terça-feira, 27 de dezembro de 2016


RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

RIZZARDO DA CAMINO

 

 

A Maçonaria deixou de ser uma "sociedade secreta" para apresentar-se como uma Instituição Civil devidamente registrada nos Livros do Cartório competente, obtendo, assim, uma personalidade jurídica, sujeita às leis do País onde funciona. No Brasil, a Instituição tem progredido favoravelmente, multiplicando suas Lojas e registrando novos adeptos. Apesar da evolução em todos os sentidos, observada na Instituição, ela conserva os princípios fundamentais promulgados nas sucessivas Constituições, a partir de 1717, compiladas em 1723 por James Anderson, personagem que viveu entre 1680 a 1739; essas Constituições forem publicadas em 1723 e 1738 e precederam os "Manuscritos". Esses, eram compilados como manuscritos, apesar de já existir a tipografia e foram em grande número a partir do Poema Regius de 1390. Os Manuscritos são conhecidos como as "Old Charges" e constituem a base moderna da Maçonaria. O escritor Assis de Carvalho 1 relacionou a maioria deles, o que nos dá uma idéia da riqueza dessa literatura, infelizmente, desconhecida pela maioria dos maçons não tanto pelo desinteresse individual, mas pela escassez de literatura; Assis refere a existência de mais de 140, o que constitui uma verdadeira biblioteca. As Constituições de Anderson surgiram após os Manuscritos de Papwort, Roberts, Macnab e Hardon (entre 1714 a 1723) e tiveram grande divulgação; até hoje, é fácil encontrá-las, vez que são traduzidas por muitos Autores e inseridas em Manuais e Constituições de cada Grande Loja. O curioso desses Manuscritos e das Constituições é a ausência de uma definição sobre o que seja a Maçonaria. Dizem respeito, mais, sobre o comportamento maçônico, moral e social dos Adeptos. Paralelamente a esses Manuscritos e sucessivas Constituições, surgiram os Ritos. 2 Dentre mais de 200 Ritos, posto em uso, apenas alguns, no Brasil o Rito Escocês Antigo e Aceito, teve a preferência. Face a isso, julgamos apropriado, apresentar um trabalho que envolvesse todos os 33 Graus do referido Rito. Poucos são os autores brasileiros que nos brindaram com comentários ritualísticos completos; desconhecemos a existência de algum livro que apresentasse todo o Rito. Somos dos Autores que escreverem já, sobre todos os Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, porém fizemo-lo em oito partes separadas, sem a continuidade necessária para uma observação genérica e panorâmica de todo o Rito. Obviamente, resultou um trabalho restrito e conciso; como o fizemos, cada Grau presta-se a uma longa dissertação, o que resulta cansativo; num só volume resulta cômodo e de fácil manuseio; procuramos registrar os pontos fundamentais, com a preocupação de evitar comentar a respeito das "palavras de passe" e dos elementos "sigilosos". Nada impediria explanarmos com toda amplitude, os mínimos detalhes; no entanto, certos elementos são privativos de cada Grau e esse privacidade tem o escopo de evitar profanação. 1. A Maçonaria, Usos e Costumes: Francisco Assis Carvalho. 2. Ritos e Rituais de Francisco Assis Carvalho. Certa "reserva" é conveniente para manter uma unidade preservada aos adeptos, posto, sendo as palavras em hebraico de difícil interpretação, poucos consigam memorizá-las. Ademais, o assunto Maçonaria não encontra maior interesse entre os não maçons e assim o "vulgo profano" não tem acesso aos "sigilos", às partes preservadas e aos "segredos". Contudo, nem todos os Autores apresentam o mesmo escrúpulo e, com extrema facilidade, atiram as "pérolas" aos que possivelmente, as possam pisotear. Nossa preocupação é manter os princípios e filamentos filosóficos que podem resumirem-se na crença a Deus e no amor fraterno. Esse binômio conduz à conquista de uma série de virtudes. A crença em Deus, instituído por nós como Grande Arquiteto do Universo, não significa o surgimento de uma religião. Sabemos, perfeitamente, o que seja Religião: a religação entre Deus o a criatura humana; porém, através de um caminho pleno de dogmas e revelações particulares de pessoas predestinadas que se arvoram em Mensageiros diretos causando uma avalanche de expressões que diferem entre si, embora com a proclamação de exclusiva verdade. A "profissão de fé" do Maçom é simples: crer na existência de Deus, como divindade, sem a preocupação de detalhar essa crença e sem o afã de um contato direto, de um diálogo (oração) ou submissão total. Essa fé é raciocinada; a bondade que emana da Divindade deve ser imitada e assim, o Maçom, ama o seu próximo, antes mesmo de amar-se a si próprio. Duas são as partes essenciais: a espiritual que respeita a Deus e a material que se traduz no culto ao amor fraterno. A Maçonaria não apresenta um culto a Deus; ela o tem presente através dos símbolos, sendo o Livro Sagrado, um deles. O amor fraterno, esse, sim, é cultivado, exercitado e positivado. Crer em Deus e amar o seu Irmão, fazem do Iniciado um Maçom. A base que sustenta o Edifício é a tolerância. A Maçonaria não exclui a existência de dogmas quando esses são manifestados pelos seus adeptos; a tolerância leva ao respeito da crença de cada elo, mas com a exigência de que haja uma crença em Deus. A Maçonaria carreia todo seu empenho para a Iniciação. Crê que pode contribuir para uma Sociedade digna, oferecendo-lhe membros perfeitos, decorrendo essa perfeição da Iniciação. Existe uma complexidade de Iniciações partindo da básica do Io Grau, para o "ápice", passando por uma série de "provas" e enunciações. É sabido da existência da separação entre a Maçonaria Simbólica e a Filosófica; são dois campos isolados, mas que fazem parte de um todo. Há um traço de união entre os 33 Graus que é a Lenda de Hiram Abif e o desenvolvimento harmonioso dos Rituais. O Rito Escocês Antigo e Aceito é desenvolvido em toda amplitude no Brasil, e apesar da separação entre o simbólico e o filosófico, ambos os Corpos marcham unidos; praticamente, toda Loja Simbólica participa dos Altos Corpos sem que haja qualquer dissonância; ao contrário, percebe-se uma união muito mais estreita entre os Maçons. Os Maçons possuidores dos Graus superiores emprestam às suas Lojas Simbólicas excepcional força, nos trabalhos, desde o Grau 4 até o último. A Iniciação cria um estado de consciência próprio para desenvolver os Princípios básicos maçônicos; o trabalho lento e persistente conduz ao pleno conhecimento da Arte Real e daí o acerto de existência dos 33 Graus. O que exsurge dos Graus são os "Mistérios" que vêm assim definidos, no vernáculo: parte enigmática e oculta. Ao lado de Mística, o Mistério apresenta-se como se fora uma Coluna paralela; Mistério e Mística, possuem a mesma raiz na linguagem, posto sejam derivações isoladas. Os Mistérios da Iniciação Simbólica prolongam-se até o final do Rito, robustecendo-se de Grau em Grau, até a obtenção da Coroa gloriosa, posto de espinhos, dada aos Poderosos Soberanos Grandes Inspetores Gerais. Os Mistérios Maçônicos são constituídos de todas as verdades morais ocultas sob formas alegóricas, expressas por sinais, palavras, números, fórmulas, lendas e cerimoniais. Um dos Mistérios tidos como permanentes, é o fato de a Revelação permanecer oculta; constata-se essa Revelação de forma individual e reservada; ela surge na mente dos Maçons de forma Mística; cada um, a possui como um bem sagrado responsável pela atitude de vida desenvolvida. O amor para com um Irmão é um desses Mistérios que é responsável pelo elo de União. Esse é o Segredo maçônico que não pode ser revelado levianamente, mas mantido ciosamente; é o "segredo a dois" que purifica a amizade e busca a Perfeição, outro Mistério insondável. A Maçonaria não se desenvolveu isoladamente e espontaneamente; as suas alegorias, os seus símbolos, vieram do mundo antigo, em especial, do Egito, transformando-se em linguajar sagrado. A Maçonaria nasceu e subsiste para liberar o Espírito do Homem assim, ela apresenta-se, também, como essencialmente Espiritual. A consulta dos Mistérios da antiguidade, nas suas Iniciações, no campo filosófico, esotérico e místico, nos capacitará a compreender por que "trabalhamos em Loja" e sobretudo por que nossa Liturgia, nossos Símbolos e nossas práticas. Cada Grau, como se fora um "degrau de uma Escada", auxilia a compreensão do Grau precedente. O Rito Escocês Antigo e Aceito como um bloco só, surgiu, juntamente, pare dirimir dúvidas e capacitar compreensões. É evidente que havendo outros Ritos, eles atuam da mesmo forma, vez que se compõem, por sua vez, de um certo número de Graus que atuam independentemente. A finalidade da Maçonaria é "pinçar" do mundo profano os "escolhidos" (pela inspiração Divina) para congregá-los numa única Família, aperfeiçoando o ser humano. O Grupo (que não é muito numeroso) aparentemente, subsiste isolado, mas como ato de Mistério, dissemina-se entre a população influenciando a Sociedade, tornando-a melhor. Para tanto, não é preciso um trabalho "operativo"; essa influência automática. Com a melhora do indivíduo, melhora a Família e essa é a célula da Sociedade. No prefácio dos Estatutos Gerais promulgados em Lausanne, em 1820, constatamos: "Aquela união de homens sábios e virtuosos, que com alegórico significado apelida-se ordinariamente de "Sociedade dos Pedreiros Livres", foi considerada em todo tempo, como o santuário dos bons costumes, uma Escola de Virtude, o Templo da Filantropia. Por princípio, crê na existência de um Deus, que adora e respeita sob a fórmula de um Grande Arquiteto do Universo; tem por fim o aperfeiçoamento do coração humano é propõe-se, qual meio necessário para a obtenção dessa finalidade, o exercício e a prática de Virtude. A Sociedade dos Pedreiros Livres é de natureza eminentemente humanitária, ocupada a erigir a construir Templos à Virtude e cavar profundas masmorras ao vício". Essa definição tem inspirado as definições que se encontram em todo livro maçônico. Pelo seu conteúdo constata-se que resume ao máximo a atividade intelectual; registra com destaque, a construção de Templos e a adoração a Deus, criando certa confusão, vez que, sugere um "culto religioso". Essa "adoração", contudo, diz respeito à disposição da Alma em exteriorizar o amor que possui. Crer em Deus e o adorar, não é um princípio maçônico; cremos que em vez vocábulo "adorar" seria mais apropriado o de "obedecer", pois, sendo Deus, já significa que possui todo o poder e que esse deve ser aceito com submissão. A definição (e isso é um dos Mistérios) do que seja a Maçonaria, cada Maçom a traça dentro de si sem a necessidade de ser exteriorizada. Há uma ampla liberdade de pensamento garantida pelo próprio Poder Divino; cultuar a Deus dentro desse liberdade, não significa oposição, mas ao contrário, uma submissão amorosa. A Iniciação visa semear o amor dentro do coração do Iniciando como se fora uma semente que necessita germinada e cultivada até surgir como árvore frondosa. A definição quanto o que possa ser a Maçonaria tem percorrido um longo caminho e até hoje, posto enriquecidos os termos, não a temos gloriosamente como desejaríamos. Na Constituição de 1762 vem apresentado o fundamento da Instituição: "O regime de vida de nossos antepassados, nutridos e crescidos dentro da perfeição, apresenta um quadro, bem diverso, dos nossos costumes modernos. Naquele venturoso tempo, a Inocência, a Pureza e o Candor conduziam, naturalmente, o coração verso a justiça e a Perfeição. Porém, com o tempo, todos as virtudes destruíram-se causada pela corrupção dos costumes e do transviamento do Coração e da Inteligência: e a Inocência e o Candor periclitantes, desapareceram paulatinamente deixando a humanidade imersa nos horrores da miséria, da injustiça e da imperfeição. Não obstante, o vício não prevaleceu entre os nossos antepassados. Os nossos primeiros Cavaleiros souberam manterem-se afastados dos numerosos males que os ameaçavam de ruins e conservaram-se naquele feliz estado de Inocência, Justiça e Perfeição, que afortunadamente, legaram à posteridade, século após século, revelando os sagrados mistérios somente àqueles merecedores de participação; em cujos mistérios o Eterno permitiu que nós fôssemos iniciados". Nas "Novas e Secretas Constituições da Antiquíssima e Venerabilíssima Sociedade", promulgadas em 1786 por Frederico da Prússia, vem destacado: "Esta Instituição universal, cujas origens provêm do berço da Sociedades Humana, é pura nos seus dogmas e na sua doutrina: é sábia, prudente e moral nos seus ensinamentos; na prática, nos propósitos e nos meios: a recomendam, especialmente, a finalidade filosófica e humanitária que se propõe. Tem por objetivo a Harmonia, a Fortuna, o Progresso e o Bem-Estar da Família humana em geral e de cada homem, individualmente. Com tais princípios é seu dever trabalhar sem descanso e com firmeza até alcançar essa finalidade, única finalidade digna dela". Esses princípios fazem supor que eram observados rigorosamente e que a Instituição era formada por homens, realmente, sábios e de elevada moral. Qualquer comparação entre a, Maçonaria de hoje e a do passado, nos deixa frustrados; estamos, nós os Maçons, longe daqueles ideais, posto os relacionamos e exaltamos como princípios básicos. A Maçonaria talvez não tenha mudado, mas os seus adeptos, esses sim e como desafio de uma pretensa evolução Cremos que a base dessa "derrota" seja a pouca crença que depositem em Deus; a fé frágil que nos sustem, nos dá forças suficientes para mantermos o ideal maçônico, vivo, esperançosos de retomarmos à fé inicial e à pureza que nossos antepassados possuíam. Rever os propósitos de ontem nos anima para um amanhã promissor. Para tanto, torna-se necessário instruirmo-nos e instruir aos demais. Prosseguindo na nossa exposição vejamos como surgiu o Rito Escocês Antigo e Aceito: Dizer das origens do Rito Escocês Antigo e Aceito, constitui por certo, uma aventura.

 A autoridade de José Castellani 1 esclarece que o "escocesismo" nasceu na França stuartista, como primeira manifestação maçônica em território francês, precedendo a fundação da primeira Grande Loja de Londres (1717) remontando o evento ao ano de 1649, após a decapitação do Rei Carlos I, da família dos Stuarts, pelos partidários de Oliver Cromwell. É dito "Escocês" face à origem das personagens envolvidas em sua fundação que foi lenta, sofrendo inúmeras alterações. Assis Carvalho 2 nos relata: "Já dissemos que os Grandes nomes da Maçonaria Primitiva, eram escoceses. Que o primeiro Maçom Especulativo - John Boswell, iniciado em 8 de junho de 1600 -, era escocês, que a Primeira Loja Maçônica - a Loja de Kilwinning - por isso chamada de Loja Mãe do Mundo foi fundada na Escócia, que o Primeiro Compilador de uma Constituição Maçônica - o Reverendo James Anderson, em 1721, Constituição que até hoje rege os destinos de Maçonaria, no mundo todo, era escocês, que o idealizador dos Altos Graus, em 1737, André Miguel, Cavaleiro de Ransay, era escocês, o Primeiro Professor de Maçonaria - 1772, William Preston, também nascera na Escócia, e muitos outros". Não se pode confundir Rito com Ritual, vez que os primeiros trabalhos em Loja organizada obedeciam a outros Rituais que envolviam até o Grau 3; paulatinamente, os Graus Filosóficos foram surgindo e assim, o Grau 4, antes de 1740 atribuindo-se a sua criação ao Barão de Tschoudy. O atual Rito Escocês Antigo e Aceito, na realidade é recente, pois, firmou-se em 1801. Ouçamos o que Assis Carvalho compilou e que com sua autoridade deve ser considerado: "Com a morte de Etiene Morin em 1771 e a completa inoperância de Henry Franckem, a partir de 1783, o crescimento do Rito de Perfeição perdeu sua Direção Central. Seu desenvolvimento ficou nas mãos de alguns Deputados Inspetores Gerais, nomeados por Morin e por Franckem - e esses Irmãos foram os que levaram adiante o sonho dos Dois Donos do Rito. Voohris fez uma lista com aproximadamente 50 nomes de Inspetores Gerais, existentes em 1800, sendo que a maioria deles estava na América Central, e não na área de Charleston. Deputados Inspetores Gerais, estavam totalmente independentes de um Controle Central, durante o último quartel do século XVIII. E parece que eles estavam dando as boas-vindas ao dilúvio de Novos Ritos que estavam sendo criados na França, naquela época. 1. José Castellani: O Rito Escocês Antigo e Aceito 2. Ritos e Rituais Com a advento de Guerra da Independência Americana e suas consequências posteriores, durante a década que se seguiu, as comunicações entre as índias Ocidentais e a América do Norte ficaram deterioradas, difíceis. E o Rito de Perfeição começou a perder sua forma original, e o sistema de Altos Graus, no Hemisfério Ocidental, tornou-se caótico. Em 1795, dois cidadãos franceses chegaram a Charleston. Eram eles - Alexandre Francisco, conde de Crasse de Rouville, Marquês de Tilly, e seu sogro - João Batista Noel Maria De La Hogue. A esses dois franceses deve-se creditar-lhes a maior parte, na criação do Rito dos Maçons Antigos e Aceitos, de Charleston. Como não podia deixar de ser, seus métodos eram freqüentemente criticados como sendo impróprios. Mas deve ser levado em consideração que o período em que eles trabalharam com o Rito, foi um período, constante de guerras, para que se fizesse alguma coisa com mais capricho, com mais critério. O Conde Grasse-Tilly, como era sempre chamado, tinha ido para a América Central, ainda solteiro e casou-se em São Domingos a filha de La Hogue. Em 1791, estourou a rebelião dos negros escravos, em São Domingos. Como ex-oficial, Grasse-Tilly alistou-se como o Primeiro Voluntário, contra as forças rebeldes. Em 1795, a situação dos brancos da ilha estava péssima e tiveram de abandoná-la nas mãos dos rebeldes. Grasse-Tilly, De La Hogue, e seus familiares foram para Charleston, na Carolina do Sul, como refugiados. Eles permaneceram ali até 1802. Em 1798, Grasse-Tilly, fez uma curta viagem até São Domingos. Em Charleston ele foi convidado a ingressar no novo Exército Americano, no posto de engenheiro. Depois que eles deixaram São Domingos, ambos Grasse-Tilly e De La Hogue, atribuíram a si próprios o domínio do 32° Grau, embora esse Grau ainda não tivesse sido atribuído naquele Rito, como eles supunham. Ambos tinham também atribuído a eles mesmos, a Patente de Deputados Graus de Inspetores Gerais do Rito de Perfeição, que continha apenas 25 Graus. Não há informação de como eles adquiriram esses Títulos, embora houvesse Deputados Inspetores Gerais, em São Domingos, naquele, tempo, mas nenhum deles havia conferido aquele título a homens Maçons, de importância social tão elevada, como era o caso de Grasse-Tilly e seu sogro - De La Hogue. Quando se refugiaram em Charleston, ambos continuaram com suas atividades maçônicas. Com outros Maçons lá residentes, eles fundaram uma Loja de Católicos Romanos - a La Candeur (A Candura), e em 1801, Grasse-Tilly tornou-se o Grande Mestre de Cerimônias da Grande Loja da Carolina do Sul. Mas era nos seus Altos Graus que eles causavam impacto. De acordo com Mackey, uma Loja de Perfeição tinha sido instalada em Charleston, em 1783, por um Deputado Inspetor Geral: um americano chamado Isaac da Gosta e, em 1788, um Conselho de Príncipes de Jerusalém, também fora instalado ali. Em 12 de novembro de 1796, Hymanlong, que tinha recebido uma lista de Deputados Grande Inspetores Gerais, na Jamaica, no ano anterior (1795) estendeu a autoridade de Grasse-Tilly e outros franceses refugiados área de Charleston. Era difícil entender porque havia uma necessidade disso, se eles estavam sob as Leis de Constituição de 1762 e ela não limitava os campos de atividade dos Deputados Inspetores Gerais - isto é, a Constituição não fazia nenhuma menção dos Limites Territoriais, A ambição maçônica de Grasse-Tilly, era insaciável. No mesmo dia em que ele recebeu a Patente do Grau 25, conferida por Hymanlong, ele publicou, emitiu uma do Grau 33, para o seu sogro e diversos outros cidadãos franceses. Quando ele retornou a São Domingos após uma curta visita que fizera começo do ano, ele assinou uma patente, como Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho das índias Ocidentais Francesas, fundado por eles mesmos entre 1797 e 1798, quando viviam no "Exílio". Pode ser que isso tenha acontecido por um curto espaço de tempo, mas é muito duvidoso o que isso tenha acontecido. Não há registros de atividades maçônicas de Grasse-Tilly e De La Hogue - de 1798, até maio de 1801, quando o Supremo Conselho foi fundado. Mesmo na Ata de fundação, não aparecem suas assinaturas. As referências existentes, são de que estavam atarefados em planejar com seus amigos locais o início do Supremo Conselho Americano. Eles eram "experts" em Altos Graus Maçônicos e deviam estar bem informado sobre os Graus que tinham vindo da França, em décadas anteriores. Os americanos que estavam para fundar o Novo Supremo Conselho, deviam estar necessitados de suas ajudas, especialmente e particularmente, da notória habilidade de De La Hogue, em rascunhar documentos. Em 25 de maio de 1801, um encontro de portadores do Grau 33, em Charleston, queria ajudar, mas não sabiam como. Então Grasse-Tilly, De La Hogue e outros franceses, Membros do Supremo Conselho das índias Ocidentais Francesas, ajudaram, impondo suas próprias idéias, pois eram as únicas pessoas qualificadas para conferir Graus. O Soberano Grande Comendador do futuro Supremo Conselho Coronel John Mitchell, tinha sido contemplado com o título de Deputado Grande Inspetor Geral (25° Grau) em 1795. Ele, ainda, nem conhecia o futuro Tenente Grande Comendador - o Irmão Frederico Dalcho. Se os franceses - Tilly e De La Hogue, se negassem a conferir aos americanos o Grau 33, eles mesmos o auto-confeririam a si mesmos. O certo é que em 31 de maio de 1801, o Novo Supremo Conselho estava aberto, com uma imponente cerimônia. E assim foi fundado, em Charleston, o Supremo Conselho Americano do Rito Escocês Antigo e Aceito. E já começava errado, pois Antigo e Aceito eram os Maçons e a Maçonaria, o Rito não. O Rito acabava de ser fundado. E é o mais antigo sobrevivente Supremo Conselho do Mundo. E os Graus, como surgiram? Quem os selecionou? Os Graus 1, 2 e 3, eram administrados pelas Grandes Lojas Americanas que trabalhavam e ainda trabalham no Rito York Americano. O Supremo Conselho só teria autoridade nos Graus que iam do 4o ao 33° Grau. Havendo completa e absoluta independência entre os Corpos que regiam esses dois sistemas - Graus Simbólicos e Graus Filosóficos." A pequena história de cada Grau será apresentada oportunamente, na descrição respectiva. Vejamos como surgiram os três primeiros Graus, Graus básicos da Maçonaria Universal. Nosso trabalho, contudo, nunca poderá ser completo, vez que, a cada livro, vêm apresentados uma teoria e um histórico cada vez mais apurados. Nosso propósito é apresentar "uma visão geral" dos 33 Graus, mantendo-os num só Corpo porque afinal, são os 33 que fazem parte do Rito e que são Rito, quando agrupados sem qualquer exclusão. Entre nós, nenhuma Grande Loja e nenhum Grande Oriente isolam-se nos três primeiros Graus; todos os Membros de uma Loja tomam parte numa Loja de Perfeição, num Capítulo ou nos Conselhos. A beleza do Rito é que os Graus apresentam-se "entrelaçados" e a Lenda de Hiram Abif constrói-se paulatinamente tendo seqüência nos Graus sucessivos. Esperamos que o presente e modesto trabalho seja do agrado dos leitores maçônicos e útil como ensino básico para progredir nas partes filosóficas e litúrgicas. O Autor Prefácio Durante mais de vinte anos nos dedicamos a escrever sobre os trinta e três Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito. Apresentamos esses Graus, agrupados, nos livros Simbolismo do 1o, 2o e 3o Graus; Graus Inefáveis; Cavaleiro do Oriente, Príncipe Rosa Cruz e seu Mistérios, Kadosch e O Ápice da Pirâmide, obras que circulam pelo Brasil todo com várias reedições. Faltava um compêndio que abrangesse em um só livro, todos esses 33 Graus, tanto para uma visão global como para facilitar o estudo. Evidentemente, baseados nos livros já lançados, embora com alterações, entendemos escrever um só volume. O trabalho será útil porque resume todo o Rito apresentando de forma simples e até didática, o nosso conceito a respeito da Maçonaria, vez que o Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais propagado entre nós. Por uma questão de convenção, em Lausanne, houve a separação dos Graus simbólicos e Filosóficos, porém, o Rito os abarca em um só conteúdo. Para melhor compreensão, fomos obrigados a "transcrever" passagens dos Rituais que colocamos entre aspas, porém, os unimos ao nosso entendimento a respeito da filosofia global. Esperamos que a utilidade de obre satisfaça aos leitores e estudioso da Arte Real. É evidente que o leitor, para amplificar a visão, deve munir-se das monografias e assim, terá, frente a leitura dos Rituais respectivos, um entendimento prático. Nosso intuito não foi apresentar uma "obra-prima" reconhecemos desde já a existência de inúmeras falhas que devem ser relevadas. Destacamos que, precedendo cada Grau, colocamos o "Emblema Heráldico" respectivo. Nós os pedimos por "empréstimo" (perdoem os Autores) da magnífica obra italiana Gli Emblemi Araldici Delia Massoneria, cujos emblemas coloridos são um primor artístico; infelizmente não pudemos colocá-los coloridos, mas em preto e branco; mesmo assim, nos dão um panorama brilhante da obra artística de Lorenzo Crinelli e Cario Pierallini. A edição é da Convivio/Nardini Editore - Florença, Itália. Não se trata de um "plágio", mas sim, de uma divulgação; o livro é de difícil aquisição eis que impresso no ano de 1988. A Editora Madras envidou todos os seus esforços para apresentar um trabalho técnico admirável; a ela, os nossos agradecimentos. Entregamos, assim, aos leitores maçônicos, mais um "esforço" literários e auguramos proveito e utilidade. A todos, os nossos mais sinceros agradecimentos. O Autor O Grau de Aprendiz - grau 1o A origem dos Graus Simbólicos é confusa, vez que, inexiste um documento que a descreva; tudo é suposição, argumento e dedução. A primeira fonte, é a Lenda de Hiram Abif que seguindo a organização administrativa imposta pelo Rei Salomão, dispunha de três classes de trabalhadores: Aprendizes, Companheiros e Mestres; o próprio Hiram era um Mestre Arquiteto. O evento trágico envolvendo a morte de Hiram, foi protagonizado por três Companheiros. As Sagradas Escrituras, Io Livro dos Reis, informam palidamente sobre a construção do Grande Templo e fala-se em "trabalhadores" e "Chefes Oficiais", sendo o nome "servo" destinado ao próprio Salomão e a Davi, como "Servo de Deus". Não encontramos classificação hierárquica dos trabalhadores, apesar das diversas tarefas, como os talhadores de pedras, os carregadores e os artesãos. A divisão de Aprendizes, Companheiros e Mestres, é notada tão-somente na Lenda de Hiram Abif que, como lenda, não satisfaz e não preenche a lacuna; lenda é suposição baseada em algum aspecto histórico. Augusto Franklin Ribeiro de Magalhães 1 nos relata: "A primeira organização efetiva que se conhece data do ano 704 a.C. quando Numa Pompílio estabeleceu em Roma um sistema de vários colégios de artesãos, que possuía no ápice o Colégio de Arquitetos e englobava os gregos trazidos da África. Daí vieram os Colégios Romanos, similares às organizações gregas, de acordo com a legislação de Sólon. Tinham um regimento especial e celebravam suas reuniões (Logias) a portas fechadas, em locais próximos ao do trabalho. Conforme Pompier, seus componentes "estavam divididos em três grupos: aprendizes, companheiros e mestres e se obrigavam por juramento ante as ferramentas e os utensílios de seus ofícios e profissões a ajudar-se mutuamente e a não revelar os segredos de suas agrupações aos estranhos. Tinham o costume de admitir como membros de honra as pessoas que não pertenciam a seus ofícios, porém que eram consideradas úteis para os agrupamentos e se reconheciam entre si por sinais e palavras secretas Suas assembleias eram presididas por mestres eleitos para período de cinco anos, assessorados por dois inspetores ou vigilantes. Dedicavam-se à arquitetura religiosa, civil, naval e hidráulica e também dirigiam as construções militares, executadas por soldados." Esses Colégios perduraram até o ano, aproximadamente, 1200 para dar lugar às "Guildas". Sem maiores explicações, desses Colégios sacerdotes levaram a organização para os conventos, tomando a si o encargo de construção dos conventos e das catedrais. Se assim foi, pode-se afirmar que a incipiente Maçonaria, passara a um regime religioso, cuja influência (resquícios) permanecem até hoje, nos Rituais Maçônicos. Os monges, da Idade Média eram denominados de "Caementerii", "Latomii", e também de "Massonerii". 1. Simbologia Maçônica, Io volume. O "sigilo" não dizia respeito à organização em si, mas à profissão, "os segredos de cada profissão", em especial dos arquitetos que construíam as cúpulas, arcadias, alicerces suportando o peso da construção, o equilíbrio das traves e a dificultosa ramagem dos telhados. Os monges movimentando-se, chegaram à Alemanha no século XII fundando a Corporação dos Steinmetzen que reuniu os "talhadores de pedra" com as Guildas; evidentemente, a origem foram as construções romanas; os monges aperfeiçoaram a organização administrativa e a chefia tinha autoridade eclesiástica sobre os subordinados. Pertencer a essas organizações constituía um privilégio, tento como meio de subsistência, como de proteção, pois aqueles "artífices" eram respeitados pelas autoridades e pelo povo; todos tinham uma auréola de misticismo, formalizada pelo poder do clero. Prossegue Magalhães: "Essa associação, que passou a denominar-se de "Confraternidade dos Canteiros de Estrasburgo", alcançou notoriedade. Erwin de Steinbach que a dirigiu, submeteu ao bispo de diocese os planos para a construção da catedral de Estrasburgo e, ao mesmo tempo que iniciava as obras, deu aos seus operários uma organização que se tornou célebre em toda a Alemanha. Em 1275, foi realizada uma convenção histórica, talvez a primeira da Ordem. As Constituições de Estrasburgo, de 1459 as Ordenações de Torgau, de 1462, e o Livro dos Irmãos, de 1563, tornaram-se as Leis e Fundamentos que serviram de regra a essas corporações, até o aparecimento dos primeiros Sindicatos alemães. A entrada dos franceses em Estrasburgo, em 1681, e o Decreto da Dieta Imperial, de 1731. acabaram com a Fraternidade dos Steinmetzen". As Corporações foram se ampliando, disseminando-se por toda a Europa, todas já desligadas dos mosteiros e tendo vida própria. As "Lojas" mantinham as tradições recebidas das Guildas anteriores e conservavam "um Ritual", rústico e simples orientado para manter o agrupamento coeso. Esse Ritual, quiçá, tinha apenas um Grau: o do Aprendiz, mas, na evolução natural, seguiu-se o de "Companheiro" para afinal, estabelecer-se o de "Mestre". Não há documento que registre esse "nascimento". O Ritual não passava de uma "adaptação" da organização dos monges. Os rituais atuais do Simbolismo Maçônico, dão ao Grau de Aprendiz uma ênfase maior; é o Grau mais complexo e básico, sustentáculo dos Graus posteriores. O Grau de Aprendiz, entre nós, é o mais divulgado de todos, vez que, nas centenas de Lojas que existem no País, os trabalhos são realizados no Io Grau. Praticamente, em cada Estado (e são 27) há uma Grande Loja e, com raras exceções, cada uma possui um Ritual diferenciado. Mesmo que essas diferenças sejam mínimas, não temos no Rito Escocês Antigo e Aceito, uma uniformidade ritualística. Já nos Graus Filosóficos, as diferenças são oriundas dos diversos Supremos Conselhos existentes; quanto às Grandes Lojas, os Rituais são idênticos, vez que, emitidos por um único Poder, o Supremo Conselho. No entanto, apesar das "ligeiras" diferenças, o cerne é mantido e nenhum Ritual desrespeita os Landmarks. Nós, afirmamos que essas diferenças caracterizam a Loja e constituem a sua "personalidade". Os maçons mais antigos, como nós, por exemplo, já com 50 anos de Loja, enfrentamos algumas dificuldades quando visitamos Lojas (e a nossa própria) vez que, encontramos "inovações". As alterações que os Grãos-mestres introduzem, aparentemente inócuas, na realidade, às vezes ferem a liturgia e alteram o sentido da frase ritualística. Freqüentemente, os Rituais são renovados e assim, perdem o que a tradição deveria conservar. "Eu aprendi assim", "no meu tempo se fazia assim", são afirmações muito comuns; a tendência é conservar a tradição, mesmo que esse contenha erros vernaculares ou interpretações desusadas. No entanto, as Lojas progridem e a Fraternidade cresce; talvez esses alterações sucessivas, porque feitas de boa-fé não prejudiquem tanto o organismo em si; os prejuízos revelam-se na parte esotérica, que é a menos estudada. A divisão simbólica em três Graus, recorda a tríade: corpo, espírito e alma nas suas distintas fases: nascimento, vida e morte. São fases progressivas visando uma "construção" decorrendo daí que se faz necessário um aprendizado, uma comunicação e um mestrado; esse como garantia de perpetuação da construção; um edifício, após concluído, destina-se a alguma função e essa é permanente, sediada num complexo bem realizado e permanente. A trilogia representa a Deus, à Inteligência e à Virtude e essas fases influenciam a Vida. Um nascimento e um estágio de companheirismo, seriam próprios da juventude; todavia, a Maçonaria inicia a jornada com o homem adulto, vendo nele o desenvolvimento completo; temos então, como se fosse um contra-senso, um adulto nascendo novamente. Uma "criança", ao mesmo tempo, adulta, recebendo o alimento próprio para a criança. O simbolismo esconde sigilos, mistérios e esoterismos. O Iniciado é, simbolicamente, um recém-nascido e a vivência desse recémnascido é realizada dentro da Loja e não no mundo profano; sai da sessão de dentro de um Templo, para a Sala dos Passos Perdidos, não o recém-nascido mas um adulto renovado; a sua inteligência compreenderá a transformação e o campo experimental, no mundo profano será numa trajetória virtuosa. A passagem pelo aprendizado objetiva a "União", o "Aperfeiçoamento" e a "Felicidade" da humanidade. O "culto" exercitado dentro do Templo, redunda em benefício do físico, do intelecto e da moral. Portanto, a ação do Aprendiz, materializa-se beneficiando o próprio Corpo (o afastamento dos vícios) robustecendo o intelecto, pelos novos conhecimentos através do estudo e do conteúdo de um catecismo. O catecismo é o resumo da Doutrina, parte compreensível de imediato e parte dependente do raciocínio prolongado. A Maçonaria fornece os "princípios" estáticos; o simbolismo auxilia na interpretação e a prática contribui para a evolução. O Mistério maçônico exsurgirá das regras contidas nos princípios e se revelará paulatinamente para o indivíduo maçom. Cada Grau (são 33) possui seus Mistérios; ultrapassado o Grau de Aprendiz, os mistérios dos Graus terão sido assimilados e ao final, chegado o maçom ao ápice da pirâmide, nenhum Mistério existirá. No entanto, as revelações serão individuais porque ficarão dependentes do estudo e da perseverança. Como a solução dos mistérios é lenta e difícil, cada maçom conservará para si, e isso constituirá o "sigilo". Dentro dos Graus Simbólicos, os "mistérios maiores" exaurem-se vencido o 3o Grau, ou seja, o Mestrado. O Grau do Aprendiz filosoficamente, vem consagrado ao desenvolvimento dos princípios fundamentais de Sociedade (Maçônica e profana) e ao ensinamento de suas leis e costumes compreendidos nas seguintes expressões: Deus, Beneficência e Fraternidade. Deus, porque constitui um princípio consagrado; o Maçom deve crer na existência de Deus, caracterizado historicamente através das Sagradas Escrituras. Beneficência, porque o coração do Maçom não pode permitir que um Irmão (membro de sociedade) padeça necessidades. Fraternidade, porque todos os homens são filhos de Deus, portanto, simbólica, histórica e filosoficamente, nossos Irmãos. O Aprendiz cumpre esquadrejar a Pedra Bruta com trabalho, capacidade, persistência e fé. Sem preparar a Pedra Bruta, não poderá, o Maçom, entregar-se à construção do Edifício moral, físico e espiritual; essas três fases resultam em construção de um edifício material e espiritual que é o corpo humano, compreendida a razão e a vida. A saída do estado de imperfeição somente é realizada através do trabalho. Esse trabalho, quanto ao Aprendiz é auxiliado pelos seus Irmãos de idade maior (2o e 3o Grau). O Maçom trabalha em um Templo onde se encontra a Loja que por sua vez mantém uma Oficina. A INICIAÇÃO Todas as Instituições espiritualistas valem-se da Iniciação para o recebimento dos adeptos. Iniciação simbólica em um misto de participação efetiva e física a começar pela proposta. A rigor, em especial na América Latina, o candidato recebe um convite para participar da Instituição. Esse convite é precedido de uma rigorosa sindicância realizada sem o conhecimento do candidato. Aqui, candidatura não significa "aspiração", mas "indicação" de um Mestre de um candidato que julga digno de participar de Família Maçônica do convívio fraterno. Grande é a responsabilidade do proponente, vez que, há riscos grave na admissão de um estranho. Estranho que ignora tudo a respeito da fraternidade e que se entrega à Iniciação de "olhos vendados"; trata-se de uma dupla aventura: para a Loja e para o candidato. Quando uma Loja "enfraquece" e há necessidade de uma campanha para a obtenção de prosélitos, o risco é ainda maior, porque se faz necessário admitir quem possa contribuir para o fortalecimento. A seleção deve ser severa; não é difícil, pinçar dentre milhares de profanos, aquele que deva preencher um lugar vago. Não basta que um Mestre proponha um amigo seu ou um parente; ele deve colocar acima de sentimentos, o interesse da Loja. Em toda parte nota-se um fenômeno inexplicável: o rodízio de membros que figuram no quadro, mas que não assistem aos trabalhos. Deve-se alertar o proposto, logo após o cerimonial iniciático, que ele "jurou", isto é, "assumiu" o compromisso de assistir a Loja o que vale dizer, "assistir aos seus Irmãos". Todo aquele que deixa de cumprir os compromissos, na realidade passa a ser um "perjuro", pois, a sua ausência, enfraquecerá a Loja. Todo candidato passa por uma rigorosa sindicância que objetiva o conhecimento da personalidade, seu modo de viver. Aquele que não é cumpridor dos deveres profanos, para com a família, o seu trabalho e a sociedade, é evidente que não será útil à Instituição e resultará em um peso morto. Logo, o segredo do êxito está na sindicância. Essa tem sido "superficial"; trata-se de uma falha gritante do Mestre sindicante que age inconscientemente porque sabe que não sofrerá qualquer punição. A responsabilidade deveria ser apurada e exigir do proponente e dos sindicantes a tarefa de orientar o Neófito, acompanhar seus passos, incentivá-lo e, sobretudo, instruí-lo. O Neófito passa a ser um "discípulo" do Mestre que o propôs. Na prática e na realidade, porém, encontramos Lojas que possuem um grande quadro de Mestres, mas... sem discípulos, o que é um contra-senso e uma falha. O nome do proponente é mantido em sigilo; as propostas escritas não são registradas e ninguém sabe quem propõe, o que constitui uma falha grave, vez que, não há possibilidade de exigir do proponente que acompanhe o seu proposto. Na realidade, caso se mantenha em sigilo o nome do proponente, deveria ser dado ao Neófito, um Mestre, seja indicado, seja aceito ou voluntário que o deseje ser. Parece um problema simples e superficial; no entanto, constitui a raiz da eficiência de uma Loja. Um Venerável Mestre que se preocupe com a permanência em Loja dos Neófitos, poderá exercitar o Seu mandato com eficiência. Durante o aprendizado, poder-se-ia adotar uma "caderneta" onde a Secretaria anotaria a presença, caderneta em poder do Aprendiz e esse só poderia ter acesso ao Companheirismo, provando sua presença em Loja. Apesar de milenar, a Maçonaria, com sua experiência, ainda não possui instrumentos para incutir aos seus membros o dever de freqüência. Concluídas as sindicâncias, e aprovado o candidato, esse será procurado e convidado a ingressar na Ordem. Raros são os casos de negativa. E por quê? Toda vez que o nome de um candidato for pronunciado em Loja, o candidato em seu subconsciente é tocado e ele recebe os chamamentos que o despertam interessando-se quanto ao aceitamento do convite. E uma predisposição criada pelas "mensagens" esotéricas. É sabido que a palavra sonora transmite-se em ondas que ocupam todos os espaços e que se alargam, de forma permanente. Os sons permanecem "materialmente" e atingem os visados; é a parte mística da Liturgia Maçônica É evidente que o candidato inquirirá a comissão que o visita para o convite a respeito do que seja a Maçonaria. Posto a par, embora, resumidamente, comparece no local e hora designados, onde tem início a cerimônia. O Candidato passa pelo despojamento, dos metais, de tudo o que porta consigo, permanecendo descalço, semidespojado da vestimenta e calçando grosseiras alpargatas. "Perde" tudo o que porta, até a visão, pois os olhos lhe são vendados e com essa cegueira momentânea, os outros sentidos lhe são aguçados. É conduzido à Câmara de Reflexão. A venda lhe é retirada e na penumbra, vislumbra o recinto; uma mesa tosca; alguns papéis, caneta e tinteiro, inscrições nas paredes, alguns objetos estranhos; uma ampulheta medindo o tempo; silêncio absoluto; um odor de mofo; um crânio, algumas tíbias, símbolos mortuários. Teias de aranha dão ao ambiente caráter lúgubre. Qual a reação do candidato? De temor, de curiosidade? A resposta, oportunamente, é solicitada e o candidato, não sabendo exatamente do porquê daquela passagem, titubeia e dá uma resposta vaga. Na Iniciação, a permanência na Câmara de Reflexão (é denominada também de Câmara de Reflexões, no plural, vez que são sucessivas reflexões que o candidato é chamado a executar) pode ser considerada como a parte principal pois, a preparação psicológica não tem a interferência de qualquer pessoa; trata-se de uma auto-reflexão que ocorre sem qualquer orientação; o candidato é chamado a refletir isoladamente. Qual a reação para quem se defronta com símbolos mortuários, com inscrições de admoestação severa? Certamente, conduzirá a uma reflexão inusitada. Após uma Iniciação, conversando com o Neófito, esse disse que jamais lhe ocorreria pensar sobre a morte na forma como foi solicitado; é aterrorizante, nos disse. Ao contrário do que se poderia pensar, não é a Loja que prepara o candidato para a Iniciação; é ele que se auto-prepara, que psicologicamente espera o pior e somente sua fibra de homem é que consegue vencer o temor crescente. Essas preliminares são relevantes: se não forem bem executadas, quiçá a Iniciação não surta o efeito desejado. Quando assistimos a um funeral de algum amigo e contemplamos na câmara mortuária, aquele corpo inerte, rosto amarelecido, traços rígidos, é que nos ocorre que algum dia tocará a nós e isso conduz a uma reflexão mórbida, triste e nervosa; porém, quando a morte é sugerida através de um sem número de símbolos, e nós nos sentimos isolados do mundo, reclusos em um lugar insólito, a reflexão torna-se mais profunda e a antecipação de nossa própria morte nos acabrunha. Com esse sentimento é que compareceremos às "provas". AS PROVAS Uma prova (ou provação) é realizada para medir a resistência nervosa, os sentimentos e o destemor do que será provado. Na evidência de que essas provas são meramente simbólicas, é que o candidato as enfrenta, pois, na atualidade, jamais alguém seria agredido e correria riscos maiores. Na Idade Média, essas provas, certamente, causavam real temor, porque nas tidas "Sociedades Secretas", o simbolismo era duro e o candidato, temendo o pior, atuaria de forma natural para a época. Partindo desse fato, nenhum candidato, mesmo após a estada na Câmara de Reflexões, temeria lhe ocorresse um mal real. No entanto, existem casos em que o candidato nervosamente, pede para "desistir" da Iniciação tão impressionado fica e tão temeroso que lhe falta a coragem para prosseguir. Uma sindicância bem realizada, porém, pode revelar o estado de espírito do candidato; se é pessoa impressionável, nervosa o proponente deverá ter com o candidato uma reunião onde Será esclarecido que a Iniciação é simbólica. Esses casos são raros, mas podem ocorrer. Precede as provas propriamente ditas, um questionário, ainda, na porta de entrada sobre o nome, a idade, lugar de nascimento, a profissão e o domicílio. É evidente que os presentes sabem esses detalhes, mas como se trata do primeiro contato com o candidato, ele é quem deve prestar as informações solicitadas. Até aqui, o nome do candidato sempre foi pronunciado dentro da Oficina; agora, esse nome é referido de "fora para dentro", ou seja, no Átrio e vale como um consenso. E a primeira oportunidade que o candidato tem de, diante de uma assembléia, confirmar que deseja ingressar na Ordem.

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

RIZZARDO DA CAMINO

2 comentários:

  1. Me interesso por esta filosofia. Gostaria de saber mais e queria muito fazer parte dessa irmandade.

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