sábado, 11 de agosto de 2018


Tristeza


Em toda parte, a tristeza surge na terra à maneira de sombra sob diversas modalidades.
Vemos a tristeza delituosa de quem não consegue arrojar-se ao despenhadeiro do crime.
Temos a tristeza desordenada daqueles que não puderam implantar a discórdia.
Auscultamos a tristeza destrutiva de quantos apenas encontraram frustração em seus planos perversos.
Sondamos a tristeza malévola daqueles que se viram inabilitados para ferir...
Identificamos a tristeza coagulante dos inimigos do trabalho que fazem das horas culto permanente à ociosidade e à penúria...
Tristeza da inveja que envenena a prosperidade dos outros...
Tristeza da maledicência que recolhe em seu curso o antídoto da bondade...
Tristeza do orgulho quando não logra sobrepor-se à virtude alheia...
Tristeza da vaidade que não pode elevar-se a galeria da ostentação...
Tristeza de ricos que ignoram deliberadamente as oportunidades de luz que lhes enriquecem a existência, encerrando-se, eles próprios, nas algemas de desregrada ambição e tristeza de pobres que olvidam conscientemente os recursos de amor que Deus lhes confere, aprisionando-se, eles mesmos, no cárcere da incontinência e da maldade, da revolta e da indisciplina...
Tristeza de moços que se esquecem dos próprios deveres e se arruínam na fúria de paixões deploráveis, e tristeza de velhos que fogem às obrigações que a madureza lhes delega e se anulam na corrente sombria do desespero e da dor inútil...
Mas a pior tristeza de todas é aquela que nasce da inconformação no aprendiz de Jesus, chamado a edificar a verdadeira alegria na Terra, porque, desconhecendo à sublimidade do sacrifício do Divino Mestre, que converteu a própria cruz em gloriosa ressurreição, o seguidor do Evangelho, trazido ao serviço da paz, à humildade e ao otimismo, que se recolhendo à tristeza vazia e estéril, é o maior agente de contaminação da preguiça e do desânimo, por fazer-se instrumento vivo dos anestésicos do mal.

Emmanuel

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