A VELHICE NA MAÇONARIA
Autoria do Irmão
José Luiz Menão
“Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje, ela é um peso.” (Francois
Chateaubriand)
Quando
fui iniciado, a vida para mim ganhou um novo sentido, pelas novas amizades e
pelo ensinamento que recebia nas instruções de meus preceptores. A sessão
maçônica era uma coisa extraordinariamente nova e reveladora. Sonhava em
crescer na Ordem e ser como aqueles Irmãos mais antigos, pois via neles tanto
conhecimento e amizade, meus sábios inspiradores.
Aqueles
“velhinhos” eram a porta para meu ingresso no conhecimento e na filosofia da
Arte Real.
Para
mim, eles viviam num mundo de felicidade e que aquilo era uma herança, que
levariam até os dias da velhice.
Esse
sentimento inundava o meu espírito de paz e esperança. Jamais poderia pensar
que o caminhar dos anos trouxesse consigo mudanças tão importantes.
Parece que a juventude não conhece o segredo para a
transmutação e quando a idade avança, somos pegos por uma realidade
surpreendente, às vezes desalentadora. A Ordem que servimos por décadas a fio,
dispendendo os maiores esforços, nos abandonara na idade senil. Justamente
quando estamos mais carentes e fragilizados.
Na América do Norte, os maçons idosos vão para o
albergue da Ordem onde vivem em paz e dignamente.
Toco nesse assunto, levando em conta casos de
Irmãos que vivem no mais completo abandono maçônico.
Vitimados por uma enfermidade não saem para lugar
algum, aprisionados em suas casas.
Essa realidade é bem diferente dos Templos
aconchegantes e das amplas festas e Copos D'Água que um dia frequentaram.
Aquela alegria barulhenta e os abraços fraternos
deram lugar ao abandono, ao ostracismo involuntário e ao silêncio cósmico que
arrasa seu moral.
Se tivessem a mão amiga de um Irmão, poderia ir à
Loja, aos almoços e de novo serem felizes.
A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos dos
asilos profanos, vira a cara para seus próprios membros que nem sempre precisam
de apoio pecuniário, apenas de uma visita.
A tentativa de levar Irmãos à casa de um enfermo
sempre resulta em fracasso, pois ninguém se interessa.
Os Veneráveis Mestres, esses, nunca vão.
O tempo corre célere e a vida escapa pelos dedos
como o mercúrio.
Irmãos, ainda há tempo, embora curto, para amar o
próximo, pois o Céu não pode esperar.
Colaboração de Devaldo de Souza
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