramente dominada. 

A Maçonaria só se preocupa com princípios. Aplaudir o direito e sentir o erro é a história do homem. Quem, pois, preconiza a injustiça, a opressão, a avareza ou a inveja? Ninguém! Quantos, porém, são injustos, opressores, avarentos e invejosos? 

Todos falam, em termos, indignados da concupiscência, da infâmia! Quantos, entretanto, são covardes diante de um sacrifício do menor prazer e avarentos se lhes pedir a menor parcela de seus bens? Dir-se-á, com razão, que procuram ocultar a consciência em um invólucro de palavras. 

Sensuais e egoístas, exprimimos, sinceramente, nossa aversão ao vício e ao egoísmo, mas nós mesmos justificamos nossas evidentes contradições. 

O Maçom saberá fazer o bem sem ostentação, mas não sem utilidade para todos. É proibido a ele fechar os olhos, assim como ao soldado ocultar sua bandeira diante do inimigo que passa. A vida do simples cidadão tem, às vezes, necessidade de tanta bravura como a do soldado nos campos de batalha. 

A Maçonaria honra os heróis, embora desconfiando um pouco, por que sabe que os verdadeiros heróis são raros. Ela conhece a história da vida real; sabe que os bons Obreiros são os que trabalham sem esmorecer: na calma, no silêncio e sem glória. 

São inúmeros os que passam os dias a produzir pequenos, mas sólidos resultados; os que foram verdadeiramente agentes do progresso, os operários manuais, os arquitetos, os engenheiros, os subalternos, os Obreiros modestos da ciência diante dos quais os ilustres reconheceriam haver usurpado o renome e roubada a glória de suas obras. 

Uns e outros morrem e são, na aparência, muito indiferentes à fama ou ao esquecimento de seus nomes. Mas, os verdadeiros trabalhadores tiveram, durante a vida, a alegria profunda da verdade por eles descoberta e da obra saída de suas mãos e, talvez, a única admiração de uma esposa, de um filho ou de um amigo lhes fez a alma rejubilar-se deliciosamente, como não puderam sentir todos os triunfadores da terra. 

A vida é curta, ainda que dure um século; mas a vida do homem laborioso é sempre longa. O trabalho prova a verdadeira coragem e encerra os verdadeiros prazeres. 

Aquele que não cultivar a inteligência fará de si mesmo um animal incapaz de se ocupar de outra coisa a não ser daquela em que consiste o destino dos animais. 

Tende, pois, o bom senso de procurar a felicidade onde ela está. Nisso consiste a sabedoria que Deus, o Grande Arquiteto do Universo, levou aos homens e cujas verdades ninguém poderá ouvir sem profunda admiração. 

Desgraçado o Maçom que não as compreender! 

Se a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento, torna-se inadmissível a existência de uma escola sem estudos e desprovida de estudantes.

Ir Benedito Araújo Manso
Parintins - AM

Publicado en 15/12/2013

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