
terça-feira, 30 de outubro de 2018
segunda-feira, 29 de outubro de 2018
A expressão “Era Vulgar” e o Calendário Maçônico
Desde os idos mais antigos a humanidade utiliza-se de certos
referenciais para delimitar um determinado espaço de tempo. Os astrônomos
servem-se de acontecimentos naturais ou fenômenos a que se referem os seus
cálculos, como as revoluções da Lua, os equinócios e solstícios, os eclipses e
a passagem dos cometas. Os cronologistas e historiadores, servem-se também de
certos acontecimentos que tiveram influência sobre o gênero humano. Designam-se
as épocas enunciando os fatos notáveis a que se referem: Criação do mundo,
fundação de Roma e o nascimento de Cristo, entre outros. Primitivamente, os
tempos eram calculados em gerações: a Bíblia, por exemplo, conta dez gerações
antes do Dilúvio e outras dez depois do Dilúvio. Já segundo Heródoto (Grego
considerado o Pai da História) e a maior parte dos autores da época, três
gerações correspondiam a cem anos. Posteriormente, possivelmente no século
VIII, introduziu-se o uso das Eras, que consistiam no número de anos civis de
um povo que decorriam desde uma época notável, tomada como ponto de referência,
e que dava o nome à era adotada.
Quanto à etimologia da palavra “Era”, é um tanto controversa.
Alguns indícios apontam que teve sua origem na Espanha e, acredita-se, ser a
contração das iniciais A.E.R.A. encontradas nos monumentos antigos e que
significam Annus Erat Regni Augusti (era o ano do reinado de Augusto) ou Ab
Exordio Regni Augusti que significa “Do começo do reinado de Augusto”, pois os
Espanhóis iniciaram seus cálculos a partir do período que o país ficou sob o domínio
de Augusto. Outros dizem derivar da palavra latina aes, aeris (bronze), porque
das medalhas e moedas desse metal se deduzia a data do acontecimento notável
que serviu de começo a uma serie de anos. As palavras era e época tem certa
relação entre si, mas contudo são bem distintas: Era, é o número de anos
decorridos desde certo acontecimento notável; época é o momento desse
acontecimento. De todos os marcos de início que se poderiam escolher, nenhum
seria mais apropriado e natural do que o próprio começo do tempo, isto é: o
instante do ponto de partida da primeira volta da Terra em torno do Sol, no
princípio do mundo. Todos os povos tomariam este instante se tivesse sido
possível determiná-lo. Não o sendo cada povo adotou, como já dissemos, uma Era:
A dos Judeus funda-se na criação do Mundo, segundo o Gênesis; a dos antigos
Romanos, na fundação da sua Capital; a dos Gregos, no estabelecimento dos jogos
Olímpicos; a dos Egípcios, na ascensão de Nabonassar, primeiro rei da
Babilônia, ao trono daquele Império; a dos Cristãos no nascimento de Cristo.
Já a expressão Vulgar tem origem no Latim Vulgaris ou Vulgus
e primitivamente significava “pessoas comuns” ou seja, aqueles que não são da
realeza. Isto pelo menos até meados do século XVI quando a palavra Vulgar
passou a ter o significado de algo “grosseiramente indecente”. Foram os Judeus,
no entanto, que substituíram o antes de Cristo e o depois de Cristo por antes e
depois da Era Vulgar. Como a Era Cristã, sob a denominação de Era Vulgar, é a
mais empregada, serve de termo médio e de comparação com as outras, as quais
podem se classificar em Eras antigas, as anteriores à Era Vulgar, e Eras
Modernas, as posteriores. A Era Vulgar, portanto, designa o calendário
Gregoriano mundialmente adotado. Para entender como a expressão Era Vulgar
passou a ser empregada na Maçonaria, é preciso lançar mão do Calendário
Maçônico. O primeiro ano do Calendário Maçônico é o Ano da Verdadeira Luz, Anno
Lucis em Latim, ou simplesmente V.´.L.´. ou A.´.L.´. como empregado na datação
de antigos documentos Maçônicos do século XVIII, e interpretado como Latomorum
Anno ou, como no texto original em inglês que serviu de base para esta
pesquisa, “Age of Stonecutters” – que significa “Idade dos Cortadores de
Pedra”. A determinação do Ano da Verdadeira Luz teria sido com base nos
cálculos de James Usher, um bispo Anglicano nascido no ano de 1581, em Dublim.
Usher havia desenvolvido um cronograma que começava com a criação do mundo
segundo o Livro de Gênesis, que precisou ter ocorrido as 09 horas da manhã do
dia 23 de Outubro de 4004 A.C., com base no texto Massotérico (texto em
hebraico que deu origem à vários capítulos da Bíblia) ao invés do Septuaginta
(antiga tradução grega do Velho Testamento). Neste contexto, James Anderson fez
constar em sua Constituição de 1723 a adoção de uma cronologia independente da
religião, pelo menos no contexto britânico da época, com o objetivo de afirmar,
simbolicamente, a Universalidade da Maçonaria. Foi aceito, portanto, que o
início da Era Maçônica deu-se 4000 anos antes da Era Comum ou Vulgar. Nota-se o
que parece ser um pequeno arredondamento de quatro anos entre os cálculos de
Usher e o que foi adotado nas Constituições de Anderson. O Ano Maçônico tem o
mesmo comprimento do ano Gregoriano, no entanto, começa em 01 de março – assim
como o Ano Juliano que ainda estava em vigor quando da redação das
Constituições de Anderson. No calendário Maçônico os meses são designados pelo
seu número ordinal. Assim, 01 de março de 2011 da E.´. V.´. seria o dia 01 do
mês 01 do ano de 6011 da V.´.L.´., segundo Anderson.
Se por um lado existem claras referências nas Constituições
de Anderson a eventos calculados segundo a regra que citamos, por outro tal
prática parece não ter sido adotada como regra geral. Os antigos maçons dos
Ritos de York e Francês adicionavam 4000 anos à Era Vulgar, conforme as
Constituições de Anderson. No entanto Maçons do Rito Escocês Antigo e Aceito
utilizavam o calendário judaico, adicionando 3760 anos à Era Vulgar. Já os
Maçons do Arco Real utilizavam-se da data de construção do segundo Templo, ou
530 anos antes da Era de Cristo. Qualquer que seja o motivo que tenha levado a
tantas variações nos diferentes Ritos, um calendário maçônico é baseado na data
de um evento ou um começo, e estas referências eram usadas em documentos
oficiais das Lojas. As datas históricas são símbolos de novos começos, e não
devem ser interpretadas como se já houvesse uma loja maçônica no Jardim do
Éden… A idéia só foi concebida para se transmitir que os princípios da maçonaria
(e não a maçonaria em si) são tão antigos quanto a existência do mundo. Vejo
que qualquer outro significado Maçônico para estas datas não passam de um
desejo dos primeiros maçons escritores de criar uma linhagem antiga para a
Maçonaria, nos moldes de suas imaginações.
No Brasil há registros de que o GOB utilizava, nos primórdios
da maçonaria Nacional, um calendário equinocial muito próximo do calendário
hebraico, situando o início do ano maçônico não em 01 de março como sugere
Anderson, mas no dia 21 de março (equinócio de outono, no hemisfério Sul) e
acrescentando 4000 aos anos da Era Vulgar, datando seus documentos com o ano da
V.´.L.´.(A.´.L.´.). Desta maneira, o 6° mês Maçônico tinha início a 21 de
agosto (primeiro dia do sexto mês) e o 20° dia era, portanto, 09 de setembro da
E.´.V.´., como situa um Boletim do GOB de 1874, isto segundo o Irm\ José
Castellani, em sua obra “Do pó aos arquivos”. Outro bom exemplo é a imagem do
topo deste artigo, retirado da Ata de Iniciação de D. Pedro I :
O fato é que datar pranchas e documentos maçônicos com o ano
da V.´.L.´. caiu em desuso, talvez porque hoje saibamos que nosso sistema solar
existe há mais de 4,5 bilhões de anos. Utilizar o calendário Gregoriano e
referir-se a ele como E.´.V.´., é a pratica mais comum nos dias atuais.
Bibliografia:
Philosophical
e Mathematical Dictionary – Vol I – 1815 – Google Books
Peça de Arquitetura do Irm\ Antonio Carlos Rios – Academia
Maçonica de Letras do MS – COMS-COMAB
Pesquisas Objetivas – http://www.calendario.cnt.br/pesquisas2004.htm
The Masonic
Manual by Robert Macoy – Revised Edition – 1867
Do pó aos arquivos – José Castellani
Web Site da Grande Loja Maçônica de Minnesota-USA
Considerações do Irm\ Reinaldo Roberto Gianelli Jr.
Fonte: blog.msmacom.com.br
domingo, 28 de outubro de 2018
Aparências
Não acuse o irmão que parece mais
abastado. Talvez seja simples escravo de compromissos.
Não condene o companheiro
guindado à autoridade. É provável seja ele mero devedor da multidão.
Não inveje aquele que administra,
enquanto você obedece. Muitas vezes, é um torturado.
Não menospreze o colega conduzido
a maior destaque. A responsabilidade que lhe pesa nos ombros pode ser um
tormento incessante.
Não censure a mulher que se
apresenta suntuosamente. O luxo, provavelmente, lhe constitui amarga provação.
Não critique as pessoas gentis
que parecem insinceras, à primeira vista. Possivelmente, estarão evitando
enormes crimes ou grandes desânimos.
Não se agaste com o amigo
mal humorado. Você não lhe conhece todas as dificuldades íntimas. Não se
aborreça com a pessoa de conversação ainda fútil. Você também era assim quando
lhe faltava experiência.
Não murmure contra os jovens
menos responsáveis. Ajude-os, quanto estiver ao seu alcance, recordando que
você já foi leviano para muita gente.
Não seja intolerante em situação
alguma. O relógio bate, incessante, e
você será surpreendido por inúmeros problemas difíceis em seu caminho e no
caminho daqueles que você ama.
André Luiz
sábado, 27 de outubro de 2018
Realidades
O palhaço que você ironiza é,
frequentemente, valoroso soldado do bom ânimo.
A mulher, extremamente adornada,
que você costuma desaprovar, em muitas ocasiões está procedendo assim para
ajudar numerosas mãos que trabalham.
A cantora que baila sorrindo e da
qual você comumente se afasta entediado, na suposição de conservar a virtude,
geralmente procura ganhar o pão para muitos familiares necessitados, merecendo
consideração e respeito.
O homem bem-posto, que lhe parece
preguiçoso e inútil, talvez esteja realizando trabalhos que você jamais se
animaria a executar.
Não julgue o próximo pelo
guarda-roupa ou pela máscara. A verdade, como o Reino de Deus, nunca surge com
aparências exteriores.
André Luiz
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
Fraternidade
Fraternidade é árvore bendita,
Cujas flores e ramos de esperança
Buscam a luz eterna que se agita,
Rumo ao país ditoso da bonança.
É a fonte cristalina em que descansa
A alma humana fraca, errante e aflita;
É a luminosa bem-aventurança
Da mensagem de Deus, pura e infinita!...
Vós que chorais ao coro das procelas,
Vinde, irmãos! Desdobrai as vossas velas!...
Não vos sufoque o horror da tempestade
Fraternidade é o derradeiro porto,
A terra da união e do conforto,
Que habitaremos na Imortalidade.
João de Deus
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
Ajuda e passa
Estende a mão fraterna ao que ri
e ao que chora:
O palácio e a choupana, o ninho e
a sepultura,
Tudo o que vibra espera a luz que
resplendora,
Na eterna lei de amor que
consagra a criatura.
Planta a bênção da paz, como
raios de aurora,
Nas trevas do ladrão, na dor da
alma perjura;
Irradia o perdão e atende, mundo
afora,
Onde clame a revolta e onde
exista a amargura.
Agora, hoje e amanhã, compreende,
ajuda e passa;
Esclarece a alegria e consola a
desgraça,
Guarda o anseio do bem que é lume
peregrino...
Não troques mal por mal,
foge à sombra e à vingança,
Não te aflija a miséria,
arrima-te à esperança.
Seja a bênção de amor a luz do
teu destino.
Alberto de Oliveira
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
Sonetos
1
Tudo passa no mundo. O homem passa
Atrás dos anos sem compreendê-los;
O tempo e a dor alvejam-lhe os cabelos,
À frouxa luz de uma ventura escassa.
Sob o infortúnio, sob os atropelos
Da dor que lhe envenena o sonho e a graça,
Rasga-se a fantasia que o enlaça,
E vê morrer seus ideais
mais belos!...
Longe, porém, das ilusões desfeitas,
Mostra-lhe a morte vidas mais perfeitas,
Depois do pesadelo das mãos frias...
E como o anjinho débil que renasce,
Chora, chora e sorri, qual se encontrasse
A luz primeira dos primeiros dias.
2
Ah!... se a Terra tivesse o amor, se cada
Homem pensasse no tormento alheio,
Se tudo fosse amor, se cada seio
De mãe nutrisse os órfãos... Se na estrada
Do contraste e da dor houvesse o anseio
Do bem, que ampara a
vida torturada,
Que jamais viu um raio de alvorada
Dentro da noite eterna que lhe veio
Do sofrimento que ninguém conhece...
Ah! se os homens se amassem nessa estância
A dor então desapareceria...
A existência seria a ardente prece
Erguida a Deus do seio da abundância,
Entre os hinos da paz e da alegria.
Raimundo Correia
Francisco Cândido Xavier - Parnaso de Além-Túmulo
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
A INSTALAÇÃO DE UM VENERÁVEL MESTRE
Esse é um tema um tanto quanto comentado na Maçonaria contemporânea. Há tantas teorias, histórias e invenções sobre o assunto que se torna até difícil tratá-lo de forma concisa.
Você pode ler por aí que Instalação é a mesma coisa que Investidura ou que Posse. Isso não é verdade.
Você também pode ler que Instalação é um costume que a Maçonaria copiou dos Cavaleiros Templários. Isso é viagem.
Talvez você leia em algum lugar que Instalação é uma influência da Igreja Católica na Maçonaria. Isso é besteira.
Você também poder se deparar com a teoria de que Instalação é uma cerimônia adaptada de um Grau Superior do Real Arco Americano, chamado de Grau de Past Master. Essa é uma grande idiotice.
Em primeiro lugar, instalação significa “ato de instalar”, sendo o verbo “instalar” originado do termo latim “installare”, que significa “introduzir na cadeira”. Assim sendo, instalação é algo maior do que uma simples investidura ou posse. Os Oficiais são investidos no cargo, tomam posse. Mas apenas o líder é “introduzido na cadeira”, ou seja, é “instalado”.
Esse costume de instalar o Mestre da Loja, de sentá-lo no Trono de Salomão, não nasceu com a Grande Loja Unida da Inglaterra, ou com o Ritual de Emulação, ou mesmo com algum Grau Superior. Pelo contrário, esse costume é mais antigo do que tudo isso e ainda mais antigo que o Grau de Mestre Maçom.
Como todos sabem (ou pelo menos deveriam saber), antigamente só havia 02 Graus: Aprendiz e Companheiro. Então, os Companheiros escolhiam entre eles aquele para governar a Loja, o qual era instalado na “Cadeira do Oriente” e chamado de Mestre da Loja. Na própria 1ª versão da Constituição de Anderson, datada de 1723, não havia ainda citação do Grau de Mestre Maçom, que só foi acrescentado na edição seguinte, mas já havia o antigo costume de “instalar” o Venerável Mestre.
Esse costume da Maçonaria Inglesa se deveu à cultura monárquica dos britânicos. Afinal de contas, os reis também são “instalados” no trono quando assumem o posto, e se o Venerável Mestre simboliza o Rei Salomão, então nada mais justo dele ser devidamente instalado no trono. Daí muitos estudiosos também relacionam o uso do chapéu do Venerável Mestre com a coroa, e o uso do malhete com o cetro.
Já essa história de que a instalação foi adaptada do Grau de Past Master do Real Arco é a típica suposição maçônica. Alguém que fica sabendo que existe um grau no Real Arco que se chama “Past Master” e conclui que esse grau serviu de base para a Instalação de Venerável Mestre não pode ser considerado um Investigador da Verdade. É apenas mais um “achista” de plantão. Na verdade ocorreu exatamente o contrário: o grau de Maçom do Real Arco tradicionalmente era restrito a Mestres Instalados. Então, para não restringir o grau apenas àqueles que foram Veneráveis Mestres, foi criado um grau conhecido como “Past Master Virtual” que é apenas uma “Instalação Virtual” para que o membro que não seja um Mestre Instalado tenha o conhecimento mínimo para se tornar um Maçom do Real Arco. Portanto, foi a Instalação que serviu de base para o Grau de Past Master, e não o contrário.
Outra observação a se fazer quanto à Instalação é quem a realiza. O correto é que o Venerável Mestre realize a Instalação de seu sucessor. Ele se une com pelo menos três Mestres Instalados da Loja ou visitantes e forma o Conselho de Mestres Instalados, o qual realiza a Instalação. É direito daquele que está deixando o posto entregar o bastão, faixa, colar, malhete ou o que quer que seja ao que está assumindo. Isso faz parte do processo democrático.
Enfim, trata-se de um antigo costume maçônico inglês com valor simbólico importantíssimo para a manutenção da cultura maçônica através das Lojas, e por isso adotado por praticamente todos os Ritos e Rituais regulares do mundo.
A qualidade dada ao Mestre Maçom de Mestre Instalado na Maçonaria Simbólica advém do reconhecimento do obreiro como sendo um mestre experiente, detentor de conhecimento maçônico e de sabedoria, capacidades estas essenciais para a liderança dos irmãos de sua loja. Ao ser eleito, o Mestre Maçom passa por um processo de instalação, assumindo, assim, o cargo da Presidência da Administração. Enquanto na presidência, tem a responsabilidade de administrar a loja bem como orientar, conduzir e instruir os demais irmãos nas sessões ritualísticas. É o principal responsável pela união dos integrantes da loja. Após o final de sua gestão, passa a pertencer a um grupo seleto de mestres que compõe o Colégio de Mestres Instalados. Em razão da experiência, constumeiramente os Mestres Instalados são chamados à atuar como conselheiros de suas Lojas.
sábado, 20 de outubro de 2018
SINAL DE CONTENTAMENTO
SINAL DE CONTENTAMENTO
(republicação)
Questão que faz o Respeitável Irmão Alberto Antonio Terrabuio, Loja Coronel William H. Norris, 151, sem declinar o nome do Rito, Grande Loja do Estado de São Paulo, Oriente de Americana, Estado de São Paulo.
terrabuio@uol.com.br
Tenho vinte três anos de Ordem, Past Venerável (duas vezes) e gosto muito de pesquisar Maçonaria. Assim, gostaria se possível e se o Irmão souber, esclarecimento sobre o assunto abaixo, o qual, aliás, já pesquisei em inúmeras literaturas, sem sucesso, ou melhor, encontrando muito pouco ou quase nada na “A Simbólica Maçônica” de Jules Boucher, mais especificamente nas páginas 348/349, embora não tenha entendido.
Trata-se de uma prática nos Rituais da GLESP, onde na fase de encerramento dos trabalhos, o Ven∴ pergunta ao primeiro Vigilante:- E os OObr∴ estão satisfeitos? (EXCETO AS LUZES, TODOS BATEM COM A PALMA DA MÃO DIREITA NO AVENTAL). E o primeiro vigilante responde:- Eles assim o afirmam V∴M∴
Minha dúvida:- Por que do gesto ou sinal? Qual a base litúrgica disso? Se é uso e costume, onde se baseia?
Primeiramente devo salientar que esse procedimento não é generalizado e não é prática da vertente latina da Maçonaria e muito particularmente ao REAA.
Esse costume, geralmente praticado por alguns costumes ingleses é haurido das antigas corporações da Maçonaria Operativa, quando no encerramento das etapas da obra, o Primeiro Vigilante pagava e despedia os obreiros até que se reunissem novamente para a próxima fase dos trabalhos.
Naquela oportunidade era costume de os obreiros baterem com as mãos sobre os seus aventais operativos (como para bater o pó) em sinal de agradecimento e contentamento. Daí o termo “contentes e satisfeitos”.
O costume de fechar a Loja pelo Primeiro Vigilante acabou ingressando como modo de tradição na Maçonaria Especulativa e por extensão nos rituais da Moderna Maçonaria – note no Ritual que quem fecha a Loja é o Primeiro Vigilante.
Como enxerto o costume de se bater nos aventais acabaria por pegar carona nessa oportunidade indistintamente, inclusive na vertente latina da Maçonaria que não se aprofunda e nem exerce essa prática originária da vertente inglesa.
Como infelizmente muitos ritualistas “acham” tudo bonito, acabam por misturar costumes sem dar qualquer explicação lógica. Daí, provavelmente, alguns rituais de vertente latina, receberiam o dito enxerto. No andamento da dança, não ficaria de fora o Rito Escocês Antigo e Aceito que sabidamente é de origem francesa.
Talvez por costumes oriundos do Craft norte-americano (vertente inglesa) por maçons americanos no início do Século XIX na França esse procedimento tenha aparecido.
Como todos acham - mas não explicam - tudo muito bonito os fatos acabam acontecendo sem qualquer explicação, inclusive sem a observação da doutrina do Rito.
Assim a prática é apenas um gesto que alude ao contentamento do final da jornada no costume inglês, nunca no francês. Do mesmo modo a prática não é considerada um sinal maçônico.
Antes de finalizar devo salientar que os meus apontamentos se prendem à tradição e a pureza do Rito Escocês, sem que com isso esteja eu recomendando desrespeito aos rituais em vigência e legalmente aprovados. Ritual em vigor, mesmo equivocado, deve se rigorosamente cumprido - mesmo que ninguém consiga explicar a razão de um ato ritualístico.
Por fim o gesto de “contentamento” não é original no Rito Escocês, senão à prática em alguns costumes do Craft (inglês).
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.250 Florianópolis (SC) - domingo 2 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
Tua Benção
Não te queixes de cansaço na tarefa que Deus te
confiou: um filho a orientar, um lar a manter, o bem a construir ou algum princípio nobre a defender.
Recorda aqueles companheiros do mundo que suspiram por ligeira parcela das possibilidades que te enriquecem a vida: os que anseiam por movimentos livres e jazem parafusados no catre; os que desejariam comunicar aos semelhantes os mais belos sentimentos que lhes povoam a alma e sofrem a provação da mudez; os enfermos e desmemoriados que se atormentam na sede de um lar e vagueiam sem rumo, atirados à noite, mendigando assistência; e os outros muitos que aspirariam a socorrer aos irmãos em Humanidade, expondo as idéias de paz e reconforto, cultura e beleza que lhes brilham no espírito e permanecem trancados na obsessão ou que caminham dissipando os próprios recursos nas substâncias tóxicas que ainda não conseguiram erradicar das suas próprias vidas.
Teu trabalho - tua benção.
Seja lavrando o campo ou amoldando o metal, suportando com paciência algum calvário doméstico ou sofrendo as vicissitudes das causas públicas, não digas que te encontras em sacrifício por agradar a teus pais ou a fim de acompanhar determinado amigo, de modo a prestigiar um parente amado ou em benefício desse ou daquele irmão.
Se guardas o privilégio de servir, amparando aos outros, está edificando a felicidade, em favor de ti mesmo.
Lembra-te de que todos nos achamos interligados nas criações da Divina Sabedoria.
Embora transformado e redistribuído por muitas mãos, à maneira da força elétrica que procede da usina, ou trabalho que se te confia vem positivamente da Bondade de Deus.
Meimei
quarta-feira, 17 de outubro de 2018
INVESTIGAÇÃO DA VERDADE NA
MAÇONARIA
A expressão “investigação”,
normalmente precedida pelas palavras “livre” e “sem limites”, corre risco de
declinar seu sentido para atitudes que fogem ao cunho maçônico para a qual foi
criada. No mundo profano, de imediato, associamos a palavra “investigação” a
questões policiais e a palavra “verdade” como o oposto da mentira, no sendo de
desvios.
Diante das informações que nos
causam indignação, automaticamente a retransmitimos. Com o dedo em riste e
armados com uma espada flamejante, bradamos: “minha honra é ilibada”. Então,
nos arvoramos de arauto da verdade, e, com o escudo da liberdade de expressão,
julgamos, condenamos, prendemos e executamos arbitrariamente. Assim como Abel,
temos mais um Irmão morto.
Hoje, no mundo da tecnologia, com
um celular na mão nós nos transformamos em sucursais voluntários das agências
de notícias. Cuidado! Os mais afoitos em se auto intitularem agentes maçônicos
da “ABIN”, inevitavelmente, acabam por serem “engolidos” pelas notícias falsas
(Fake news) e caem em descrédito diante dos Irmãos.
Atualmente, vivemos uma tendência
preocupante. Ocupamos nosso corpo e mente mais com as Instituições Maçônicas do
que com a própria Maçonaria na sua essência. Observamos mais a conduta do
Obreiro do que sua ação como Irmão. Procuramos mais os erros do que os acertos.
Não aprendemos a lição do Livro
da Lei, em João, capítulo 8, versículo 31: “E CONHECEREIS A VERDADE, E A
VERDADE VOS LIBERTARÁ”. Mas, o que é a verdade? Na nossa fraternidade, a investigação
não é uma devassa. Para nós, investigar é estudar, aprofundar e conhecer o
propósito de estarmos em nós mesmos.
NA MAÇONARIA, A VERDADE É O
CONHECIMENTO, A INSTRUÇÃO, A PROCURA DA SABEDORIA. POR ESTA RAZÃO, O ÚLTIMO
DEGRAU ONDE ESTÁ A CADEIRA DO VM É O DEGRAU DA VERDADE. Somos LIVRES para
canalizar nossas energias á PROCURA DE INSTRUÇÕES nas múltiplas áreas do
conhecimento. Não há LIMITES, quando o propósito é a VERDADE que NOS libertará.
Se, ao nosso juízo, nos depararmos com os que não conhecem da verdade, sejamos
EDUCADORES e não carrascos.
Este artigo foi inspirado no
livro “SIMBOLISMO DO PRIMEIRO GRAU” de autoria do Irmão Rizzardo da Camino. Na
página 53, o autor transcreve um dos princípios fundamentais da Maçonaria:
“A Maçonaria não impõe nenhum
limite à livre investigação da Verdade e é para garantir a todos essa liberdade
que ela exige de todos a maior tolerância.”
Neste décimo segundo ano de
compartilhamento de instruções maçônicas, mantemos a intenção primaz de
fomentar os Irmãos a desenvolverem o tema tratado e apresentarem Prancha de Arquitetura,
enriquecendo o Quarto-de-Hora-de-Estudos das Lojas. Precisamos incentivar os
Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo
cultural, moral, ético e de formação maçônico.
IR.·. SÉRGIO QUIRINO
FONTE: JORNAL DO APRENDIZ, PÁGINA
21, Nº 135, 15.10.2018.
terça-feira, 16 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
A MAÇONARIA EXISTE PARA UNIR OS HOMENS, NÃO PARA SEPARÁ-LOS
01/08/2018
Irmão Adolfo Ribeiro Valadares, Grão-Mestre
Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás
Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás
“Somente pela fraternidade, a liberdade será preservada”.
Victor Hugo
A Maçonaria universal se estrutura sobre três
pilares indissolúveis e que não se separam: liberdade, igualdade e
fraternidade.
Essa união de homens livres e de bons costumes tem difundido entre as
sociedades, espalhadas por todos os cantos da Terra, por milênios, a
necessidade de união de todos em prol do bem comum e do bem-estar da
humanidade.
Quando nos reunimos, em fraternas assembleias, invocamos a proteção do
Grande Arquiteto do Universo, como denominamos Deus, ou o Espírito Criador que
tudo rege no universo, e nos propomos a caminhar em uma senda de verdadeira
luz.
Se buscarmos conceitos tão plenos de bondade e justiça como esses,
nosso caminho não pode ser senão o da união, da paz e da irmandade, que reúne
homens e mulheres, em perfeita harmonia e concórdia. Desse modo, propomos a
todos os que se acercam de nós e levamos onde seja possível nossa voz ser
ouvida uma mensagem de edificação e evolução espiritual baseada na paz e no
bem.
Nós, Maçons, engajados na construção de um mundo melhor, mais
justo e fraterno, precisamos ter em nosso discurso a clara definição de nosso
compromisso com esses valores.
Além do discurso, precisamos ter na práxis, que é a ação concreta
baseada nessas ideias, o exemplo vivo de que a responsabilidade pela edificação
desse mundo que sonhamos começa em cada ato nosso, em cada gesto, em cada
desejo de agregar e não repelir, em cada sonho de fraternidade e viva comunhão
de ideais.
Se pensarmos o que é bom precisamos praticar o bem.
Se quisermos a união, devemos agregar nossos Irmãos a nós e nos
integrar cada vez mais a eles de igual modo.
Se quisermos construir uma humanidade fraterna, se impõe sermos
igualmente edificantes. Mas, isto tem um custo, que precisamos estar cientes e
dispostos a cumprir as obrigações para atingirmos esses objetivos.
Para unir os indivíduos a ideais comuns de fraternidade,
precisamos ter nas palavras o sentido formal e direto para esse fim. Na senda
da pavimentação desse caminho de união e fraternidade precisamos ter cuidado redobrado
com o que dizemos e como agimos.
Primeiramente, com as palavras ditas, porque a sabedoria empírica
explica que depois de dita a palavra não mais será buscada de volta.
Assim, precisamos saber sempre o momento de falar e o momento de
calar para que nossas palavras não sejam instrumentou desunião.
Precisamos refletir sempre sobre como abordar e termos resignação,
quando necessário, para não dizer somente o que sentimos e pensamos. Isso
poderá não ser edificante ou elemento de união.
Há no Livro da Lei, a Bíblia, que reúne diretrizes ordenadas pelo
Grande Criador, para seguirmos, inúmeras citações a esse respeito. Mas, uma em
especial mostra o quanto reside de poder em nossas palavras.
No Livro dos Provérbios há uma lição, de cunho singular sobre
isto: “A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte”. O ato concreto, as
ações em prol da construção dessa humanidade sonhada, passa obrigatoriamente
perto de destruição, pela aliança entre o discurso e os gestos.
A Maçonaria prega em suas Oficinas a edificação dessa humanidade
fraterna e exorta seus Irmãos a trabalharem, incessantemente, nesse sentido.
Nosso compromisso precisa ser de luta diária, para unir homens, grupos,
comunidades, nações e povos em um único sentido que seja o do bem e da paz para
todos.
Os Maçons precisam ser exemplos vivos do compromisso, do discurso
e das ações nesse sentido. Pregar a paz e a união implica em pensarmos cada
dia, cada instante, ano após ano, na edificação desse reino de harmonia e
concórdia.
Chamarmos os que estão ao nosso redor para essa prática também e buscarmos, nos
ensinamentos que os sábios nos legaram, as diretivas para atingirmos esses
ideais. Sabermos a hora de falar e de calar, de agir e de hibernar, de
construir e de ceifar, de plantar e de colher.
A Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás está, há 65 anos,
lutando para contribuir com essa construção. Chamamos nossos Irmãos para o
engajamento diuturno nesse compromisso, que sabemos ser a promoção da justiça
que queremos, que reine em nosso meio e da perfeição, que almejamos lapidar em
nossos corações.
Assim temos buscado fazer e rogamos ao Supremo Criador que assim
seja feito.
domingo, 14 de outubro de 2018
Dez Apontamentos de Paz
1º Aprenda a
desculpar infinitamente para que os seu erros, à frente dos outros, sejam
esquecidos e perdoados.
2º Cale-se,
diante do escárnio e da ofensa, sustentando o silêncio edificante, capaz de
ambientar-lhe a palavra fraterna em momento oportuno.
3º Não cultive
desafetos, recordando que a aversão por determinada criatura é, quase sempre, o
resultado da aversão que lhe impuseste.
4º Não permita
que o egoísmo e a vaidade, o orgulho e a discórdia se enraízem no seu coração,
lembrando que toda a idéia de superstimação dos próprios valores é adubo nos
espinheiros da irritação e do ódio.
5º Perante o
companheiro que se rendeu às tentações de natureza inferior, deixe que a compaixão
lhe ilumine os pontos de vista, pensando que, em outras circunstâncias, poderia
você ocupar-lhe a indesejável situação e o lugar triste.
6º Não erga a
sua voz demasiado e nem tempere a sua frase com fel para que a sua palavra não
envenene as chagas do próximo.
7º Levante-se,
cada dia, com a disposição de servir sem a preocupação de ser servido, de
auxiliar sem retribuição e cooperar sem recompensa, para que a solidariedade
espontânea te favoreça com os créditos e recursos da simpatia.
8º Esqueça a
calúnia e a maledicência, a perversidade e as aflições que lhe dilaceram a
alma, entendendo nas dores e obstáculos do mundo as suas melhores oportunidades
de redenção.
9º Lembre-se
de que os seus credores estão registrando a linguagem de seus exemplos e perdoar-lhe-ão
as faltas e os débitos, à medida que você se fizer o benfeitor desinteressado
de muitos.
10º Não julgue
que o serviço da paz seja mero problema da boca mas, sim, testemunho de amor
renúncia, regeneração e humildade da própria vida, porque, somente ao preço de
nosso próprio suor, na obra do bem, é que conseguiremos reconciliar-nos, mais
depressa, com os nossos adversários, segundo a lição do Senhor.
Se vos
internardes pelo terreno baldio da queixa, em breve, vos achareis mergulhados
no charco de compridos lamentações.
André Luiz
sábado, 13 de outubro de 2018
O Livro Livra
Cada livro
edificante é porta libertadora.
O livro
espírita, entretanto, emancipa a alma, nos fundamentos da vida.
O livro
científico livra da incultura, mas o livro espírita livra da crueldade, para
que os louros intelectuais não se desregrem na delinqüência.
O livro
filosófico livra do preconceito, no entanto, o livro espírita livra da
divagação delirante, a fim de que a elucidação não se converta em palavras
inúteis.
O livro
piedoso livra do desespero, mas o livro espírita livra de superstição, para que
a fé não se abastarde em fanatismo.
O livro
jurídico livra a injustiça, no entanto, o livro espírita livra da parcialidade,
a fim de que o direito não se faça instrumento de opressão.
O livro
técnico livra da insipiência, mas o livro espírita livra da vaidade, para que a
especialização não seja manejada em prejuízo dos outros.
O livro de
agricultura livra do primitivismo, no entanto, o livro espírita livra da ambição
desvairada, a fim de que o trabalho da gleba não se envileça.
O livro de
regras sociais livra da rudeza de trato, mas o livro espírita livra da irresponsabilidade
que, muitas vezes, transfigura o lar em atormentado reduto de sofrimento.
O livro de
consolo livra da aflição, no entanto, o livro espírita livra do êxtase inoperante,
para que o reconforto não se acomode em preguiça.
O livro de
informações livra do atraso, mas o livro espírita livra do tempo perdido, a fim
de que a hora vazia não nos arraste à queda em dívidas escabrosas.
Amparemos o
livro respeitável que é luz de hoje, no entanto, auxiliemos e divulguemos,
quantos nos seja possível, o livro espírita, que é luz de hoje, amanhã e
sempre.
O livro nobre
livre da ignorância, mas o livro espírita livra da ignorância e livra do mal.
Quem se
consagra a Jesus Cristo aprende a legar um mundo melhor aos que lhe seguem os
passos, através do concurso fraterno ao próximo e da bondade para com a vida de
que comunga nas lides habituais.
Emmanuel
Jesus e Pureza
Se foges de
quantos se aprisionam ainda à trama do vício, a pretexto de garantir a virtude,
lembra-te de Jesus que trazia consigo a pureza por excelência.
Porque
exprimisse a Glória Excelsa, não recusou nascer no estábulo humilde, convertendo
a estrebaria singela em sublime revelação, sob a luz de uma estrela.
Porque a
simplicidade Lhe fulgisse no ser, não se negou a falar com os doutores do
Templo, elucidando-lhes o cérebro hipertrofiado de orgulho, quanto às sagradas
leis do destino.
Porque fosse
imaculado de intenção e conduta, não se furtou de socorrer a Madalena que
claudicava na sombra, dela fazendo a mensageira triunfante.
Porque
expressasse o mais alto expoente da Luz Divina, de modo algum se afastou de
quantos, paralíticos e enceguecidos, leprosos e dementados, se mantinham no
mais baixo nível da treva, humana, restaurando-lhes a esperança para a vida
melhor.
Porque andasse
engolfado nas cogitações do Reino do Amor, que lhe absorviam todo o tempo no
mundo, não deixou de encontrar ensejo para afagar os filhos do sofrimento e as
crianças sem rumo, refazendo-lhes o caminho.
Porque
exaltasse o desinteresse, não desprezou Zaqueu, cujas mãos se azinhavravam na
usura, guiando-lhe o raciocínio para a Senda Superior.
Porque
brilhasse, leal a Deus, não desterrou Judas, o aprendiz infiel, da escola de trabalho
em que se lhe desdobrava o ministério de redenção.
Porque se
erigisse em baluarte de integridade e segurança, não desamparou Simão Pedro,
segregado nas armadilhas da negação.
E, por fim,
porque se mostrasse erguido à vitória da Suprema Ressurreição, não se encastela
nos domínios celestiais, mas volta, depois, do túmulo, ao convívio dos
desertores e dos ingratos, dos criminosos e dos verdugos que lhe haviam içado o
coração no madeiro afrontoso da morte, prometendo-lhes amorosa assistência até
o fim do séculos.
Não confundas,
assim, pureza com solidão, nem virtude com desserviço.
Estende os
braços para auxiliar e convive com todos aqueles que jornadeiam em teu caminho,
ofertando-lhes o melhor, porque o bem verdadeiro não consiste em te ocultar do
mal, mas sim em fazer do mal a lição para o bem.
Emmanuel
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
SEM OSTENTAÇÃO
A
Maçonaria é uma instituição humanitária de caráter fraternal e filosófico.
Logo, torna-se desnecessário ponderar que ninguém poderá conhecer filosofia sem
estudar, sem ler muito.
O
verdadeiro Maçom deve ser devotado à leitura de livros Maçônicos e não um
simples repetidor de coisas, nas Sessões Maçônicas, nem sempre proferidas com
acerto. Por vezes, elas são ditas também por quem ouviu de outrem, de fonte
pouco merecedora de crédito.
A
Maçonaria não se limita a despertar o pensamento e a incentivar o sentimento.
Seu fim é agir sobre a conduta real do homem, impondo-lhe a fiscalização de si
próprio.
O homem
está exposto a agir mal, pensando estar fazendo o bem. O sentimentalismo
confessional protege a ignorância e engendra o vício. O rigorismo protestante
exalta a fé, mas, muitas vezes, é falho de sinceridade e de generosidade. Há
homens políticos que, sonhando com a perfeição, se enxovalham na lama da
vaidade e da concupiscência.
Existe,
também, um sentimentalismo Maçônico. Para muitos Maçons, o desinteresse é um
princípio abstrato ou a liberalidade não influi em seus atos; sua virtude é um
ideal sem vida; tem, como o poeta, transportes viris, mas são luzes fugazes que
iluminam, por instantes, sua imaginação e nada mais. Para esses, não há vitória
nem progresso sobre si mesmos. Assim, ficam toda a vida ocupando um lugar nos
banquetes das Lojas, mas nunca serão Maçons melhores do que no dia de sua
iniciação de aprendiz. Para esses, o mundo verdadeiro não passa de um
espetáculo, sua vida é inconsciente e a Verdade é um jogo de palavras. Todos
têm sentimentos; poucos possuem princípios. O sentimento é uma impressão
passageira, banal, facilmente refletida, raramente dominada.
A
Maçonaria só se preocupa com princípios. Aplaudir o direito e sentir o erro é a
história do homem. Quem, pois, preconiza a injustiça, a opressão, a avareza ou
a inveja? Ninguém! Quantos, porém, são injustos, opressores, avarentos e
invejosos?
Todos
falam, em termos, indignados da concupiscência, da infâmia! Quantos,
entretanto, são covardes diante de um sacrifício do menor prazer e avarentos se
lhes pedir a menor parcela de seus bens? Dir-se-á, com razão, que procuram
ocultar a consciência em um invólucro de palavras.
Sensuais e
egoístas, exprimimos, sinceramente, nossa aversão ao vício e ao egoísmo, mas
nós mesmos justificamos nossas evidentes contradições.
O Maçom
saberá fazer o bem sem ostentação, mas não sem utilidade para todos. É proibido
a ele fechar os olhos, assim como ao soldado ocultar sua bandeira diante do
inimigo que passa. A vida do simples cidadão tem, às vezes, necessidade de
tanta bravura como a do soldado nos campos de batalha.
A
Maçonaria honra os heróis, embora desconfiando um pouco, por que sabe que os
verdadeiros heróis são raros. Ela conhece a história da vida real; sabe que os
bons Obreiros são os que trabalham sem esmorecer: na calma, no silêncio e sem
glória.
São
inúmeros os que passam os dias a produzir pequenos, mas sólidos resultados; os
que foram verdadeiramente agentes do progresso, os operários manuais, os
arquitetos, os engenheiros, os subalternos, os Obreiros modestos da ciência
diante dos quais os ilustres reconheceriam haver usurpado o renome e roubada a
glória de suas obras.
Uns e
outros morrem e são, na aparência, muito indiferentes à fama ou ao esquecimento
de seus nomes. Mas, os verdadeiros trabalhadores tiveram, durante a vida, a
alegria profunda da verdade por eles descoberta e da obra saída de suas mãos e,
talvez, a única admiração de uma esposa, de um filho ou de um amigo lhes fez a
alma rejubilar-se deliciosamente, como não puderam sentir todos os triunfadores
da terra.
A vida é
curta, ainda que dure um século; mas a vida do homem laborioso é sempre longa.
O trabalho prova a verdadeira coragem e encerra os verdadeiros prazeres.
Aquele que
não cultivar a inteligência fará de si mesmo um animal incapaz de se ocupar de
outra coisa a não ser daquela em que consiste o destino dos animais.
Tende,
pois, o bom senso de procurar a felicidade onde ela está. Nisso consiste a
sabedoria que Deus, o Grande Arquiteto do Universo, levou aos homens e cujas
verdades ninguém poderá ouvir sem profunda admiração.
Desgraçado
o Maçom que não as compreender!
Se a
Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento, torna-se inadmissível a existência
de uma escola sem estudos e desprovida de estudantes.
Ir∴ Benedito Araújo Manso
Parintins
- AM
Publicado
en 15/12/2013
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