CAVALEIRO DO
ORIENTE. 
Autor: E.figueiredo 
Quando, no
século XVIII, foram concebidos os sistemas que uniram todas as antigas
instituições em uma só hierarquia, todos os Ritos adotaram o Grau de “Cavaleiro
do Oriente”, também chamado “Cavaleiro da Espada” ou “Cavaleiro da
Águia”.  A lenda de Zorobabel, a construção do Segundo Templo, o estudo da
filosofia persa, a independência política e religiosa e, como ensino moral, a
tolerância, têm sido base para os temas desse Grau, variando apenas tempos e
lugares. 
A denominação
de “Cavaleiro” recorda, saudosamente, o culto da nobreza, das atitudes de amor
ao próximo e românticas.  E, a Maçonaria, pretende que seus membros sejam,
antes de tudo, os “Cavaleiros” da fraternidade, cobertos de delicadeza e de
força de coragem.
A lenda do
Grau 15 conta que, quando os exércitos de Nabucodonosor II, o Grande (605-562
a.C.), atacaram e destruíram Jerusalém, no ano de 587 a.C., destruiu-se também
o Templo que havia sido construído por Salomão;  foram feitos 10.900
prisioneiros israelitas, os quais foram levados cativos para as margens do
Eufrates;  dentre eles estava Salatiel, da estirpe real de David. 
Durante o cativeiro Salatiel teve um filho que recebeu o nome de Zorobabel.
Após 70 anos
de escravidão, Zorobabel obteve do Rei de Ciro II, o Grande (560-529 a.C.),
sucessor de Nabucodonosor, a permissão de retornar à Jerusalém para reconstruir
o Templo.  Nas ruínas do Templo reuniam-se os “adeptos” formando uma
Reunião de Conselho.  O chefe desse Conselho contara a Zorobabel sobre as
provações do povo e sua vontade de reconstruir o Templo, e pedira a opinião de
Zorobabel. Zorobabel identificou-se com a causa e prontificou-se a solicitar ao
Rei Ciro a liberdade dos judeus e a permissão para reconstruir o Templo.
Entretanto,
Ciro concordaria em atender o pedido se Zorobabel contasse os conhecimentos da
Ordem do Rei Salomão.  Zorobabel recusou:
--- “Que
desejais ?” - perguntou-lhe o Rei.
--- “A
liberdade !” - respondeu Zorobabel.
---
“Dar-te-ei a liberdade” - redargüiu o Rei - “e a de teu povo também; 
restituirei os tesouros de Judá;  permitir-me-ei reconstruir o Templo de
Teu Deus, se me entregares o Delta, oculto entre os iniciados do Teu país, e se
me disseres o nome que nele contém !”
--- “Se é com
violação de meus sentimentos que posso recuperar a liberdade” - respondeu-lhe
Zorobabel - “morrerei na escravidão, pois sou, também, guardião do fogo !”
Ciro levou
Zorobabel à Câmara dos Tesouros e lá mostrou os Sagrados Vasos do Templo. 
Zorobabel, ainda assim, recusou.  Ciro, então, perguntou o que o salvaria
de passar pelo fogo, como castigo:
--- “Quem te
salvará da minha cólera ?” - perguntou-lhe o Rei.
--- “Teu
juramento de soldado de Mithra e tua honra como Rei !” - replicou-lhe
Zorobabel. 
Impressionado
com a resposta e a fidelidade de Zorobabel, Ciro decretou a liberdade para os
judeus, permissão para que eles voltassem para Jerusalém e reconstruíssem o
Templo, e que os Vasos Sagrados fossem entregues a Zorobabel, o qual foi
nomeado Príncipe da Pérsia e Governador de Judá;  restituiu-lhe, ainda, a
espada e presenteou-lhe com o colar dourado da Ordem Mediana e deu também seu
próprio anel de sinete com o sinal de autoridade, com a qual foi ele
investido.  Deu-lhe, além disso tudo, instruções secretas, recomendando-lhe
só comunicar aos iniciados do Templo a reedificar.
Zorobabel e
mais 700 operários israelitas percorreram o Eufrates, à borda do deserto da
Arábia e, depois, tomaram o caminho de Damasco;  na passagem do Gabara
encontraram uma ponte onde foram atacados por colonos babilônicos,
estabelecidos em Samaria, os quais procuraram roubar-lhes o tesouro do
Templo.  Os judeus, triunfantes, forçaram a passagem da ponte, mas
Zorobabel perdeu, na luta, o colar de Rei.  Após três meses de marcha,
entraram no país de Israel, em Jerusalém, e deram início às obras de construção
do Segundo Templo, cujas dimensões eram o dobro das do primeiro. 
Evidentemente, mais alguns milhares de pessoas acompanharam o Príncipe da
Pérsia, como Josué, o sumo sacerdote, outros sacerdotes, agricultores e demais
membros da Casa Real.
A edificação
do Segundo Templo durou vinte e um anos, por causa da oposição levantada pelos
Samaritanos contra os reconstrutores, dissentidos dos judeus desde a divisão do
seu reino em 976 a.C..  Os Samaritanos, já tendo construído um templo
próprio, não viram com bons olhos a construção de um novo Templo e passaram a
hostilizar os operários.  Estes viram-se obrigados a trabalhar mantendo
uma espada ao lado das ferramentas (daí a denominação de “Cavaleiro da Espada”),
e com imenso sacrifício concluíram a almejada obra.
Conta-se,
também, que certa vez o Rei da Pérsia teve um sonho que o fez proclamar a todo
o seu povo que o Senhor o encarregara de edificar uma casa para Jerusalém, em
Judá.  No sonho o Rei tinha visto Nabucodonosor e Baltazar, acorrentados
e, por sobre eles, esvoaçando uma águia (daí a denominação de “Cavaleiro da
Águia”), que dizia o nome do deus dos hebreus.  O sonho fora interpretado
pelos sábios, que amedrontou o Rei se não obedecesse aos deus de Israel.
Aprendemos a
fidelidade à obrigação e à perseverança de propósitos nas dificuldades e no
desânimo.  Aquele que procurar servir, beneficiar e melhorar o mundo,
assemelha-se a um nadador lutando contra a correnteza de um rio, sobre o qual
os ventos provocam ondas turbulentas.  Às vezes, elas passam por cima de
sua cabeça;  muitas vezes o dominam completamente.  A maioria dos
homens rende-se diante da opressão do rio furioso e é arrastada para fora ou
por cima da correnteza.  Somente aqui e ali encontramos o coração forte e
os braços vigorosos que lutarão para alcançar o sucesso final.  A
Maçonaria mantém uma campanha contra a ignorância, a intolerância e o
erro.  Na trilha em busca do sucesso, por vezes, nos confrontamos com a
indiferença de nossos aliados e do mundo.  Porém, Deus tem um interesse
pessoal dirigido a cada um de nós.  Deus nos deu uma alma imortal
aprisionada, durante algum tempo, dentro do nosso corpo mortal, e que a ânsia
natural e instintiva pelo bem será recompensada.  Não obstante nós ainda
não podermos compreender, totalmente, o plano divino, nós devemos ter e
demonstrar fé.  A luz virá depois e desvendará todos os detalhes.
A recusa de
Zorobabel em revelar os segredos é um grande exemplo de fidelidade e
coragem.  Havia razão naquele tempo, como há hoje, para tais
segredos.  Mistérios filosóficos só devem ser revelados àqueles que tenham
mente purificada a fim de se tornarem receptivos aos ensinamentos.  A
história nos mostra várias passagens, através dos séculos, de conciliações e
compromissos.  A verdade é que não se pode fazer tratados, em termos
conciliatórios, com bandidos, fanfarrões ou tiranos.  Mas a história
recorda, também, que a Humanidade produziu centenas de heróis, cujas façanhas
empolgaram as nações, como por exemplo, o nosso 
próprio
Jacques DeMolay e a figura central da nossa Lenda Hirâmica.  Há inúmeros
exemplos de coragem.  E coragem é o que não deve faltar ao verdadeiro
Maçom.
Uma antiga
lenda do povo árabe conta que uma caravana, certa vez, encontrou a Peste,
quando ela caminhava pelo deserto, em direção à Bagdá.  O chefe da
caravana perguntou à Peste:
--- “Por que
você tem que ir à Bagdá ?”
--- “Para
tirar cinco mil vidas !” - respondeu a Peste.
No caminho de
volta, eles se encontraram novamente.  O chefe da caravana estava, então,
zangado e disse à Peste:
--- “Você me
enganou !  Ao invés de cinco mil, você tirou cinquenta mil vidas !”
--- “Não !” -
disse a Peste - “Cinco mil eu tirei, e não mais !  Foi o medo que matou o
resto !”
A Maçonaria
faz seus iniciados pensarem e os transforma em apóstolos da Verdade. 
Isentos de preconceitos, de fraquezas e de leviandades de espírito, os Maçons
fazem estudo sereno e sério dos fenômenos históricos da Religião e da
Política;  trabalham para o advento de novas idéias, sem temeridade nem
intolerância, mas com energia e coragem.  Muita coragem !
O Maçom é o
constante construtor (a trolha !) de seu próprio Templo Humano, que destruído,
sucessivamente, necessita de permanente reconstrução.  Para o Maçom sair
do cativeiro e buscar a Grande Libertação, deve inaugurar o seu Templo !
BIBLIOGRAFIA:
   Camino,  Rizzardo
da  - Cavaleiro do Oriente
      Clausen,
H. C. - Comentários Sobre Moral e Dogma
        
Figueiredo, J. G. de - Dicionário de Maçonaria
           
Dicionário Enciclopédico Lello
              
Enciclopédia Barsa
                 
Enciclopédia Globo
                    
Ritual do Grau 15
                                                                                             
PS.IT.RA
(*) E.
Figueiredo -  pertence ao  CERAT - Clube Epistolar Real
Arco do Templo  /  
                                       
Integra o GEIA –  Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas / 
                                       
Membro da  Confraternidade Mesa 22, e é 
                                       
Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669  (GLESP)

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